Já tinha passado uma semana. Uma semana no vazio. Sem alma, como se metade de si tivesse sido arrancada, em conjunto com a metade do carro do seu querido irmão.

Bill e Tom riam-se. Quando Bill viu, já era tarde demais. Metade do carro tinha sido arrancada por um camião, com seu irmão lá dentro. Choque percorria por sua cara. Depois medo, depois lágrimas. Foi tudo tão depressa. Sangue por todo o lado. Bill correu para a metade do carro no outro lado da rua. Viu Tom olhar para ele, sorrindo. "Amo-te" Tinha Tom dito, baixinho. Bill caiu ao seu lado com lágrimas nos olhos. "Tomi, Não me deixes! Não, Por favor!" Gritara ele, mas Tom já tinha fechado os olhos.

Bill lembrava-se de tudo. As lágrimas voltaram aos seus olhos ao lembrar-se desse dia, o dia mais triste da sua vida.

Sentiu uma presença no quarto. Ele não tinha medo, porque não acreditava em fantasmas, mas aquela presença era alguem, disso tinha a certeza. Mas não sentia medo, era alguem agradavel, disso tinha a certeza. Fechou os olhos. Ouviu alguem chamar por seu nome. Tentou ignorar, pensando que seria só o vento. Outra vez seu nome, murmurado por alguem.

Ele olhou e viu Tom.

"Tom?" disse Bill. Tom sorriu. Bill esticou o braço para tocar na mão de Tom, mas sua mão transpassou a do seu irmão. Em vez de quente e sólido, ele era frio e quase gasoso. Como se não existisse, um ar pouco mais expesso do que o resto, diferenciado pela temperatura. Bill não estava sonhando, e muito menos alucinando. "Tom" Disse ele,desta vez num tom de alegria em vez de interrogação."Amo-te." Continuou, com lágrimas a escorrer-lhe pela face. Lágrimas de alegria. "Tambem te amo" disse Tom, com uma voz suave, mais suave do que o normal. "Estou aqui para te levar comigo."Continuou."Isso é, se quiseres claro." Finalizou.

"Quero, claro que quero" Bill sorriu."Hihi. Pareces um anjo Tom."

"E sou um anjo. O teu anjo." Tom emporrou Bill levemente para cima da cama, deitando-o. Depois deu-lhe um leve beijo nos lábios. Bill sentiu uma estranha dor no coração. Depois frio. Depois...nada. Levantou-se e reparou que tinha sido mais fácil do que nunca. Parecia estar mais leve. Olhou para trás e viu-se a ele próprio deitado na cama, pálido, frio... morto. Olhou para Tom.

"Estás com medo?" perguntou Tom, preocupado.

"Não" disse Bill, impercionado. Ele realmente não sentia medo.

"Estás pronto para ir?" perguntou Tom.

"Sim" repondeu Bill.

Pegaram na mão um do outro e voaram, para bem longe dali, para bem longe de tudo, para um local lindo sem dor, sofrimento, sem ninguem para os impedir que se amassem em liberdade. Sem papparazzis. Só eles os dois, para toda a internidade.