Revisada em: 09/10/2014


Prince


Príncipes não existem


"Eu estarei esperando

Ele partiu teu coração

Ele levou a tua alma

Você está ferida por dentro

Pois há um vazio

Você precisa de algum tempo

Para ficar sozinha

Então você vai achar

O que você sempre soube"


Desde pequena eram lhe contadas histórias sobre cavaleiros com lindos garanhões brancos ou príncipes majestosos que eram gentis e corajosos e que a tratariam como uma verdadeira princesa. Durante longos anos, Hyuuga Hinata acreditou nisso. Acreditou que um príncipe encantado viria salvá-la sempre que estivesse em apuros e que seria capaz de entendê-la quando mais ninguém o faria.

Demorou dezesseis anos — e meio — para que percebesse que estava errada. Não somente errada, mas, terrivelmente, horrivelmente, absolutamente, mas muito errada meeeeeeeesmo. Até mesmo o jovem Uzumaki Naruto — que fora sua fantasia amorosa por mais de cinco anos — tinha saído de sua lista sobre possíveis príncipes perfeitos.

Sem dizer uma única palavra, o rapaz tinha quebrado seu coração em pedaços tão pequenos que seria praticamente impossível reconstruí-lo. Como das outras três milhões de vezes, Naruto se declarara para Sakura, e diferente das outras três milhões de vezes que a resposta tinha sido "não", ela aceitara seus sentimentos — provavelmente ele a vencera pelo cansaço. E começaram a namorar no mesmo dia, assumiram na frente da escola inteira.

Rum! Não é como se ela fosse de declarar para ele algum dia mesmo, Hinata pensou amargamente, ninguém precisava saber sobre os sentimentos dela.

— Hyuuga. — A voz grave despertou-a do transe em que se encontrava, deu um pulinho de susto e virou apenas para encontrar Uchiha Sasuke. — Estava dormindo em pé no meio do corredor.

Ah. Uchiha Sasuke era um bastardo filho da mãe que trazia o pior lado de Hinata — que nem ela mesma sabia que existia até conhecê-lo. As garotas costumavam ficar tendo faniquitos quando o viam, enquanto sussurravam umas para as outras como ele era perfeito, lindo, maravilhoso e mais um bando de adjetivos que preferia nem lembrar.

Para ela, Sasuke não passava de um arrogante riquinho esnobe. Não tinha o costume de julgar as pessoas sem conhecê-las, mas era exatamente dessa forma que ele se portava. Odiava a forma que falava com as outras pessoas, com aquele queixo empinado.

E de uns tempos para cá, tinham se encontrado e "conversado" mais tempo do que gostaria.

Franziu as sobrancelhas levemente e, por um segundo, apertou os olhos e os lábios de desgosto, para depois se esforçar ao máximo apenas para colocar um sorriso no rosto. Piscou algumas vezes antes de responder sem gaguejar:

— Não estava dormindo, Uchiha-san. Mas agradeço pelo seu aviso. — Quis bufar, mas não o fez. Apenas esforçou-se para manter o sorriso e fez uma breve reverência. — Estou indo, desculpe pelo incômodo. — Oh, ácida demais.

Sasuke sorriu de maneira quase imperceptível. Começaram a chamar atenção dos outros colegas que começavam a chegar.

— Tem uma língua afiada, Hyuuga — comentou. — Quem diria que por trás desse rosto de princesa, se escondia uma garota assim.

Hinata poderia ter corado se não estivesse tão irritada. Desde o começo do namoro do seu ex-príncipe, estava irritada com tudo. Com a vida, com as pessoas, com a porcaria do mundo! E o rapaz na sua frente, não ajudava nenhum pouco.

Teme! — Ela olhou por cima dos ombros do rapaz e viu Naruto correndo animado, enquanto puxava Sakura com uma mão e acenava efusivamente com a outra. — Hinata-chan!

Ah não! Por que aquilo estava acontecendo? Estivera a semana toda evitando o-mais-novo-casal-lindo-da-escola-inteira e agora estava ali. Tudo por culpa do Uchiha! Conteve-se para não fuzilá-lo com o olhar.

Dobe, não grite a essa hora, ainda é cedo — Sasuke reclamou e depois olhou para a garota de cabelo rosa. — Sakura.

— Bom dia, Sasuke-kun — murmurou parecendo constrangida. — Hinata. — Sakura desviou o olhar para o chão, desconfortável.

Ah. Hinata teve certeza que a outra sabia. Sentiu-se mal.

— B-bom dia, Naruto-kun, Sakura-san.

O clima ficou tão tenso quanto ferro. O único que parecia alheio a tudo, era Naruto — que era um poço de lerdeza.

— Eu e a Hinata estávamos de saída. — Ser chamada pelo primeiro nome pegou-a totalmente de surpresa. Sasuke pegou sua mão e antes que pudesse protestar, começou a ser arrastada pelo corredor inteiro, viraram e ele só parou quando estavam em frente à máquina de bebidas. — Pode me agradecer depois, Hyuuga.

— Agradecer pelo quê? — replicou ao mesmo tempo em que massageava o pulso marcado. Uma das grandes desvantagens de ser branca demais: ficar roxa por qualquer motivo. Seu tom era ácido quando continuou: — Por me arrastar pelo corredor inteiro? Obrigada.

O rapaz revirou os olhos quase dramaticamente e voltou-se para ela.

Por favor, Hyuuga. — Era a primeira vez que o escutava dizer "por favor". — Não seja idiota, praticamente todo mundo sabe que você gosta do idiota do Naruto. Só diga "obrigada" e estaremos bem.

A Hyuuga olhou para o rosto do Uchiha. Poderia jurar que havia um rastro de um sorriso ali, um sorriso bem cínico e irritante. Duvidava muito que ele deixaria por isso mesmo, iria ficar devendo-o mesmo que não precisasse da ajuda dele para ter ido embora. Limitou-se a suspirar e morder o lábio inferior.

— Obrigada, Uchiha-san — disse cuidadosamente. — Obrigada por me salvar daquela situação. Com sua licença. — Virou-se para, finalmente, ir para a sala de aula.

— Hyuuga. — Parou para olhá-lo. — Você age completamente diferente comigo, nem parece você. Por quê? Nem gaguejar você gagueja.

— Eu não preciso responder isso. — E saiu, deixando Sasuke sozinho e com a melhor expressão de idiota que alguém poderia tirar dele.

— Só parece ser uma princesa, Hyuuga. Mas tem a língua de uma cobra.


O que o Uchiha queria com você?

Hinata levantou o olhar do bilhete e encontrou Kiba encarando-a do outro lado da sala. Pensou um pouco antes de responder.

Não era nada demais. Não se preocupe.

Depois de alguns minutos, o bilhete voltou para sua mesa. Antes de abrir, teve o cuidado de não deixar que o professor de Biologia vê-la desdobrar o papel, seria ruim se ele a pegasse e lesse em voz alta, ainda que não tivesse nada demais para ser visto. De qualquer modo, odiaria passar por tal constrangimento. Estremeceu só de pensar.

Shino e eu vamos naquela lanchonete que você gosta depois da aula. Quer vir com a gente?

Iria escrever que sim, porém, acabou lembrando que já tinha marcado de ir ao karaokê com Tenten e as outras meninas no mesmo horário. Fazia um mês que estava marcando isso e ela não iria decepcioná-las desmarcando de última hora.

Desculpe, já tenho compromisso. =[

— Hinata, você parece estar prestando muita atenção na aula hoje, poderia responder a questão, por favor?

Seus olhos se arregalaram como pratos e teve que respirar fundo para não desmaiar de nervoso. Espiou brevemente o quadro. Botânica. Urgh. Qual é o lugar apropriado para o bom desenvolvimento das briófitas?

— Sim, sensei. — Levantou da cadeira e limpou a garganta antes de responder: — As briófitas se desenvolvem melhor em lugares úmidos e sombreados!

— Certo, Hinata. Pode sentar — disse com as sobrancelhas franzidas de desconfiança. — Outra característica das briófitas é...

Ela parou de escutar tudo que ele dia assim que se sentou. Esperou alguns minutos para poder passar o bilhete para Kiba. Depois disso, a aula se passou sem nenhum tipo de incidente. Fez questão de prestar atenção a cada mínimo detalhe, para que o professor não "pegasse no seu pé".

Encontrou Tenten na hora do intervalo, ela parecia radiante.

— Hinata! — Pulou nos seus ombros e abraçou-a. — Bom dia!

Infelizmente, Tenten não estava na mesma sala que a dela. Os únicos amigos, amigos mesmo que tinha em sua classe, eram Kiba e Shino. E para seu desgosto, Sasuke também estava ali e tinha que ficar sentindo seus constantes olhares, que pareciam perfurar suas costas.

— Bom dia, Tenten-chan! Quer dividir? — Hinata sorriu e levantou a marmita cheia de guloseimas diferentes, que dificilmente conseguiria comer sozinha.

— Claro! Você trouxe essa omelete maravilhosa! Como você consegue?! — Beliscou a comida e sentou ao lado da amiga. — Você vem para o karaokê hoje, não é?

— Sim. Nós marcamos, e você está tão animada...

— Que bom! Então, mudança de planos! Ao invés de irmos para o karaokê, vamos para uma festa! — declarou, faltando dar pulinhos de tanta animação.

— O quê? Mas... Mas... Tenten-chan! — quis protestar, mas não conseguiu formular bem o que queria dizer.

— Relaxa, Hinata! Não vai ser nada demais, lá vai ter o karaokê! — justificou-se. — Vai ter uma festa legal na casa da Ino, os pais dela viajaram e ela convidou a gente pra ir lá. Vai ser demais!

— E-eu — esforçou-se para colocar as palavras para fora. — Eu não acho que isso seja uma boa ideia, é melhor eu ir para casa.

— Vamos lá, Hinata! Um pouco de diversão não vai te matar. Você só estuda, e estuda, e estuda... Dê um descanso para si mesma! — Os olhos de Tenten brilhavam pidões. — Vai ser a mesma coisa do karaokê, só que com mais gente...

A morena olhou bem para a amiga, aaah, não iria conseguir negar. Ficaria com a consciência pesada se não fosse e também ficaria se fosse, então... Dane-se.

— Tudo bem, Tenten-chan!

— Isso! — comemorou. — Amo você, Hinata! Me encontre no portão quando a aula acabar!

Hinata suspirou.

— Ok.


O barulho da música era tão alto que Hinata achou que iria ficar surda. Tentou passar entre a multidão de adolescentes que dançava, cantava e jogava alguma coisa que preferiu não saber. Foi pisoteada duas ou três vezes, mas conseguiu chegar à cozinha em quase segurança, o lugar estava razoavelmente mais calmo. Só alguns colegas que conversavam e bebiam alguma coisa — provavelmente ilegal para a idade deles.

Não tinha demorado mais que vinte minutos para que fosse abandonada no meio daquele bando de gente que nem conhecia. Tenten e Temari logo tinham se perdido no meio daquela enorme confusão.

Como elas conseguem?, Hinata pensou com os lábios apertados de frustração, devia ter ido à lanchonete com Kiba e Shino.

Pelo jeito não tinham sido convidados para aquela porcaria de festa. Sorte a deles. Queria ir pra casa e entrar debaixo do cobertor quentinho e ler o livro de História para revisar a matéria. Não queria estar ali. Odiava lugares cheios, odiava lugares barulhentos. Gostava de paz, da calma. O grande problema era que a casa de Ino era quarteirões de distância da própria casa, demoraria eras para chegar andando e o ônibus... Ah, nem sabia se passava ônibus ali.

Em outros tempos teria ligado para Neji, mas o primo arrancaria sua cabeça ao ver o tipo de lugar que estava "frequentando" e Hinata não estava nem um pouco a fim de ouvir sermões. O mesmo servia para o motorista da família, seria bem pior, porque ele falaria direto com seu pai e se não falasse, Hanabi — a irmã linguaruda — o faria.

Só lhe restava esperar.

A garota ficou parada por vários minutos, até sentir sede o suficiente para querer beber alguma coisa. Receosa, abriu a geladeira e encontrou mais garrafas do que poderia contar nos dedos. Procurou algo que não parecesse álcool e encontrou uma garrafa diferente das demais, parecia ser refresco.

— Isso parece servir. — Abriu e bebeu tudo a goladas muito rápidas, sentiu o líquido descer gelado por sua garganta, aliviando a secura que se apoderava dali. — Isso aqui é muito bom. — Terminou de beber o resto rapidamente.

Hinata sentiu-se quente. Uma sensação letárgica se apoderou de todo o seu corpo e parecia leve como uma pena. Teve vontade de gritar, cantar, tudo ao mesmo tempo. Estava alegre.

— Acho que vou pegar outro refresco.

E antes que se desse conta, tinha bebido quatro do inofensivo refrigerante. Na quinta garrafa, sentou-se na varanda, enquanto cantava Summertime¹ mais alto do que julgaria apropriado em uma situação comum. Mas estava tão bêbada, quem ligava? Porque ela não.

— Hyuuga?

A morena levantou os olhos e encontrou o olhar negro de Sasuke.

— Quê? — resmungou de volta e voltou a beber.

— Você está bêbada? — perguntou incrédulo. De todas as pessoas, ele nunca imaginou que encontraria logo ela naquele estado.

— Não! — a voz saiu estridente e ela soluçou. — E você? Veio pra fora pra fumar ilegalmente?

Sasuke franziu as sobrancelhas.

— Do que você está falando, Hyuuga? — disse retoricamente. — Ainda não consigo acreditar que logo você está bêbada. — murmurou para si mesmo. — Você veio com quem?

— Não-não te interessa! — murmurou. — Vai embora!

— Quantas dessa você já tomou? — Aproximou-se cuidadosamente, temendo que ela acertasse a garrafa em sua cabeça. Não sabia o que esperar dela.

— Não lembro — admitiu. — Se você não for embora, eu vou! — Levantou rápido demais e cambaleou, só não caiu porque ele segurou-a pelo braço. — Me solta!

— Vou te levar para casa.

— Eu não quero ir pra casa! — choramingou sem forças para se livrar dele.

— Onde estão suas coisas? — ignorou-a e recebeu apenas um aceno de "não faço ideia". Apertou os lábios e pensou por um minuto, enquanto Hinata continuava cantarolando uma música. — Ok, não saia daqui, tudo bem? Eu já volto.

Pra sua surpresa, a morena apenas assentiu e voltou a se sentar na pequena escada.

Sasuke entrou na casa e passou pelo amontoado de pessoas habilmente, até encontrar Tenten em um canto, conversando e rindo com algum grupo esquisito.

— Tenten — ele chamou-a e no mesmo instante a garota levantou os olhos para encará-lo, parecendo surpresa. — A Hyuuga veio com você?

— Ai Meu Deus! Hinata! Eu não a vejo há horas! Esqueci... Ai Meu Deus... — começou a surtar, sentindo-se extremamente culpada.

— Pare — Sasuke pediu sem paciência. — Ela está bem, só me diz se ela veio com você.

— Sim, ela veio e...

— Ok. Você vai fazer um favor para mim. — Usou um tom que dispensava qualquer tipo de recusa, ela assentiu rapidamente. — Ligue para a casa dela e diz que ela vai passar a noite na sua casa, inventa qualquer merda para que a família dela não surte.

— Tudo bem, mas... O que você vai fazer? Ela está bem mesmo? Pra onde...

— Ela está bem — voltou a afirmar. — Não se preocupe, apenas faça o que eu disse.

— Tá — limitou-se a dizer e observou o rapaz partir. — Que coisa estranha.

Sasuke achou as coisas de Hinata na cozinha, largadas em um canto qualquer. Com um suspiro, pegou tudo e saiu pela porta dos fundos, apenas para não encontrar a garota no lugar que tinha pedido para ficar.

Ele grunhiu.

Procurou-a com o olhar e percebeu que ela não estava muito longe, brincava com um cachorro no meio da grama, estava bêbada demais para conseguir ficar em pé sozinha e o cão a derrubou no chão, atacando seu rosto com lambidas cheias de saliva. Ergh.

O Uchiha se aproximou e espantou o animal, ajudando-a a se levantar em seguida.

— Qual é o seu problema? Eu não disse pra você ficar ali? — repreendeu-a, irritado. — Deixa pra lá, não acredito que estou discutindo com uma bêbada, nem acredito que estou te ajudando — resmungou para si mesmo.

— Eu não pedi sua ajuda — disse com a voz grogue quando ele passou a mão na cintura dela e a fez se apoiar no seu ombro.

— Você é uma mal agradecida.

— Não sou! — rebateu infantil. — Não sou!

Porra — sussurrou para que ela não ouvisse e revirou os olhos. — Não consegue ficar de pé?

As pernas de Hinata pareciam mais gelatina do que qualquer outra coisa. Sua expressão era quase adorável.

— Consigo, olha aqui! — Soltou-se dele para mostrar que estava errado, mas falhou miseravelmente ao cambalear mais uma vez e cair no chão.

— Estou vendo, parabéns, Hyuuga — comentou sarcástico, segurando a sugestão de um sorriso. — Parece que vou ter que te carregar. — Agachou-se com as costas viradas na direção dela. — Suba.

— Não! Não vou subir.

Suba, Hyuuga, não estou pedindo.

Hinata pensou nas suas opções, mesmo com a mente meio nublada, percebeu que não tinha outra saída. Ainda que se recusasse, não tinha forças para lutar contra Sasuke, caso ele resolvesse pô-la nas costas ele mesmo.

A contra gosto, moveu-se devagar na direção dele e passou os braços pelos ombros fortes e tensos, e prendeu-os em volta do seu pescoço, ele levantou e segurou-a fortemente pelas coxas, a bolsa dela pendendo em um dos ombros dele.

— Não precisa me segurar ai — reclamou.

— E onde você espera que eu segure? — replicou, sentindo a textura da pele dela, as coxas roliças. Uuuuuuh.

— Nos joelhos? Tarado.

— Eu não sou tarado, Hyuuga.

— Você é. Está se aproveitando de mim porque estou bêbada.

— Há poucos minutos você disse que não estava bêbada — provocou com as sobrancelhas arqueadas e teve que segurar o sorriso mais uma vez.

— Não lembro disso.

— Você é uma bêbada barulhenta — declarou e começou a andar.

— Minhas coxas vão ficar marcadas com seus dedos — apontou, apertando ainda mais os braços em volta do pescoço dele, parecia que queria sufocá-lo.

— Vai sumir. Pare de me apertar desse jeito, vai me matar sufocado — retrucou.

Ela não o fez.

Seguiram metade do caminho em silêncio, por um momento o Uchiha achou que Hinata tinha dormido, engano o dele. Demorou, mas ela finalmente começou a falar.

— Na escola — soluçou —, você tinha me perguntando por que eu te trato diferente. — Ele esperou pela resposta dela. — Eu não gosto de você. É por isso.

— Uau, isso quebra meu coração — disse com ironia e passou mais um tempo antes que continuasse: — Por quê?

— Porque detesto o jeito que você olha para as pessoas, como se fosse melhor que elas — confessou, pouco lúcida.

— Eu sou melhor mesmo — confirmou com sua excessiva humildade. Recebeu um murro na cabeça.

— É exatamente disso que estou falando, você é um arrogante idiota, Sasuke.

— Me chamando pelo primeiro nome? Somos tão íntimos assim agora? — provocou e virou em uma esquina.

— Cale a boca — sibilou mal humorada. — Pra onde você está me levando?

— Pra minha casa. Moro sozinho. — Na verdade, morava com o irmão, mas esse raramente ficava em casa, então é como se sempre estivesse sozinho. — Não vai ter perigo de ninguém te ver assim. — Esperou que ela retrucasse, mas ficou em silêncio. — Sem protestos? Incrível.

— Estamos chegando? — A Hyuuga parecia cansada.

— Mais alguns minutos. Você é pesada — soltou.

— Não se fala isso para uma garota. Príncipes não falariam isso para suas princesas, mesmo que fosse verdade!

— Do que você está falando agora? — Sasuke estava confuso, Hinata era completamente doida naquele estado. — E de qualquer modo, não sou um príncipe.

— Não é mesmo. Um príncipe nunca seria um idiota como você. Ele seria mais como Naruto-kun — recitou amarga. — Mas ele não é o meu príncipe.

— É agora que você vai começar a chorar? — resmungou, apertando-a ainda mais sem se dar conta. — Você tem razão, ele não é o seu príncipe.

— Ele é o príncipe da Sakura. Mesmo que eu tivesse me declarado, não teria adiantado nada mesmo... Príncipes estúpidos. Eu o odeio — sentenciou, mas era uma mentira. Os dois sabiam disso, porém, Hinata queria repetir isso para si mesma até que fosse verdade, porque só assim não iria sofrer mais. — Príncipes não magoam suas princesas.

— Príncipes não existem, Hyuuga — Sasuke declarou quase amistoso. — Você deveria saber disso.

— Eu sei! — exclamou com a voz estridente.

— Você é uma bêbada barulhenta — repetiu. — Será que também é uma bêbada esquecida?

— Espero que sim, porque quero esquecer tudo isso, inclusive sua cara.

— Você pode ser rude. — Dessa vez ele sorriu. — Chegamos.

Era um apartamento simples, apesar de grande. O prédio tinha somente quatro andares e Sasuke morava no último. Com facilidade, andou até o elevador e apertou o botão do seu andar, esperou com mais paciência do que demonstrava. Abriu a porta com Hinata ainda em suas costas e entrou no quarto perfeitamente arrumado.

— Você é organizado.

— Surpresa?

A Hyuuga deixou-o no vácuo. Sem nenhum tipo de delicadeza, o rapaz soltou-a na cama de casal macia. Ela gemeu, surpresa, e olhou para ele. Sasuke pensou que tinha desenvolvido a capacidade de ler os seus olhos, porque parecia ter um enorme "idiota" inscrito ali.

— Você pode dormir ai, sonhe com seus príncipes, eles só existem nos seus sonhos. — Tinha um tom ressentindo em suas palavras, o que não passou despercebido por ela, Hinata sempre fora muito boa em ler as pessoas. — O que é uma pena.

— Falando desse jeito — Engoliu a saliva, que desceu por sua garganta rasgando —, até parece que você gosta de mim — zombou.

Foi a vez de Sasuke ficar em silêncio. Hinata tremeu. Oh, Uchiha Sasuke gostava dela. Dela. O. QUE? QUÊ?

— Você gosta de mim — declarou abismada.

— Talvez — começou receoso. — Mas isso não importa, porque você só gosta de príncipes e eu não sou um.

— Há uma grande chance que eu esqueça isso depois, e espero que sim e nem acredito que vou dizer isso, mas, Uchiha-san, você é bonito o suficiente para ser um príncipe.

Qual era dessa mudança de personalidade do nada?

— Hyuuga, você é cruel. — Aproximou-se da cama e parou ao lado dela, encararam-se por um minuto inteiro, antes de ele se abaixar o suficiente para alcançar o rosto feminino e dizer: — Espero que não tenha bebido o suficiente para se esquecer disso.

E Uchiha Sasuke beijou Hyuuga Hinata. Não de uma maneira selvagem, rude e cheia de paixão, mas de uma maneira calma, sincera e cheia de sentimentos. Ela não o afastou, ficou estática, enquanto a textura dos lábios masculinos preenchiam os dela com perfeição inimaginável.

Quando ele se afastou, os dedos ainda estavam enrolados no cabelo negro e liso.

— Eu poderia ser um príncipe por você, Hyuuga, mas você já tem um príncipe no seu coração e ele não é eu.

Mas Hinata pouco se lembrou das palavras dele, sentiu a letargia tomar conta de si e o sono pesou em seus olhos, antes de finalmente adormecer, disse baixinho com pouca coerência:

— Sabe o que seria engraçado? — Ajeitou-se na cama, embrulhando-se no lençol. Tinha o cheiro de Sasuke. — Você vestido de príncipe, seria engraçado. Uchiha Sasuke... de príncipe.

E dormiu.

O rapaz observou-a por um instante, pensativo. Não é que ela tinha lhe dado uma grande ideia? Talvez não poderia ser o príncipe que ela queria, mas poderia ser o cavalheiro capaz de roubar-lhe o coração.

Oh, Uchiha Sasuke tinha uma grande ideia. E logo colocaria seus planos em prática.

Príncipes não existem, Hyuuga, mas cavaleiros sim e eu vou te mostrar isso.


A/N: Oie gente! Como vocês estão? :) Espero que bem, hehe. Well, eu resolvi escrever essa three-shot, porque não tenho tempo pra escrever algo maior, e não acho que escrevo tantas SasuHina's como gostaria, infelizmente. A Hinata está sim OOC, mas somente em relação ao Sasuke, preferi fazer assim, pra que ficasse verossímil ao contexto da história que quis apresentar. Espero que isso não tenha as incomodado, tirando isso, vou tentar fazer a Hina parecer exatamente como é! :) Acho que é a cara dela essa coisa de príncipes e etc, e achei que seria divertido escrever em cima desse contexto usando logo o Sasuke. Além disso, SasuHina é o meu OTP! *-* Esses lindos! s2 A música no começo é do Lenny Kravitz, chamada "I'll be waiting", escutem, porque ela é bem bonitinha! rs.

¹ A música que a Hinata estava berrando é Summertime da Janis Joplin, se vocês estiverem afim, coloquem ai no youtube para entenderam o jeito que ela estava cantando, hehe.

Reviews são sempre bons, por isso, eu iria apreciar muito se vocês deixassem a opinião de vocês. Isso com certeza é um incentivo! Muito obrigada para aqueles que leram até o fim (inclusive as notas), é sempre um prazer! Até o próximo capítulo! Beijão!

09/10/2014: Obrigadíssima a todos que comentaram. De verdade. Vocês são uns amores.