RESIDENT EVIL: Colossus Project

Observações:

- Este fic se passa no universo dos filmes, assumindo o lugar do final do filme "Resident Evil: Apocalyse". Não curte os filmes, não leia.

- Haverá hentai e outras coisas curiosas...


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Eles estavam exaustos, sujos, feridos. Afinal haviam acabado de passar pelo local que um dia fora uma Escola Primária, tomada agora por zumbis famintos e, para piorar, cães mortos-vivos. Dobermanns, utilizados tanto pela segurança da Umbrella quanto pela unidade K-9 da polícia de Raccoon City. O T-Virus não escolhia raças ou pedigree para contaminar seus hospedeiros, mas aqueles pareciam ter sido beneficiados. Malditos! Ao menos Valentine fritara alguns deles na cozinha da escola...

O importante era que o saldo fora positivo. Apesar de terem perdido Terri, haviam encontrado outros sobreviventes: um cafetão local chamado L.J. e um mercenário trabalhando para a Umbrella, agora renegado, de nome Carlos Olivera. E, o mais importante: a filha do "Doutor Destino", o traidor misterioso dentro da Umbrella que os estava ajudando, fora encontrada: Angela Ashford. Ela seria o ticket do grupo para fora daquele inferno.

Haviam deixado a escola, e agora Alice usava um terminal de telefone público para se comunicar com o duvidoso benfeitor. Próximos a ela, Jill, Carlos, L.J. e a pequena Angela aguardavam. Logo que a comunicação foi iniciada, o homem do outro lado da linha pediu:

- Deixe-me falar com minha filha!

- Primeiro, você nos diz como sairemos daqui! – Alice foi enérgica. E, apesar de essa postura beneficiá-los, os demais ainda não conseguiam confiar totalmente nela.

- Há um helicóptero... – o "Doutor Destino" parecia, pela primeira vez em horas, um tanto incerto. – Já está sendo preparado! Ele decola em trinta minutos! Será o último transporte a deixar Raccoon City antes de eles detonarem o míssil!

- Algo me diz que esse helicóptero não foi mandado para nós...

- Não... Ele tem outro propósito, mas está pouco guardado.

- Aonde é a área de evacuação?

- Posso falar com minha filha agora? – insistiu o pai de Angela.

Alice fez uma careta e cedeu, passando o telefone para a criança. Enquanto pai e filha se aliviavam por ouvirem um ao outro e travavam o diálogo esperado numa situação dessas, Jill suspirou, sentando-se numa mureta próxima. Já não agüentava mais andar. A marcha desde a saída de seu apartamento na manhã daquele dia, quando a cidade começou a ficar de pernas para o ar, fora longa e exaustiva. Primeiro se dirigira até o Departamento de Polícia, passando então a uma busca por sobreviventes pelas ruas junto ao colega do S.T.A.R.S. Peyton Wells e a condução destes até a ponte Raven's Gate, em que existira a promessa de uma evacuação. Mas a mesma não viera, graças aos canalhas da Umbrella. Eles então recuaram até a igreja, passaram por maus bocados, conheceram a estranha e hábil Alice, Peyton morrera, encontraram um estranho monstro, estabeleceram o plano e o contrato com o "diabo" para salvarem a misteriosa Angela... E agora cobravam sua parte, ansiando por deixar a cidade dos mortos.

Valentine ajeitou os cabelos. O top azul e a saia preta que vestiam estavam suados, suas botas machucavam seus pés. Só mais um pouco... – pensou ela, crendo que logo o sofrimento terminaria. Recarregou sua arma. Voltou as pupilas ao chão de concreto, pensando nos colegas mortos, nas vidas arruinadas naquela tragédia... Era difícil de acreditar. Então levantou a cabeça, notando que o tal L.J. olhava fixamente para si... mais precisamente para seu busto!

- Perdeu alguma coisa? – a policial perguntou, incomodada.

- Não, nada... – o cafetão disfarçou, desviando o olhar.

A verdade era que ele achara aquela mulher extremamente linda. Corpo magistralmente esculpido, olhos estupendos, porte rígido, seios atraentes. Não reclamaria se acabasse se perdendo no meio daqueles seios, hehe! Mas achou melhor, daquele momento em diante, se conter. Afinal, estar num pesadelo cheio de zumbis comedores de carne não era lá muito afrodisíaco, e julgando que aquela policial já quase estourara seus miolos mais cedo na delegacia, todo cuidado era pouco!

- Eu a verei muito em breve! – o contato prometeu à filha, voz determinada. – Coloque a moça na linha de novo!

A pequena Angela obedeceu, devia saber que sua segurança e a chance de tornar a ver o pai dependiam daquelas pessoas estranhas. Alice retomou o telefone e indagou, tentando não perder a paciência:

- Para onde nós precisamos ir?

- O helicóptero estará na Universidade de Raccoon! – quase imperceptível, a fala do "Doutor Destino", cujo sobrenome também devia ser Ashford, soou meio hesitante.

- A Universidade? – Alice questionou, incerta a respeito de saber onde estava localizada. – Tem certeza?

- Sim. Existe um laboratório embaixo do campus, e o helicóptero foi enviado para recolher cápsulas contendo espécimes que se encontram nessas instalações. Vocês pegarão uma carona nesse transporte!

- Tem certeza de estar pouco guardado?

- Absoluta.

- Certo... Estamos indo.

- Andem rápido!

A ligação foi encerrada, e Alice, virando-se para os outros, ergueu um dos braços, dedo indicador da mão levantado. Apontava para uma rua próxima dali, repleta de carros batidos e estilhaços de vidro pelo asfalto. Um poste torto pendia sobre a via, faíscas saltando de um transformador em curto.

Lonsdale Yard, um bairro estudantil. Ela sabia sim onde se situava o campus. Não era tão longe. Chegariam, andando rápido, em vinte minutos.

- Por ali! – ela indicou. – A área de evacuação é a Universidade de Raccoon!

- Confere com um dos pontos-chave que recebemos nas instruções da missão – confirmou Olivera. – Acho que podemos confiar mesmo no sujeito!

Voltaram então a andar, Alice dando uma das mãos a Angela, que não reclamou, acompanhando-os. Jill levantou-se da mureta bufando, checando brevemente seu equipamento e logo se botando de novo em marcha. Estava acabando, estava acabando, precisava crer nisso! Tinha a pistola, no coldre, pronta para ser sacada a qualquer momento: muitos daqueles deploráveis mortos-vivos deveriam estar à espreita.


Charles Ashford odiava ter que mentir. Ainda mais para pessoas que lutavam para permanecerem vivas um inferno criado pela empresa que destruíra sua vida e seus sonhos.

Mas, no mundo em que vivia, naquele ambiente de intrigas, conspirações e traições que compunham a chamada Umbrella Corporation, ele aprendera a se situar acima disso. Era o único meio que possuía para fazer o bem. O único meio para cultivar algum tipo de integridade. Agindo sujo, ele faria um mundo limpo. E mesmo sem saber, mesmo sendo enganadas por sua lábia de salvador, aqueles sobreviventes de Raccoon contribuiriam com ele.

Talvez eles se revoltassem quando chegassem ao campus e descobrissem não existir helicóptero nenhum, nem plano de evacuação ali. Cain e seus homens aguardavam na Prefeitura, o real ponto de extração. Eles queriam Alice. A mais perfeita cobaia em que já haviam conseguido botar suas mãos. O organismo que se fundira com o T-Virus a nível celular. O presidente Wesker arriscaria todo o patrimônio da empresa por ela, isso era certo. Isaacs também. Todos os membros daquela corja...

Porém, ao mesmo tempo em que o fato de Alice estar entre os sobreviventes era prejudicial para Charles, já que assim o grupo seria caçado com mais afinco por seus inimigos e sua filha estaria ameaçada, também havia um ponto positivo. Sendo tão poderosa e única, Alice seria o ser perfeito para o teste de Colossus. Era certo que os experimentos não haviam sido concluídos, que os efeitos em seres vivos não puderam ser plenamente comprovados, mas sendo Alice uma carta coringa que já dera tanta sorte, talvez nesse quesito também daria...

E, como Alice sem dúvidas se voltaria contra a Umbrella e iria até o fim do mundo para destruí-la, então ela deveria mesmo ser cobaia de testes com o equipamento...

O problema seria como fazer isso, de que forma fazer com que tudo corresse como o planejado e não tirar os sobreviventes de sua alçada...

Levando uma mão ao queixo e encostando-se à cadeira, Ashford pôs-se a pensar sobre...


- Ai! – Carlos reclamou da fisgada em seu braço causada pela ampola metálica.

- O que injetou nele? – inquiriu Jill conforme andavam, curiosa.

- O antivírus – respondeu Alice. – É confiável, não se preocupe. Estava nas coisas de Angela, o pai dela deixou várias doses com ela. Lembre-se que nosso amigo aqui foi mordido...

A administração da substância foi concluída, Olivera massageando de leve o braço. L.J. apenas observava intrigado, mas sem coragem para se manifestar. Partiu de Valentine a dúvida:

- Como o vírus age?

- O T-Virus consegue reanimar células mortas. Ele se utiliza dos impulsos elétricos que ainda permanecem no cérebro após a morte das pessoas para trazê-las de volta à vida. Elas, porém, passam a seguir apenas os instintos mais primitivos, como se alimentar. Se injetado em tecido vivo, o T-Virus é capaz de causar mutações incontroláveis, dependendo do hospedeiro... como fizeram comigo!

- Tá falando sério? – assustou-se L.J. – Essa coisa está nas suas veias?

- Sim, mas fui contaminada de uma maneira diferente. Via controlada. Não se preocupem. Não irei me tornar um daqueles monstros e atacar vocês.

Eles não conseguiam ter tanta certeza disso...

Continuaram caminhando. As ruas estavam desertas, apenas um ou outro morto-vivo sendo visto vagando sem rumo pelas calçadas e becos. Como eles se encontravam longe e eram lentos, seria melhor não desperdiçar munição. Além do que, tinham de seguir andando. Segundo o doutor "bom-samaritano", o helicóptero de evacuação não demoraria muito para levantar vôo. E eles já haviam se deslocado por pelo menos dez minutos.

L.J. seguia logo atrás de Jill, ambos separados por poucos metros de distância. Distraído, suas duas Golden Luggers, pistolas douradas, empunhadas, o cafetão ignorava os gemidos dos zumbis trazidos pelo vento e mantinha os olhos atentos aos quadris de Valentine, observando extasiado o movimento destes para lá e para cá, ainda que involuntário, conforme ela andava. Deu graças aos céus pela policial não se dar conta de que ele assistia aos seus sensuais movimentos, e desejou novamente poder ter algo com aquela mulher! Nem se fosse durante apenas uma noite, umas poucas horas... ele seria o homem mais feliz do mundo!

Bem, se o maldito vírus escapasse dos limites de Raccoon e infectasse o planeta todo, seria bem mais fácil poder afirmar que ele seria o mais feliz dentre os sobreviventes...

- Groooohhhaaaaarrrr!

- Que isso? – assustou-se L.J. diante do inesperado som.

Quando percebeu, havia um zumbi pálido e ensangüentado quase saltando sobre si, braços estendidos para imobilizá-lo. Usava uniforme azul de carteiro, com o boné ainda se mantendo equilibrado sobre a cabeça, na qual faltava uma orelha. Trazia pendurada ao tronco a bolsa com a correspondência, cartas manchadas de vermelho voando conforme andava. Logrando agarrar a vítima pelos ombros, o morto-vivo aproximou do pescoço do desesperado rapaz a boca repleta de dentes podres e fiapos de carne já degustada, prestes a estraçalhar seu pescoço... Mas alguém acabou sendo mais rápido que os dois.

O tiro foi igualmente inesperado, acertando o zumbi na testa. A bala acabou fazendo explodir o que restava de seu crânio, sangue e gosma voando sobre L.J., que passou a berrar de nervosismo, sem entender direito o que acontecia. O corpo inanimado do infectado caiu num baque, e, levantando os olhos, o cafetão admirou sua salvadora: Jill Valentine, que mantinha apontada a pistola recém-usada, cano fumegando. Se não houvesse sido rápida, L.J. teria se transformado em jantar daquele monstro. Ou melhor, desjejum, pois o dia logo amanheceria.

- Obrigado! – ele agradeceu, tremendo e erguendo uma mão para tentar se limpar.

- Fique mais atento, por favor! – repreendeu a policial com face séria, abaixando então a arma e, tornando a ficar de costas para ele, voltou a caminhar apressadamente.

Não tenho culpa se esses seus quadris maravilhosos, metidos nessa sainha, não deixam que eu me concentre nos zumbis – pensamentos maliciosos vagavam em círculos e aos tropeços pela mente cansada de L.J. como os próprios seres reanimados pelo T-Virus...

Só não podia deixar que, do mesmo modo, esses pensamentos acabassem por devorá-lo.


O Major Timothy Cain deixou o interior do helicóptero pela rampa da entrada de carga, mãos na cintura. Caminhava impaciente, olhos se alternando entre os soldados de uniforme negro da Umbrella, a aeronave ali estacionada e o vazio pátio da moderna Prefeitura de Raccoon City.

Os minutos transcorriam rápido, e não tinha muito tempo. O alto comando da empresa desejava realizar a "higienização" da metrópole o quanto antes, lançando sobre o centro dela uma das ogivas nucleares das quais tinham posse, e se Cain quisesse recuperar sua tão estimada cobaia, seria melhor que o cronômetro de sua ratoeira se mostrasse eficiente.

Aquele era o único ponto de extração em toda a cidade, no momento. Como esse momento antecedia o fim, seria o último local da evasão, a derradeira chance de fuga. Se Alice e seus amiguinhos ainda desejassem escapar, teria de ser através daquele helicóptero. Cain conhecia aquela mulher. Além dos poderes que adquirira graças à fusão do T-Virus com seu organismo, ela era determinada, durona. Restavam poucos minutos, porém estava certo de que ela apareceria. Confiava nisso. Bastaria então eliminar aqueles que a acompanhavam, derrubá-la, sendo que Nemesis se mostraria de grande utilidade nisso, sedá-la e levá-la ao laboratório central dos Grandes Lagos. Desse ponto em diante ela seria responsabilidade de Isaacs, e Cain teria cumprido seu dever. Talvez uma promoção o aguardasse. Coronel, talvez? Quem sabe viria a ter o mesmo posto do turrão Sergei Vladimir, comandante da filial na Rússia...

Contatando o quartel-general, ele ainda poderia adiar o lançamento do míssil por mais alguns minutos. Tinha esse poder, mas estava certo de que não precisaria utilizá-lo. Alice logo chegaria, seus companheiros tombariam, ele poderia recolher dados notáveis da luta dela contra Nemesis, e a seguir ela seria levada.

Tudo simples, tudo planejado. Restava apenas que ela aparecesse...


A marcha do grupo de sobreviventes durou mais alguns minutos, até que penetraram nas primeiras e estreitas ruas do distrito de Lonsdale Yard. A aparência dos arredores mudou drasticamente: os altos e modernos arranha-céus do centro da cidade cederam espaço a prédios menores e mais antigos, de arquitetura do começo do século XX. Sobrados, palacetes e pequenas mansões, todas possuindo jardins bem-cuidados, dominaram a paisagem. Os portões de ferro trancados eletronicamente prendiam no interior das propriedades seus antigos donos, agora zumbis. Alguns deles haviam escapado do interior das moradias e vagavam gemendo pelos jardins e quintais. Era possível identificar jardineiros, choferes, cozinheiros, além dos membros das famílias ricas... Todos reduzidos agora àquela cruel condição de mortos-vivos.

Tudo, casas, ruas, mortos-vivos, jardins... Tudo cheirava a morte.

- Eu ouvi falar que alguns dos manda-chuvas da Umbrella vivem aqui... – murmurou L.J.

- Viviam! – corrigiu Carlos, colocando o verbo no passado. – Os funcionários da Umbrella mais importantes que estavam na cidade foram os primeiros evacuados, logo que o vírus começou a se espalhar! Nenhuma pessoa dona de um cargo de peso na empresa ou parente próximo a ela ainda se encontra em Raccoon!

- Malditos... – murmurou Jill, cabeça baixa. Queria fumar, mas seus cigarros haviam acabado.

- Acho que você foi a única exceção, querida... – sorriu Alice, olhando para Angela.

- O carro que me levava para fora da cidade sofreu um acidente, e voltei para a escola... – explicou a menina. – Até que vocês me acharam!

- Teve sorte querida – disse Valentine, passando uma das mãos sobre um dos ombros da criança. – E esteja certa de que seu pai a ama muito!

- Eu sei.

L.J., por sua vez, continuava mais atento ao corpo de Jill do que a qualquer outra coisa. Observava cada detalhe, cada minúcia... Quando ela colocou uma das mãos sobre Angela, passou a observar a beleza que ela possuía: os dedos muito bem proporcionados, a pele suave, apesar do pouco delicado ofício de policial. Como aquela mulher podia ser tão perfeita?

- Carlos... – ele cutucou o mercenário da Umbrella, falando baixo.

- Que foi?

- Essa Valentine é um pedaço de mau caminho, hem?

- Bem, ela é bastante atraente, sem dúvidas. Mas é dura na queda! Duvido que vá querer alguma coisa com algum de nós algum dia, hehe!

- Pois é, isso é triste!

O cafetão em seguida voltou a contemplar os quadris e as seções das pernas da integrante do S.T.A.R.S. que se encontravam expostas. Perfeição, pura e simples. Apesar dos zumbis à espreita, dos monstros ainda piores ocultos nas sombras, L.J. poderia ficar pela eternidade admirando aquela beldade enquanto ela o guiava por aquelas ruas tenebrosas!

Foi arrancado de sua luxúria mental pela voz firme, quase masculina, de Alice:

- Aqui estamos!

Sim. Encontravam-se de frente para uma ampla área cercada por um muro alto de pedra, a única brecha composta pelo portão de metal fechado, adornado com pequenas esculturas e dobras. Do outro lado, um jardim de extenso gramado e várias árvores, e então um complexo de diversas construções, todas com dois andares, estilo arquitetônico também antigo como o resto do bairro e um setor mais afastado com quadras de esportes e pista de atletismo. Uma das construções, talvez a principal e que abrigava a administração, portava uma formosa torre com um relógio. Assim era o campus da Universidade de Raccoon.

- E então? – riu Alice, olhando para os demais e sacando suas armas. – Vamos entrar?

To be continued...