Essa eh uma song curtinha, com a musik Dead Gardens, do Nightwish.
The story behind the painting I drew is already told
A história por detrás da pintura que desenhei já está contada
No more tearstains on the pages of my diary
Chega de manchas de lágrimas nas páginas de meu diário
Tired but unable to give up since Im
Cansado, mas incapaz de desistir, uma vez que sou
Responsible for the lives I saved
Responsável pelas vidas que salvei
O homem de cabelos negros olhava a sua mais recente pintura. Sim, Harry James Potter agora era um pintor ocasional. Ele começara a pintar depois da guerra. E a maior parte de suas pinturas era sobre a guerra. Algumas eram mais detalhadas, outras, apenas borrões negros e vermelhos.
Mas essa lhe tiraria o fôlego, se não visse a mesma imagem todas as noites, em seus sonhos. À sua frente, uma visão do lugar onde a última luta entre a Luz e as Trevas se dera. E esses sonhos eram descritos em maços de pergaminho, que jaziam empilhados em seu quarto, pergaminhos borrados por lágrimas.
Todos conheciam a história de tal evento. Como não poderiam? Mas não sabiam que naquela noite, todos os seus sonhos haviam ruído à sua frente. Todos os planos para seu futuro haviam sido arrancados de seu peito. Seu mundo desmoronara a sua frente, e ele não pudera fazer nada, além de observar horrorizado.
Ele já não queria mais viver. Queria se unir a todos que haviam sido mortos durante a guerra. Todos aqueles a quem amava. Haviam restado poucos entre os vivos. Mas a pessoa mais importante estava do outro lado. Queria desistir, mas algo o prendia. As vidas que salvara. Muitas delas sequer sabia que havia salvado. E o seu altruísmo grifinório não lhe permitia abandoná-las.
The play is done
A peça está terminada
The curtains down
A cortina está abaixada
Mas não via motivos para permanecer ali. O seu papel já fora desempenhado. A sua peça terminara. E a peça da geração seguinte já começara. Mas ele estava preso a ela, um mero coadjuvante quase que insignificante. Ele quase vira as cortinas se abaixando à sua frente. E de certa forma, vira.
All the tales are told
Todas as histórias estão contadas
All the orchids gone
Todas as orquídeas se foram
Lost in my own world
Perdido em meu próprio mundo
Now I care for dead gardens
Agora eu cuido de jardins mortos
Todas as explicações já haviam sido dadas. A curiosidade geral fora pacientemente saciada em coletivas de imprensas exaustivas. E finalmente lhe haviam permitido se isolar, chamando-o ocasionalmente para algum evento em homenagem aos mortos ou algo assim.
Mas quando era deixado em paz, ora ele pintava ora se dedicava a cuidar de seu jardim. Um jardim que outrora fora repleto de orquídeas. Mas a pessoa que simbolizara seus sonhos e ilusões as levara consigo. E agora ele cuidava de jardins mortos.
My song is little worth anymore
Minha canção agora tem pouco valor
Time to lay this weary pen aside
Hora de deixar essa velha caneta de lado
Ele estava cansado. Sua história agora nada mais valia. Talvez fosse contada como um conto de fadas. Mas havia algo que separava a sua história de um conto de fadas. Em contos de fadas, tudo acabava bem. O herói vivia feliz para sempre com a pessoa amada. Mas isso não aconteceria para ele. Ele não teria um final feliz. Talvez fosse hora de deixar tudo o mais de lado, e apenas esperar que sua vez chegasse.
The play is done
A peça está terminada
The curtains down
A cortina está abaixada
Aquele não era o seu mundo. O seu mundo morrera, juntamente com Voldemort. Os últimos dias de seu mundo haviam sido dias em que os jovens pereciam e os velhos permaneciam. Haviam sido dias cinzentos, cheios de luto e mágoa, de ódio e ressentimento, mas principalmente de desespero.
E então tudo renascera das cinzas. Mas não ele. Ele se sentia morto desde aquele dia. Desde o dia em que sua vontade de viver fora arrancada de seu peito. Vira muitas mortes, isso era fato, mas aquela, aquela fora a pior. Não se podia dizer que houvera sofrimento. Fora a morte em si. Fora a visão do corpo, que até então estivera lutando ferozmente a seu lado, caindo sem vida no chão.
Enquanto vasculhava os pergaminhos espalhados pela escrivaninha, encontrou um pedaço de pergaminho, já levemente amarelado pelo tempo, a tinta levemente descorada. E aquela caligrafia familiar. Aquela caligrafia que tanto amara. Eram apenas linhas, ele não sabia o que de fato eram, se eram apenas palavras unidas harmoniosamente, se eram um poema. Sabia apenas que tais palavras haviam sido escritas por alguém que morrera a seu lado.
" Where are the wolves, the underwater moon
Onde estão os lobos, a lua submersa
The elvenpath, the haven of youth
O caminho élfico, o porto da juventude
Lagoons of the starlit sea
Lagoas de mar estrelado
Have I felt enough for one mans deed?
Eu já senti o suficiente pela ação de um homem?
Or is it time to challenge the Ancient of Days
Ou é tempo de desafiar o mais Antigo dos Dias
And let the virgin conceive"
E deixar a virgem conceber"
Enquanto lia novamente aquelas linhas, batidas na porta se fizeram ouvir, ecoando no silêncio.
Ele já sabia o que era. Provavelmente algum repórter, querendo seu depoimento, em comemoração aos dez anos do término da guerra. Desceu lentamente as escadas, sem pressa de dizer ao homem que não havia o que contar, que todas as histórias já haviam sido contadas.
All the tales are told
Todas as histórias estão contadas
All the orchids gone
Todas as orquídeas se foram
Lost in my own world
Perdida em meu próprio mundo
Now I care for dead gardens
Agora eu cuido de jardins mortos
A jovem parecera levemente desapontada com sua recusa. Mas o que ela queria que ele fizesse? Que revivesse novamente a única cena de toda a sua vida que queria esquecer, mas que não conseguia? Ele não conseguiria. Revivê-la sozinho e em silêncio era uma coisa, mas ouvir a si mesmo dizendo o que acontecera, enquanto revia a cena em sua mente, o enlouqueceria.
Ela quisera saber o que ele fazia agora. Antes de fechar a porta, ele respondera.
-O que eu faço? Cuido de jardins mortos.
O que, de certa forma, era verdade. Cuidava apenas de lembranças de pessoas de quem apenas ele se lembrava. Pessoas que haviam morrido por aquela guerra e que haviam sido esquecidas.
A pessoa a seu lado lutava ferozmente, afastando os Comensais, se envolvendo em duelos desesperados e violentos. Ele via apenas relances de tais duelos, enquanto lutava seus próprios duelos.
E todas as vezes em que via aqueles cabelos faiscando, avançando a seu lado, sentia alívio.
E então acontecera. Lúcio Malfoy se interpusera entre eles e Voldemort. Enquanto ele avançava contra aquele que estava destinado a matar ou a morrer em suas mãos, e que convocava Comensais, que se interpunham entre ambos, podia ouvir os gritos do duelo feroz que acontecia.
Nesse meio tempo, aurores haviam chegado até eles. Antes que pudesse soltar a respiração, aliviado, um grito se fizera ouvir. E que para ele fora como um grito em meio ao silêncio.
Ele se voltara, pedindo desesperadamente para que aquele grito não fosse de quem achara que fora, e sim de seu oponente, enquanto os aurores o protegiam dos ataques dos Comensais.
Ao ver o que acontecera, um grito inumano, saíra de sua garganta, enquanto lágrimas escorriam livremente por seu rosto, enquanto lutava para que os aurores o deixassem chegar até o corpo caído.
-Draco!
A primeira pessoa a ser esquecida fora, para ele, a mais importante da guerra. Sem ela, teria desistido ainda no início. Mas fora por ela impelido, até chegar à última batalha. Quando finalmente ousara se iludir, quando ousara sonhar que ambos sobreviveriam à guerra. O que não aconteceu. Quando ele achara que só haveria mais uma morte, houvera duas.
Draco Malfoy fora o último a tombar antes do fim da guerra. E o primeiro a ser apagado das memórias da guerra.
N/A
prontu, ficou curtinha, eu sei.
Bem, eh a primeira fic slash q eu escrevu, issu q quase nem tem slash, eu achu, mas enfim... me digam o que acharam, por favor!
E.R.F.D
