Título:93 Million Miles
Autora:Ana Paula Pascuim
Beta: Beatriz Vieira (Amabile)
Classificação:K
Sinopse:Tecnicamente, o Sol está a 93 milhões de milhas da Terra. Porém, às vezes ele pode estar mais próximo do que imaginamos.
A estação estava cheia para aquele horário.
Isabella sempre imaginou que as pessoas do século 21, que dispunham de modernidade em abundância, prefeririam o conforto e a rapidez de um avião a um lento e tedioso trem. Porém, ela viu que estava equivocada. Vários corpos passavam por ela. Alguns carregando enormes malas, outras apenas uma mochila. Alguns com a quantidade de filhos superior a de bagagens, e outros sozinhos, como ela.
Ela não hesitou em se aproximar do embarque quando o trem despontou no fim da curva. Fazendo um barulho ensurdecedor, a máquina estacionou e abriu suas portas, revelando muitos lugares vazios e vagões que ela sabia que não fariam parte de sua jornada. Entrando rapidamente, Isabella procurou por seu assento e se acomodou, colocando a bolsa sobre o colo.
A viagem seria longa. Ela pensou nas outras pessoas que provavelmente estavam em aviões, muito mais confortáveis, com muito menos paciência. Mas ela sabia que não podia se comparar a elas. Estava ali por necessidade, não por ser alguém que apenas tem horas para gastar em uma viagem.
E isso a entristecia ainda mais.
Na mesma estação, Edward corria para conseguir chegar até os vagões que estavam prestes a fechar as portas. Com apenas uma maleta nas mãos, ele correu e sorriu para o guarda que estava na porta, agradecido como se o milagre de ter chegado a tempo de pegar o trem fosse por causa do rapaz de uniforme.
Caminhando por entre os corredores, ele achou seu lugar. Na janela, uma morena com longos cachos e pele alva olhava pela janela, enquanto as pessoas atrasadas como ele corriam para conseguir chegar a tempo no trem. Ela não se virou quando ele se sentou e colocou a maleta próxima aos seus pés. Ele ficou curioso para conhecer seu rosto, mas afastou o pensamento da cabeça, já que não conseguiria olhar para uma mulher tão cedo.
Quando o trem deu a partida, a mulher soltou um suspiro. Ela olhou pela janela por alguns segundos, mas quando a velocidade ficou maior, voltou sua cabeça para frente. Enjoo, pensou ele, assim como eu.
Então, porque ela escolheu viajar nessa máquina sacolejante?
A mulher virou seus olhos, então, em sua direção. Edward foi pego de surpresa e se sentiu envergonhado por estar a encarando. Com um sorriso tímido, ofereceu uma desculpa silenciosa. Ela apenas o encarou.
Seus olhos eram de um profundo castanho. Mas eram vazios de qualquer emoção.
Depois de 20 minutos de profundo silêncio, Edward começou a se sentir incomodado. Ele iria passar toda a noite naquele vagão, naquele assento ao lado da morena de olhos grandes. Não seria mais educado manter um contato? Afinal, compartilhar horas ao lado de alguém ultimamente é algo raro. Tudo é tão passageiro e frívolo. Isso o incomodava.
Mas e se ela quisesse dormir? Edward não queria ser um companheiro de assento chato e irritante. As pessoas geralmente odeiam isso. Porém, se ele não falasse nada, não estaria sendo mal educado?
— Sabia que o Sol fica a 93 milhões de milhas da Terra? — ele soltou, sem nem ao menos se dar conta da besteira que havia proferido.
A morena virou o rosto para ele, confusa.
— Desculpa?
Ele sabia. Tinha sido um completo idiota.
— Nada. É só que parece que ele está tão perto da gente. O calor dele faz com que pareça que ele está ao nosso lado. Mas ele apenas está muito longe.
Edward sabia que ia ser ignorado pelo resto da viagem depois disso. Quem em sã consciência prestaria atenção num lunático falando sobre a distância da Terra até o Sol? Ele não conseguia entender como ainda tinha amigos. Eles tinham muita paciência. Ou simplesmente não ouviam o que ele falava.
Para a sua surpresa, a morena começou a rir. E não era um simples riso, mas sim uma gargalhada. As pessoas ao redor os encararam com um olhar reprovador, pois muitas já estavam dormindo. Edward apenas abriu a boca, chocado.
— Do que você está rindo? De mim?
— Não de você. Mas do que você disse. É uma analogia perfeita. Você estava querendo chamar minha atenção? — Ela riu mais um pouco, enxugando uma lágrima que havia escapado do canto de seu olho esquerdo.
— Eu apenas queria puxar assunto.
Ela olhou para ele, desconfiada.
— Não era apenas isso. Admita, os 20 minutos que ficamos em silêncio serviram para você elaborar sua coisa toda sobre "Sol" e "tão perto, mas distante".
De repente Edward se deu conta de que havia descrito toda a situação em que se encontrava, sem nem ao menos perceber. E também não se conteve ao soltar uma sonora risada.
— Me desculpe, eu não tive essa intenção. Eu apenas queria puxar assunto para, sabe, ser simpático.
Ela o encarou, sorrindo. Aquele estranho de olhos verdes e sorriso fácil havia conseguido que ela gargalhasse, coisa que Isabella não fazia há meses. Quando ele se sentou ao seu lado, estava torcendo para que ele não fosse alguém que gostasse de falar, pois o que ela menos queria naquele momento era ser simpática.
Porém, quando ele soltou aquela besteira, e mais tarde a comparação de que o Sol poderia ser como ela, Isabella viu que ele não era um simples companheiro de assento. Aquele cara merecia sua atenção, mesmo que fosse apenas por algumas horas.
— Isabella, mas pode me chamar de Bella. — Ela disse, olhando para o rosto do homem. Pequenas rugas se formaram em torno dos olhos dele quando ele sorriu.
— Edward. Apenas Edward.
Eles engataram numa conversa sem nenhum assunto em específico. Edward logo pegou gosto em ouvir a voz suave de Bella, e as caretas que ela fazia quando queria se expressar; Bella gostou da forma como um sorriso estava sempre presente nos lábios de Edward, apesar de seus olhos não acompanharem sempre essa felicidade.
De repente, ambos ficaram em silêncio. Nenhum dos dois sabia sobre o que o outro estava falando.
Distração, pensou Bella. Aquele era um estranho, que estava fazendo com que a sua viagem se tornasse menos maçante. Suas palavras mantinham sua cabeça longe dos seus principais problemas, mas ela sabia que quando descesse daquele trem, tudo voltaria e ocuparia sua mente de perguntas e frustrações.
— Sabe, eu não deveria estar conversando com você.
— Por quê? — Ela indagou curiosa.
— Prometi a mim mesmo que não me interessaria por uma mulher por no mínimo um ano.
Não passou despercebido o fato de que ele disse que estava interessado nela, e que aquilo não era uma simples conversa. Mas sua curiosidade foi maior do que sua vontade de provocá-lo.
— Resolveu seguir o celibato?
Ele sorriu.
— As mulheres fazem mal às vezes.
— Alguma delas te iludiu? — Ficou claro que Bella não se incluía nesse grupo. Isso também não passou despercebido.
— Iludiu e roubou todo meu dinheiro.
Edward não queria pensar nisso, mas a simples menção de toda a situação fez com que tudo voltasse a sua mente.
Quando ele se apaixonou por Tanya, tudo parecia perfeito. A moça da cidade grande, que se interessou por um caipira e queria tê-lo para toda vida. Ela era bonita, simpática e trazia o mundo nas mãos. Edward foi facilmente fisgado. Ele não se importou com o fato de que sua família era contra aquele relacionamento. Isso apenas deu mais gás para que eles continuassem juntos.
E então, eles foram embora. Edward deixou tudo para trás para seguir a mulher que achava perfeita. Casaram-se logo na semana que fugiram. Arranjaram um apartamento barato perto do centro da cidade de onde ela veio. Edward conseguiu um emprego temporário enquanto pensava em fazer uma faculdade e ser um bom profissional num futuro próximo.
No começo, tudo ocorreu como o previsto. Tudo era rosas. Tudo parecia se resolver com uma boa transa e palavras de amor.
O começo passou rápido.
Tanya mostrou o que realmente era quando as crises chegaram. Amor não era mais o suficiente. Juras de que tudo iria melhorar não eram mais válidas. Sexo não era mais tão frequente.
Ele descobriu que estava sendo traído. E não apenas uma vez.
Quando veio o divórcio, Tanya tirou tudo o que Edward tinha, que se resumia a quase nada.
A coisa mais valiosa que o rapaz possuía agora era a maleta encostada em seus pés.
— Isso que vou dizer é clichê, mas nem todas as mulheres são vadias. — Bella disse depois de todo o discurso, que ele nem percebeu que estava dizendo em voz alta.
— Prefiro não me arriscar novamente.
Bella viu naquele momento a tristeza atravessar os olhos de Edward. Ele havia sido fortemente magoado e estava estampado em seu rosto o quanto aquilo ainda o afetava. Não apenas pelo fato de ter sido estúpido ao acreditar em promessas falsas e num rosto bonito e apaixonante, mas também por não ter confiado em sua família.
Estaria ele voltando para pedir perdão?
— Eles vão te receber de volta, você sabe.
Edward a encarou, com um sorriso sem graça nos lábios. Ele já havia pensado nisso muitas vezes. Em todas elas, ele adiava a viagem. Foi esse o motivo pelo qual ele quase perdeu o trem hoje. Estava pensando se realmente deveria voltar, se era digno do perdão de sua mãe, de seu pai, de seus irmãos.
Ele não sabia o que fazer caso isso não acontecesse.
— Bem, conte-me sobre você agora. Sua vida deve ser mais feliz que a minha.
Bella fez uma careta.
— Vamos lá, eu abri meu coração ferido para você. O mínimo que você pode fazer é me retribuir.
— Digamos que eu fui pra cidade grande também, e da mesma forma acabei me frustrando.
— Algum canalha? — Edward disse sorrindo. Ele também não se incluía nessa categoria.
— Não. Nenhum homem envolvido.
Bella se orgulhava apenas disso.
Quando engravidou cedo, ela sabia que tudo seria mais difícil. Apesar de ter o apoio de todos ao seu redor, Bella se sentia insegura e sozinha. Depois que Andrew nasceu, a única coisa em que conseguia pensar era no sustento e conforto de seu filho.
A morena se dedicou totalmente a Andrew nos primeiros meses. Porém, quando ele começou a crescer, viu que tinha que tomar alguma providência. Conseguiu entrar na faculdade da sua cidade vizinha e dividia seu tempo entre estudar e cuidar daquele indefeso ser, que ainda era apenas um bebê.
Ao final do seu curso, Bella recebeu uma proposta irrecusável, que oferecia a promessa de ganhar uma boa quantia de dinheiro e finalmente criar seu menino de maneira descente. Ela não pensou duas vezes antes de aceitar.
No entanto, levar seu filho não poderia ser uma das opções.
Foi o maior sacrifício já feito por Bella, mas ela teve que ceder. Deixou Andrew aos cuidados da avó e foi atrás do que poderia ser um futuro brilhante.
Quando ela chegou, viu que não era tão simples assim.
Havia uma concorrente. E a vaga seria apenas para uma das duas mulheres.
Bella colocou todo o empenho possível em suas tarefas. Quando o cansaço batia, ela olhava para a foto de Andrew em seu criado mudo e encontrava forças para seguir em frente. Tudo isso era por ele. Ela conseguiria vencer por ele.
Mas não era necessário apenas o esforço.
Na manhã em que foi chamada para a decisão de seus superiores, ela viu que já tinha perdido. Bella achava que seu empenho valeria à pena e que passaria por cima da beleza e do charme da outra candidata. O olhar lascivo que seu ex-futuro chefe jogou à sua concorrente comprovou que todo aquele tempo de sacrifício foi em vão.
E agora ela estava dentro desse trem, voltando para casa. Ela havia prometido ao filho um vídeo game de última geração, daqueles que faziam os olhos de qualquer criança brilhar a mais simples menção do nome do brinquedo.
O vídeo game portátil que ela conseguiu comprar com suas economias parecia muito pequeno dentro de sua bolsa naquele momento.
Bella não se deu conta de que estava chorando até que sentiu o dedo de Edward enxugando uma lágrima que descia lentamente pelo seu rosto.
— Nós dois fracassamos. — Ele declarou, com o sorriso mais triste da noite nos lábios.
— Será que voltar e pedir perdão vai ser o suficiente?
Edward não tinha resposta para aquela pergunta, assim como Bella também não. Um havia magoado a família ao abandoná-los por alguém que conhecia há apenas dias. Outro havia deixado para trás corações cheios de esperança e expectativa, e havia falhado com todos eles por não ter conseguido.
Ambos esperavam que apenas a sua presença fosse o suficiente para que todo o passado fosse esquecido.
— Sabe, você se parece com meu irmão. — Bella soltou. — Engraçado e sempre sorrindo, apesar de tudo.
— Aproveite minha presença para se preparar para chegar em casa, então.
Bella olhou para Edward e sorriu. Timidamente, ela se aproximou dele no assento e encostou sua cabeça em seu ombro. Não era a posição mais confortável do mundo, e ela poderia estar dando o indício de que estava interessada em algo a mais — coisa que não era total mentira —, mas naquele momento ela se sentiu em casa. Como se estar encostado a ele fosse estar em seu lar.
— Então meu papel de travesseiro está aprovado.
Ela levantou rapidamente os olhos.
— Eu disse isso em voz alta? — Sentiu as bochechas corando.
— Sim. E não se preocupe. Você cheira a lar para mim também.
Com um suspiro, Bella voltou a encostar a cabeça em seu ombro.
Ela só se deu conta de que tinha dormido quando Edward, desconfortável, tentou achar uma posição em que os dois ficassem satisfeitos.
— Oh, me desculpe.
— Tudo bem. Foi legal ver você roncando.
Bella apenas lançou a ele um olhar feroz. Intimidade demais, dizia ele.
— Espero que não se importe, mas eu peguei seu bilhete quando o guarda passou aqui para verificar. E agora estou desenhando nele.
Ela poderia ficar brava, mas apenas riu.
Eles passaram o resto da viagem em silêncio. Não era algo incomodo. Os dois precisavam refletir sobre o que estavam prestes a enfrentar quando chegassem em casa. Tomar coragem para dizer que falharam. Ter a força de vontade de começar de novo. Ser forte caso aquilo que esperavam não acontecesse.
O sol começou a despontar no horizonte. Um genuíno sorriso se alargou em ambos os lábios.
E então, natural como o dia que estava se iniciando, Edward pegou a mão esquerda de Bella e enlaçou seus dedos com os dela.
A viagem estava chegando ao fim. Eles teriam que dizer adeus.
Ficaram unidos até que o trem parou. Todos os passageiros começaram a se levantar e sair do vagão, mas eles estavam hesitantes. Além de querer adiar o que teriam de enfrentar, as mãos unidas e o calor que trocavam por estarem perto um do outro era confortável demais.
Fazia tempo que ambos não se sentiam em paz.
Eles adiaram a saída o máximo que puderam, mas quando chegou a hora, Bella pegou sua bolsa e Edward sua maleta, e saíram, lado a lado, do trem.
A máquina começou a fazer barulho logo que colocaram os pés no chão cimentado da estação. Ficaram de frente um para o outro, e se encararam por minutos. Não precisavam de palavras ou de despedidas. Eles apenas sabiam que aquelas horas juntos havia surtido um efeito que nenhum deles esperava em seus corações. Compartilhar suas angustias e medos foi algo que ambos estavam precisando, e não teria sido tão satisfatório se fosse com qualquer outra pessoa.
Bella e Edward apenas sabiam o que fazer. Ela ficou na ponta dos pés enquanto ele se inclinava em sua direção. Seus lábios se tocaram. Seus olhos se fecharam. Todo e qualquer barulho ao seu redor cessou. Apenas um ato. Apenas duas pessoas que se completaram com nada mais do que algumas horas de convivência.
Os dois ainda estavam com medo. Mas, naquele segundo, sabiam que não estariam sozinhos.
[...]
Edward teve que pegar um ônibus para chegar à sua cidade. Ele caminhou por um longo tempo antes de ver a casa onde foi criado e viveu quase sua vida toda. Ela estava exatamente da mesma forma: o jardim repleto das mais diversas cores de rosas estava bem irrigado e cheio de botões; na varanda, descansava a cadeira de balanço onde o pai adorava sentar para observar os filhos brincar; a cortina laranja do quarto de seus pais tremulava no segundo andar; a vista da parede rosa do quarto de sua irmã mais nova, Alice.
Apenas a janela do seu quarto estava fechada.
Ele respirou fundo várias vezes antes de tomar coragem para se aproximar. Ele sabia que todos provavelmente estavam trabalhando: sua mãe na cozinha, preparando o almoço; seu irmão Emmett em algum lugar por perto, cuidando dos animais ou de alguma plantação do pai, juntamente com seus primos Alec e Felix; seu pai deveria estar na parte de trás da casa, fazendo alguma ferramenta ou um móvel novo para a casa.
Ele se espantou quando colocou a chave na porta da frente e ela girou. Sem fazer muito barulho, Edward entrou e viu tudo exatamente como estava. Lágrimas vieram aos seus olhos ao imaginar que ele poderia estar voltando para casa como se tudo aquilo não tivesse acontecido. Ele queria acreditar que isso era real, que ele nunca teria fugido.
Edward engoliu o nó de sua garganta. Fechou a porta atrás de si.
— Mãe?
Ele ouviu um prato caindo na pia da cozinha logo que proferiu essas palavras. Queria sair correndo até lá, mas seus pés travaram e ele só conseguia olhar para a porta, com ainda mais lágrimas presas nos olhos.
Não foi necessário correr até lá. Sua mãe veio em disparada, enxugando as mãos em seu avental bordado. Ele pode ver os olhos dela se assemelhando aos seus e o enorme sorriso que se abriu nos lábios finos dela antes de sentir seu pequeno corpo se chocando contra o seu.
Uma enorme gota escorreu pelo seu rosto, mas Edward não estava mais triste.
Ele estava em seu lar.
[...]
As mãos de Bella tremiam enquanto ela se aproximava da casa de seus pais. Tudo o que ela mais queria naquele momento era abraçar seu filho por horas, sentir seu cheiro, acariciar seus cabelos macios, ouvir seu riso agudo de criança.
Quando entrou, tudo estava em silêncio. Ela seguiu pela sala, até a cozinha, e ao ver que também estava vazia, se dirigiu para o quintal dos fundos.
Sua mãe estava sentada em uma cadeira, soltando bolhas de sabão para o ar. Andrew corria de um lado para outro, vibrando a cada bolha que conseguia estourar com seus pequenos dedos.
Bella abriu a porta. O barulho fez com que ambos parassem a brincadeira e olhassem para quem estava ali.
Ela já não enxergava nada quando sentiu o corpo de seu filho se chocando contra suas pernas. Agarrou Andrew e o segurou apertado em seu colo, como se dependesse dele para respirar, para viver.
— Mamãe, dói!
Uma gargalhada saiu de seus lábios, tão deliciosa quanto aquela que soltou no trem. Como é bom rir novamente, pensou Bella. Nunca mais quero me esquecer disso.
Sua mãe estava com os olhos marejados e se aproximou depois de deixar Bella curtir seu pequeno por alguns minutos. Elas se abraçaram, também rindo, dizendo o quanto sentiam falta uma da outra. Foram para a cozinha preparar o almoço, e tiveram uma refeição perfeita.
Bella passou a tarde brincando com seu menino, apenas se deliciando com a sensação de estar novamente ao seu lado. Desenharam, viram filmes, fizeram castelos de massinha, apenas sentaram e curtiram a presença um do outro.
Andrew dormiu cedo e Bella ficou ao seu lado, velando seu sono. Mesmo sem que ele escutasse, ela prometeu nunca mais sair do seu lado, para nada. Eles não precisavam de quantidades exorbitantes de dinheiro para serem felizes. Eles apenas precisavam um do outro.
Quando ela se permitiu ter um tempo para si mesma, foi para seu antigo quarto, que estava da mesma forma que havia deixado. Pegou sua bolsa sobre a cama e abriu para retirar seus apetrechos de higiene para tomar um belo banho.
Em cima de sua nécessaire estava seu bilhete do trem. Ela o pegou entre seus dedos e riu quando viu o desenho que havia sobre ele: um sol enorme, com seus raios atravessando quase todo o papel; ao lado dele, uma moça de palito, com longos cachos, que Bella presumiu ser ela. E aos seus pés, uma flecha.
Ela fez o que o bilhete estava pedindo. Havia ali um número de telefone e apenas uma linha escrita: me ligue sempre que precisar voltar para o seu lar.
Ela com certeza voltaria.
N/A: Um agradecimento especial a minha Fumi/Beta/Faz tudo Beatrixs, que betou e me aguentou falando sobre essa one sem ter a mínima ideia do que se tratava. Love you baby 3
Essa one saiu do nada, como todas as outras que eu já postei. Inspirada na música do Jason Mraz, ela embalou esses meus dias. Espero que tenham gostado dela tanto quanto eu gostei e escrevê-la.
E sim, ela tem muitas lacunas e coisas a serem exploradas. Eu irei fazer extras em breve (:
Reviews serão muito bem vindas *—*
Beijoos
