Saudações queridos leitores.

Trago hoje a vocês Laços de Sangue reeditada. Não haverá alterações significativas no enredo, apenas alguns ajustes nos texto. Conseqüência natural do amadurecimento que vem com o tempo. Esta foi minha primeira fanfic e agora... após escrever vários textos, resolvi tentar fazer justiça a ela, aperfeiçoando-a onde antes eu não era capaz.

Contudo a versão original continuará disponível.

Um forte abraço.


Nossa história ocorrerá quase que completamente na batalha do abismo, o que me fez ter que alterar vários fatos. Deve ser considerado que entre a chegada dos elfos e a batalha se passaram três dias e não apenas um.


Os fugitivos não paravam de chegar. Helm, a grande fortaleza de Rohan, último refúgio da Terra dos Cavaleiros para aqueles que buscavam escapar de ira de Isengard e Mordor, estava em seu limite. Água, comida e até mesmo o espaço eram escassos diante da multidão que afluía. No entanto esta não era a maior preocupação de seus senhores. Havia outra necessidade ainda mais urgente: como organizar as defesas da fortaleza se a maioria dos que lá se encontravam eram camponeses? O Armaria de Helm não possuía poucas armas, contudo boa parte delas já havia visto melhores dias. Cavalariços e ferreiros portando espadas e escudos enferrujados não poderiam fazer frente ao gigantesco exército que se aproximava.

Éowyn, a sobrinha do rei Théoden, tentava ajudá-lo fazendo tudo o que estava ao seu alcance, pois sabia que o tio levava sobre suas costas uma carga muito grande, apesar do auxílio que lhe estava sendo prestado pelos guerreiros trazidos pelo peregrino cinzento: o elfo Legolas, filho do rei Thranduil; o anão Gimli, filho de Glóin e Aragorn, filho de Arathorn, herdeiro de Isildur e herdeiro do trono de Gondor.

A Senhora de Rohan, com a ajuda de uma de suas criadas, buscava por armas na parte superior da torre central da fortaleza. Ainda que em mau estado, nenhum metal capaz de perfurar armaduras poderia ser deixado de lado. Subitamente, trombetas se fizeram ouvir. Os olhos azuis de Éowyn encontraram os olhos castanhos de sua criada. O receio nascendo em ambas. Aquele som não parecia proveniente de nenhuma das muitas cornetas que vinham sendo ouvidas nos últimos dias em Helm.

- Esse som não veio de nenhum artefato feito pelos homens – observou Éowyn.

- Também se trata de uma trombeta orc – comentou a criada – posso lhe assegurar, minha Senhora.

A branca senhora de Rohan assentiu, fitando a mulher morena. Fato era que a jovem a sua frente seria capaz de reconhecer a presença dos servos do escuro onde muitos não lograriam fazê-lo.

Ambas se aproximaram da janela. Éowyn a frente. A criada logo atrás. As duas se debruçaram sobre a janela, buscando pela solução do enigma que se apresentava. Seus olhos se fixaram no inusitado exército que surgira através dos portões da cidadela. Elas podiam ver tudo o que se passava. Estavam em um lugar privilegiado, pouco acima de onde o rei se apresentara para recebê-los.

Ao observar o senhor de Rohan postado para receber os recém-chegados, a criada refletiu consigo mesma sobre a admiração que sentia por ele. Não podia deixar de reconhecer a coragem do rei: apesar da perda do filho, deixara de lado o próprio sofrimento para liderar seu povo, transmitindo-lhe uma segurança da qual ele mesmo intimamente duvidava.

O burburinho causado pela chegada dos imortais diminuíra quando seu líder tomou a palavra, transmitindo sua mensagem ao Rei Théoden. Ao que parecia, Rohan poderia contar com aliados imortais na batalha contra o Senhor do escuro.

Em agradecimento, o capitão recebeu o abraço de Aragorn. O eldar pareceu pouco a vontade com o gesto, porém não se esquivou. Quando o capitão dos elfos entrou juntamente com os outros, voltou o seu olhar para cima, a fim de obter um primeiro vislumbre da construção, e seus olhos cruzaram com os da criada. Azuis mais claros do que ela jamais vira. Seu coração disparou. Sentia como se, naquele lapso quase que imperceptível de tempo, aquele desconhecido tivesse sido capaz de lhe observar pelo avesso. Quando o imortal desapareceu, ela continuava com o olhar fixo, sem se mover, o que não passou despercebido pela sobrinha do rei.

- Parece um milagre – disse Éowyn, tentando tirá-la de seu transe.

- O que disse, minha senhora? – a jovem perguntou, ainda mirando o local onde o elfo havia estado.

- O exército élfico. É um milagre termos essa ajuda inesperada.

- Ah!

- Aconteceu alguma coisa? - Éowyn não pode deixar de notar o interesse da jovem pelos recém-chegados.

- Não. Eu apenas nunca tinha visto algo assim. – desconversou, retirando do rosto parte das mechas negras que o encobriam.

- Nunca viu um exército desse porte? É o que quer dizer?

- Não me refiro ao número, senhora e sim aos soldados que o compõem.

- Eles pertencem a outro povo. São elfos, os filhos imortais do Único.

- ...

- Você nunca tinha visto um imortal antes? - a senhora de Rohan prosseguia, tentando decifrar os pensamentos da mulher ao seu lado.

- De onde eu venho isso é um tanto difícil, minha senhora.

- E o que achou? – Perguntou Éowyn, esboçando um pequeno sorriso.

- Como assim?

- O que achou deles?

- Parecem todos iguais, usando esses elmos, exceto...

- Exceto?

- Exceto aquele com longos cabelos loiros que conversou com o rei, seu tio.

- Deve ser o comandante, por isso deve ter decidido não usar o elmo.

- Por que faria isso?

- Talvez para proporcionar uma maior proximidade, pelo menos enquanto conversava com o rei. Foram seus longos cabelos loiros que a impressionaram então?

A essa altura a mulher já havia percebido o erro que cometera e tentou em vão corrigi-lo, voltando seu rosto impassível para sua senhora e respondendo:

- Com todo respeito, minha senhora, ele não me impressionou em nada. Eu me referi apenas ao seu contingente. Não é um exército que possa ser negligenciado. Como a senhora disse, é uma ajuda bem vinda.

- Entendo... Então porque você está desse jeito?

- De que jeito?

- Algo a está intrigando - A Senhora de Rohan já a conhecia o suficiente para saber que poucas coisas prendiam a atenção dela por tanto tempo.

-Não tem nada me intrigando, Senhora.

-Não?

-Não.

Eowyn preferiu não insistir. Conquistara a confiança da estrangeira quando a ajudara em um momento muito difícil, mas a jovem era resistente em revelar seus pensamentos – e sentimentos.

- Nesse caso, é melhor você descer agora. Leve essas armas que estão em melhor estado para os homens lá embaixo. Vou tentar encontrar mais algumas por aqui.

Aliviada em se ver livre das insistentes perguntas da sobrinha do rei, a mulher descia as escadas lentamente, mas ao abrir a porta que dava acesso ao corredor da entrada do castelo sentiu algo atingir seu ombro jogando-a da soleira da porta até o outro lado do corredor. O machado do anão a pegara de surpresa com um golpe perfeito, embora não fosse essa a intenção dele. Vinha contando aos amigos Aragorn, Legolas e ao recém-chegado capitão dos exércitos élficos como um anão poderia ser perigoso em uma batalha e como os golpes do seu machado poderiam ser mortais. Gimli golpeava o ar sem prestar muita atenção ao seu redor e não percebeu quando a porta que levava à escada se abrira e dela saíra a criada.

A criada caiu no chão, não muito machucada, porém tonta com a velocidade da queda. As armas se espalharam pelo chão e a jovem ainda tentava entender o que tinha acontecido quando ouviu a voz rústica se dirigir a ela:

- O que há de errado com você, mulher? Porque não está escondida nas cavernas com as outras?

Se era ou não sua intenção, o anão não deixou transparecer, porém as perguntas haviam sido pronunciadas em um tom que, ao chegarem aos ouvidos da mulher, lhe pareceram uma gratuita provocação.

Desde que havia chegado a Rohan, a criada tentava de todas as formas não chamar atenção sobre si, fato que já lhe era naturalmente difícil, por causa da tonalidade de sua pele. Entretanto a dor latejante que aumentava em seu braço a cada dia, somada ao aborrecimento da queda e ao desaforo do anão que não tivera o bom senso de admitir o próprio erro levaram-na ao limite. Dentre as armas espalhadas à sua frente avistou uma adaga. Pegou-a rapidamente com a mão direita que, mesmo ferida, ainda era capaz de manejar uma arma com movimentos foram tão precisos que antes que o anão pudesse esboçar qualquer reação, viu-se contra a parede e com a adaga roçando seu pescoço:

- Se há algo de errado comigo, eu não sei, anão. Porém se houver não é minha habilidade de enfiar esta adaga em sua garganta de forma precisa, não acha?

A espada de Aragorn foi desembainhada mais como um gesto de precaução do que de ataque, mas Legolas, que àquela altura já considerava o anão como um bom amigo, apesar das implicâncias, armou seu arco apontando a flecha para a cabeça da mulher.

- Minha flecha a mataria antes disso!

Ela voltou o rosto encoberto pelos cabelos revoltos em direção a Legolas. O olhar assassino que se podia vislumbrar através dos fios de cabelos negros não passou despercebido a nenhum dos presentes. A criada, fixando seu olhar no príncipe do Reino da Floresta, debochou:

- Por que tem tanta certeza de que sua flecha será mais rápida que a minha adaga? – indagou ironicamente.

A zombaria angariou uma boa dose de antipatia contra ela. Apesar de ser compreensível que estivesse com raiva, pois Gimli não fora nem um pouco sutil, não havia por que transformar um incidente fútil em uma batalha. Legolas estreitou os olhos, tentando descobrir de onde aquela mulher poderia ter surgido. De Rohan ela obviamente não era, pois possuía os cabelos escuros, longos e ondulados, a pele bronzeada e os olhos escuros que expressavam uma fúria poucas vezes vista antes pelo filho de Thranduil.

Aragorn baixou a espada e se aproximou, tentando, uma saída conciliadora:

- Baixe seu arco, Legolas. – ele solicitou ao amigo, pondo a mão no ombro do elfo. – Não somos seus inimigos. – ele se dirigiu à mulher.

Lentamente, sem desviar o olhar da ádan, Legolas depôs o arco.

A mulher acompanhou com o olhar os movimentos do elfo que até bem pouco tempo poderia tê-la matado. Depois mirou Aragorn e o anão, hesitando por um instante antes de baixar a adaga, atendendo ao pedido do herdeiro de Isildur. A ele, mais do que a qualquer um, ela não poderia desagradar. Era de suma importância conquistar sua confiança. Aos poucos seu olhar abandonou o Anão e voltou-se para os outros. Fez um leve sinal com a cabeça para Aragorn, demonstrando que, pelo menos por hora, não havia mais animosidade. Seus olhos continuaram a percorrer o corredor e novamente se depararam com os olhos do capitão dos exércitos imortais.. A criada sentiu o chão sumir sob seus pés, ao perceber novamente aquele olhar sobre si, como se seu dono fosse capaz de lhe desvendar a alma. Desviou os olhos. Toda aquela atenção dirigida a sua pessoa não lhe traria benefício algum, muito pelo contrário. Voltou as costas aos presentes e quando já se encontrava de joelhos a fim de recolher as espadas no chão, ouviu Aragorn dirigir-se ao elfo recém-chegado:

- Perdão por esse pequeno incidente, Haldir. Nesses tempos difíceis, os ânimos de todos estão sempre exaltados.

'Haldir", ela repetiu mentalmente. O nome do imortal não lhe era estranho. Muitas vezes o ouvira na boca dos Orcs. Um nome dentre tantos outros que inspiravam medo e ódio àquelas criaturas. Um dentre tantos que eles desejavam ver mortos. Muitas vezes ouvira aquele nome ser amaldiçoado. Fechou os olhos. 'Pés tão rápidos e silenciosos como o vento, possuem aquele galadhrim e seus malditos comandados', dizia o orc vindo de Moria.

- 'O Guardião de Lórien'?

Disse a mulher, ainda de joelhos, apercebendo-se de seu erro somente quando se viu alvo dos olhares dos presentes.

- Sim, sou eu mesmo.

Haldir respondeu a pergunta que lhe havia sido feita sem querer, levando a mão ao peito e inclinando levemente a cabeça. O elfo certamente a impressionara no momento de sua chegada, porém, vendo-o de perto não parecia tão temível e ameaçador quanto os orcs comentavam. Era possuidor do porte de um guerreiro, sem dúvida, todavia sua elegante figura não parecia refletir o poder destruidor que os orcs lhe atribuíam...

- De onde me conhece, senhora? - Haldir prosseguiu.

'Senhora?' Estranhou o tratamento ao qual não estava acostumada. A pergunta do elfo a fez voltar à realidade e a tomar consciência do ato imprudente que havia acabado de cometer. O que poderia responder além da verdade desprovida de detalhes que sempre revelava?

Ergueu-se do chão, mantendo a distância que os separava.

- Sauron costumava dizer que não suportava a idéia de que seus orcs tremessem tanto diante de nomes como o de Haldir de Lórien – respondeu, evitando os olhos azuis que estavam sobre ela.

- Sauron? – Indagou Haldir, revelando o mesmo espanto que atingiu a todos os presentes – ouviu isso da boca do Senhor do Escuro?

- Não, meu senhor, – prosseguiu a mulher – ouvi da boca de seus servos.

Aragorn e Legolas se entreolharam enquanto o Galadhrim não tirava os olhos da mortal. Havia nela um mal antigo, ele podia sentir. Haldir estreitou os olhos, dando um passo em direção a mulher. Esta recuou, visivelmente incomodada com a atitude do eldar.

- Não precisa ter medo de mim! – disse o elfo em meio a um leve sorriso.

- Eu não tenho medo do senhor – retorquiu a mortal, firmando os pés, não mais retrocedendo ante a aproximação de Haldir. Porém só ela saberia dizer a que custo.

O elfo parou. Se estendesse o braço seus dedos tocariam o rosto da mortal.

- É no mínimo intrigante o fato de que tenha conhecimento do que os orcs dizem a respeito de Haldir de Lórien – comentou o Galadhrim.

- Parece que sua fama finalmente ultrapassou as fronteiras da floresta dourada, nobre Haldir. – disse Legolas, pondo a mão no ombro do capitão. – Suas admiradoras não param de se multiplicar.

Risos se fizeram ouvir. Haldir apenas baixou um pouco a cabeça e sorriu recordando as investidas de que tinha de se livrar freqüentemente a fim de nunca falhar na vigilância das fronteiras da floresta. Não que as recusasse sempre, porém costumava ser seletivo, o que o tornava ainda mais cobiçado.

Os sorrisos masculinos trouxeram a tona na mente da mulher lembranças dolorosas de um passado não muito distante, onde risos como aqueles eram acompanhados de zombaria e violência, fazendo com que algo se revolvesse dentro dela em busca de vingança.

- Creio que deva ter me entendido mal, mestre elfo. – Ela se dirigiu a Legolas, externando sua indignação. – Admiradora não é uma palavra que possa ser aplicada a mim principalmente no se tange aos varões de sua raça ou de qualquer outra.

O Filho da Thranduil estreitou os olhos, contendo a ira diante da insolência inesperada.

- E quanto ao senhor, capitão Haldir de Lórien, crê realmente que seu sorriso afetado seja capaz de lhe angariar tamanha fama? Não será isso muita arrogância de sua parte?

Haldir nada disse. Também ele havia sido pegue de surpresa pela reação dela.

- Vocês se acham mesmo melhores do que todos, não é verdade? Ostentando seus arcos perfeitos e suas espadas brilhantes! – A voz dela ganhou um tom sombrio. – Contudo suas armas são tão capazes de tolher a vida quanto as lâminas imundas que jazem em Mordor. Não entendo por que tanta arrogância da parte dos elfos. Para mim, a distância entre vocês e os homens mortais, os anões ou mesmo orcs não se faz assim tão evidente! Cada um a sua maneira capaz das mais refinas crueldades. E disso a história está repleta.

Se o intuito da mortal era ultrajar e ofender, ela havia acabado de lograr êxito em seu intento e viu o olhar penetrante de Haldir ser tomado por uma justa ira:

- Como você pode dizer uma coisa dessas? – Haldir inquiriu, fixando seu olhar na estrangeira.

A mulher engoliu seco. Suas mãos ainda seguravam firmemente o punhal que quase rasgara a garganta do anão e ela procurava dirigir à arma a ansiedade que lhe corroia por dentro.

Haldir estreitou os olhos, percorrendo com eles a mortal a sua frente. Esta começou a se sentir deveras incomodada com tal atitude. Algo em si garantindo-lhe uma ameaça iminente. Seu maxilar enrijeceu e a respiração se alterou, enquanto os olhos de Haldir pousaram no braço dela e o elfo sentiu a revelação que lhe veio à alma, tão certeira que sua mão foi mais rápida que seu bom senso e quando percebeu, seus dedos já tocavam o braço da mortal. Esta, ante o toque masculino, sentiu afluir os sentimentos de repulsa que foram cultivados durante longos anos. E a mão que segurava a adaga se ergueu numa tentativa de atingir o rosto de seu potencial agressor. Todavia, Haldir fora mais rápido e segurou-a pelo punho, não permitindo que a lâmina seguisse seu curso. A mão esquerda também se ergueu apenas para ser detida pela outra mão do elfo.

- Largue-me! – disse ela entre os dentes.

- Não antes que a senhora solte essa arma – retorquiu o elfo – vai acabar por machucar alguém.

Em vão a mulher tentava se libertar. O indesejado toque masculino fez com que os instintos de autodefesa da mulher viessem à tona e ela ofereceu a Haldir um olhar cheio de repugnância que ele não conseguiu compreender. Já tinha visto muitos olhos se voltarem para ele com raiva, inveja, medo, mas nunca um sentimento como aquele. Como se ele lhe causasse nojo.

- Tente se acalmar e me entregue esta arma, senhora!

Todavia a mortal não prestava muita atenção em suas palavras. Pensava apenas em seu braço sendo segurado pelo elfo. Perceber-se totalmente imobilizada por Haldir serviu apenas para alavancar sua ira. A mortal empurrou o elfo com tamanha força que ela mesma caiu para trás enquanto vociferava:

- Largue-me orc maldito!

As palavras dela comunicaram aos outros o sentimento de repugnância que Haldir havia percebido em seu olhar e que nenhum deles conseguiu compreender.

A mortal o mirava agora com o olhar pleno de ódio. E o eldar podia sentir na alma a lâmina daqueles olhos, afiados como a adaga que quase lhe dilacerara o rosto.