Keep holding on
Tema: Meri tem um sonho no cativeiro armado pelo tio
Indicação classificatória: G
Meri estava debaixo do chuveiro, sentindo a água gelada percorrer seu corpo. Estava cansada de tomar banhos quentes. Percebera que aquela temperatura a deixava ainda mais grogue, ainda mais entorpecida. Já a água gelada acordava seus sentidos, fazendo-a despertar de toda a melancolia que vivera até agora.
Você e o seu sadismo
Tentam me domesticar
A ruiva, de olhos fechados, deixou que a água caísse em seu rosto.
Calma, Meri. Em breve, você estará longe daqui., pensou a menina. Eu gostaria de pensar que estou em casa...
Mas a imagem do tio a assombrava e até Camposanto vinha lhe perturbar. Algumas lágrimas quentes de ódio, provindas dos orbes esmeraldas de Meridiana, se juntavam à água gelada.
Mas você sabe que eu não vou ceder
E eu já estou cansada disso
Por que ele não desiste logo? POR QUE NÃO ME DEIXA EM PAZ? Se tivesse alguém que lesse pensamentos, iria assustar-se com o grito mental da garota. Mas iria assustar-se ainda mais quando ouvisse uma voz masculina ecoando naquela cabecinha ruiva.
Meridiana, você tem que ser forte. Tem que resistir.
Pai?, perguntou a menina, visualizando o escritor em sua frente.
Vou ficar quietinha
Pelo menos por enquanto
Ela não conseguia alcançá-lo; uma barreira invisível estava entre ela e Nicholas Johnson.
-Você tem que ser forte, mulher! Cadê a Meridiana que eu conheço? –perguntou Raven, aparecendo dentre nuvens.
-Eu estou aqui, Rav! –respondeu a menina, feliz por rever aquela quase-irmã.
-Meri, você tem que continuar em pé! –agora era a face espírito grifinório de Mina MacFusty quem falava.
Mas quando isso passar
Vai ter volta
E, de repente, todos começavam a aparecer. Todos que realmente se importavam com Meridiana. Lucien, Herman, Selune, Satanio, Adhara, Lorelai, Samantha e muitos outros... Todos ali, juntos, torcendo por ela. E as únicas coisas que a garota conseguia fazer eram chorar e gritar:
-Eu vou conseguir! Eu prometo!
Por enquanto, posso ficar sentada
E chorar como uma criança
E Meridiana voltou à lucidez, achando-se deitada na banheira, abraçada aos joelhos. Seu corpo tremia de frio e a água gelada continuava a escorrer ralo abaixo.
Que minhas lágrimas vão junto. E só voltem em momentos dignos delas, pensou a menina, levantando-se e desligando o chuveiro.
Mas quando eu ressurgi das cinzas
Você vai sentir o poder da minha flama
E ela estava deitada na cama, quando ouviu o tio chegando. Levantou-se rapidamente e colocou-se defronte o comensal.
-Pronta, querida sobrinha? –perguntou Ludovic, sorrindo sadicamente.
-Quando quiser –respondeu ela, sem tremer a voz.
Isso não me apavora mais, disse ela a si mesma, já percebendo a dor do Tripallium.
Assim que se fala, Pimentinha, ela ouviu de algum lugar.
