Nome do autor: Dione Kurmaier
Título: Meu Porto Seguro
Capa:
-
Ship:
Tom Riddle Jr./Ginny Weasley
Gênero:
Romance/Drama
Classificação:
K
Observação:
Universo Alternativo
Link para a fic se ela já estiver publicada: -

Chall Relâmpago

Tema: Medo

Pandora:

Caixinha de música + A primeira conversa de Ginny e Tom no diário.

Mini Chall TG:

Tema: Desejo

NA: Essa fic é completamente insana. Não sei de onde tirei isso, e nem de onde tirei coragem pra mandar tanto para o Mini Chall como para o Relâmpago. Só sei que gostei e que está ai, como prometido a Miss e a Agata. Um beijo pras duas e espero que gostem.

~*~~*~~*~~*~~*~

Meu Porto Seguro

"Oi."

"Olá, Ginny."

Ela se espantou. Escrevera naquele pequeno Oi em vermelho vivo, e aquele cumprimento em resposta era negro, escrita em floreios. Olhou para os lados, piscou várias vezes, e então, as duas frases haviam sumido.

Seu ouvido zumbia. Fechou o diário e se levantou da mesinha pequena e se deitou na cama, que gemeu fortemente. O silencio que se seguiu fazia com que seu ouvido zumbisse mais, a deixando inquieta e irritada. Então se sentou, fazendo a cama gemer novamente. Abraçou suas pernas, ainda olhando para o pequeno livro preto, que continuava fechado.

Não agüentando mais, se levantou apressada e foi até a mesinha. Pegou a caneta tinteiro e abriu o diário, na mesma página.

"Oi."

"Olá, Ginny"

Ela engoliu em seco. Colocou a caneta em riste novamente e escreveu:

"Quem é você?"

"Meu nome é Tom. Tom Riddle. Esse era o meu diário há 50 anos atrás."

Aquele pequeno livro que aparecera em seu material já tinha um dono. Escreveu rapidamente:

"Desculpe-me, Tom. Não era minha intenção escrever em seu diário. Na verdade, não sabia que ele tinha dono. Apareceu entre minhas coisas e resolvi usá-lo."

"Não se preocupe, Ginny. Não há problemas algum, afinal, ele é tão antigo. Já faz tempo que não tenho uma companhia."

"Não vais mesmo se incomodar?"

"Claro que não. Mas o que te afliges? E não me temas, quero ser teu amigo. Medo não existe entre amigos."

"Não, não existe.

~*~~*~~*~~*~~*~

Ela corria descontroladamente pela empresa de marketing na qual trabalhava. Na verdade, corria o quanto podias com os Scarpins que usava. Foi até o banheiro feminino e se trancou dentro de uma das pequenas cabines que havia ali, e tirou de dentro da bolsa uma caneta tinteiro.

"Tom, já não sei mais o que fazer. Meu trabalho me atormenta, não correspondo mais às expectativas e Harry está desconfiado de algo, mas não sei o que é. E ultimamente tenho tido momento onde perco a consciência brevemente, por apenas minutos. Mas hoje foram por horas. Quando acordei, meu apartamento estava todo bagunçado, e havia vários estilhaços de coisas minhas. Então lembrei que tudo aquilo tinha sido feito por mim. O que está acontecendo comigo, Tom?"

"Você já contou isso para mais alguém?"

"Harry está desconfiado, como já disse. Disse que quer ir a um psicólogo, acha que estou sobrecarregada do trabalho e estou fugindo, ficando reclusa. Estou Tom?"

"Não, minha querida não está. Tenha calma e respire fundo. Não tenha pressa de sair. Agora, como você lembra?"

"Vêm todas as lembranças. Tudo que fiz como joguei as coisas, tudo. Vem muito rápido, e eu fico com uma enorme dor de cabeça. Não agüento mais isso."

"Vá para a casa. Descanse. Durma. Diga no trabalho que precisa de tempo. Fique calma. Lá nós conversamos, está bem?"

"Claro, Tom."

Quando ia fechar o diário, o abriu novamente.

"Tom?"

"Sim, pequena?"

"Muito obrigada. Por acreditar em mim."

"Não tenha medo de nada, criança. Estarei sempre aqui, com você. Ao seu lado."

"Sei que estará Tom. Sempre.

~*~~*~~*~~*~~*~

A caixa de música aberta, os passos ecoavam no piso de tacos de madeira. Ginny dançava como quando era criança, quando praticava ballet graças à insistência de música. A caixinha de música, um presente dos pais, era antiga, mas era sua relíquia.

Havia deixado o diário aberto. Assim, Tom poderia ouvir tudo, sentir tudo. Assim Tom poderia ouvir seus passos sobre os tacos e poderia cantar em seus ouvidos. tom estava sempre com ela, sempre. Atualmente a ligação entre eles era tão forte que já não havia necessidade do objeto. Era apenas um costume uma mania.

Uma mania como aquela de dançar ballet com a música da pequena caixinha negra todos os dias quando chegava a casa, como aquela mania que tinha de que sempre Tom deveria saber de tudo que acontecia consigo, ou a mania de escrever somente com aquela única caneta tinteiro.

Falando em sua caneta, tinha que recarregá-la, pois sua tinta já acabava.

A música havia terminado, e ela sentia que tom queria se comunicar com ela. Mas não através do diário. Foi até o pequeno livro e não encontrou nada ali. Nenhuma escrita em caligrafia perfeita ou altruísta. Absolutamente nada. Procurou nas outras folhas do diário e nada.

Algo gelado subia em sua espinha. Como havia perdido tudo? Mas estava tudo ali até minutos atrás, quando havia deixado o pequeno objeto aberto, para poder dançar. Não havia nada escrito em negro ou vermelho. Era tudo pardo, da cor do papel.

"Tom? – ninguém respondeu. – Tom, onde está você? – Girou em volta do pequeno quarto onde morava, e olhava para tudo. – Tom, eu preciso de você!"

"Estou aqui, pequena." – A voz vinha de si, mas também vinha do espelho.

Foi até o espelho, outra relíquia de sua antiga casa. Havia sido de sua mãe, e com o incêndio de sua casa, assim que havia atingido a maioridade, fora poucas as coisas que herdara. Sempre conversara indiretamente com o espelho quando criança, quando se sentia aflita ou insegura. E agora, ela via seu reflexo, mas a voz que saía de sua boca era outra.

"Eu lhe disse que sempre estaria com você."

"Mas então, quem é você, Tom?"

"Eu sou você, Ginny. Eu sou seu refúgio, seu porto seguro. Eu sou um ponto alto dentro de você mesma."

"E o diário? como ele apareceu nas minhas coisas?"

"Era uma forma mais segura de eu me expressar com você, com o seu Eu Ginny. Eu comprei o diário, e você via a minha letra e a sua, sendo que eram duas. Aquele diário era compartilhado com você mesma."

"Mas, e tudo que senti? Senti que era outra pessoa, não eu..."

"Eu sou o seu outro lado, Ginny. E quando você fica inconsciente, sou eu."

"Mas se você sou eu, por que você me destrói? Por que você faz tudo isso? eu me sinto mal depois!" – Ginny agora chorava. Tom era ela. Simplesmente ela. Ela não tinha mais um porto seguro, como ela dizia. Ela só tinha o vácuo, que um dia havia sido ocupado por ele. Por Tom.

"Por que você tem medo. Por que você é fraca e não vê. Tenta ser forte, mas ao mínimo sinal de fraqueza, foge para mim novamente. Você não se merece." O desprezo que havia ali era maior que tudo.

"Não! Não Tom, não me fira assim! Por favor, lhe imploro!" – Ela gritava e chorava. Aquilo era uma tortura para si. Esmurrou o espelho até vê-lo se quebrar em pedaçinhos. O objeto era de seu tamanho, e vários cacos caíram sobre seu corpo.

Olhou em um extremamente grande e não viu olhos castanhos ali. Viu olhos negros mesclados com um vermelho sangue, como a tinta. A tinta que ela e Tom usavam. Não. A tinta que ela usava. Aquilo era uma tormenta, ela não conseguia mais ter controle.

Ela tinha medo de si. Medo do que Tom poderia fazer controlando-a. Medo do que ele fazia. Medo de como ele usava seu corpo. Tom a invejava desejava seu corpo, e sua mente. Desejava manter o controle para sempre, a fazendo enfraquecer. E ele havia conseguido. Tom já não era seu amigo. Era seu medo.

Já não era mais Ginny. Mas também não era Tom. Apenas viu suas mãos brancas pegarem vários cacos de espelhos grandiosos e logo uma dor súbita em seus pulsos, em seus braços e suas pernas. Estava se mutilando, e já não mais lutava.

Ela não ganhava aquela luta. Nem Tom. Tom não existia somente Ginny. Mas eram dois que morriam naqueles tacos de madeira. O sangue de Ginny era uma mistura de vermelho e negro. Assim como sua mente. Assim como Tom.

FIM