Autor: Amy Lupin

Beta: Ivinne / Schaala

Título: Um toque de Glamour

Par: Albus Severus / Scorpius

Classificação: PG-13

Resumo: Scorpius estava apenas brincando de paquerar garotos! Em que momento a brincadeira tinha ficado séria?

Avisos: Esta fic originalmente foi escrita para o PSF Tounnament 2008, porém eu aproveitei para encaixá-la (ui) na 1ª Edição do Projeto Pinhãozinho - Innocent Love do 6 Vassouras.

Situação: - Amor a segunda vista

Disclaimer: Essa história é baseada nos personagens e situações criadas e pertencentes a J.K. Rowling, várias editoras e Warner Bros. Não há nenhum lucro, nem violação de direitos autorais ou marca registrada.

-oOo-

"Scorpius, isso não vai dar certo..."

"Deixa de ser pessimista, Al. A gente já passou a pior parte, que foi enganar o Senhor-Monitor-Fodão. Agora vê se se anima".

PUF!

"O que você acha desse nariz?"

"Pela milésima vez, Scorpius, eu gostei daquele primeiro".

"Mas aquele era o meu nariz de verdade! Era o único lugar que eu ainda não tinha feito o feitiço de glamour".

"Hey, por que você não aproveita pra esticar um pouquinho as canelas?" provocou Albus, sabendo que Scorpius detestava ser mais baixo do que ele. Porém, o loiro fingiu que não ouviu.

"Acho que vou fazer um topetinho pra esse la-"

"Shh! Vem alguém aí".

Albus puxou Scorpius para trás de uma tapeçaria e tapou-lhe a boca, ignorando os resmungos insatisfeitos do amigo até que os passos e conversas se distanciassem o suficiente.

"Du pru mi sultá?" veio a voz abafada por entre seus dedos, o hálito quente lambendo sua mão gelada.

"O que você disse?" perguntou o garoto de olhos verdes, já saindo do esconderijo.

"Eu disse, o que você acha dos meus cabelos encaracolados?" e, ao tocar com a varinha os cabelos loiros magicamente encompridados, Scorpius ordenou que eles se encaracolassem.

Albus pensou em ignorá-lo novamente – já tinha perdido as contas de quantas vezes o loiro havia mudado a própria aparência durante o percurso – porém não conseguiu conter a curiosidade e parou para admirá-lo de perto. Ele tinha emprestado aos cabelos um tom de loiro mais escuro e mudado a cor dos olhos para um verde escuro. O nariz não estava muito diferente do normal, para dizer a verdade, mas Albus sabia como Scorpius era vaidoso.

"É... ficou bonitinho..."

Scorpius fez uma careta.

"Ewww¹! Eu não quero ficar bonitinho! Quero ficar sexy! Que tal assim?" Tocou o cabelo mais uma vez com a varinha e fez com que eles ficassem curtos e bagunçados.

Albus deu um sorriso enviesado.

"Err... por acaso você está admitindo que acha meu cabelo sexy?"

"Não, eu estava sendo sarcástico." disse Scorpius, após um breve momento de hesitação, que não passou despercebido pelo moreno. "Vamos logo ou o baile já vai ter acabado quando chegarmos".

Albus seguiu-o, relutante, ao longo do corredor, fazendo comentários entediados a cada nova mudança que o amigo fazia na aparência. Não era o fato deles não terem permissão de participar do baile que o irritava. O baile era só para alunos a partir do quarto ano, portanto teoricamente eles teriam que esperar o do ano seguinte para poderem participar. No entanto, o fato de ser proibido fazia com que uma fagulha de ansiedade se acendesse bem no seu estômago, mas Albus não gostava particularmente da idéia de ter que se disfarçar. Scorpius certamente não tinha problema nenhum – ou quase – pois criatividade não lhe faltava, porém Albus não tinha idéia de que aparência deveria tomar para se misturar mais facilmente aos demais estudantes. E se alguém o reconhecesse? Ou melhor: e se James o reconhecesse? Preferia morrer a ter que aguentar as piadinhas que seu irmão faria sobre seu disfarce. E depois de humilhá-lo publicamente, James ainda ameaçaria contar tudo a seus pais a menos que Albus se comprometesse a fazer as lições do irmão durante o mês seguinte - que obviamente se transformaria em quatro meses no final da semana e...

"Hey, você não vai se disfarçar?" Scorpius interrompeu seus pensamentos quando eles ainda estavam a uma distância segura do Salão Principal.

"Scorpie, eu acho que-"

"Não senhor, nem pense nisso!" Scorpius apontou a varinha ameaçadoramente para o nariz do outro. "Você não vai me abandonar aqui, sozinho, no meio desses chacais, vai? Coloco baratas no seu lençol se você fizer isso".

Albus rolou os olhos nas órbitas.

"Você seria o primeiro a sair correndo do dormitório caso visse a primeira delas".

Scorpius deu de ombros.

"Isso foi só um exemplo, você sabe que posso fazer muito pior. Agora, deixe-me dar um jeito nesse seu cabelo-"

"Não!"

Mas era inútil tentar impedi-lo. Na verdade, Albus sentiu-se até aliviado quando Scorpius tomou para si a tarefa de disfarçá-lo. Torceu o nariz, reclamou e xingou, mas isso só fazia com que o outro se empenhasse ainda mais.

Depois de vários feitiços, Scorpius afastou-se para observá-lo.

"Pronto, está ótimo".

Albus fez um movimento com a varinha e conjurou um espelho, mas teve tempo apenas de vislumbrar um vulto cor de cobre quando o espelho foi arrancado de suas mãos.

"Hey!"

"Não temos tempo pra isso, vamos, anda logo!" Scorpius puxou-o pela manga.

"Estou bonito?" perguntou Albus, levemente desnorteado pela ansiedade.

"Como uma garota. Na verdade, você está muito parecido com sua irmã".

"Scorpius!"

Albus não teve chance de dizer mais nada antes que fosse empurrado porta adentro. A confusão e o barulho eram quase insuportáveis. O moreno se viu instantaneamente engolido e arrastado pela multidão, sem destino certo e em menos de um minuto deu-se conta de que não tinha idéia de onde Scorpius poderia estar nem como faria para encontrá-lo.

-oOo-

"Baixinho filho da mãe!" foi a exclamação que Albus soltou assim que se mirou no espelho. Tinha demorado quase meia hora para se localizar e mais outra meia hora para conseguir chegar até o banheiro mais próximo. Agora entendia porque os dois rapazes que estavam no banheiro - e que ele tinha certeza de nunca ter visto na vida - estavam olhando tão estranho para ele. Scorpius não tinha fugido muito da verdade quando disse que ele estava parecido com sua irmã.

Jurando pra si mesmo que aquele loiro de meia tigela pagaria muito caro por aquilo, Albus fez o seu melhor para consertar sua fisionomia. Demorou, mas achou que talvez tivesse gostado do resultado.

-oOo-

Scorpius havia mudado o comprimento dos cabelos pelo menos três vezes desde que entrara no Salão Principal e logo começara a repetir as cores dos olhos, pois já tinha usado todas as possíveis. Sem contar nos pequenos ajustes no tamanho das sobrancelhas, no formato do queixo e, é claro, nas proporções do nariz. Também já tinha bebido três taças de uma bebida azul e não lembrava mais o que Albus havia dito sobre tomar cuidado com o ponche – qual era o ponche mesmo? – nem sobre não passar da segunda taça. Ora, Albus era mais fraco na bebida do que ele! E Scorpius achava que a arte de beber devia ser aperfeiçoada através da prática.

"Ora, dane-se!" virou o último gole de uma vez e aproveitou para deixar a taça vazia na bandeja que passava ali por perto enquanto se servia de mais outra.

Havia perdido a conta das horas, mas sabia que já fazia muito tempo desde que desistira de procurar por Albus. Aquele covarde-filho-da-mãe já devia ter ido dormir. Mas não sem antes levar umas cantadas masculinas. Scorpius sorriu com o pensamento.

Melhor assim. Pelo menos Scorpius não teria uma consciência falante ao seu lado o tempo todo e poderia aproveitar melhor a festa. Tinha cantado algumas garotas mais velhas e se espantara com o modo como elas pareciam interessadas. Na verdade, tinha se espantado tanto que até fugira das que o levaram a sério e resolvera passar para uma tática ainda mais interessante: passar cantadas nos garotos.

Era divertido assistir à reação deles. A maioria sequer entendia suas indiretas, de tão bêbados que estavam, outros se irritavam e ameaçavam partir pra agressão física, porém alguns mostraram interesse. Interesse demais.

Scorpius engasgou ao avistar, pelo canto do olho, o rapaz de mexas azuis² que vinha perseguindo-o pela última meia hora. Já estava mais do que na hora de mudar a aparência novamente.

Assim que conseguiu despistar o garoto mais uma vez, Scorpius trabalhou rapidamente com a varinha, deixando os cabelos castanhos curtos e desfiados e os olhos azuis. Já estava cansado de ter que redimensionar o nariz, então deixou que ele voltasse para a forma original, lembrando-se na última hora de escurecer um pouco as sobrancelhas.

Se Albus o visse dessa maneira, provavelmente riria de tão... normal que ele estava. Apagado. Uma pessoa que passaria despercebida por qualquer um. Mas naquele momento, aquela era exatamente a intenção. Olhou para os próprios pés. Ora, ninguém nem saberia que era ele, como poderiam tirar sarro se ele aumentasse – só um pouquinhozinho – a altura de seu sapato?

Pegou mais uma bebida assim que possível, certificando-se que era a azul – pois de alguma maneira ele associava a palavra 'ponche' a uma cor avermelhada –, sentou-se numa mesa abandonada e se permitiu dar mais uma olhada ao redor. Não reconheceu nenhuma fisionomia. Perfeito.

Deu algumas olhadas insinuantes para uma garota alta que parecia definitivamente uma Slytherin, porém ela demonstrou mais preocupação com o sapato apertado do que com ele, então desistiu. Remexeu a bebida no copo e sentiu-se subitamente entediado. De alguma maneira, aquele sentimento devia ter ficado estampado na sua cara, pois ele ouviu uma voz igualmente entediada a seu lado.

"Fim de festa é um saco, não é mesmo?"

Scorpius encarou o garoto ao seu lado com uma sobrancelha arqueada, feliz ao constatar que ele não tinha mexas azuis.

"Não me diga." Comentou, mal-humorado. Tinha obtido sucesso em se manter o mais longe possível de estabelecer um dialogo com alguém, mas surpreendeu-se aliviado por finalmente ter alguém com quem falar. Talvez fosse melhor parar de beber. Já estava começando a sentir falta de Albus...

"Tem uma fila de gente passando mal na porta do banheiro; aquele carinha caído ali no chão acabou de me perguntar se eu sei o nome dele e eu poderia jurar que aquela menina dançando de mini-saia é a professora McGonnagal." o garoto apontou um dedo magro em direção ao centro da pista de dança, porém Scorpius estava mais interessado em estudar o garoto do que em verificar suas afirmações.

Scorpius tinha quase certeza de que, caso tivesse um espelho em mãos no momento, a imagem que veria seria muitíssimo parecida com a do garoto que acabara de se sentar na cadeira ao seu lado sem sequer perguntar se estava ocupada.

"Eu conheço você?" Scorpius perguntou, desconfiado, fazendo o garoto rir e perguntar de um modo sarcástico que seria quase uma imitação barata dele próprio. Quase.

"Não sei, eu conheço você?"

Ambos se mediram por algum tempo e, como nenhum dos dois fez menção de se apresentar, desviaram os olhos, tentando parecer indiferentes. Scorpius levou a bebida aos lábios, porém notou que o outro garoto não tinha nenhuma taça em mãos e parecia bem sóbrio, apesar de seu hálito denunciar um resquício de álcool. Aquilo fez com que Scorpius se lembrasse de Albus e a culpa fez com que ele baixasse o copo, largando-o na mesa.

O garoto educadamente fingiu não notar seu dilema, o que lhe causou uma inexplicável irritação.

"Se a festa está tão chata, por que você ainda está aqui?" Scorpius perguntou, ranzinza.

"Boa pergunta." o garoto ficou pensativo por algum tempo então deu uma risada amarga. "Que tipo de idiota fica procurando uma pessoa em especial numa festa à fantasia?"

Scorpius abriu a boca para zombar do garoto, porém notou que seu estado era tão lastimável quanto o dele. Que tipo de idiota evita as pessoas durante toda uma festa? Teria sido tão mais divertido se Albus estivesse com ele. Talvez, se Scorpius não tivesse irritado o amigo com aquele disfarce...

"Você já se sentiu sozinho no meio de uma multidão?" Scorpius se espantou ao perceber que fora ele quem tinha feito a pergunta clichê - Eww. Em voz alta. Droga, devia ter escutado Albus sobre as duas taças.

Ao não obter resposta nenhuma, Scorpius arriscou uma olhada de esguelha para o garoto e surpreendeu uma expressão compreensiva em suas feições quase infantis. Se aquilo não fosse uma festa à fantasia, Scorpius poderia jurar que era mais velho do que o outro.

O garoto escolheu aquele momento para aproximar o rosto do seu, fazendo Scorpius recuar instintivamente.

"Tem algo de familiar em você." disse ele, estreitando os olhos.

Scorpius conteve o impulso de cobrir o nariz. E se o garoto o reconhecesse? Porém logo o outro soltou uma risada mais leve e simpática.

"É claro que você me parece familiar! Acabei de ver você no espelho agora há pouco! Cara, você me copiou?"

"Claro que não!" respondeu Scorpius, indignado. "E quem me garante que não foi você quem me copiou?"

"Não, não. Só fui mudando aleatoriamente até chegar em algo que realmente me agradasse, o que não foi nada fácil, acredite, mas enfim... acho que gostei do resultado..."

O garoto se interrompeu, parecendo um pouco constrangido. Porém não desviou o olhar de Scorpius, conservando uma expressão quase... ansiosa. Scorpius virou o rosto para o lado oposto, pois teve a impressão de estar corando. Até aquele momento, ele tinha dado em cima de outros garotos. Agora estava levando uma cantada!

Não, devia estar imaginando coisas. Quando reuniu coragem suficiente para olhar para o garoto novamente, convenceu-se de que tinha realmente imaginado coisas. Ele parecia desembaraçado novamente, puxando conversa, fazendo piadas. Scorpius foi relaxando aos poucos, até se dar conta de que quem estava interessado era ele.

Mas tinha uma ótima desculpa. Tinha passado da conta nas bebidas, estava com a língua solta, o rosto levemente afogueado, flertando com um desconhecido – que por acaso era do mesmo sexo que ele. Enfim, todos os sintomas apontavam para a mesma coisa: estava bêbado. Ótimo.

"Hey, olha lá, aquilo ali é a calcinha da McGonnagal?" Scorpius apontou, animado.

"Ewww! Onde?" o garoto inclinou-se para o lado, curioso para encontrar o ponto para o qual ele apontara e Scorpius aproveitou para beijá-lo.

Um beijo infantil, um simples encostar de lábios, dois segundos infinitos de hesitação e no momento seguinte o garoto tinha se afastado assustado.

"Espera, você não é meu irmão, né?" perguntou ele, piscando os olhos azuis freneticamente, parecendo mais preocupado com aquilo do que com o fato de ter sido beijado por outro garoto.

Scorpius engoliu o próprio coração com certo esforço e disse, levemente irritado:

"Não. Sou filho único".

"Ahh bom... então..."

Eles se encararam mais uma vez, analisando a situação internamente. Estavam em uma festa à fantasia, bêbados – ou pelo menos um deles estava – e irreconhecíveis. Que outra oportunidade como aquela teriam na vida?

Beijaram-se novamente, daquela vez com mais empenho, até um puxar o outro pela mão para um cantinho mais afastado, onde teriam maior privacidade. Nenhum deles reparou no garoto de mexas azuis que saiu chorando do Salão.

-oOo-

Albus estava vestindo o pijama quando Scorpius chegou ao dormitório e estacou.

"Onde você estava?" perguntou o loiro, seco.

"Numa festa à fantasia, mas não conte nada ao Senhor-Monitor-Fodão ou vou ter que dizer que você também estava lá." respondeu Albus, ácido.

"E você só chegou agora?" Scorpius lançou-lhe um olhar ferido.

"Ora, me desculpe se eu estava me divertindo sem você!"

Eles viraram as costas um para o outro e ficaram em silêncio enquanto se aprontavam para dormir.

"Al?" veio a voz de Scorpius, abafada pelas várias camadas de cobertores.

"Que foi?"

"Você está bravo comigo?"

Albus já ia responder que sim, que não tinha achado graça na brincadeira de torná-lo a versão masculina de sua irmãzinha, que tinha odiado ficar sozinho durante - quase - toda a festa, mas que não suportou a idéia de ter que enfrentar o dormitório sozinho, sem a companhia de seu melhor amigo, por isso tinha ficado até o final da festa. Mas então se sentiu culpado, afinal ele tinha aproveitado a festa de uma maneira inusitada e não estava pronto para contar ao amigo que tinha ficado com um garoto – um completo desconhecido. Chegara até a esquecer da falta que sentia de Scorpius enquanto estava com o outro.

"Não, não estou bravo com você, Scorpie".

Aquilo pareceu animar Scorpius, a julgar pela maneira como ele começou a se remexer na cama, como sempre fazia.

"Então, você se divertiu?"

Albus agradeceu o fato de já ter apagado as velas, daquele modo Scorpius não poderia ver o rubor que se espalhara em sua face.

"Não muito... e você?"

Houve uma breve pausa em que Scorpius se remexeu novamente.

"Nada de mais..."

"Você está bêbado?"

"Estou".

Albus desejou estar bêbado também, daquele modo poder teria alguma desculpa para seus atos. Quem sabe um dia não criaria coragem para contar a Scorpius? Talvez aquilo fizesse com que ele se sentisse menos culpado.

"Boa noite, Scorpie".

"Boa noite, Al".

-oOo-

¹ Emo, eu sei xDD

² Não, não é o Teddy. É uma criatura qualquer que admira o estilo dele rs

N.A.: Reviews são muito bem vindas :}