"I Don't Wanna Be" de Gavin DeGraw tocava alto na picape. Sam e Blaine tinham acordando cedo aquele dia, afinal pegariam quase 10 horas de estrada pela I-80 W para economizarem as passagens de avião. Tinha sido ruim para Sam se distanciar ainda mais dos pais e dos irmãos, mas não era todo dia que uma universidade que só aceitava 10% dos alunos que requeriam vaga lhe oferecia uma bolsa.
_Quem acreditaria que a gente ia estar rumo a uma universidade da Ivy League juntos? Ainda mal posso acreditar, cara, isso é um sonho – Blaine falou, esparramado na parte de trás de seu Honda Captiva enquanto o melhor amigo conduzia o veículo.
Ok, Blaine tinha conseguido isso por conta própria. As notas dele só não eram melhores que as de Mike Chang, Tina Cohen-Chang e, talvez, Rachel Berry, isso em comparação com os membros do glee club. As vezes Sam se sentia meio mal, afinal o amigo havia conseguido aquela vaga por puro mérito, enquanto ele tivera a sorte de ter descolado uma bolsa de estudos.
_Nem fica com essa cara, Sam, conseguiu por seu talento... afinal, o Cooter não ia ficar impressionado a toa. Ele foi o olheiro que levou o Shane para o NFL!
_Tem razão...ei, não quer assumir agora o volante? Vou parar aqui pra ir ao banheiro, quer algo da loja de conveniência?
_Talvez um donuts...
Sam saira correndo em direção, mal prestando atenção se a porta havia fechado. Foi o tempo só o tempo suficiente para o descuidado garoto bater de frente em alguém e derrubar algumas latas de cerveja no chão.
_Ei, garoto, olha por onde anda! Aposto que... – esbravejou uma voz feminina ao sentir o baque e foi o tempo dos olhos dele subirem em direção a ela.
Sam não se lembrava exatamente de ter colocado os olhos em alguém tão sexy. A garota a sua frente esbanjava sensualidade. Os lábios dela eram vermelho-cereja, a pele tão branca e sem sinais que ele poderia jurar que se existisse um daqueles filmes sobre Branca de Neve lutadoras que os diretores de Hollywood insistiam em reinventar, ela poderia estar escalada para o elenco... se não fosse pelos cabelos longos e ruivos que batiam na metade das costas e reluziam ao sol. Ela era como uma cópia ainda mais bonita e sensual da sonsa Sansa Stark, de Game of Thrones. Os olhos azuis dela reluziram quando ela fez um scaneamento nele de cima a baixo.
_Oh, me desculpe, eu só tava apertado e... – ele disse assim que conseguiu sair do transe que era fita-la e começou a recolocar as latas no saco – quer dizer, se algo estiver danificado posso te pagar...
_Não é necessário, está tudo bem – ela mordeu o lábio e se levantou, ajeitando a saia florida que havia subido um pouco, e Sam momentaneamente havia esquecido da vontade de urinar.
Sansa Stark sorriu e mostrou os dentes brancos dignos de comercial da Colgate, o rapaz podia jurar que havia escutado o "tiiiim" da propaganda.
_A gente se vê por aí – ela disse se distanciando dele e entrando em um Peugeot 508 que a esperava perto da entrada. O conversível branco estava lotado de garotas bonitas, ainda que não tanto quando a dona do automóvel. Ela jogou a sacola com as latinhas na parte de trás e as amigas deram gritinhos quando a ruiva arrancou e Sam relembrou o que viera fazer ali.
_Mal chegamos em New Haven e já está interessado em galinhar... tão típico... – disse Blaine recolocando a bomba de volta ao lugar quando Sam chegava com o donuts dele.
_Não me diga que está com ciúmes... – provocou Sam entregando a caixa para ele e então se inclinou para fazer biquinho para um beijo do amigo.
_Não seja palhaço – retorquiu Blaine pegando a caixa e tomando as vezes de motorista - _Falando nisso, como andam as coisas com a Mercedes... ou a Brittany... sei lá...você sempre muda de garota de um dia pro outro.
_Você falando assim parece que eu mudo de namorada todo ano.
Blaine o encarou e ele preferiu ficar calado, porque se fosse refletir...era bem por esse lado.
_Mas sério, cara, eu não te entendo...olha só... Quinn, Mercedes, Brittany, Santana, Tina, Penny e quase teve algo com a Rachel, não? Digo, olha só o Jake, tanto ficou pulando de uma pra outra e agora está sem ninguém. E ele sempre vai amar a Marley, tenho certeza. Foi o primeiro amor de verdade dele. Quinn foi a sua primeira, né? Digo, por quem você realmente se apaixonou. E a gente ta indo para a faculdade que ela ta, coincidência do destino?
_Ah, cara, isso faz tanto tempo... eu não me importo mais, sabe, superei isso. Assim como tive que superar Mercedes duas vezes, Penny ter me deixado e Brittany ter preferido Santana a mim. Quer dizer, uma namorada preferiu ficar com uma ex namorada minha? Enfim, é como a vida acontece, quero mais é estar solteiro pra aproveitar Yale...gatas universitárias, pra isso sim tudo vale a pena, meu amigo! – o loiro respondeu e olhou pela janela depois que passaram da placa de entrada da cidade, observando o máximo que seus olhos verdes podiam captar.
_Só estou dizendo, você que tem recaídas com ex, estamos indo para a universidade onde Quinn está e talvez...
_Talvez nada, quer saber, as garotas devem ser do nível daquelas do posto...como vou ter tempo de sequer pensar em Quinn Fabray? Chifrado ou não já peguei mesmo, não pretendo repetir, se eu superei a Mercedes, que foi quem mais amei, como terei tempo de pensar em Quinn Fabray?
_Cara, mas amor não tem disso, talvez se reencontra-la vai reacender as chamas da paixão e Kurt sempre disse que...
Sam bufou em sinal de tédio. Como Lady Hummel aturava tanta viadagem? Deveria ser por isso que os dois haviam terminado. Kurt achara melhor terminar com medo que os chifres se repetissem em sua cabeça, o que deixara Blaine devastado e o levou a fazer uma promessa que ficariam juntos quando tudo acabasse. Jesus Cristo, graças a Deus eles já estavam na cidade, não aguentaria toda aquela lorota ao final, com o amigo falando sobre Kurt o tempo inteiro e como se manteria fiel a ele. Blaine reajustou o GPS diretamente para Yale. Ambos tinham combinado dar uma volta para conhecer a cidade, mas ao final o cansaço havia vencido os garotos, ainda que previamente Blaine tivesse estado na faculdade para vistoriar os alojamentos.
Em Yale os calouros eram escolhidos de maneira aleatória, ou seja, nerdmente falando é como se você fosse para Hogwarts e o Chapéu Seletor escolhesse seu destino randomicamente. Haviam 12 ''casas'' em Yale: Berkeley, Branford, Calhoun, Davenport, Ezra Stiles, Jonathan Edwards, Morse, Pierson, Saybrook, Silliman, Timothy Dwight e Trumbull. Cada prédio possui sua sala comum, sua sala de tutoria, lanchonete, refeitório, biblioteca, quartos e tudo o que você pudesse imaginar para facilitar a vida dos alunos. Sendo que todos os freshmen(calouros) começariam juntos pelo Old Campus, onde 7 alojamentos funcionavam como suporte para os alojamentos principais. São eles o Lanman-Wright Hall, Durfee Hall, Farnam Hall, Lawrance Hall, Welch Hall, Bingham Hall e Vanderbilt Hall. Funciona da seguinte maneira: O Lanman-Wright é o alojamento para calouros que pertencem ao Berkely e ao Pierson, Durfee Hall são para os da Morse e assim por diante. Saybrook e Silliman eram os únicos que não tinham dormitórios de suporte para os calouros, você começava e continuava lá até o final. Em seus segundos anos de cursos e já veteranos, os alunos seguiam para os alojamentos principais e lá ficavam até o resto do curso. Não era permitido transferir ou trocar de alojamento por quaisquer razões, a não ser que você entrasse em alguma fraternidade, que tivesse sua própria moradia, o que Sam achava um exagero. Entrar em uma faculdade daquelas com o melhor amigo já tinha sido um sonho e ele estava agradecido por isso. Sam Evans fora designado ao Morse College, portanto seu primeiro ano seria inteiro na Durfee Hall, até ele virar veterano e se mudar para o prédio gêmeo do Ezra Stiles, dois dos mais novos da clássica universidade. Seu melhor amigo havia conseguido mexer os pauzinhos e se utilizar da fama de Cooper Anderson, seu irmão famoso, para ser colocado na Durfee junto com Sam.
Blaine sorriu ao olhar Sam encantado com toda a majestosidade do centro da cidade. Esquecera que o amigo nunca tivera estado ali na vida. O centro histórico, que se desenvolveu ao redor de dois gramados idênticos cheio de olmos gigantescos, ainda tem o ar da antiga Nova Inglaterra, com suas torres neogóticas, bares antigos e bairros operários cheios de casas vitorianas que, apesar de meio caídas, continuam elegantes. Carrinhos de comida e quiosques de churrasco conviviamm com lojas exclusivas e bares estilosos naquele boêmio lugar e os garotos não podiam deixar de pensar que ali seria um local perfeito para dar umas escapadas quando as coisas resolvessem apertar.
_Vamos cara, para de ficar olhando as bandeiras azuis e vamos organizar nossas coisas – disse Blaine dando um tapinha nas costas de Sam.
N/A: Isso dos dormitórios principais e de suporte é tudo verdade. Aliás, fiquei surpresa pela quantidade de alunos que moram em Yale. São em torno de 12 mil alunos, incluindo cursos para pós-graduados, como mestrado e doutorado. Atualmente, por volta de 40 são brasileiros. Os cursos de teatro e direito são bastante prestigiados e famosos nessa univerdade.
