Saint Seiya não me pertence, pertence ao Masami Kurumada e à Bandai. Eu apenas sou uma megafan de seus personagens pervertidos e gays o/
Love and Blood
Introdução
A chuva caía pesadamente do lado de fora. Ele estava sentado na grande poltrona de couro com o encosto alto com o cotovelo apoiado e o queixo encostado nos nós dos dedos.
O quarto estava mal iluminado por apenas uma vela trêmula. Tudo bem, ele não precisava de luz para enxergar a sua volta.
As cortinas grossas eram o suficiente para cobrir as janelas de vidro e impedir a entrada da luz do sol.
Aquele era apenas um dos quartos na grande mansão no sul da França.
Suas unhas estavam impecáveis, acrílicas, inumanas. Sua pele branca como a mais fina porcelana, que, somado à roupa de veludo azul escuro que mais lembrava um outro século, dava uma aparência levemente fantasmagórica . Mantinha os olhos fechados, os cílios espessos levemente curvados. Os cabelos vermelhos estavam perfeitamente penteados caindo sobre suas costas.
-Você foi visto. Conhece as regras, se for morto não vou interferir.- sua voz saia fria e impassível.
-Mestre-era chamado assim desde sempre- sabe que não irão fazer nada comigo- um garoto mais novo de cabelos dourados até o ombro e olhos azuis profundo estava de repente parado perto da lareira.
-Hyoga, se o ama, não o tente, não o provoque, e mais que isso, não deixe que os outros te vejam. Você não será perdoado se o fizer.
-Ninguém vai me tocar, sou forte o suficiente.
De repente sua garganta estava sendo agarrada por uma mão delicada, os olhos de seu mestre o encaravam. Ele por alguns segundos suou frio.
-Nem ao menos consegue se defender de um ataque meu, acha que está acima de todos? Tolo, ainda é jovem de mais, não sabe nada. Não sou a criatura mais forte desse mundo, nem perto disso.
O mestre se voltava à sua posição deixando o menino estático encostado na parede por alguns segundos antes de se recompor.
Hyoga arrumou as roupas, camiseta de algodão branca, jaqueta e calça jeans, úmidas pela chuva e amassadas pelo susto. Estava acostumado a ataques surpresas, mas mesmo assim esses lhe causavam arrepios.
-Vá se alimentar, criança, está pálido. Lembre-se você ainda precisa de sangue todos os dias, não cometa a besteira de se privar de sangue até que mal consiga se mover, você não morrerá, mas sofrerá horrivelmente as dores do limbo.
-Mestre, venha comigo hoje.
À dias seu mestre mal se movia da poltrona, a não ser, é claro quando se enfurecia, mas isso durava alguns segundos. Ele odiava caixões e tudo aquilo que representava, não era teatral como muitos. Gostava de dormir em camas e sofás ou até mesmo dentro da terra úmida sentindo o cheiro da vida.
Quando estava pensativo tinha uma expressão inumana, era como se olhasse para própria estátua de Auguste Rodin em "o pensador". Algo não-vivo, imóvel, imaculado.
A cada suave movimento pouquíssimas linhas de seu rosto se movimentavam sinal de que fora transformado jovem o suficiente para não ter rugas.
Não obteve resposta alguma.
Hyoga virou se de costas, saiu caminhando e não com uma velocidade sobrehumana.
Pelo menos Hyoga aparentava manter a sanidade.
Pôde escutar seu discípulo à muitos quilômetros de distância se aproximando. Ele tentava, porém não conseguia se disfarçar, não para ouvidos vampíricos poderosos como de Camus. Era muito novo, recém criado e ainda imprudente. Vigiava ao longe enquanto ele caçava. Dizia com frieza que não se intrometeria, mas ambos sabia que era mentira, estava protegido.
Suspirou, era doloroso que Hyoga fosse um vampiro, mas ele não pode evitar, o amava demais para deixá-lo partir, mas também o amava demais para vê-lo se tornar um vampiro em sua frente. Tudo lhe era doloroso como se tivessem lhe roubado o gancho que o mantia humano.
Chorou quando teve que fazê-lo, chorou depois de arrependimento.
Desespero.
Isso já era parte de sua vida à muito. Quando era uma criança e foi jogado de um lado para o outro para ser vendido como escravo. Estivera frente à frente com a morte inúmeras vezes. Mas agora ela era algo inalcansável. Pensava que sua morte não-humana não significava paz eterna, mas sim tormento, era baseado nisso que não havia se atirado para o sol dois anos antes quando viu seu pequeno deixar de ser vivo.
Mas não era somente Hyoga que o incomodava. Não, Hyoga era parte importantíssima de sua vida, mas não era ele a causa de seu eterno fardo.
Suspirou lentamente.
"Porque brinca de ser humano, Camus?"Milo o perguntava sempre que aparecia, sempre nervoso com sua situação "Não vê que esse seu disfarce só o faz sofrer? Anda entre eles, senta-se à mesa nas refeições, conversa, os põe em suas camas e lhes dá beijos de boa noite? Acha que isso o fará se sentir mais vivo, mas não o faz, isso só o faz lembrar como é diferente"
O que ele lhe diria se soubesse que tudo estava acabado. Milo não aparecia desde a última grande briga, nesse meio tempo já havia transformado Hyoga em um dos seus e não conseguiu salvar Isaac de abrir os braços para o desespero e loucura.
Camus havia os adotado um por um. Isaac, criança abandonada ao frio da sibéria com 5 anos, morreria em pouquíssimo tempo, é claro. Camus o estava a observar, imóvel com sua blusa de peles enrolado em seu próprio corpo para se proteger do rígido vento frio enquanto chorava pelo pai que jamais o amara, mas era a única pessoa que tinha. Os cabelos esverdeados engordurados e desarrumados e os grandes olhos vermelhos de tanto esfregar. A pequena boca infantil aberta rangindo os dentes.
O francês matou o jovem pai desnaturado que largou a criança assim que sua esposa deixou sua casa, bebeu todo seu sangue e queimou seu corpo. Enquanto sorvia o líquido vermelho e sentia seu coração pulsar junto com o seu e sua vida preciosa descer goela abaixo como o próprio nectar dos deuses, não viu nada além de maldade em seu coração sádico. Mas mesmo assim, durante o frenesi que era a morte em seus dentes, amava sua vítima em cada fibra de crueldade que tivesse. Era tudo seu, a morte era o que o mantinha preso à veia jorrando aquele líquido tão doce.
Enquanto a criança lá, chorando em desespero, poderia simplesmente acabar com seus sofrimento quebrando seu frágil pescocinho entre seus dedos, mas não o fez, por algum motivo o recolheu e levou para uma casa, o aqueceu e alimentou.
Não foi tão diferente com o segundo, Hyoga. Camus estava em um barco para a Rússia, parado no convés sentindo o vento gelado bater em seu rosto, sensação que adorava. Notou que havia algo errado, mas aprendera no começo de sua criação que não deveria interferir quando acidentes aconteciam, não deveria tentar ser um Messias, mesmo porque seria pura hipocrisia.
O barco atingiu um iceberg em um acidente digno de um filme, mas não era um luxuoso cruzeiro, apenas um navio cargueiro e ninguém se importaria. Viu uma jovem mulher de cabelos dourados e seu filho de 5 anos com os cabelos da cor dos seus, serem deixados para trás quando os pequenos barcos de fuga buscavam salvação. Da mulher, sentiu um cheiro familiar, iria morrer logo de uma dolorosa doença portanto não se importava de sentir as águas congelantes como facas em seu frágil tecido, mas seu filhinho, estava vivo, e amava a mãe mais que tudo no mundo. Não soltou dela nem por um minuto quando viu que ela não partiria com ele. Ela implorou para que ele soltasse, e foi Camus quem o levou, com seus poderes vampíricos fazendo-o inconciente.
Ela percebeu que havia algo de estranho naquele herói, porém interpretou como um anjo de cabelos vermelhos e roupas exóticas que viera levar seu filho para salvação.
E lá estavam, as duas crianças em uma de suas casas agora. Viviam na Sibéria, aprenderam a se virar no inverno rigoroso, jamais questionaram porque de seu salvador aparecer apenas à noite e sumir por longos períodos. Com livros, ele os ensinou a língua local, o francês, hebraico, mandarin e outras línguas. Aprenderam a ler, pintar, cultura antiga, física, biologia e tudo o que as crianças daquela época aprendiam em escolas.
Uma ama cuidava dos dois durante o dia, pequena Sell, pele da cor do caramelo, cabelos lisos bem curto. Cozinhava, costurava, limpava. Já tinha certa idade, era uma nativa aposentada, não tinha família e mal sobrevivia com o pouco que ganhava, foi muitíssimo grata à Camus quando foi chamada para cuidar de sua casa em um lugar extremamente afastado da vila. Ela fora uma pessoa bem instruída no passado, mas agora tudo isso não fazia diferença.
Ele os levou para viajar para sua terra natal, França, para o Japão, Inglaterra, Egito e muitos outros países. A maioria de idade antiga.
Ambos nunca se assustaram com sua aparência fantasmagórica que tinha de vez em quando quando a pele estava dura, branca e fria como marfin.
Se mudaram para França definitivamente, Camus fez com que frequentassem a escola comum e convivessem com pessoas vivas.
Pouco a pouco foram crescendo. Se tornando homens que Camus admirava e amava mais do que a si mesmo, se tornaram seu vínculo com o mundo dos não-mortos. Eles lhe falavam sobre a tecnologia, sobre o comportamento e os pensamentos filosóficos e religiosos.
O mundo hoje em dia era uma micsigenação tão grande de idéias formadas pela facilidade de comunicação que assustava os jovens. Camus adorava, fora um filósofo de natureza, crescera lendo sobre os grandes pensadores da humanidade.
Isaac também era assim, amava as conclusões que Camus chegava quando analisavam juntos alguma idéia. Hyoga sempre se chateava com isso tudo, era tedioso e monótono, afinal para quê saber o que as pessoas pensavam e interpretavam sobre algum assunto? Hyoga entendia de computadores de última gerações e estudos bioquímicos de seres vivos, mas não entendia o que os fascinavam tanto em compreender a mente humana e a ordem do universo. Sempre acabava por dormir entre as discussões.
Isaac não demorou a analisar Camus e finalmente entender que não era normal. Passou a investigar por conta própria a contragosto de seu tutor o que resultava frequentemente em discussões dolorosas e Camus sumindo por um tempo, Hyoga brigava com Isaac, não gostava de ficar sem Camus por perto, ainda mais quando estivera furioso.
Isaac era naturalmente pervertido, tentava seu irmão de criação com frequência, mas jamais avançara algum sinal. Saía com pessoas diferentes todas as noites até voltar bêbado e pedir para dormir com Hyoga, apenas entre seus braços como irmãos.
Em uma noite Hyoga e Isaac tiveram uma discussão sobre Camus, Hyoga não se conformava com o quanto Isaac provocava deliberadamente Camus o fazendo se afastar dos dois e se sentirem abandonado por seu pai. E os dois sairam em uma briga física, violenta. Mas resultou em beijos ardentes. Hyoga se rendeu facilmente às carícias de seu companheiro.
Se amavam? Sim, é claro, todos naquela casa, Isaac, Camus, Hyoga. Mas Isaac queria mais, queria o amor incondicional. Queria os dois ao seu lado o tempo todo. E Camus logo perdia a paciência. Um dia jogou em sua cara que não era normal, que nunca havia o visto comer, nem beber, nem o visto à luz do dia e Camus se enfureceu, sumiu por 2 meses.
Camus podia ter usado seus poderes para deixar Isaac confuso, mas não o fez, estava zangado demais para isso, simplesmente achou melhor se afastar das perguntas indiscretas de seu pupilo. Morreria se soubessem a verdade. Começou a pensar se Milo não estivesse certo, se não seria melhor se ele se mantivesse longe daquelas duas crianças abandonadas.
Um atentado violento de ladrões acontecera próxima a mansão de Camus, e uma explosão destruiu por completo a biblioteca onde estavam Isaac e Hyoga, em uma tentativa bem-sucedida de proteger o irmão, Isaac perdeu um olho e quase morreu.
Foi levado às pressas a um hospital quando sangrava muito pelos ferimentos de estilhaços, Hyoga foi levado para um outro hospital, fora de perigo mas inconsciente.
Kanon era imprudente, não pensava nas consequências, e não pensara que isso provocaria a ira de Camus. Era apaixonado por Isaac desde a primeira vez que o tinha visto e para tentar salvar sua vida, deu-lhe seu dom precioso. Rasgou seu pulso e fez com que ele bebesse seu sangue, em seguida o retirou e continuou esse ritual que, para ele era sagrado.
Camus praguejou, odiou Kanon, queria arrancá-lo a cabeça e atear fogo em seu corpo. E Isaac odiou Camus quando descobriu a verdade sobre seu mestre. Que era imortal brincando com ele e Hyoga de estar vivo.
Fugiu de sua mansão na França, ficava longe até quase não conseguir se mover e Camus fosse obrigado a buscá-lo para fugir do sol.
Ou matava várias pessoas em uma só noite e os empilhava nos jardins o que obrigava Camus a ficar por perto para vigiar.
Mas não é qualquer um que pode ser um vampiro. As transformações e o poder pode enlouquecer você. E era isso que acontecia com Isaac. Talvez por suas estranhas obceções, talvez por não conseguir chegar a uma conclusão sobre o sentido de sua própria existência, talvez por não entender como seu coração batia mas o resto de seu corpo definhava.
Isaac continuou com essa rotina vazia e alucinada até pensar em Hyoga. Hyoga, seu outro amor, Hyoga a quem tentou proteger e morreu por culpa dele, era ele que deveria estar lá e não Isaac, e planejou um ataque, iria transformá-lo também, iria ter sua vingança e seu amor de volta. Mas foi detido e subjulgado com facilidade por Camus. A luta foi violenta e Camus teve que usar mais uma vez seus poderes para confundir Hyoga, deixá-lo atordoado o suficiente para acreditar que o que ele vira foi apenas um sonho pavoroso.
Isaac passava as noites em silêncio, odiava e amava Camus, odiava e amava Kanon, mas sua mente não lhe pertencia mais.
Camus foi obrigado a mandar Hyoga para longe, para o Japão, onde um amigo tomaria conta dele, estaria protegido. Hyoga não entendeu, mas também não questionou, mas não sabia porque Isaac estava agindo como um louco o tempo todo e sumia como Camus. Se sentia miseravelmente sozinho, mas não falou nada. No final, o Japão lhe foi bom. Foi onde conhecera Shun.
Isaac não suportou pender entre a vida e a morte e sua situação se tornou insustentável. Esperou sozinho na praia pelo calor de Apolo, deitado no chão com os braços abertos, sentindo cada fibra do seu corpo se queimando em uma dor agonizante lentamente.
Camus encontrou suas roupas chamuscadas no dia seguinte. Sentiu quando ele partiu mas não pode fazer nada. Ajoelhou-se sobre a camisa de linho que deveria ser branca e agora estava encardida, a abraçou com força e de seus olhos, lágrimas vermelhas manchavam seu rosto. Gritou e esbravejou, amaldiçoou a si mesmo por ter permitido que acontecesse. Seu coração estava prestes a explodir de agonia. Ah pobre criança confusa. Isaac com seu trágico fim, tanto a aprender nesse mundo, Camus esperava que ele se tornasse um homem, um velho e morresse encontrando a paz de espírito e uma vida completa. Agora havia terminado, tão jovem, tão jovem.
Quanto à Camus e Kanon, uma guerra de muitos dias começou silenciosamente até que os dois quase foram destruidos.
Obviamente Hyoga soube da morte de Isaac, não aceitou nada bem, mas também sabia que por sua insanidade, acabaria assim, morto, uma hora ou outra.
Sofreu por vários meses até finalmente encontrar seu conforto nos braços de Shun. Até seu dia fatídico.
...oooOOOooo...
Olá amigos e amigas.
Essa devo confessar, é a fict que eu mais gostei, embora tenha muito amor pelas outras que eu escrevi, acho que essa foi a melhor até agora. Claro que a experiência ajuda, mas estou colocando tanto carinho nessa que até me impressiono. A início pensei em fazer uma fict curta com contos pequenos e talz, mas a medida que fui escrevendo, ela foi crescendo e crescendo, agora acredito que ela vai durar ainda.
Vai ser composta de muitas histórias médias e espero muito mesmo que gostem dela tanto quanto gostaram das minhas outras.
Os vampiros são como os vampiros de Anne rice ou Vampiro A máscara, nada de vampiros brilhando no sol (me perdoem as fans de Sthephany Meyer, mas não consigo ver como ela) e um pouco da minha cabeça XDD
Eu agradeceria muitíssimo reviews, sério, ficaria felicíssima.
Aguardem que essa fict terá muito mais.
