Boa noite, Sokka.
A lua estava alta no céu e Katara sabia que há exatos sete movimentos na cama e dois pesadelos Sokka estava dormindo – ela já não conseguia programar esse momento usando os ponteiros do relógio que fora de sua mãe. Hoje ele foi as três da madrugada, no dia anterior fora pouco antes do alvorecer. Dependia do quanto Sokka ainda conseguia lembrar de sua mãe, do quanto ele podia se lembrar de como ela partira.
Katara levantou-se e tentou se aquecer passando as mãos repetidamente sobre os braços. Fazia tanto frio naquela noite – pelas suas contas, a vigésima primeira desde aquele marco. O divisor de águas entre o que foi e o que será da sua vida – do lado que restou de sua família, ela se encontrava bem no meio.
Ela se aproximou de Sokka com um lenço que carregava consigo desde aquele dia. Limpou a fronte o rapaz, que, apesar do frio do pólo norte, estava suada. Trouxe cobertores limpos e afastou do irmão aqueles que estavam quentes, molhados. Ajudou-o a vestir uma roupa seca e o abraçou.
Katara fazia isso há vinte dias e vinte e uma noites. Gentilmente, com um sorriso.
- Boa noite, Sokka.
E ela lhe abraçava e beijava sua testa. Arrumava seu cobertor sobre seu corpo e passava as mãos em seus cabelos com carinho. Ela se afastava até a cama do pai, beijava sua fronte e lhe sussurrava um eu te amo, porque ela sabia que ele escutaria.
E Sokka a observava se afastar em silêncio, corado e triste.
- Boa noite, Katara.
Seus olhos se fecharam, capturando uma imagem difusa de uma silhueta feminina parecida com sua mãe. Só então ele consegue dormir.
(E ele sente como se fosse sua mãe que estivesse ali novamente, lhe desejando boa noite.)
N.A.: Nunca escrevi sobre Avatar, mas essa cena nunca me saiu da mente. Sem betagem, ignorem os possíveis erros. Ignorem também a falta de criatividade do título, ¬¬
Para a minha twin, Isis. (L)
