N/A: Este pequeno fanfic é, originalmente, uma redação feita há alguns anos para a escola. A proposta de elaborar uma carta em cima da versão de 2004 do filme "O Fantasma da Ópera" foi passada aos alunos e este é o resultado (a nota foi 5,0 de 5,0). Baseado no fanfic Letters to Erik, de Clever Lass, que pode ser lida neste site.

Disclaimer: "O Fantasma da Ópera" não me pertence, seja na forma da obra original de Gaston Leroux, o musical de Andrew Lloyd Webber e quaisquer das suas adaptações subseqüentes para o cinema.


Ato de Contrição


Paris, 14 de junho de 1876.

Meu anjo,

Será muita ousadia minha chamá-lo assim, depois de tudo que se passou? Ainda aceitaria ser meu guardião e mestre, mesmo tendo eu desaparecido da sua vida? Ou seria o contrário?

Não sei ao certo por que escrevo. Na verdade, sei, mas tenho medo de admitir os motivos para eu mesma. Lamento não o ter compreendido quando me foi dada a chance, e somente agora percebo quão superficial, cruel e assustada estava, seis anos atrás.

Anos esses que trouxeram mudanças; mudanças que eu sinceramente aguardava com crescente expectativa e felicidade, até se converterem no meu pesadelo, na minha prisão. Jamais fui cativa enquanto no subsolo do teatro, ao seu lado, mas hoje, na mansão do Conde de Chagny, eu o sou. Raoul é meu marido, mas não detém meu afeto há algum tempo.

Fui proibida de cantar, meu anjo. Raoul não deseja que eu me apresente mais, e isso me faz pensar que talvez... Se eu não tivesse substituído La Carlotta aquela noite, jamais seria notada pelo conde; ele não me viu quando visitou o teatro pela primeira vez com os senhores Richard e Andre, não é?

Ah, mas estou sendo tola e desviando do assunto. Peço desculpas, meu anjo. Percebo agora que desisti da minha primeira e inigualável paixão, uma que nasceu comigo e que neste corpo morrerá: a música. Hoje, olhando para trás, compreendo que o quê me oferecia era uma oportunidade de continuar trilhando meu sonho, além do seu amor.

Amor que acredito ser capaz de corresponder. Todo o medo, repulsa ou quaisquer objeções que tinha desapareceram ao longo dos intermináveis meses que passo aqui, na mansão dos Chagny. Na verdade, essas sensações começaram a dar lugar a sentimentos nobres desde o primeiro beijo.

Justamente quando me deixava ir, eu começava a perceber que desejava ficar. Quando ouço de Raoul que a mente das mulheres é difícil de entender, vejo-me obrigada a concordar. Confundo-o ainda mais com estas palavras?

Percebo que o Fantasma da Ópera sempre esteve na minha mente; agora, no meu coração também. Perdoe-me por o ter ofendido e machucado; menosprezado seus sentimentos e não ter enxergado o gênio (e não o monstro) que se encontrava atrás da máscara.

Com saudades,
Christine.

PS: Soube por Madame Giry que você escapou ileso do incêndio, e pedi a ela que entregasse esta carta por mim. Poucas notícias me deixaram tão feliz nestes últimos anos quanto esta.

FIM