Ketsueki
Insano. Cruel. E belo. Sempre belo.
Tão incrível era o sangue.
Ele era a perfeição, o começo, o fim, o vínculo, as lágrimas. Escorrendo. Caindo de alguém que não o merecia. Libertando-se.
Eu amava a liberdade do sangue.
Pensei ser meu dever libertá-lo. Libertá-lo daqueles corpos indignos, daqueles malditos imperfeitos e fracos. Eles não eram dignos do sangue. Eu era, eu tinha tudo necessário. Eu era forte. Forte como nenhum deles era. Como nenhum deles jamais seria.
E como você era.
Você era diferente de mim, e igual a mim em todos os sentidos. Você era forte. Você era digna.
E você era bela. Como o sangue.
E eu fui indigno. Eu fui indigno ao imaginar o sangue misturado a você; eu fui indigno ao desejar a beleza de seu corpo morto. E, pela primeira vez, eu tentei matar, não por liberdade, mas para experimentar uma sintonia. A sintonia do que eu considerava mais belo.
E você não deixou.
Você recusou, você me negou a beleza. E foi então, acredito, que a minha vida começou a deteriorar.
Você me negou a beleza, e minha existência se tornou deformada.
Você me deformou, Neliel, de um jeito que só a mais pura beleza poderia salvar. Mas você nunca percebeu isso. Você nunca percebeu que a solução do meu problema estava ali, bem diante dos seus olhos. Ver a morte em você, ver seus olhos brilharem uma última vez, ver o vigor do sangue misturado ao dos seus cabelos; esta seria a minha cura. Mas você preferiu me deixar deformado.
-Por quê você vai tão longe só para lutar?
Noitora encarou-a.
-É porque eu quero morrer.
Você nunca entendeu minhas motivações, Neliel, porque você valorizava demais nossas origens. Você não entendia que, por termos abandonado estas origens, éramos superiores. Mas eu entendia. Eu sempre entendi. Eu sempre soube.
Mas você discordava. E isso nunca me incomodou quando era apenas a sua opinião. Passei a odiá-la quando se tornou um fato.
Em pouco tempo, o ódio se misturou com aquela vontade – chamá-la de amor seria uma terrível ofensa ao sentimento – insana de sangue, de você. E a mistura me levou a matar seus amigos. E eu não matei você. Eu não matei você, Neliel, porque eu queria fazer isso sozinho. Szayel não era digno. Não como nós.
Você nunca me permitiu exercer essa dignidade, porque você nunca soube que a tinha. Você não via a beleza no sangue, você o achava triste.
Triste, um adjetivo estúpido para pessoas estúpidas. Como você, Neliel. Você era toda estúpida.
Você era estúpida em tudo o que fazia, era estúpida em sua existência, era estúpida em seus gestos, era estúpida em seus sorrisos. Era estúpida em seu olhar, em seus olhos verdes que pareciam mais fortes do que eram. Era estúpida em suas mãos, que para matar tinham a capacidade, mas não tinham a vontade. Era estúpida em sua semelhança com o sangue, era estúpida ao me negar o prazer de testemunhar aquela semelhança. Tão estúpida; tão estupidamente bela. Essa era você.
Eu nunca fui estúpido.
Eu era forte. E morri forte.
Morri forte sem o sangue. Sem você. De uma maneira estúpida.
N/A: Podem me matar. Mesmo. Eu SEI que a fic não tava nos meus projetos, mas depois de ler os capítulos mais recentes de Bleach (que eu tinha abandonado), simplesmente PRECISEI escrevê-la. Gostei, mesmo o final tendo ficado essa bosta de dragão AUEHAUEAUEHAUEHAE x) E Noitora/Nell é AMOR :3 Planejava uma fic dos dois a séculos.
Ah, e só pra constar: Ketsueki Sangue. Pelo menos, no dicionário que eu olhei. Se estiver errado, desculpem x(
Reviews são legais. :)Espero algumas o.o/
