DEAN & FILHO
SUPERNATURAL ALTERNATIVE UNIVERSE
CAPÍTULO 1
AUTOR: DWS
SINOPSE
Dean não nasceu para ser pai. Nasceu para ser irmão. Mas, ser pai foi tudo o que lhe restou.
ALGUNS ANOS NO FUTURO
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Dean descobriu que tinha um filho no pior momento de sua vida. Apenas uma semana após perder Sam.
Não que Dean acreditasse que, daquela vez, seria para sempre. Na época, ele acreditava - e continuou acreditando por bastante tempo - que encontraria um jeito de trazer Sam de volta.
Aquele filho apareceu na hora errada. No pior momento possível. Mais do que nunca, Dean tinha uma prioridade, um objetivo, uma missão. Mais que isso: ele tinha um dever. Um dever para com o irmão. Não tinha tempo para cuidar de um garoto. E depois .. Não nascera para ser pai.
Nascera para ser irmão. Era isso o que SABIA ser e isso era tudo o que QUERIA ser.
Um filho é um projeto de vida. Um pacote que inclui esposa, casa, cachorro e futuro. Tudo o que Dean nunca teve e sempre acreditou que jamais teria.
A lembrança do sorriso de Lisa doeu como uma faca sendo girada em seu coração e Dean engoliu de um só gole mais uma dose de whisky barato.
- Você está melhor sem mim, Lisa. Eu fiz o que fiz por você. Para que você e o Ben tivessem uma chance de escapar da maldição que acompanha todos aqueles que um dia amei.
Estalou os dedos e, como por mágica, outra garrafa de whisky foi deixada na mesa, ao alcance dos seus dedos.
Dean, ainda razoavelmente sóbrio, olha com desejo para o traseiro da garçonete. E sorri. Como se garçonetes e whisky vagabundo não fossem a razão do seu atual problema.
A mãe do garoto era mais uma dentre tantas garçonetes de bares de estrada mal frequentados que Dean levou para a cama após entornar algumas doses de whisky barato. Uma transa de uma noite. Foram tantas garçonetes e tantas noites que estas amalgamavam-se em sua memória como uma mesma e única vez multiplicada ao infinito. Identidades e particularidades apagadas ou misturadas.
A mulher da fotografia que lhe mostraram era bonita. Maquiagem discreta e jeito recatado. Não parecia uma vadia. Não duvidava que teria tentado a sorte com ela caso a tivesse conhecido. As evidências diziam que a conhecera. No sentido bíblico do verbo conhecer inclusive. Mas, por mais que puxasse pela memória, não se lembrava daquele rosto.
Já fazia três anos ou um pouco mais. Tempo suficiente para alguém ir ao Céu, ao Inferno e ao Purgatório; e voltar para casa.
- Droga! Não podia ter acontecido.
Era tudo o que ele nunca quis: engravidar uma vadia e trazer uma criança a um mundo habitado por monstros e demônios. Costumava tomar precauções para que coisas assim não acontecessem. Não seriam algumas doses de whisky que iriam tirá-lo do controle. Teria que ser algo mais forte ou muito mais doses do que o habitual.
- O que eu estava tentando esquecer naquela noite? E onde estava você, Sam? Onde estava que não me impediu de fazer mais essa burrada?
Dean era um caçador experiente. Tinha inimigos poderosos. Estivera mais de uma vez na Lista dos Dez Mais Procurados do FBI. Sabia que não podia facilitar. Levava a sério os protocolos de segurança. Nunca dizia seu verdadeiro nome. Seu nome completo. Nunca dava um número de celular. E, principalmente, nunca ligava no dia seguinte. Não agia assim para escapar de um eventual pagamento de pensão alimentícia, mas isso seria uma consequência natural.
Uma mulher não faz um filho sozinha. É fato. Mas, alguém devia tê-la alertado que, quando se leva um estranho bêbado para a cama, tudo pode acontecer.
A mulher pode engravidar.
A mulher pode ser assassinada.
E foi exatamente isso que aconteceu.
Ela engravidou.
E foi assassinada antes do menino completar três anos.
Dadas as circunstâncias, qual a probabilidade do Serviço Social descobrir a identidade do pai do garotinho órfão?
Em condições normais: nenhuma.
Cortar e guardar uma mecha do cabelo do homem com quem foi para a cama certamente ajudou. Fotos de celular do rosto do amante adormecido e da sua carteira de motorista também.
Era assim que a garçonete costumava agir ou aquilo foi só com ele? Com que intenções? Ela sabia quem ele era? A gravidez fora intencional? Simples desejo de maternidade ou esperava tirar vantagens materiais? Estava à procura de um homem rico ou queria apenas alguém bonito e saudável para pai do seu filho?
Não seria a primeira vez. Foi assim que, anos antes, Dean tornou-se pai de uma amazona. Uma Mulher Maravilha que morreu antes de aprender a jogar balas & braceletes.
O fato é que o destino conspirou para que o Serviço Social do Estado do Kansas chegasse a Dean Campbell Winchester, o suposto pai do filho de uma garçonete texana assassinada no Colorado. Isso deveria ser uma impossibilidade considerando o estilo de vida heterodoxo dos Irmãos Winchester. Mas, aconteceu de Dean estar naquele dia em Lawrence, sua cidade natal, o único lugar do mundo associado aos Irmãos Winchester nos bancos de dados das agências governamentais.
Dean estava em Lawrence para enterrar o irmão no tradicional Oak Hill Cemetery, onde John encontrava-se enterrado. Dera entrada na papelada com seus documentos verdadeiros. Os trâmites legais e o luto o prenderam na cidade por uma semana.
Isso permitiu que Dean fosse encontrado e oficialmente informado de que podia ser pai de um menino que acabara de perder a mãe. E que fosse intimado a fornecer material para um exame de DNA.
Dean sabia que o certo seria dar a Sam um enterro de caçador. Mas, isso seria admitir que o perdera para sempre. A destruição dos restos mortais cortaria a ligação do espírito com o plano material. Tornaria mais difícil o seu retorno. E, quando veio a ideia de preservar o corpo num frigorífico, cinco dias tinham se passado. A decomposição do corpo já tinha avançado. Sam certamente não gostaria de voltar à vida com a aparência de um zumbi e Dean não tinha como deixar o corpo do irmão por mais tempo no porta-malas do Impala. Lawrence lhe pareceu a escolha óbvia como local de sepultamento.
Poderia ter deixado a burocracia de lado e enterrado Sam no Stull Cemetery, distante do Oak Hill Cemetery uns poucos quilômetros. Mas, fora lá que o chão se abrira e tragara Sam e Adam para o Inferno. Aquele lugar há muito deixara de ser um campo santo.
Seu filho - se é que o resultado do exame de DNA estava correto e o garoto era realmente seu filho - estaria melhor com uma família adotiva. São muitos os casais querendo dar a uma criança algo que ele nunca seria capaz de dar: uma vida normal. Seu filho teria amor, uma boa educação e a chance de um futuro.
E aqui chegamos ao porquê de Dean estar novamente num bar de beira de estrada enchendo a cara.
Aquela era a noite do dia em que seu filho, seu único filho conhecido, fora oficialmente adotado por um jovem casal de Topeka. A mulher descobrira um ano antes que não podia ter filhos. O homem tinha um bom emprego, não tinha taras ou vícios conhecidos e parecia amar sinceramente a esposa. Pessoas decentes pelas informações minuciosas que ele próprio levantou e confirmou a veracidade. Eram humanos e não estavam possuídos. Fizera pessoalmente todos os testes que conhecia. O garoto ficaria bem com eles. Teria outro sobrenome e talvez assim escapasse da maldição que destruiu os Campbell e os Winchester.
Restava-lhe esquecer que aquela criança existia.
Ninguém o recriminaria ou cobraria explicações por seus atos. Não haveria como. Ninguém de suas relações jamais saberia da existência deste filho. Não por ele. Não fazia nenhum sentido contar. E nem tinha para quem. Todas as pessoas com quem poderia se abrir e desabafar estavam mortas.
A perda mais recente e mais doída fora Sam. Mas, Sam era apenas o último de uma longa lista. As perdas se somavam e o intervalo entre elas encurtava. Garth e a esposa foram mortos por lobisomens fanáticos que pretendiam ressuscitar o culto de Fenris. A xerife Jody Mills teve a casa atacada por vampiros e morreu defendendo as meninas que adotara: Alex e Claire. Seu sacrifício não salvou as garotas. Alex não suportou a ideia se voltar a conviver com monstros. Usou uma estaca para por fim à própria existência.
Já Claire ...
Claire Novak, a filha do receptáculo de Castiel, não estava morta. Mas, viva ela também não estava. Um problema que teria que encarar pessoalmente. Não sobrara ninguém para quem pudesse apelar. Sua única certeza é que essa caçada só lhe traria mais dor e sofrimento.
Claire se somaria às suas perdas.
- Maldito seja, Castiel! Queime no Céu, desgraçado! Você e toda a sua maldita laia.
Dean levou a garrafa à boca e só parou quando estava vazia.
A inconsciência chegou como uma bênção.
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NO PRÓXIMO CAPÍTULO: MATANDO MEU FILHO
DISCLAMER
Dean Winchester e todos os outros aqui citados são criações de Eric Kripke e dos muitos roteiristas de Supernatural. Faço referência a eventos mostrados em diferentes episódios do seriado, mas tomarei a liberdade de escrever o destino final de vários personagens.
Essa fanfic acontece em um momento futuro de uma realidade alternativa que diverge mais e mais do universo padrão após a morte de Sam.
ESCLARECIMENTO:
A filha amazona de Dean, Emma, foi morta por Sam com um tiro no episódio 9 x 13 (The Girls Slice). A referência a balas & braceletes vem da habilidade da Mulher Maravilha, personagem da DC Comics, de desviar balas de revólver com seus braceletes.
26.02.2017
