Ela o viu do alto no momento em que começava a descer a escada em direção ao hall. Ele era tudo o que poderia se dizer de um homem em matéria de charme e elegância. O impacto que lhe causou atingiu tanto sua mente quanto seu corpo. O ar lhe faltou. Seu coração teve o batimento acelerado. As pernas fraquejaram e a obrigaram a procurar o apoio de uma parede. Seus olhos, no entanto, acompanharam a figura atlética a cada degrau que subia.

— Olá. Eu te assustei? — ele a saudou ao chegar ao último degrau.

Os dentes eram perfeitos e de uma brancura radiante que contrastava com o bronzeado profundo do rosto. Enquanto os lábios se curvavam de forma ascendente nos cantos, os olhos estreitavam transmitindo uma mensagem de graciosa ironia, complementada pelo modo casual como uma mecha dos cabelos bronzeados caía sobre a testa.

O efeito sobre ela foi devastador. Por alguns instantes roubou-lhe a capacidade de raciocinar.

— Não — ela se obrigou a responder.

— Tia Ruby não lhe avisou sobre minha chegada? Não disse que havia admitido um novo pensionista?

— Sim, mas...

Bella não terminou a frase. Ao menos conseguiu frear as palavras antes que seu pensamento as transformasse em mensagem falada. Certamente não soaria bem se tivesse dito ao desconhecido que esperava por um homem idoso, talvez apoiado em uma bengala, mordendo um cachimbo e reclamando sobre o tempo que levara para chegar por causa do trânsito. E o novo pensionista não se encaixava em absoluto nessa descrição. Era alto, jovem, com ombros tão largos que ela se perderia entre eles se aqueles braços fortes a enlaçassem.

Sem desfazer o sorriso sensual, ele depositou no chão a caixa com discos e fitas que estava carregando e estendeu a mão para se apresentar.

— Edward Cullen.

Por um longo e embaraçoso momento, Bella só conseguiu ficar olhando para aquela mão estendida. Imitou o gesto, por fim, mas com um movimento breve, de modo a evitar que o contato a deixasse ainda mais perturbada.

— Sou a Srta. Swan.

Antes mesmo que ela terminasse de dizer seu nome, o sorriso acentuou. Bella teve a nítida impressão de que o novo pensionista estava se divertindo com seu desconforto.

— Precisa de ajuda, Sr. Cullen? — Bella ofereceu com forçada gentileza.

— Não, obrigado, Srta. Swan. A caixa é grande, mas o peso é suportável.

A resposta foi dada em tom solene, mas se o sorriso havia abandonado os lábios, continuava presente nos olhos cor de esmeralda, escuros e intensos.

Ciente de que estava servindo de velada diversão, Bella procurou abreviar a conversa e se afastar da presença irritante. Endireitou o corpo, ergueu a cabeça e se afastou da parede.

— Nesse caso, peço sua licença para verificar o andamento do jantar. Ruby não gosta de atrasos.

— Talvez eu também deva me apressar. Para onde devo me dirigir? Direita ou esquerda? — E antes que Bella pudesse perguntar se ele estava se referindo ao quarto ou à saleta, Edward esclareceu. — Qual dessas portas dá para meu quarto?—ele apontou para a da direita e depois para a outra à esquerda.

— A da esquerda.

— A da direita é sua?

— Sim.

— Preciso me lembrar de ter essa orientação sempre em mente — ele murmurou, como se falasse apenas consigo mesmo. — Detestaria me confundir e invadir seu quarto no meio da noite. As conseqüências poderiam ser imprevisíveis.

Não restava mais nenhuma dúvida. O tal Edward Cullen estava rindo à custa dela!

— Com licença.

(...)

COMENTEEM ;**