Predestinados

Nota: Inuysha e os restantes personagens não me pertencem.

Esta fic é o meu mais novo projecto, que me está entusiasmando bastante.

Ela vai passar-se no tempo actual e basear-se na vida de Inuyasha e Kagome.

A maioria das cenas vão ser descritas pela Kagome, pelo que teremos acesso aos seus pensamentos mais obscuros.
Espero que apreciem a leitura...


Ж

A noite está fresca, ou parece estar pois os humanos se comportam como tal. Noutros tempos seria capaz de identificar a temperatura ambiente, mas agora não.

A transformação não foi dolorosa como pensei que seria, apenas em uma noite …Perdi a minha capacidade de sentir frio ou calor, perdi a capacidade de envelhecer, perdi o meu coração e ganhei uma vida eterna e fria.

Estava na época dos exames do ensino secundário, preparava-me para o teste de geografia e tentava distrair a minha mente Dele. Ele tinha estado com dúvidas sobre o que sentia por mim e eu tive que respeitar e concordamos em dar um tempo, não podia obriga-lo a amar-me. Mas não saber o rumo do nosso relacionamento estava acabando comigo, felizmente (ou até não) Ele não demorou muito a decidir, e devo admitir que não era a resposta que eu queria, de forma alguma. Mas que outra coisa fazer se não continuar a minha vida? Tinha 17 anos, ainda era muito jovem para desistir, nesta idade tudo o que vem á rede é experiencia (é o que Sango sempre diz), mas estava a ser difícil. Não chorei, não fui capaz. Uma parte de mim, a racional, impede-me de ter reacções demasiado emotivas, tenho um forte autocontrole o que acabou por me minar interiormente. Cada vez que fingia um sorriso ia me debilitando cada vez mais, ate foi impossível impedir o processo de transformação. Até á data eu nunca soube que vampiros existiam, embora gostasse de ler histórias sobre eles, o facto é que existem…Os vampiros são nada menos que humanos mais desenvolvidos, uma sub-raça do homo sapiens. Desenvolvemo-nos para proteger o homem comum, mas num certo período da história fomos caçados até quase á extinção por aquele que supostamente devíamos proteger. Protege-los é a nossa missão, dai que nos resulta muito difícil ataca-los mesmo em situações de auto-defesa. Para fugir á perseguição tivemos que nos esconder e andar pelas sombras, de tal maneira que nos dias actuais poucos de nós sofre a transformação.

Sigo em frente pela rua estreita, estou com os sentidos turvos, a falta de sangue está me deixando confusa.

"Largue-me!"

Esta voz, é Ele!

" Tem calma querido, prometo-te que não vais sentir dor…deixa-me provar o teu sangue …"

A uns metros de distância de mim, consigo distinguir facilmente a silhueta Dele, não é algo difícil nem para um humano comum, a fisionomia dele não é propriamente comum. Demasiado alto, cabelos demasiado longos e olhos demasiado chamativos, sorrio com os meus próprios pensamentos, a sede esta me atordoando a razão. Ele está acompanhado por uma vampira, posso senti-la, parece que ela anda á caça. Que chatice! Não estou em condição de me meter em sarilhos, mas não tenho outra escolha se não me aproximar.

" Inuyasha que se passa?"

"Ah, Kagome…Esta doida não me deixa ir para casa, deve estar completamente pedrada…"

Pedrada, não definitivamente ela não está drogada, mas sim sedenta muito sedenta. Só espero conseguir afasta-la sem que ele se aperceba de algo.

" Inuyasha vai para casa, eu conheço esta senhora, ela mora por perto, vou leva-la a casa…"

" Tens a certeza que ficas bem?"

"Yap na boa. Ela não me vai fazer mal, vai para casa."

"Okay, te amanha então"

" Então querido não penses que te vou deixar ir assim."

" Deixa-o em paz" – rugi baixo, quem me dera poder saltar-te ao pescoço, mas não posso fazer nada enquanto ele ainda aqui estiver. Droga.

"Ora ora, uma fêmea irritada! Tem calma querida, depois de mim ele é todo teu, ou pelo menos o que restar dele…"

" Tu não lhe vais tocar."

"Kagome, é melhor vires comigo, essa dai está totalmente mocada."

" Vai para casa Inuyasha"

" Ah não vai não, seria um desperdício."

Droga, droga. Ela está praticamente voando no pescoço dele. Posso ver claramente a pupila dos olhos dela dilatando, tenho que o tirar daqui rápido.

" Inuyasha vai embora" – merda, isto está a ficar perigoso.

"Querida qual o problema? Já te disse que podemos compartilhar"

"Ninguém aqui o vai morder" – isto está a tornar-se complicado. Inuyasha, idiota, porque é que ele não vai de uma maldita vez!

"Não entendo, tu estás sedenta tal como meu. De qualquer forma, não é meu problema, ele é meu, cheguei primeiro, por isso queridinha, sinto muito…"

A noite estava tão agradável como é que as coisas acabaram assim?

Aquela vampira medíocre preparou-se para dar o ataque, não me restou outra alternativa se não antecipar o movimento dela, libertei as presas e saltei na sua direcção. Fui rápida, antes que ela se desse conta já eu estava por traz dela imobilizando-a.

Olhei para Ele, estava estupefacto, olhava-me fixamente sem articular palavra mas eu sabia o que ele não conseguia dizer, monstro é o que ele está a pensar. Não posso fazer nada quanto a isso, mas posso fazer com que ele seja poupado, estava prestes a falar quando ela:

"Não pode ser, tu não o marcaste mas é obvio que ele é o teu Predestinado. Não posso crer que sejas tão idiota para fazer algo assim, estás a morrer por causa…"

" Inuyasha vai para casa, assim que puder vou ter contigo para te explicar, vai" – a minha voz saiu fria, mas era inevitável. Ele também pareceu não se importar, correu sem sequer olhar para trás.

Assim que senti que ele estava em segurança finalmente a soltei.

Ela estava furiosa, podia vê-lo claramente através do seu olhar, era uma vampira bonita até, cabelos negros, olhos vermelhos…

" Aquele humano é o teu predestinado"

Não respondi, a resposta era evidente.

"Não o vais morder."

Não era uma pergunta por isso mantive-me em silencio.

"Mas não entendo, se alguém o morder …porque impedes isso?"

"Não posso deixar que isso aconteça."

" És tão estúpida, não posso entender-te"

Sorri, ora isso é algo que eu também não consigo fazer.

" Para a próxima vez que nos encontrarmos se voltares a impor-te no meu caminho, matar-te-ei."

"Gostaria que assim fosse, mas duvido que sejas capaz."

Não estava a ser convencida, e pelo olhar que ela me enviou pude perceber que ela também o entendia, é melhor mesmo que nunca mais nos encontremos.

Devia ir ter com ele, aposto que está apavorado, mas melhor deixa-lo assentar as ideias. Tenho, também, que ir alimentar-me. Não quero saltar-lhe ao pescoço e sugar toda a sua vida, embora a ideia me pareça deliciosa. Aposto que o sangue dele é o melhor que já experimentei…

Um arrepio percorre todo o meu corpo, sinto o veneno fluir na minha boca só de imaginar como será morde-lo…Insana, é assim que estou a ficar.

Houjo trabalha no centro de saúde de Twil, nesta localidade é ele quem fornece sangue humano aqueles que como eu que não possuem um Predestinado. È um bom morto vivo, não faz perguntas apenas nos dá o que precisamos, é agradável.

Bem, agora que me alimentei não posso adiar mais. È melhor mesmo enfrentar as coisas de frente, na morte um golpe rápido é menos doloroso…

É incrível a rapidez que possuímos, pular de prédio em prédio não só é nos fácil como é impossível para um olho humano nos acompanhar. Parei em frente ao prédio dele, está escuro e não detecto nenhum som. Provavelmente os pais dele e o irmão já estarão a dormir, não é de estranhar a noite está parece estar fria e já é tarde. Olho em volta, está livre, salto de forma a ficar a centímetros da janela do quarto dele. Bato levemente. Sei que ele não esta a dormir, apesar de se encontrar imóvel, o que se veio a confirmar quando a janela se abriu. Não me fiz de envergonhada, entrei sem qualquer pudor.

O quarto está totalmente impregnado com o cheiro dele em todos os cantos, é asfixiante, sinto-me com sede mesmo após ter acabado de me alimentar. È irónico pensar que aquele que existe para aplacar todos os meus impulsos sanguinários é aquele que mais desperta o meu animal mais selvagem.

Andei em direcção á parede, encostei-me, esperei que ele fechasse a janela e me encarasse. Apesar do quarto estar completamente escuro, consigo observa-lo claramente. Está nervoso, frustrado…

"Tu não és humana"

Disse enquanto se virava para me encarar, o seu olhar era neutro, que belo actor que sais-te. Apesar de não ser uma questão senti a necessidade de confirmar, pelo que acenei com a cabeça.

"Nasces-te assim?"

"Não."

"Desde quando é que te tornas-te…"

Num monstro? Logo depois de me deixares…

" Ano passado."

"Como?"

"É um processo natural, simplesmente tinha que acontecer."

" O que exactamente és?"

"Vampira"

"Mas tu sais de dia!"

Agora o olhar dele é de consternação, parece que alguém está com dificuldade em enfrentei a realidade.

"Os vampiros dos contos de histórias são um pouco diferentes da realidade."

" Mas alimentas-te de sangue humano, não é certo?"

Não pude responder a isso, limitei-me a acenar novamente. A ideia parece afecta-lo, teve que se sentar na cama. Permaneceu imóvel perante um tempo.

"Ó bocado na rua, aquela mulher era como tu...

Ela ia matar-me?"

" Não propriamente, mas de uma certa forma sim."

" Não entendo."

" Ela ia alimentar-se de ti, ia morder-te, mas provavelmente amanha irias acordar sem te lembrares de nada, ainda assim se um vampiro te morder terás grandes probabilidades de te tornares um também, não é certo mas a estimativa ronda os 90%. Por isso, de certa forma morrerias, apesar de continuares a andar neste mundo."

"Tu foste mordida, é por isso que és uma vampira?"

"Não, no meu caso aconteceu naturalmente, foi inevitável."

"Não sei o que pensar, tudo é tão…estranho, não creio que seja essa a palavra. Isto não pode ser real, tu não podes ser…"

"Eu sei que é difícil acreditar, provavelmente vais querer distância de mim, mas peço-te que te mantenhas discreto sobre este assunto, não quero ter que te magoar."

"Matar-me-ás se eu abrir a boca?"

Não. Matar-te eu nunca … mas outros o farão se puseres a raça em perigo, e deles eu não te poderei proteger.

"Sim"

Pareces chocado, o teu olhar é incoerente, receio que tenha sido demais para ti.

Levantas-te ainda com o olhar perdido, aproximas-te de mim, colocas os teus braços dos dois lados do meu corpo, encurralando-me entre a parede e o teu corpo. Posso sentir a tua respiração pausada, quente, a tua pele arrepia-se em contacto com o meu corpo frio. O teu olhar fixa-se no meu, não consigo pensar, só te consigo sentir, o teu cheiro, o teu corpo duro em contraste com o meu, o teu calor…E então tu roças os teus lábios contra os meus, é um contacto tímido, casto mas não consigo mais aguentar. Enrosco-me no teu corpo, pressiono os meus lábios nos teus, introduzo a minha língua na tua boca. Quero sentir-te, quero explorar cada centímetro de ti.

Tu pareces estar tão perdido quanto eu, agarras-me com força, beijas-me com mais selvajaria, as tuas mãos percorrem todo o meu corpo…Não sei quando e como acabamos por parar na cama, nus, presos num frenesim de movimentos, apenas os dois, os nossos corpos entrelaçados.

Mais fundo,

Mais rápido,

Mais, mais, mais

E então

O clímax, os corpos finalmente se acalmaram. Ele caiu sobre mim, ainda ofegante, deitou-se de lado e puxou-me para si.

Nenhum de nós proferiu palavra, não valia a pena, o que acabara de acontecer fora maravilhoso mas insensato. Ambos precisávamos de tempo e sabíamos que se falássemos naquela hora iríamos estragar o encanto da noite. Estava a gostar de estar ali, sentia-me em casa, mas quando ele finalmente caiu no sono tive que me afastar. Era hora de ir para casa. Vesti-me lentamente, e antes de partir olhei para ele, vagarosamente. Parecia um anjo, tão inocente, tão desprotegido. Cobri-o com o edredão e sai silenciosamente.

Continua ...