Capítulo Um
— E aí? – ele perguntou alegremente, quicando no lugar. – O que achou dela?
Eu revirei os olhos, agradecendo por estar de frente para a pia cheia de louça e de costas para ele.
Sem vontade de responder, apenas dei de ombros.
— Sei lá.
Não queria dizer à ele que eu já conhecia Lauren há algum tempo e sabia que ela era uma vaca.
— Não gostou dela, não é?
De algum modo, me pareceu que ele estava sendo sarcástico. Eu suspirei pesadamente.
— Só acho que ela é um pouco... fácil... demais. – comentei. – Mas sabe que eu só estou dizendo isso por que está perguntando. Não tenho nada a ver com seus namoros. – completei.
Há pouco mais de um ano, Edward havia descoberto a existência de garotas – ou melhor: as garotas descobriram a existência dele.
Era sempre assim; sempre uma garota nova, sempre um jantar no Lodge. Mas o segundo encontro (que não era muito comum; apenas uma vez por mês, em média – e olhe que ele saía com alguém quase todo dia!) era sempre na minha casa.
E, claro, eram sempre as piores garotas. Gosto de pensar que ele não sabe quão vazias e fúteis são todas elas.
— Sabe que me importo com a sua opinião.
Eu ri levemente e continuei lavando a louça.
— Vou terminar com ela. – ele disse de repente.
— Edward! – eu o repreendi, virando para ele. – Tá, ela é uma vadia, mas não precisa terminar com ela por que eu disse isso!
E então ele riu. Aquele som relaxado e contagiante. Sinos badalando.
— Legal. Primeiro você chuta, e depois acaricia. – ele riu de novo.
Me virei de volta para a louça.
— Você é doido. – reclamei, sorrindo apesar de tudo.
— Mas você ainda me ama, não é? – ele brincou, levantando-se silenciosamente e vindo me abraçar pelas costas.
— Você não imagina o quanto. – murmurei.
— O que disse? – ele perguntou.
— Sim, eu te amo. – virei para ele, beijando seu rosto demoradamente.
Edward me puxou para me abraçar mais forte e ficamos com os rostos apoiados um no outro.
— Eu também te amo, garota. – ele sussurrou em meu ouvido.
Permanecemos em silêncio por um minuto, até que ouvimos o trinco da porta abrindo. Nos afastamos devagar e sorrindo um para o outro. Voltei a atenção para a louça, dessa vez decidida a terminar o último prato.
— Ele está atrasado novamente. – comentou Edward.
— Eu sei, eu sei. – suspirei. – Ele está sobrecarregado no trabalho.
— Bella! – gritou Jacob, aparecendo na cozinha ruidosamente.
Ele me puxou para que eu virasse e me beijou daquele jeito que ele sempre fazia na frente de Edward – quase me amassando. Reprimi um suspiro entediado.
— Er... – Edward pigarreou. Empurrei Jacob para longe. – Eu acho que já vou.
Edward cumprimentou Jacob sem muita vontade e depois veio até mim para me abraçar.
— Até mais, Bella. – Edward beijou meu rosto suavemente.
— Vou te ligar amanhã. – eu avisei.
— É claro. – ele sorriu, tocando meu rosto ternamente e apertando minha bochecha.
Edward sorriu e assim que ouvi a porta batendo, me virei para Jacob.
— Bella, por que estava sozinha com ele de novo?
Bufei e revirei os olhos.
— Por que chegou tão tarde? – rebati.
— Sabe que estou trabalhando bastante. – ele justificou.
— Podia ter ligado. – concluí.
— Mas eu já estava ocupado desde cedo, então se ligasse para você, poderia acabar se tornando um esforço inútil por um trabalho mal feito.
— Devia tirar uma folga de vez em quando, já que sempre fica até tarde. – argumentei.
— Eu não preciso de folga... – ele riu e então me abraçou, tirando meus pés do chão e me carregando.
Quando percebi que ele me levava para o nosso quarto, suspirei.
— Jake, eu estou tão cansada... Sério.
— Ahh... – ele lamentou, colocando-me na cama.
Virei para o lado e puxei a coberta por cima de mim.
— Boa noite. – resmunguei, meio sonolenta.
— Também.. – ele criticou – Trabalhou o dia inteiro e ainda cozinhou para Edward!
— Falando assim, até parece que eu tenho algo com ele! – reclamei.
Jacob se enfiou debaixo da coberta e me abraçou pelas costas.
— E não tem? – ele questionou.
Me virei para ele com os olhos arregalados e a boca escancarada.
— Jake! – eu sibilei – Que bobeira é essa?
— Você fica sem graça na frente dele. – Jacob começou a enumerar.
— Eu fico sem graça quando você me agarra na frente dele. E não é constrangedor só para mim! – justifiquei, me virando de volta.
— Não pára de falar dele. – Jake continuou.
— Qual é! Ele é meu melhor amigo desde... desde sempre!
— E você não dorme comigo há semanas.
Eu mordi o lábio, constrangida. Àquela afirmação eu não tinha uma justificativa – não uma que ele quisesse ou pudesse ouvir.
— Isso não tem nada a ver. – sussurrei.
— Tem a ver com o quê, então, Bella? – ele redargüiu. Pude perceber a raiva em suas palavras.
— Com nada. – sussurrei.
— Bells... – ele chamou, se aproximando mais de mim, naquela posição de conchinha. – Não fique chateada comigo, por favor.
Oh, não. Nunca.
— Eu só... sinto sua falta. – ele sussurrou, beijando meu pescoço.
Eu me virei para ele lentamente e o beijei.
— Me desculpe. – sussurrei.
E então não haviam mais motivos, e nem coragem. Eu simplesmente cedi, deixando que ele tirasse a minha roupa vagarosamente.
***
Quantas vezes eu já tinha dito que ia parar com isso? E quantas vezes eu não havia jogado tudo por ar e tentado de novo?
Eu devia ser presa por ser a pessoa mais sadomasoquista do mundo. Jacob não merecia a pena que eu sentia. Ele merecia meu amor.
Então por que todas as vezes que eu o beijava e ele me tocava a imagem de Edward aparecia sob minhas pálpebras?
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Pois é. Meio trágica, meio complexa, um pouco romântica... MUITO confusa...
_O_
Aí está mais um fruto da minha imaginação fértil.
Não faço a MÍNIMA idéia de quando postarei o próximo, e se continuarei mesmo essa história.
Simplesmente ela brotou em minha cabeça essa noite e eu tive que escrever.
Espero que gostem.
Mil beijos,
A hiperativaretardadaefeliz,
Isa Stream
