CAPITULO 1: O ACORDO - SAKURA
O brilho daquela noite de lua cheia, ainda que fraco, foi o suficiente para iluminar a batalha, que havia chegado ao fim depois de uma longa luta. O vento gélido que cortava meu rosto, combinado com os estragos na paisagem a nossa volta, pintava de dantesca toda a cena. A morte estava em todos os lugares: no céu nublado e vazio de estrelas, na terra escura remexida com raiva, nas árvores secas partidas em várias direções, no silêncio mórbido de uma floresta estranhamente abandonada, nos corpos que jaziam inanimados, resultados da nossa vitória, a poucos metros, sem qualquer padrão, e nos rostos conflituosos de seus assassinos... Embora ficássemos todos aliviados por não sermos nós os caídos no chão ao final de um confronto, não era possível sentir nada além de dor ou pena. Sim, proteger a vila estava acima de qualquer coisa e nenhum de nós cogitava o contrário. Sim, o papel de um ninja envolve a dor constantemente e todos nós havíamos escolhido esse destino de livre e espontânea vontade. Sim, combater ninjas inimigos era nosso dever e, sim, mortes faziam parte do nosso cotidiano. Mas não pensariam o mesmo a respeito de suas aldeias e seus amigos os shinobi contra os quais lutamos?
Essa desunião com que os países, aldeias e vilas se tratam ultimamente em nossa terra não me parece justa, mas tampouco me cabe questioná-la, até porque, mesmo que o fizesse, não saberia como nem o que propor em alternativa. De modo que sigo apenas me lamentando, por vezes raivosa da inércia imposta a mim por todos e por mim mesma, mas sem nunca rompê-la de fato. E tudo isso piorava quando eu me via obrigada a contribuir com a injustiça. Há poucos minutos, um dos três homens derrubados à minha frente fora morto por minhas mãos, as mesmas que curavam orgulhosas os meus amigos.
As coisas costumavam ser mais fáceis quando eu era menina demais para aprofundar as justificativas dos meus atos como ninja para além do maniqueísmo entre bem e mal, nós e outros. Agora, o clima entre as nações estava esquentando e as alianças se dissolvendo; o perigo de uma guerra parecia iminente e a consciência acerca dela, inevitável a qualquer um que se envolvesse diretamente, como nós.
_ Sakura, Naruto! Vocês estão bem? – Kakashi nos dirige um tom ainda misturado de adrenalina e preocupação. Quando se volta para mim, estranho seu olhar: não podia entender se estava vazio, tentando se encher de alguma coisa, ou cheio, tentando se esvaziar. Nunca havia pensado nisso nem ele compartilhava nada do tipo, mas talvez ele sentisse o mesmo que eu sobre toda essa história. Uma empatia nova foi surgindo dentro de mim pelo sensei que sempre admirei de longe e com ela uma vontade de entendê-lo, de conhecer sua história. Há tanto tempo convivíamos e tão pouco nos conhecíamos...
Ele sustenta meu olhar, por um momento parecendo ler o mesmo nele e depois sugere que saiamos logo dali. Queria acrescentar algo mais, percebi, mas hesitou e desistiu, virando-se, por fim, na deixa de que o seguíssemo que fazemos.
No caminho de volta à Aldeia da Folha, retorno aos meus pensamentos, incapaz de tirar da mente o olhar daquele homem logo antes de morrer. Ele veio até mim com uma última e desesperada investida, pese ao nosso mútuo e já próximo esgotamento, bradando suas últimas forças, erguendo uma última vez sua espada à altura de minha cabeça. Rapidamente levantei duas kunais para bloquear o golpe, cuja força irradiou-se em cheio pelos músculos dos meus braços fazendo-os estremecer. Olhamo-nos numa ameaça silenciosa, as faces contorcidas de dor e determinação – talvez até de uma raiva momentânea. Ao fundo os sons da luta dos meus amigos, que, sem poder olhar, me preocupavam. Um segundo e ele faz outro movimento, direcionando sua lâmina às minhas costelas. Bloqueio-o novamente, agradecendo a insistência passada de Tsunade em que eu melhorasse meus reflexos, e giro-me imediatamente em um dos calcanhares até me posicionar ligeiramente a suas costas, enquanto solto a kunai e concentro o que me sobra de chakra no punho ao desferir-lhe um golpe no mesmo lugar em que ele tentara atingir-me, um segundo atrás. Sinto seus ossos se quebrando baixo minha mão e sei, pela sua reação, que devem ter perfurado um pulmão.
O homem cai para frente, soltando sua espada, mas não leva as mãos ao ferimento; ao invés disso, se vira de costas e as arqueia, num gemido fraco e sem fôlego, num olhar desesperado e sem rumo, numa tosse afogada de sangue. Aproximo-me dele, sabendo o que teria de fazer, e ele me olha, a princípio assustado, depois entendendo e até mesmo pedindo que eu acabasse logo com aquilo. Pego sua espada do chão e a enterro fundo em seu coração. Um suspiro e fim. "Ele morreria de qualquer jeito, depois de algumas horas", tento consolar-me. "Você só encurtou seu sofrimento", mas isso não melhora as coisas.
Observo meus companheiros de equipe correr em silêncio pelas copas das árvores ao meu lado: tinham o meu mesmo olhar perdido, provavelmente absortos em suas próprias culpas. Ainda não estávamos completos e agora nunca estaríamos. Sasuke tinha se deixado consumir pela ganância e o desejo de vingança, o que o levou ao seu fim. A aldeia foi obrigada a matá-lo, em defesa própria, e não houve nada que pudéssemos ter feito para salvá-lo. Naruto ficou ainda mais arrasado que eu e, mesmo que tivesse se passado quase um ano desde então, tenho certeza de que ele ainda se sente impotente por isso.
Passamos pelos portões em silêncio e assim seguimos até Naruto se despedir e dobrar sozinho a esquina de sua rua. Eu e Kakashi ainda teríamos alguns caminhos em comum até ter de nos despedirmos, porém não quebramos o silêncio. Sempre o admirei, mas, de uns tempos para cá, meu interesse parecia aumentar cada vez mais, embora eu raramente percebesse. Ele caminhava com as mãos nos bolsos da frente da calça, como de costume, numa postura relaxada – ou talvez cansada – e com a cabeça baixa, olhando tanto o chão, que quem não o conhecesse acharia que precisasse cuidar para não tropeçar nos próprios pés, um pouco desproporcionais para seu tamanho. Solto um riso tímido, achando graça de para onde me levam meus devaneios, mas, quando meu antigo sensei me olha, um tanto curioso, abaixo novamente a cabeça e os cantos da boca, não sei se me sentindo culpada ou envergonhada.
_ Está tudo bem, Sakura? - há muito tempo os sufixos deixaram de ser necessários entre nós. Como adultos e amigos, tratar-nos por aluna e mestre já não fazia sentido, ainda mais agora que trabalhávamos como ninjas de mesmo nível.
_ Sim, não se preocupe.
_ Ainda sente falta do Sasuke, não é? – atencioso e gentil... Essa familiaridade sempre me conforta.
Olho para ele e me perco por um segundo em sua expressão escura e sombria – de fato parecia cansado -, tentando entender que intenção ela tinha ao trazer esse assunto à tona. Não sei por quê ainda tento tirar-lhe alguma resposta...
_ Eu sei que não havia nada que pudéssemos fazer. Foi escolha dele. Já me conformei com isso. – desvio o foco para o caminho à minha frente, na intenção de tampouco deixar-lhe fitar meus olhos em busca do que eles escondem.
Ele hesita por um tempo, parecendo escolher o que ou se dizer.
_ Os sentimentos não precisam fazer sentido, você sabe.
Mas ele está falando de mim ou dele mesmo? Sim, eu sentia falta do Sasuke, mas mais pelo que ele representou na nossa história como equipe e amigo. Já não tinha sentimentos por ele como antes, quando era uma garotinha boba que achava que sabia algo sobre estar apaixonada - não que agora eu soubesse... Decido, então, não responder e ele não prolonga o assunto.
Logo chegamos a minha casa e paramos, um de frente para o outro, a fim de nos despedir. Ele costumava ser bem mais alto que eu, mas nos últimos anos diminuí consideravelmente essa diferença, que agora deveria ser de uns poucos oito centímetros, no máximo. Enquanto nos olhamos em silêncio, a lua sai de detrás de uma nuvem espessa e ilumina o rosto do homem de cabelos grisalhos a minha frente, fazendo brilhar seu olho direito, única parte descoberta de seu rosto, e produzindo nele sombras de suas feições, tapadas pela máscara. Os anos lhe fizeram bem, devia ter por volta de trinta agora, mas parecia mais bonito do que nunca, embora eu apenas tivesse visto seu rosto uma vez, de relance, numa missão. Naquela época, tinha 16 anos e a rápida visão de sua face fora tão impactante para mim que quase tive problemas com as fantasias causadas por ela. Sorri e, pelo calor que subiu às minhas bochechas, tenho certeza de que corei um pouco com a lembrança, ainda olhando para meu velho amigo, que também esboçou, sem entender, eu acho, um leve sorriso por baixo do tecido azul que cobria seus lábios. No que estaria pensando?
_ Oyasumi, Kakashi.
_ Oyasumi, Sakura. – disse-me ele, logo antes que eu fechasse a porta de casa.
Levantei assustada, no outro dia! Um barulho estridente me acordara de golpe, deixando-me tonta por alguns segundos. Só entendi do que se tratava quando a voz repetiu, ainda mais alto:
_ Sakura-chan! – é claro que eu já sabia quem era seu dono...
Não espero chegar até a janela para gritar em resposta, irritada:
_ Ah, Naruto! – Quando olho para baixo, a vergonha afasta a raiva e me inunda o rosto, provavelmente ainda amassado e emoldurado de cabelos bagunçados. Alguns de nossos amigos estavam com ele: Kiba e Akamaru, Ino, Kakashi, Asuma, Kurenai e Hinata, é claro – Ah, oi, pessoal... – é o único que consigo dizer, sorrindo feito boba.
_ Ei, Sakura, a Hokage quer nos ver. E depois vamos ao Ichiraku. Você quer vir?
_ Hai. – recomponho-me – desço num instante, está bem?
Gostaria de ter algo mais que um instante para me arrumar, mas o susto acabou me despertando afinal, e eu não poderia deixar Tsunade-sama esperando. Ela deveria ter uma missão realmente importante para chamar tantos de nós. E importante, no nosso caso, significaria perigosa e cheia de mortes. Estremeço e me visto como tenho feito nos últimos dias: sempre preparada. Fazia um tempo que não tirava mais que o pijama ou a corriqueira roupa de missão do armário.
Ao chegar ao escritório da neta do primeiro Hokage, extranhei sua expressão quase relaxada, mas não disse nada, esperando que ela explicasse.
_ Ohayo, senhora – fomos dizendo, um após o outro – Shizune , Mestre Jiraiya. – este, que havia assumido seu relacionamento com Tsunade há algum tempo e já não saía de perto dela.
_ Ohayo, amigos. – ela começou – Hoje, tenho uma boa notícia para dar a vocês. Como bem sabem, estamos passando por tempos difíceis e os conflitos com outras nações não têm nos deixado outra opção que não preparar-nos para dias ainda piores. – ela fez uma pausa e passou a mão em sua testa vagarosamente enquanto soltava um longo suspiro, visivelmente esgotada – A propósito, Naruto, Sakura, Kakashi, parabéns pelo sucesso em sua última missão – lançando-nos um sorriso que não passou de um leve encurvar-se de seus lábios finos e antes tão bem pintados, mas agora secos e cheios de pequenos machucados. Retribuimos o gesto em silenciosos acenos de cabeça – Enfim, felizmente, nós conseguimos, juntamente com a Aldeia da Areia, firmar um acordo de paz provisório com a Aldeia da Nuvem e algumas outras do País do Vento. É claro que não devemos baixar a guarda, mas isso pode nos dar alguma brecha para negociações futuras e, quem sabe, expandir o acordo.
Ela nos dirige dessa vez um sorriso mais largo e sincero, um pouco aliviado, eu diria, e acrescenta num tom mais leve:
_ Sugiro que aproveitem os próximos dias para descansar, vocês merecem. Têm feito muito por nossa vila e pode ser que tenham de fazer mais, embora eu espere que isso não seja necessário. Acho que não teremos missões duras por algum tempo.
_ Sugoi! – isso deveria ter sido filmado. Naruto animado por não ter uma missão?
_ Quais foram os termos do tratado, senhora? – entendo a preocupação de Kakashi, no entanto o olhar que Tsunade-sama lhe dirige não pareceu nada satisfeito com sua curiosidade.
_ Trata-se, basicamente, de um acordo mútuo de não intervenção...
_ Oro? – Naruto a interrompe, pedindo maiores explicações, ao que ela atende com certa impaciência.
_ Significa que concordamos não desconfiar, investigar ou investir contra os demais signatários, bem como não fazer acordos com seus inimigos. Não é como a aliança sólida que temos com A Aldeia da Areia, mas já é alguma coisa.
_ Mas, senpai, isso não pode ser perigoso? – Apressa-se Kurenai – Quero dizer, eles podem estar tramando algo por trás da aparência de um acordo. Se concordarmos em não investigar, ficaremos às cegas.
_ Isso já foi pensado. Ter assinado o acordo não significa que o seguiremos.
_ Nani? Como assim? – seria engraçado ver o Naruto boiando na situação se a Hokage não estivesse tão impaciente. Cutuco-lhe as costelas, um pouco forte demais, receio, para chamar-lhe a atenção e ele se contorce de leve.
_ Vamos continuar com as investigações. Infelizmente, não podemos confiar em ninguém. Shikamaru já está bolando uma estratégia que dificulte sermos percebidos e, se tudo der certo, traremos outras aldeias para dentro do acordo. Com o tempo, a confiança virá e nossas alianças se reestabelecerão, eu espero.
Com essas explicações todos ficam satisfeitos, ainda que eu não estivesse certa de que o Naruto entendera tudo. Conversamos com Tsunade um pouco mais, relatando-lhe novidades da aldeia e depois nos dirigimos até a saída, na intenção de ir comer ramen no Ichiraku, como havíamos combinado mais cedo. Entretanto o grupo acabou se dispersando, talvez preocupados ainda com a situação, talvez planejando outras coisas para os dias de folga que se seguiriam. Acabamos restando somente eu, Naruto e Hinata. Eles não diriam, mas percebi que estava sobrando e decidi deixar os dois pombinhos ter um momento só deles.
Despedi-me com um aceno e um sorriso. Era uma felicidade ver que os dois estavam finalmente assumindo seu amor, que estavam felizes e apaixonados e era também um alívio perceber que tinha um tempo para mim, mesmo que eu não soubesse muito bem o que fazer com ele. Não ter um namorado nessas horas é frustrante, penso, mas logo afasto também isso de minha mente e vou correndo à casa na expectativa de uma boa ducha e uma roupa mais fresca, diferente, para variar.
Após o longo e relaxante banho do qual me dei ao luxo, saio de toalha para o quarto, com os cabelos ainda pingando, e paro em frente ao espelho que tenho no quarto e que vai do chão ao teto. Observo o reflexo de minha pele clara ainda corada da água quente do chuveiro, depois me descubro e fico me olhando nua pelo espelho.
_ É, Sakura, essa rotina maçante acabou te fazendo muito bem, afinal. Olha só para você! Que pernas são essas? – digo a mim mesma, colocando um sorriso de satisfação no rosto e decidindo que deveria vestir algo que mostrasse um pouco delas.
Vou até o guardarroupas e vasculho pelas peças. Não costumo vestir-me de forma muito vaidosa, minhas roupas são bonitas, mas sempre simples. Talvez devesse escutar mais os conselhos de minha amiga Ino. "Mas o que é isso?", penso enquanto tiro um vestido branco do cabide, tentando me lembrar de quando o havia comprado. Era de um tecido bem leve, estampado escassamente com flores de cerejeira, numa brincadeira metafórica com meu nome. Tinha um corte meigo que o deixava quase esvoaçante na saia, de comprimento médio, um pouco acima do joelho. O corpo era firme e justo, sem decote, segurado por finas e delicadas alças duplas. "Este, definitivamente, não é o tipo de roupa que eu uso", rio um pouco. Pouso-o sobre o meu corpo e vejo como poderia ficar em mim, já que não me lembrava de tê-lo usado. Realmente fica muito bonito quando o provo, pelo que decido usá-lo. A verdade é que uma mudança de hábito é bom de vez em quando.
Ao sair de casa, minha mãe me dirige um elogio, de modo que acabo descobrindo que a roupa fora um presente seu, o que me deixa ainda mais feliz em usá-la. O sol brilhava lá fora, em contraste com o céu azul e limpo, como se fosse outro presente para mim. Respiro profundamente, enquanto caminho sem rumo pela vila, tentando absorver cada aroma daquela tarde: uma loja de doces, algumas casas a frente, vendendo balas e chocolates a crianças agitadas; uma casa de chá logo ao lado, cheia das mais variadas ervas; um carrinho de algodão doce levemente frequentado na esquina; uma mãe que entregava o almoço ao filho ao meu lado e vários tipos de perfume indo e vindo pela rua, se misturando e distinguindo ao mesmo tempo. Tudo parecia tão calmo e corriqueiro que, por um momento, eu quase esqueci que estávamos sob alerta.
Apenas percebi aonde meus pés me levavam quando me dei por conta que já estava sobre a ponte que dava para uma parte mais afastada e calma da vila. Ali na beira, sentado, parecendo meio desnorteado, estava um homem alto de cabelos muito claros, atirando preguiçosamente e sem jeito pequenas pedrinhas na água. Se não fosse a máscara pousada sobre suas têmporas, não o reconheceria, pois também vestia diferente do habitual uniforme jounin. Encontrei uma pedra lisa no chão e me aproximei dele.
_ Você tem que jogá-las assim, olhe. – demonstrei-lhe, fazendo a pedra quicar três vezes na superfície antes de mergulhar na água, então o olhei sorrindo, sem me importar com seu desconcerto ao ver-me assim de surpresa.
_ Oi, Sakura. V-você está... – disse ele, um tanto exaltado e logo se reprimindo.
_ Oro? – mas então me dei conta de que ele se referia ao vestido, mesmo que não fosse falar abertamente, era muito reservado – Ah, você gostou? Foi um presente de minha mãe.
Segurei a ponta da saia rodando-a um pouco e então me sentei ao seu lado, as pernas dependuradas da ponte, pensando que seria uma boa ter alguém para conversar e passar o tempo. Ele era sozinho, como eu. Nossos amigos, se não estavam em missão, estavam sempre ocupados com relacionamentos e encontros e abraços e beijos e outras coisas... Embora eu achasse que Kakashi devesse ter uma namorada por aí, nunca o vira com ninguém e eu sentia que esse fato compartilhado nos aproximava de algum jeito. Tampouco tive outra paixão além de Sasuke, quanto mais uma relação séria.
_ E então? Já tem planos para os dias de folga?
_ Na verdade, não. Ainda estou meio perdido com essa coisa de "descansar". – Ele faz menção de uma piada, por sua cara de ironia e o jeito como enfatiza o termo descansar, insinuando aspas com as mãos, mas não pego a graça e ele fica sem jeito.
_ Acho que não ter o que fazer faz parte do "descansar". – tento imitar seu gesto, mas parece ainda mais bobo em mim, dou uma risadinha disso e ele fica mais tranquilo.
_ É, acho que tem razão. – ele sorri – E você? Algum plano? – me olha parecendo interessado.
_ Também não. Talvez eu passe algum tempo no hospital, para me sentir útil.
_ Parece uma boa ideia.
Hesito, depois de algum tempo em silêncio olhando para o horizonte, numa vontade estranha de manter sua companhia, mas por fim lhe pergunto:
_ Kakashi, não quer me acompanhar numa caminhada?
Ele pareceu surpreso com a minha iniciativa, mas aceitou. Caminhamos um bom tempo juntos, rindo e recordando aventuras do nosso passado, nosso tempo como a equipe ninja número sete. Mal vimos o tempo passar.
