Título: Infantilidade
Autora: Adne Hellena
Resumo: Dean estava com saudades de suas antigas caçadas, mas agora ele e Castiel estavam em uma grande enrascada. Ou nem tão grande assim... Dean e Castiel especial para Galatea, que me pediu os dois em versão miniatura!
Disclaimer: Eu não possuo os dois personagens lindinhos dessa fic, infelizmente. Gostaria (e muito) de ter um Castiel e um Dean em minha vida, mas a borboleta rosa da criatividade apenas me deu o suficiente para escrever histórias com eles. E me contento com isso!
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CAPÍTULO UM - QUE SEJA APENAS UM SONHO
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Era já tarde e escuro quando Dean dobrou mais um corredor dentro daquele antigo e misterioso castelo. Ele mantinha o revólver e a lanterna em punhos enquanto procurava um rapaz alto e encapuzado que havia bebido o sangue de um cervo numa estrada próxima. Não sabia quem estava perseguindo, mas estava matando as saudades de caçar apenas seres malignos e espíritos desorientados, entidades agora completamente comuns dentro daquele recém-descoberto Apocalipse.
Observando as pinturas e os retratos nos quadros ao redor, Dean pensava que talvez aquele castelo todo fosse uma ilusão, que talvez estivesse sonhando largado no banco de couro de seu Impala 1967. Em silêncio, ele contemplou os diversos desenhos na parede, lembrando-se das cartas de tarô onde arcanos maiores e menores estavam dispostos como uma antiga escultura sagrada. Sentiu-se estranho, mas ainda assim empurrou a porta pesada de madeira escura, instintivamente iluminando o teto e os cantos do recinto à procura de algum inimigo.
Nada.
E então Dean se lembrou de olhar para o chão. Viu o círculo místico pintado com um verniz que escurecia o piso, seguindo com os olhos os arcanos maiores A Morte, A Roda da Fortuna e A Temperança, alcançando o número 37 nas maiores pontas do triângulo inserido no desenho. Ele se moveu mais para trás e contou, dentro da estrela no centro do símbolo, os arcanos menores 2, 7, Valete, Ás e outro 2, todos do naipe de Copas. Fez as contas e viu que alcançava o número 23, mas não se recordava do simbolismo por detrás daquela aritmética toda.
Por mais que tentasse, Dean não se lembrava de ter visto aquele desenho antes, nem em livros e nem no diário de seu pai. Como ainda estava em pé e bem, presumiu que o círculo fosse para algum rito de passagem ou para algum cerimonial pós-morte. Ainda segurando a arma, o loiro deu de ombros, caminhando os dois passos que faltavam para cruzar o símbolo até bater o pé com força numa barreira que ele não conseguia ver.
O Winchester franziu as sobrancelhas, ergueu a perna e tentou sem sucesso passá-la para fora do desenho. Bufando, ele jogou o corpo para frente, na esperança de sair da estrela, mas também não conseguiu.
Dean Winchester, um caçador, estava definitivamente preso.
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Castiel apareceu com o corpo apoiado contra o Chevy Impala, observando o castelo sombrio à sua frente.
Dean estava lá dentro.
De alguma forma estranha e desconhecida ele o sentia. Sentia a presença do Winchester quando estava próximo e sentia o perigo espreitando o caçador. Sentia os olhos do humano quando pousavam sobre si e sentia cada sentimento por ele exprimido. Era uma ligação íntima e tão forte que, mesmo não compreendendo, ele sabia que não podia ser desfeita.
Não que quisesse desfazê-la.
O anjo suspirou, concentrando-se na aura de seu protegido e usufruindo os poucos poderes que ainda lhe restavam, transportando-se para o local em que o caçador se encontrava.
– Olá, Dean.
– Cas! – o loiro ao sivirou, o rosto carrancudo se desmanchando enquanto agradecia mentalmente pelo ser celeste tê-lo encontrado. O Winchester enfiou a arma nas costas, e iluminou de leve o anjo, batendo uma mão na outra e esperando apenas que Castiel agisse. – Ótimo! Agora você pode nos tirar daqui.
– Não posso. – o anjo rebelde fitava atentamente os círculos no chão, reservado em estudar os desenhos que não conhecia bem, mas que sabia formar um selo. Ele deu alguns passos para a borda da imagem, contando os números dos arcanos que reconhecia e questionando a si mesmo sobre o significado do símbolo.
– Como assim não pode?
– Isso com certeza é mais antigo do que eu, Dean. Eu não posso burlar.
Dean rolou os olhos nas órbitas, sentindo sua esperança morrer enquanto se conformava a romper o selo como fazia antigamente, usando seu canivete. Ele raspou a lâmina dura contra a tinta e percebeu frustrado que ela não podia ser removida. Sentou-se no chão e começou a raspar a madeira, descascando a camada mais lisa até que o círculo começasse a se desfazer.
– Dean, eu me sinto estranho.
– Deve ser fome. Quando sairmos daqui eu te compro um hambúrguer e isso passa. – o loiro ainda estava sentado no chão, raspando cada centímetro da superfície pintada. Tirando do bolso a chave do Impala, Dean a estendeu ao anjo – Venha. Me ajude com isso e a gente sai logo daqui.
Cas observou os movimentos do Winchester por alguns segundos, imitando-o no gesto de rasurar o chão de mogno antigo. Tanto o anjo quanto o caçador estavam em profundo silêncio, bastante concentrados em seu árduo trabalho para notar as faíscas esbranquiçadas que vez ou outra os circundavam, sendo rapidamente absorvidas por seus corpos mortais.
– Acho que agora já dá. Vem. – Dean se levantou estendendo a mão para o anjo caído, ajudando-o a se endireitar. Pegando sua arma na mão e voltando a espreitar cada canto escuro do local, o Winchester levou Castiel consigo para fora da mansão, feliz por ver o seu carango inteiro exatamente no lugar em que deixara. Quando os dois estavam devidamente acomodados no interior do carro, a mente de Dean acusou que eles deveriam usar o cinto de segurança e, numa atitude rara e incomum, ele o fez, guiando o carro em seguida pela rodovia a caminho de Sioux Falls.
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– Eu estou dizendo, Bobby. Dean não some assim. – Sam andava de um lado para o outro pela sala de estar com o celular em mãos enquanto discava incessantemente o número do irmão mais velho. Já estava desistindo quando alguém atendeu. – Dean? Dean?
– Eu não posso falar agora, Sammy. Eu estou dirigindo.
O mais novo dos Winchesters poderia dizer que estava literalmente petrificado. Ele tentava raciocinar com clareza enquanto aquela voz fina e quase pueril que se identificava como seu irmão ainda ecoava em seus ouvidos, com um pudor irreconhecível contra falar ao celular enquanto dirigia. Ele chacoalhava a cabeça procurando uma explicação lógica para aquilo quando ouviu o barulho do Impala estacionando em frente à casa.
Antes que pudesse correr e encher o irmão de palavrões e sermões pelo sumiço, Sam Winchester desmontou de joelhos no chão ao ver, catatonicamente, Dean e Castiel entrarem porta adentro, de mãos dadas e com menos de um metro de estatura.
– Oi, Sammy! – a voz infantil de seu irmão mais velho atingiu seus ouvidos no instante que a risada alta de Bobby Singer se espalhava pela sala, causando um pequeno sorriso no Winchester em miniatura. O menino olhou ao redor, procurando o sofá e arrastando o pequeno anjo consigo. – Tio Bobby, o Castiel pode ficar aqui também?
– Pode, Dean. Agora, me diga, onde vocês estavam? – perguntou o caçador mais velho ao largar alguns livros sobre a mesa. Ele caminhou até os meninos e se agachou próximo daquela criança que era uma nova versão de Dean. Os cabelos não eram lisos como os de quando era pequeno; estavam loiros e ainda curtos no estilo militar. As roupas não tinham nem meio centímetro sobrando fora do lugar, como se tivessem sido modeladas para uma criança, apesar de ser reconhecível a jaqueta marrom de aspecto puído que Winchester sempre usava.
– A gente tava num castelo. Tava escuro. E eu não sei como fui parar lá... Ah! – a menino procurou no bolso da calça jeans a lanterna emprestada e a devolveu ao tio. Estranhamente, ela não era maior do que a mão do Sr. Singer, e assim ele logo percebeu o que havia acontecido.
– Porque está me devolvendo, Dean?
– Porque eu peguei emprestado, ora. Tenho que devolver. – era uma lógica bastante interessante para Dean Winchester, já que o loiro raramente devolvia aquilo que pegava emprestado.
Bobby sorriu com a resposta, pensando até que ponto a memória do pequeno loiro ainda estava presente. Foi quando ele se lembrou do pequeno anjo quieto ao seu lado.
Castiel estava sentado de modo comportado no sofá, os pezinhos nem tocavam o chão, embora estivesse na beirada do móvel. Os olhos azuis ficavam ainda mais evidentes com sua pele tão branca e os cabelos muito negros, e suas roupas, assim como as de Dean, pareciam pertencer realmente a uma criança, exceto pelo fato de que um garotinho normalmente não vestiria um casaco e uma gravata.
– O que foi, Castiel? Não se sente bem? – Bobby ajeitou-se mais próximo do menino, tocando de leve seu cabelo fino e experimentando um carinho no ser celestial. Antes que tivesse uma resposta, Bobby ouviu o estômago da criança roncar alto, fazendo Dean rir e o caçador barbudo abrir um sorriso radiante.
Há muito tempo que Bobby não cozinhava para alguém além de si mesmo. E ele gostava da cozinha. Algo naquele cômodo o lembrava de Karen e de alguma forma ele se sentia mais feliz ali, quase livre de qualquer culpa ou outro sentimento ruim. Cantarolando uma música alegre, Bobby abriu a geladeira à procura de hambúrgueres, alface, queijo e tomate. Pensou também em pegar cebola, mas concluiu que as crianças talvez não gostassem e desistiu também da mostarda.
O caçador já estava começando a fatiar o bacon quando parou, espreitando o pequeno anjo sentado no sofá. Sua mente acusou que talvez crianças daquele tamanho não devessem comer tanta gordura e, se aquele lanchinho da madrugada já tinha colesterol suficiente até para um adulto, o que não dizer para uma criança...? Franzindo as sobrancelhas, Bobby deixou o bacon para depois, e rapidamente levou os outros ingredientes ao fogão enquanto Dean fazia algum tipo de algazarra na sala.
O pequeno Winchester estava sentado no chão de pernas cruzadas e fazia caretas para um Castiel levemente entristecido.
– Sam? Leve as crianças lá para cima e lave as mãos deles! – o grito forte vindo da cozinha assustou o rapaz, distraído em ver como seu irmão cuidava de Cas.
– Okay, okay! Vem, Dean. – o caçula dos Winchesters tirou o anjo do sofá, estendendo a mão para seu irmão, e os ajudou a subir os degraus até o andar de cima. Ele rapidamente abriu a porta e Dean correu na frente, alcançando o sabonete e esfregando as mãos debaixo da torneira ligada.
Depois de se divertir com a espuma e a água morninha que enrugava os dedos, o pequeno soltou o sabonete na pia, molhando o piso esverdeado com inúmeras gotas enquanto procurava uma toalha. Dean deu espaço para Castiel chegar à pia, acomodando-se sobre a tampa do vaso sanitário.
O anjo franziu as sobrancelhas delicadas num gesto perfeitamente idêntico ao Castiel adulto. Suas pequenas roupas ondularam ao redor quando ele se virou, inclinando de leve a cabeça para o lado esquerdo enquanto questionava Sam com o olhar. O Winchester riu nervoso, percebendo somente naquele instante o real tamanho do anjo, que era ainda menor que Dean.
– Desculpe, Cas. Eu não percebi que você não alcançava. – Sam puxou o menino para seu colo, tombando-o sobre a pia enquanto o ajudava a esfregar suas mãozinhas. Depois de secá-las com o auxílio de Dean, Sam pegou o irmão de cavalinho em suas costas, acomodando melhor o pequeno Castiel contra seu peito, e todos desceram as escadas em direção ao delicioso cheiro de hambúrguer que vinha da cozinha.
O pequeno Winchester desceu das costas do irmão, tomando seu lugar em uma das cadeiras e esperando que Bobby lhe servisse. Sam colocou Castiel de joelhos sobre outra cadeira e voltou-se para o caçador mais velho, ajudando-o a servir os dois copos de suco de laranja e os dois sanduíches.
– Obrigado, Sammy. – Dean, de pé sobre a cadeira, agarrou tão forte o pescoço do irmão que quase o deixou sem ar. O rapaz adulto bagunçou os cabelos curtos do pequeno, vendo-o sorrir enquanto tirava a jaqueta para comer.
– De nada, Dean. Agora, come. – ele pôs o outro prato em frente ao pequeno anjo, deixando o copo a uma distância acessível para o menino. – Aqui, Cas. Coma o quanto conseguir, está bem?
– Obigado, Sam Wincésti. – o pequeno menino agradeceu, se mostrando tão sério quanto a sua versão adulta, mas suas feições eram contrastadas pelos olhos azuis brilhantes e pela voz doce que possuía. Ignorando seu erro de pronúncia, o pequeno Castiel começou seu lanche, as mãos pequenas se esforçando para segurar o hambúrguer sem desmontá-lo.
Mesmo que um sorriso brincasse em seus lábios, Sam caminhou resignado até a sala, encontrando o caçador viúvo procurando e distribuindo alguns livros sobre a escrivaninha. O Winchester soltou um suspiro e recostou-se de qualquer jeito contra um móvel, cruzando os braços diante do peito.
– Me diga que isso passa logo, por favor!
– Por quê? Eles são umas gracinhas! – Bobby se arrependeu de não possuir uma câmera fotográfica naquele momento. O rosto de Sammy era uma estranha mistura cubista de horror, incredulidade e pânico, cada sentimento berrando para sobrepor o outro.
– Por quê? Por que meu irmão é uma criança carente e nosso anjo da guarda tem problemas para falar! Deus, eu preciso de uma bebida.
– Eles são crianças, Sam! Seu irmão sempre foi carente e Castiel não deve ter mais do que três anos agora. – Bobby puxou uma cadeira, soltando-se sobre ela enquanto se entretinha num livro antigo de ocultismo. – Relaxa. Nós vamos achar um jeito de resolver isso.
Sam já tinha virado a garrafa de whisky em seu copo quando ouviu um ruído estranho vir da cozinha. O caçula dos Winchesters olhou para Bobby e franziu o cenho, não acreditando no que ouvia. De repente, o pequeno Dean corria até ele, puxando a barra de sua jaqueta caramelo e implorando por atenção. – O que foi, Dean?
– O Cas...
– O que tem o Cas?
A criança caminhou até a cozinha, esfregando os olhos e seguido pelos dois adultos. Castiel estava ainda sentado de joelhos sobre a cadeira, os braços debruçados sobre a mesa e a cabeça apoiada em um deles, segurando com a mão um pedaço remanescente de hambúrguer. O rosto infantil estava relaxado, quase sorridente enquanto a boquinha rosada vez ou outra murmurava algumas palavras pouco articuladas.
– Acho que já passou da hora de dormirem, não é? – Bobby desviou dos irmãos e tirou o resto do lanche da mão do anjinho, pegando-o no colo e ajeitando-o contra o seu ombro. – Acho melhor deixá-los na cama. A gente dorme aqui no sofá.
– É. Hora de dormir, Dean. – Sam pegou o irmão no colo, seguindo o dono da casa até o quarto no andar de cima. Ele viu Bobby colocar Cas na cama e fez o mesmo com o irmão, dando um pequeno beijo nos cabelos loiros e cobrindo-o antes de apagar a luz e deixar o cômodo.
Se aquilo tudo era um sonho, ele deixaria para descobrir amanhã.
Antes de me despedir, no meu profile vocês encontram a capa dessa fic, um wallpaper com Dean e Castiel.
Fiz a fic dos fofuchos e ela precisavam de tudo, incluindo capa. Eu ainda não sei ao certo quantos capítulos essa fic terá, mas dependerá principalmente da quantidade de reviews.
Se curtiu, por favor, comente!
E assim vocês garantem que a história continue!
Bjoks! ^.^
