Disclaimer: Harry Potter não me pertence, mas esta fic sim. Boa leitura.


⊱⊱ sete αnos

We were both young when I first saw you
I close my eyes and the flashback starts
I'm standing on there, on balcony in summer air
See the lights, see the party, the ball gowns
See you make your way through the crowd

O salão estava repleto de convidados ilustres, ali se encontrava somente a nata da sociedade bruxa. Os membros das mais tradicionais famílias estavam reunidos para comemorar as bodas de parta de Abraxas e Agnes Malfoy, um evento digno da atenção que era dispensada por todos àquela noite. A senhora Malfoy sempre fora conhecida por ser extremamente refinada e elegante, e a decoração do local não deixava nada a desejar a este fato. O salão estava perfeitamente ornamentado, as cortinas de cetim branco tinham as barras roçando o chão, estavam presas no meio de sua extensão por fios prateados, como se seguissem um modelo de ornamentação grego. Os jarros de prata foram dispostos estrategicamente pela sala, cada um deles contendo um buque de lírios brancos. As toalhas que cobriam as mesas eram verdes, mas não daquele verde que agride os olhos, eram de um tom esmeralda, bem elegante, que combinavam harmoniosamente com a prataria e as louças das mesas. Os copos cintilavam a luz dos castiçais, e velas que também haviam sido dispostas pelo ambiente. Uma música suave, retirada de violinos, violoncelo e piano; tocava ao fundo, embalando as conversas que geravam um burburinho leve e agradável pelo salão. As amplas janelas deixavam à mostra a paisagem noturna, o brilho do luar conferia um aspecto lúdico aos jardins minuciosamente bem cuidados da mansão Malfoy. As portas duplas de vidro também se encontravam abertas, permitindo o livre transito dos convidados pelas partes interna e externa da propriedade. Rabastan não possuía tanto apresso por jardins, mas uma coisa lhe chamara a atenção. Quando passara pelas portas avistou a figura de uma garota, ela estava de costas para as pessoas, observando o jardim de Agnes. A menina estava imóvel, teria a julgado como uma estátua, caso os cabelos não fossem tão escuros e brilhassem a luz do luar. Encaminhou-se até ela, calma e silenciosamente. Parou ao seu lado, notando que ela observava as flores com uma atenção quase irracional.

— O que tanto olha aí? — Em sua simplicidade de garoto, com apenas sete anos, ás vezes se esquecia dos modos que seu pai tanto insistia em lhe incutir. Ela, em contrapartida, raramente se esquecia do que lhe fora ensinado. Aos seis anos, Marlene parecia uma dama em miniatura. Ela se virou para ele, sorrindo levemente, pareceu achar graça da curiosidade dele.

— Não me esqueças. — Disse com simplicidade.

— O que? — Que história era aquela? Ele mal havia acabado de conhecê-la? Porque cargas d'água ele não deveria esquecê-la?

— Estas flores. — Apontou para o canteiro de pequenas e graciosas flores azuis que estivera observando. — Se chamam não me esqueças. Ou miosótis. — Explicou, agora abrindo um sorriso amplo, daquele tipo que mostrava todos os dentes. Rabastan achou graça. Bellatrix não costumava sorrir, Narcissa não mostrava os dentes daquela forma e Andromeda gostava de gargalhar a plenos pulmões. Ela parecia diferente das meninas com quem convivia, meninas de quem não gostava muito, e o sentimento era recíproco. Mas eram obrigados a conviverem, ordem de seus pais.

— Ah, sim. — As flores até que eram legais, parecia que emanavam um brilho azulado, por causa da luz que o luar incidia sobre elas. Olhou para a garota, e viu que ela tinha os lhos ainda mais azuis que o tom daquelas flores, pareciam-se com aquelas pedras que sua mãe usava como pingente nos colares. Como se chamavam mesmo? Ah sim, eram safiras. A menina tinha olhos de safira. A pele era exageradamente branca, ou talvez fosse só impressão, já que o vestido que usava também era branco. Era de renda. A teria julgado doente, caso não estivesse vendo aquele rubor em suas bochechas, uma leve risca de vermelho em toda aquela alvura, denunciando que a garota gozava de plena saúde. Talvez fosse culpa dos cabelos escuros e longos de mais, ponderou. Bem, não importava. Rabastan achava-a linda. Não que sua mente infantil compreendesse isso, ele apenas gostava do que via. Parecia bom.

— Como você se chama? — Perguntou abruptamente. Ela não respondeu, não de imediato. Estava achando graça naquilo tudo, e nem sabia dizer o porquê.

— Sabe, quando alguém quer saber o nome de uma pessoa, é educado dizer o seu próprio antes. — Sua sobrancelha direita estava arqueada, como se estivesse o repreendendo, mas o sorriso em seus lábios a traia.

— Por acaso sabe quem sou para falar comigo desta maneira? — Ele corou violentamente, odiava ser repreendido por quem quer que fosse. E agora aquela garotinha magrela e baixinha estava chamando sua atenção. Ele era um Lestrange, ora essas.

— Não faço a menor idéia, e é por isso que lhe disse o que disse. — Ela ainda sorria. Ele notou que não poderia ficar bravo com ele por muito tempo, decidiu sorrir de volta.

— Eu sou Rabastan Lestrange. — Esticou a mão em direção a ela, que a segurou na sua rapidamente.

— Eu sou Marlene McKinnon. — Separaram as mãos. Ele franziu o cenho. O sobrenome não lhe era estranho, já ouvira seus pais falarem sobre os McKinnon algumas vezes. Na verdade o seu pai; deveria ter algo haver com os negócios da família. Mas o nome não combinava.

— Marlene? — Perguntou, e ela apenas assentiu.

— Que nome estranho. — Sentenciou, por fim. Sem nem cogitar que aquilo poderia soar rude. Apenas sentiu vontade e disse. Estava acostumado com meninas que tinham nomes de flores, pedras preciosas, estrelas e até constelações. Jamais conhecera alguém que tivesse um nome tão comum. Era quase sem graça.

— Como se Rabastan fosse muito lindo. — Ela não pareceu brava, mas também não estava satisfeita com a ofensa feita a seu nome.

— Papai diz que é um nome forte, e que no momento certo irá impor respeito, juntamente com meu sobrenome. — Parecia ter decorado cada uma das palavras do pai, em despeito a isso Marlene deu de ombros.

— Que diferença faz o seu sobrenome? — Que tipo de pergunta era aquela? Todo mundo sabia que um bom sobrenome era tudo na vida, até mesmo aquela menininha deveria saber disso. Ah sim, ela não era mais uma menininha. Seu nome era Marlene. Estranho.

— Toda, você sabe. Define quem somos. Seus pais nunca lhe disseram isso? — Ele estava achando tudo aquilo muito esquisito, porque estavam tendo aquele tipo de conversa? Como haviam começado mesmo? Ah sim, flores. Não me esqueças.

— Já ouvi algo sobre isso. — Deu de ombros, como se dissesse que aquele assunto estava encerrado para ela. Não sabiam, mas seus pais eram pessoas completamente diferentes. Tinham idéias bem distintas sobre a importância dos nomes, sobrenomes e o sangue.

— Mas, você é sangue puro, não é? — Perguntou. De algum modo sentiu que era necessário fazer esta pergunta. Talvez ela tivesse a aparência um tanto doentia por ter um sangue diferente do dele. Seu pai havia lhe ensinado que havia pessoas que tinham o sangue sujo, o sangue ruim. Rabastan jamais deveria andar com eles.

— Sou. — Respondeu sem emoção alguma, ele se sentiu aliviado, mas percebeu que para ela aquilo não parecia importante. Resolveu ignorar, ele poderia falar com ela. Isso é que importava. Desde quando gostava de falar com garotas? Aquilo sim era estranho. — Veja Rabastan, uma estrela cadente. Faça um pedido. — Ela disse, sorrindo, apontando na direção de uma estrela que cortava os céus, em um risco prateado. E logo depois fechou os olhos, Rabastan não acreditava naquilo, mas também fechou os seus e fez um pedido silencioso. Logo depois os dois abriram os olhos, Marlene sorria como se fosse manhã de natal.

— O que desejou? — Ele perguntou, curioso.

— Oh, não posso contar. — Ela ainda fitava o céu, um tanto sonhadora. Ele emburrou. — É que se contar, ele não se realiza. — Ela sorriu para ele, aquele sorriso que mostrava uma fileira de dentes pequenos e brancos. Ele não pode deixar de sorrir de volta.

— Rabastan, meu filho, não saia assim de meu campo de visão. — Uma senhora alta e esguia aparecera chamando por Rabastan, Marlene achou-a muito bonita. Ela usava pedras azuis em suas jóias, azuis como os olhos de Marlene. Ela tinha os olhos bonitos também, eles formaram leves vincos quando ela lhe sorriu. Um sorriso sem mostrar os dentes, mas ainda assim era doce.

— Menina McKinnon, sim? — Indagou, e a mais nova apenas assentiu com a cabeça. De certa forma sua presença inspirava respeito. Teve medo de dizer algo errado. — Venha, Arabell deve estar procurando por você. — Estendeu-lhe a mão livre, apesar da delicadeza o tom imperativo era perfeitamente perceptível. Marlene não discutiu, segurou a mão esquerda da senhora. Rabastan segurava a outra, eles se olharam por um breve momento, e então adentraram novamente o amplo salão. Foram saldados pela música e o burburinho agradável das conversas.

— Parece que se deram bem. Chamarei sua mãe para um chá, assim vocês dois poderão passar algum tempo juntos. — Disse por fim, localizando a mãe de Marlene que a saldara com um sorrido idêntico ao da filha, ela mostrava os dentes. As duas se abraçaram e começaram a conversar sobre algo que eles não ouviram. Rabastan ainda pensava no pedido da estrela candente, Marlene não sabia, mas ele havia desejado que eles pudessem ser amigos. Talvez estivesse enganado, e essa coisa de pedido funcionasse mesmo. No fim das contas, ele decidiu, Marlene era um nome legal. E ela sorriu para ele novamente.

Há certas coisas na vida que não se esquece;
Sorrisos bonitos, o azul dos olhos de alguém, a grandeza do nome, um vestido de renda,
o brilho das safiras, a importância do sangue, o pedido feito a uma estrela cadente,
o som dos violinos e o reluzir mágico dos miosótis.
Ah, não me esqueças.


N/A: Cá estou eu novamente. \õ/

Essa fanfic foi escrita como presente de amigo oculto, que quase foi definido como o projeto 24 horas FF net ou projeto Se Vira nos 3O. Enfim , o primeiro capítulo está aqui. *-*

Espero que você goste, Maria. E como pode ver, só utilizei um dos casais que a gente gosta, mas a trama da fic segue por um enredo bem diferente do nosso jogo.
Apesar da enrolação fiz com muito amor. s2

E se alguém além dela ler isso, poderia, por favor, deixar uma review?

Bjokas, LLB.