CAPÍTULO 1
Alaska era o mais distante e desconhecido pedaço do país, tão desconhecido para o mundo quanto para nós. Terra quase virgem, mas não livre de assassinos, por isto entrávamos neste mundo. Por isto a UAC fora chamada.
Estávamos no meio de lugar nenhum, já havíamos visto muita coisa, mas trabalhar ali era realmente muito diferente de tudo que conhecíamos. Era o lugar mais distante a que já havíamos ido juntos. Para piorar, o hotel só tinha quatro quartos para nós, assim tivemos que dividi-los. Estamos muito longe de casa, muitos ocupados e cansados para reclamar deste detalhe, num lugar tão pequeno não podíamos esperar muito espaço.
Dividi o quarto com JJ, para minha desgraça isto permitiu que continuássemos uma conversa que deixamos pendente antes de sermos chamados. JJ estava completamente decidida a consertar minha "terrível ausência de vida romântica", como disse, e a casual aparição de Mick Rawson era muito útil a seu propósito. Enquanto estávamos no quarto, nos preparando para dormir, ela voltou ao ataque.
-Então. Vai ligar para ele? – Perguntou.
- Não de novo, JJ! – Queixe-me olhando-a.
- Oh, vamos Emily! – Quase gritou ela. – Poderia funcionar bem: é um agente inglês, sexy, que entende perfeitamente seu trabalho. Acho que é seu tipo. Tem que ligar para ele.
- JJ!
- Porque não quer nem tentar? – Perguntou quase preocupada.
Olhei-a, era minha melhor amiga, não queria ter que mentir-lhe ou guardar segredos, mas as circunstâncias exigiam. Quis dizer algo inteligente, que deixassem as coisas em paz. JJ estava preocupada e tinha seus motivos, minha vida social fora da UAC era mínima, as intenções de minha melhor amiga eram boas.
- Tudo bem. – Disse, por fim. – Se te faz feliz, ligarei para ele.
Com esta última afirmação minha amiga ficou satisfeita, deu-me um amplo sorriso e pudemos conversar de outras coisas. Durante a madrugada tivemos que correr em socorro de Garcia.
Um novo assassinato não era bom sinal, e que nossa adorável técnica visse um homem morrendo em seus braços tornava ainda pior para todos. Penélope preferia se manter distante destas coisas, preferia ficar atrás de suas maquinas, de onde ao menos podia fechar os olhos ou sair para arejar, onde a morte fazia menos dano.
Depois disto ninguém conseguiu dormir, nem sequer tentamos, JJ subiu para confortar Garcia. Recolheram o corpo e já começamos a pensar no caso. Estivemos trabalhando desde muito cedo com a intenção de não parar até ter algo. Que Garcia tivesse se envolvido deste modo foi uma motivação importante para terminarmos o mais rápido possível e voltar para casa. A única pausa foi no meio da tarde, para comermos.
- Então… Mick Rawson?- Perguntou Morgan sentado ao meu lado.
- Que? – Fiquei tão surpresa que deixei de respirar por um momento.
Estava sozinha com Morgan e Reid, que também olhava com interesse. JJ fora procurar Garcia, Rossi estava a caminho e Hotch saira da sala para atender uma ligação. Tinha poucos minutos para encerrar este assunto antes que voltassem.
- Quem te disse isto?
- JJ contou para Garcia e escutei sem querer. – Respondeu sorrindo. – Então, sairá com ele?
- Pessoalmente, acho que não é seu tipo. – Interveio Reid, sem poder evitar. – Ainda que seja um bom agente, tende a se achar um pouco demais, e pelo que lhe conheço, procura um homem capaz e hábil, o excesso de presunção não faz seu tipo.
- Basta gênio. - Disse Morgan. - Vai nos contar de seu encontro, princesa?
- Não! – Disse tentando mudar de assunto.
- Vamos, Emily!
- Morgan, não contarei porque não haverá encontro. – Disse de forma firme e meio desesperada. – Sinceramente, não é assunto seu.
Não queria soar irritada, mas a última coisa que precisava era a equipe começar a falar que havia algo entre mim e Mick Rawson, principalmente porque ele nao me interessava. Lamentavelmente, minha intenção de acabar com isto morreu ali.
- Tem um encontro, Prentiss? – Perguntou Hotch da porta, provavelmente estava ali a alguns minutos e escutou o que dizíamos.
- Ela vai sair com o inglês da equipe de Cooper, Mick Rawson. – Informou Morgan.
- Morgan! – Gritei-lhe irritada.
- Tudo bem. – Disse Hotch sem me olhar. – Acho que Prentiss deixou claro que o assunto não de nossa conta. Vamos trabalhar.
Não me escapou certo tom de amargura e chateação em sua voz, mas não me olhou e nem eu disse nada, até porque o resto da equipe chegou e já não havia como falar em particular com meu chefe.
O caso continuou sem parar, novamente seguimos sem descanso até o inicio da noite. Com Garcia melhor, o trabalho seguia muito mais ágil que antes. Largamos tudo muito tarde e subimos para nossos quartos. JJ iria ficar com Garcia, para poder acalmá-la.
Com a saída de minha companheira de quarto me joguei sobre a cama, realmente estressada. Achei que teria o quarto só para mim, então pus meu pijama e me preparei para dormir, não imaginava que entre os outros tivesse havido um pouco de caos.
Continua.
