PROJEÇÕES
AXA
Parte I - Ariadne
Eu gostava do layout básico. Era agradável e simples: um café, uma rua estreita, bancas de frutas ao longo da rua... Se eu for pensar direito, não há nada de atrativo nesse labirinto... Mas foi nesse mundo que eu sonhei pela primeira vez; como, então, eu negaria afeição a ele?
- Usou o básico? – Arthur perguntou, andando a minha frente. – Ok, se você quer assim. Vamos, Ariadne, descubra onde meu subconsciente esconde meus segredos.
Ele sabia que me desafiar era a certeza de meu empenho - às vezes odeio ser tão transparente.
Respirei fundo e apressei passo, observando o sentimento que o labirinto despertava em mim. Afinal, eu era a arquiteta, eu falava intimamente com o labirinto. Enquanto que Arthur era o dono do subconsciente que o habitava.
- Quanto tempo até o seu subconsciente tentar me matar? – perguntei jocosamente para ele, que andava agora calmamente um pouco atrás de mim.
- Depende do quanto você for boazinha... – ele parou ao lado de uma mesa do café e resolveu se sentar, enquanto eu, ainda de pé, tentava decifrar o labirinto. – Traga um café expresso, por favor. – ele pediu a um garçom.
Olhei para ele por sobre o ombro. O café não era real, embora o cérebro interpretasse as reações de forma fiel... O que fazia com que eu me perguntasse se havia realmente diferença entre as sensações do mundo real e as do mundo dos sonhos... Será que o simples fato de saber que aquilo não era real tirava um pouco do prazer da sensação?
Uma projeção do subconsciente de Arthur passou na frente do café, despreocupada. Ela usava saia curta, botas de cano alto e um top que deixava a mostra quase toda a barriga. Embora eu não reconhecesse tais roupas, eu me lembrava muito bem daquele cabelo castanho e do rosto redondo, que estava magistralmente maquiado... Aquela era eu.
Surpreendida, eu observei enquanto a projeção passava, e, imediatamente, me virei para observar Arthur. Ele tomava o café despreocupadamente; não havia notado o que acabara de acontecer.
Eu me segurei para não rir. As projeções, geralmente, eram personificações de nossos sentimentos... O que significaria a minha projeção vestida em roupas sensuais?
Aquilo parecia bem interessante.
AxA
Eu não sou do tipo de pessoa que trabalha até tarde. Eu gosto de limites, eles me ajudam a manter a sanidade e a garantia de que não posso tudo. Ainda assim, naquele dia em questão, foi impossível não ficar por horas debruçada sobre a maquete do labirinto. A criatividade viera, por que eu iria ignorá-la?
Já passava das onze da noite quando eu me senti satisfeita e enjoada daquele trabalho. Respirei fundo e peguei o meu casaco, tentando recordar onde era que se desligavam as luzes do laboratório.
Enquanto seguia para a porta, algo chamou minha atenção na área em que aconteciam os testes dos sonhos, o local onde as pessoas "dormiam". Arthur estava deitado em um dos divãs, ligado à maquina que captava e redistribuía os sinais neurais.
Em um impulso, segui na direção dele e deitei em outro divã, segurando um dos ramais - como havia feito uma vez com Cobb. Imediatamente, eu fui jogada no sonho dele. Era uma cidade de estilo metropolitano, estava de noite, o tempo estava frio e não havia muitas projeções andando na rua.
Eu sorri e fechei os olhos, invocando uma imagem. Ao abri-los novamente, estava vestida da mesma forma que a projeção que eu havia visto mais cedo, naquele dia. Eu me perguntava se Arthur notaria que eu era a Aridne verdadeira...
.
Arthur: E é assim que descobrem meus segredos!
Hum? Pensei que tinha feito de propósito. Você tava louco para que eu soubesse das suas fantasias.
Arthur: Se esse fosse o caso, você acha que a projeção teria alguma roupa?
Hã? O que você disse?
Arthur: Gosto de surpresas. Estou disposto a esperar que você tire a roupa para mim.
Por que essas conversas idiotas sempre terminar em perversão?
Arthur: Culpa da Tracy...?
...
É, acho que sim.
Essa fanfic tem mais um capitulo! Esperem e vejam... *risada maligna*
