AVISOS: Nem Kuroshitsuji e tampouco seus personagens me pertencem. São de propriedade única e exclusivamente de Yana Toboso. Fic feita sem qualquer fim lucrativo. Apenas como um meio de me entreter e entreter aqueles que apreciam o que escrevo.
Espero que apreciem minha humilde fic.
-X-
I Love You... Nevermore...
Central dos Shinigamis. Depois da biblioteca, aquele era o lugar mais pacífico para se ficar e se concentrar em seus afazeres. Pelo menos, era isso que William T. Spears pensava do lugar... Especialmente depois de um dia atribulado e... Psicologicamente estressante como aquele. O shinigami de cabelos escuros e porte altivo e sério achava-se naquele momento analisando os relatórios das missões dos outros shinigamis que lá trabalhavam. A frieza e a fúria eram perceptíveis em seu olhar esverdeado e sério, o semblante de seu rosto duro e concentrado. A mão que segurava a pena trabalhava rapidamente no ato de assinar os relatórios que estavam à sua mesa. No entanto, a mesma mão que segurava a pena... Achava-se trêmula. Trêmula devido a um sentimento que se apossava do corpo de William como um veneno fatal, que dilacerava suas entranhas, fazia seu coração pulsar atravancado contra o peito, causando um nó em sua garganta. Um nó que, no momento, parecia muito difícil de descer por ela.
Ódio.
O que William sentia naquele momento era um ódio imensurável, que estava lhe cegando e corroendo por suas veias e seu corpo como uma onda escaldante, fazendo com que um gosto amargo de repente aparecesse em sua boca.
William sentia ódio de si mesmo.
Sim. Ele sentia naquele momento ódio de si mesmo. Por ter se deixado levar. Por ter se permitido sentir.
William sentia nojo de si mesmo.
Sim. Além do ódio mortal, o shinigami sentia-se enojado de sua figura, de seu corpo e principalmente... De sua alma.
Sua alma, antes considerada pura e intocada agora estava maculada. O shinigami por inteiro estava maculado. Maculado pelo pecado da luxúria.
E este pecado tinha sua personificação. Uma personificação capaz de fazer qualquer um sentir-se parte do inferno. Uma personificação cujo pecado exalava por cada ínfimo poro de sua alva pele. Uma personificação cujo nome soava tão... Incrivelmente sedutor que nem mesmo a mais pura criatura presente na face da terra resistiria.
Sebastian Michaelis.
A mão de William que segurava a pena tremeu ainda mais quando o nome do mordomo, ou melhor, do demônio lhe atingiu a mente, fazendo com que seu corpo ficasse incrivelmente tenso. O homem alto e de porte elegante cujos olhos avermelhados que se destacavam juntamente da pele alva e dos cabelos negros que servia ao conde Ciel Phantomhive... Era ele o motivo do seu ódio quase que... Infernal. Antes de tudo aquilo acontecer, William tinha um ódio diferente do que sentia naquele momento. Era um ódio que todo e qualquer shinigami poderia sentir ao se confrontar com um demônio. Mas por culpa de uma missão no circo Noah's Ark, ambos acabaram tendo de ficar na mesma tenda próxima do mesmo... E foi naquela noite em que tudo começou.
-...
De sua garganta, voz alguma saiu. Tivera de fechar os olhos devido às lembranças daquela maldita noite onde... Sentira-se no inferno pela primeira vez. Jamais em toda a sua 'vida' sentira algo como aquilo... Os beijos do demônio eram como uma espécie de licor. Entorpecentes, hipnotizantes... Viciantes. Embriagavam seus sentidos lentamente, mergulhando-o em um estado de transe completo. Sentia sua pele arder em brasas de desejo quando aquelas mãos pálidas de unhas negras lhe tocavam, despertando-lhe os desejos mais secretos. Estremecia ao ouvir a voz baixa e banhada pela luxúria lhe dizer coisas belas e provocantes, excitando-lhe brutalmente. E quando ele o invadia sem qualquer piedade ou hesitação... Era como sentir seu corpo sendo acometido por brasas infernais, que misturavam malícia com desejo e luxúria. Era nesses momentos que abandonava sua postura certinha e se entregava a um prazer inflamável: Chamava pelo nome dele incontáveis vezes, agarrava-se nele e o puxava de encontro a seu corpo como se desse ato pudesse ultrapassar de vez os limites do corpo, unindo-se assim à alma corrompida do demônio.
Com uma força descomunal, o shinigami bateu com o punho sobre a mesa onde trabalhava, o baque ecoando pela sala.
- DEMÔNIO DESGRAÇADO!
Sua voz saiu incontrolavelmente alta, expressando assim toda a sua raiva e frustração. Em seguida retirou os óculos. Agradecia a quem quer que fosse por estar totalmente sozinho naquele momento... Senão com certeza alguns pulariam de susto. Até conseguia imaginar alguns curiosos – como o 'Shinigami Vermelho' – chegando ali e perguntando o que acontecera. Mas seria uma questão de instantes para mandá-lo longe... Em seguida retirou os óculos, deixando-os sobre a mesa e cobrindo o próprio rosto com as mãos, um suspiro trêmulo e... Frustrado? Sim. Um suspiro frustrado. O nó em sua garganta aumentava.
"Como fui decair assim... Como pude deixa-lo me confundir... Me manipular... Me seduzir... Me tocar... Me fazer agir como... Como... COMO UM IDIOTA APAIXONADO?"
As mãos enterraram-se nos cabelos. O ódio agora tinha se transformado em uma tristeza intensa. Sentia o coração bater dolorido contra o peito. Naquele momento, as lembranças iam e vinham sem que o shinigami moreno pudesse contê-los. Lembrava-se dos encontros furtivos, das noites secretas e – por que não dizer... - Tórridas que tiveram... Dos beijos roubados... Das discussões, das brigas, enfim... De todos os momentos no qual vivera com o demônio... Inclusive do fim.
E aquele era o que mais lhe doía...
Doía-lhe, pois o mesmo demônio que antes lhe jurara amor... Agora devia estar em meio às chamas infernais, divertindo-se com os outros tantos demônios, rindo de sua tristeza e frustração.
Na certa, era considerado uma piada para o demônio naquele momento.
"Você ainda se arrependerá de todo o mal que causou demônio maldito... Espere para ver..."
Foi o que o shinigami pensou colocando novamente os óculos no rosto, voltando à postura altiva e séria, seu olhar mirando de forma gélida para os vários relatórios ainda por assinar. Organizou-os do seu costumeiro jeito metódico e se pôs a assiná-los com toda a calma. Como se a fúria de alguns instantes atrás jamais tivesse sido libertada.
Mas mesmo que sua postura fosse aquela, por dentro... Sentia-se em ruínas... Pois nunca mais ouviria daquela voz rouca e provocante... Nunca mais sentiria daquela volúpia que somente o demônio lhe fizera sentir... Nunca mais sentiria daquele corpo quente sobre o seu...
Nunca mais o ouviria dizer "Eu te amo"... Como uma vez dissera.
Fic finalizada em 03 de Novembro de 2010.
Presente para Chibi Murder e Mad Wonka, administradoras do fórum SCI.
