Capítulo I
Edward tocou a campainha mais uma vez, enquanto tentava recuperar o fôlego. Tinha corrido sem parar até a casa dos Swan e por isso seu coração batia de modo disparado. O sol ainda não havia nascido e ele temia que não houvesse ninguém acordado na casa paroquial o que tornaria sua ida até ali em uma completa perda de tempo. Quando finalmente a porta foi aberta, sentiu-se aliviado em ver que o Pastor Charles já estava de pé.
-Senhor Swan, sinto muito vir aqui há essas horas da manhã... – Disse enquanto tentava controlar sua respiração – Mas meu tio está pedindo para que o senhor vá até a casa da senhora Brandon com urgência.
-Aconteceu alguma coisa? – Indagou Charles extremamente sério, pegando seu casaco de lã que estava pendurado no cabideiro atrás da porta e saído para a madrugada fria.
-Sim. Parece que a senhora Brandon não verá o amanhecer. Meu tio quer sedá-la para que não sofra tanto quando a hora chegar, mas ela se recusa morrer sem antes falar com um pastor.
-Céus... Carlisle fez bem em mandar você aqui. Não podemos deixar que uma mulher tão jovem parta sem a benção de nosso Senhor. É melhor nos apressarmos e... – Charles Swan parou por um instante, parecendo recordar-se de algo importante e relutar se deveria ou não ir – Maldição... Esqueci que Renee está preparando a paróquia para o culto das oito horas e eu não posso deixar nossa filha sozinha.
-Não tem ninguém que possa cuidar dela?
-Infelizmente não... A não ser que você fique aqui até que minha esposa volte!
Edward encarou o pastor com um certo receio nos olhos. Definitivamente não queria ficar ali, tomando conta de uma criança. Queria está ao lado de seu tio, aprendendo como deveria lidava com um paciente terminal. Estava cursando seu primeiro ano na faculdade de medicina, mas sentia-se ansioso para vivenciar na prática o que tanto lia nos livros.
-Eu não sei se tenho muito jeito com crianças... – Disse de modo evasivo, mas o pastor Charles parecia determinado a insistir naquele assunto.
-Bobagem. Isabella já tem treze anos e não dará trabalho algum.
-Se tem treze anos, creio que ficará bem sozinha.
-Essa não é a questão! – Respondeu de forma abrupta – Renee não me perdoará se eu sair e deixar Isabella aqui. Oras, vamos! Ela não lhe dará trabalho e será apenas por uns minutos... Prometo.
-Entendo, mas...
-Ótimo. Obrigado Edward. Tenho certeza de que você será um médico tão brilhante quanto o seu tio! Na verdade, criar você foi a melhor coisa que Carlisle e Esme fizeram.
E após falar aquilo, Charles Swan saiu praticamente correndo pela madrugada, deixando Edward para trás. Parecia que ele não teria escolha, a não ser tomar conta de uma garota que ninguém jamais vira na cidade. Sem perder tempo, entrou na casa do pastor e trancou a porta, sentindo o clima lá dentro bem mais acolhedor.
A casa dos Swan não era tão luxuosa quanto à dos Cullen, mas ainda assim era bastante grande. Edward caminhou pela sala, em busca de algo para se distrair, mas a decoração era repleta de ícones religiosos que fazia com que se sentisse em algum tipo de museu. As poucas janelas presentes estavam cobertas por pesadas cortinas e havia relógios em quase todas as paredes. Não parecia que uma garota de treze anos vivia ali! Na verdade, por mais que tentasse, Edward não conseguia se recordar de como a filha dos Swan era. Ouvia boatos de que a menina tinha aulas com a própria mãe e que jamais sai de casa, mas custava a acreditar naquilo.
Estava preso nesses pensamentos, quando ouviu um ruído vindo dos fundos. Curioso, Edward foi até a cozinha, constatando que ali as janelas também estavam cobertas e que os relógios eram tão numerosos quanto na sala. Ainda assim, continuou seguindo a direção do ruído, até que chegou na porta dos fundos e abriu-a, saindo para a escuridão da madrugada.
O quintal dos Swan era bem cuidado, com uma pequena horta e um grande carvalho sem folhas. Tudo parecia calmo, exceto pelo som gemente que vinha dos fundos. Edward olhou na direção do ruído e sentiu seu coração parando por um momento ao ver uma garota extremamente pálida de cabelos escuros e vestida com um terrível sueter de gola alta e calças compridas. Ela balançava-se em um velho balanço debaixo do carvalho, enquanto enfiava seus pés descalços na grama com um olhar melancólico. Era o ruído do balanço gemendo que Edward ouvia.
Quem era ela? Se fosse supersticioso, ele poderia achar que era algum tipo de aparição, afinal, que tipo de garota brincaria em um quintal às quatro da manhã?! Ela balançava-se de modo lento, olhando para o chão com uma expressão pensativa até que percebeu sua presença e o encarou com seus grandes olhos castanhos. Pareceu surpresa e parou de se balançar de repentinamente, fazendo com que o silêncio sobrecaísse sobre eles.
-Você... Você é Isabella Swan? – Perguntou um tanto vacilante, mas a garota nada respondeu – Sou Edward Cullen, sobrinho do Dr. Carlisle. Seu pai pediu para que eu cuidasse de você enquanto ele estava fora.
-Não preciso que ninguém cuide de mim.
Foi a resposta que ela deu, encarando-o com aqueles olhos melancólicos, rodeados por uma grossa camada de cílios. Sua pele branca tinha um aspecto doentio, mas ainda assim, parecia exótica, como se fosse feita de porcelana. Céus... Nunca, em seus dezoito anos de vida vira uma pele como aquela!
-Isabella! – Exclamou alguém bem atrás dele, e quando Edward virou-se, viu a senhora Swan surgindo no quintal parecendo preocupada – Não posso acreditar que ainda está aqui fora! Sabe que horas são?
-Desculpe mamãe. – Respondeu a menina, sem nenhuma expressão na voz – Só queria ficar mais um pouco aqui.
-Pois já ficou tempo de mais. Vá logo para seu quarto antes que o dia amanheça e termine suas lições.
Isabella Swan levantou-se do balanço e de modo obediente entrou em sua casa pela porta dos fundos. Edward achou aquilo no mínimo estranho. Que tipo de garota fazia suas lições em plena madrugada?! Bem, não seria ele quem questionaria o jeito como os Swan criavam sua filha.
-Senhora Renee, lamento invadir sua casa assim... – Desculpou-se educadamente encarando a esposa do pastor. Renee Swan era uma mulher jovem, com cerca de quarenta anos, mas costumava vestir roupas inadequadas para sua idade, como a saia comprida e o sueter cinza que usava. Seus cabelos loiros estavam presos em uma enorme trança, e Edward achou que ela deveria ser bonita, se fosse um pouco mais vaidosa.
-Não se preocupe. Sou eu quem agradeço por você ter cuidado de Isabella. Charles me ligou e avisou o que tinha ocorrido. Agora você já pode voltar para junto de seu tio. Tenho certeza de que está ansioso para ajudar o Dr. Carlisle com a senhora Brandon.
-Sim... A sua filha... Parecia um tanto pálida.
-Isabella apenas deve ter se assustado com sua presença. – Respondeu Renee como se aquilo fosse obvio – Não está acostumada com visitas a essas horas. Agora, se puder fazer outro favor, ficaria muito agradecida.
-Claro.
-Diga para que mandem Alice Brandon para cá. A pobre menina não deve presenciar a morte da própria mãe. Ela deve ter a mesma idade que Isabella...
-Farei isso. Posso ajudar em mais alguma coisa?
-Não, isso é tudo. Obrigada.
Edward cumprimentou novamente a senhora Swan antes de sair de sua casa e seguir rumo ao encontro de seu tio. O céu já assumia o tom cinzento que preconizava o amanhecer, e como se fosse um imã, seus olhos foram atraídos até uma janela no andar superior da casa dos Swan. Viu o rosto pálido de uma garota, o observando pouco antes das cortinas serem novamente fechadas, omitindo-a nas sobras.
Isabella era mesmo como um fantasma. Um fantasma que assombraria seus pensamentos por muito tempo.
Olá para todos :D
Aqui estou, de volta com mais uma história hahaha Bem, como vocês já devem ter notado, este primeiro capítulo é bem introdutório (como sempre), mas o próximo já se passará nos dias atuais.
Continuarei com o mesmo esquema das fanfic anteriores: Postarei um capítulo por dia. Porém, aviso logo que agora irei postar os capítulos sempre pela noite.
Espero que vocês desfrutem, tanto quanto eu!
Até amanhã ;*
