Nota da Tradutora: Esta história é tradução de Research and Development, de Northumbrian s/10113994/1/Research-and-Development. Citando a nota do autor, "Esta história tem lugar nas semanas depois dos eventos de Caçadores e Presa, mas antes dos eventos de Amigos e Adversários [ não pretendo traduzir esta última até que esteja terminada, mas temos uma dica sobre ela ao final de Caçadores e Presa]. Não é preciso ler tais histórias (embora fosse bom fazê-lo). Não obstante, a não ser que se tenha muita curiosidade sobre o que exatamente aconteceu entre Rony e Hermione e por que Harry e Rony estão procurando por Daphne Greengrass [ou o que são "Endiabradas"], essa história deve se manter sozinha". Eu, tradutora, acrecento que devemos lembrar que Caçadores e Presa acontece em fevereiro/março de 2000 e esta história nas semanas seguintes, como mencionado no sumário e na própria narrativa.

Marco Um

Jorge Weasley viu-se de pé numa praia de seixos. A chave de portal que o tinha trazido de sua loja a este local não familiar agora não era nada além de um pacote de salgadinhos vazio. Ele deu uma olhada em volta, mas não havia latas de lixo por perto, então jogou o pacote no bolso de sua jaqueta. Após conferir que não havia ninguém à vista, removeu sua capa de invisibilidade e cuidadosamente a dobrou. Colocando a capa em sua pasta, ele a fechou e absorveu os sons e vistas de um lugar novo e desconhecido.

À direita de Jorge estava uma enseada calma e pacata, na qual dúzias de barquinhos flutuavam, todos amarrados a boias. Do outro lado da água havia terra cultivada e colinas verdes distantes. À sua esquerda imediata estava um muro de pedra, no qual o musgo escorregadio do mar mostrava que na maré cheia a água chegava à altura da cintura. Jorge examinou o muro cuidadosamente e especulou se Rony tinha se dado ao trabalho de checar a tábua de marés antes de criar a chave de portal. Acima do muro, Jorge podia ver telhados, então se virou e subiu uma rampa de concreto. Momentos depois estava numa estrada agradável e surpreendentemente calma que seguia a linha do litoral.

Atravessando a estrada, Jorge caminhou na direção de uma rua de velhas casas com terraços. As propriedades eram todas rebocadas e pintadas em diferentes cores pastel. Ao se aproximar das casas, Jorge começou a se concentrar em seu destino.

– Gina Weasley mora no Terraço Oeste, número cinco – ele murmurou consigo.

O terraço tremeluziu e se moveu e uma propriedade pintada de bege se afastou de sua vizinha de cor creme para revelar uma casa adicional, verde clara, que de algum modo tinha estado escondida entre elas. A porta da frente e as esquadrias da claraboia acima dela estavam pintadas em verde esmeralda brilhante. Um grande número cinco de latão fixado na porta confirmava que ele estava no lugar certo. Jorge abriu o portão de ferro forjado e mais uma vez desapareceu da vista dos trouxas. Enquanto ele descia o curto caminho, a porta da frente abriu e Gina saiu para cumprimentá-lo.

– Olá, cobaia – disse Jorge, ao abraçar a irmã. – Como está a sua instalação na nova casa? Mais importante, quando é a festa de inauguração da casa?

– Você não fica bem de barba, Jorge – Gina disse ao irmão com firmeza. – Estou instalada, obrigada, mas não haverá festa de inauguração. Eu definitivamente não vou convidar ninguém para cá. Não posso, pois não sou a fiel do segredo. Além disso, tive festas o bastante por um tempo, elas estavam afetando a minha forma.

– Então, você está tentando a sério ser selecionada para a seleção da Inglaterra? – Jorge perguntou. – Parabéns por ter chegado ao retiro de treino dela, por falar nisso.

– Obrigada. Eu tinha quase garantido um lugar, pelo menos na seleção sub-21, até o incidente das "Endiabradas" – disse Gina. Havia só uma levíssima ponta de amargura na voz dela. – Agora tudo o que posso esperar é que tenha conseguido impressionar os selecionadores durante o retiro. Deseje-me sorte.

– Boa sorte – Jorge disse automaticamente.

– Achou fácil o lugar? – Gina perguntou. – Sem problemas com o feitiço Fidelius?

– Parece estar funcionando direito – Jorge lhe disse. – Ontem, quando Harry me disse onde encontrá-la, ele contou que não tinha nem contado ao papai e à mamãe onde você mora! Não tenho ideia de como vocês dois conseguiram manter a mamãe afastada.

– Dissemos a ela que ainda estávamos tentando fazer o feitiço Fidelius funcionar direito, o que era parcialmente verdade. Harry lhes dará o meu novo endereço no domingo – disse Gina.

– Rony me disse que a direção das Harpias estava demandando saber o seu endereço também – disse Jorge.

– Estava. Fui a uma reunião da direção sobre isso ontem e Harry veio comigo. Você sabe que o meu contrato contém uma cláusula que requer que eu more em Ynys Môn, a Ilha de Anglesey; todas as que jogam nas Harpias têm que viver aqui – Gina contou a ele.

Jorge assentiu.

– Harry foi muito razoável com a equipe da direção – Gina continuou. Jorge observou o rosto da irmã se iluminar enquanto ela lembrava a reunião e sentiu uma pontada de ciúmes e aborrecimento. O segundo aniversário da Batalha se aproximava. Fred estava morto havia menos de dois anos, mas todo mundo parecia tê-lo esquecido. Todo mundo estava arranjando um par e Gui estava prestes a se tornar pai.

– Você está bem, Jorge? – Gina perguntou.

– Por que não estaria? – ele rebateu, forçando o sorriso de volta ao rosto.

– Você pareceu deprimido por um momento – Gina disse. – Você está...

– Só me conta do Harry – Jorge disse a ela. Sua irmã fitou o seu rosto, deu de ombros e continuou sua história.

– Harry lembrou a eles que o apartamento que eles arranjaram para mim quando comecei no clube já não era seguro. Ele disse aos diretores que, como eu tinha sido drogada e depois sofrido uma invasão na última moradia, ele não estava pronto a dizer a ninguém meu novo endereço. Como um compromisso, disse que ele podia garantir pessoalmente que eu tinha uma casa em Ynis Môn. A Diretora Administrativa não ficou feliz; ela ameaçou levar Harry ao tribunal.

– Caraca! – disse Jorge. – O que o Harry fez?

O rosto de Gina se abriu num sorriso. – Ele lembrou a ela que a última vez que ele foi ameaçado com ação legal foi por um advogado chamado Tavistock. Nesse ponto a substituta do Tavistock, Nicola Macallan, sugeriu que o clube não precisava de fato saber o endereço, desde que eles pudessem ter certeza de que eu não estava rompendo o meu contrato. Eu ofereci de tomar Veritaserum para confirmar que a minha casa era na ilha e isso foi bom o bastante para Nicola.

Jorge riu. – É bom ver que as Harpias têm uma advogada mais sensata do que aquele idiota pomposo Tavistock. – Ele se virou e fez um gesto para o outro lado da rua, para a imensidão de água além. – Você tem uma bela vista do mar.

– Não é o mar, Jorge – disse Gina, dando um passo para o lado e fazendo-o entrar. – É o Estreito de Menai. Num dia claro você consegue ver Bangor, se você quiser olhar Bangor.

Gina levou o irmão pelo saguão até a sala de estar, na qual uma janela saliente trapezoidal oferecia uma vista magnífica do estreito.

– Fique à vontade, a casa é sua – ela disse, indicando o sofá e afundando na única poltrona da sala.

– Casa bacana – Jorge disse. – E muito maior do que você precisa. Tem certeza de que consegue pagá-la?

– As Harpias renovaram o meu contrato e se eu conseguir um lugar na seleção inglesa eu ganho ainda mais – disse Gina. – E estou pensando em arranjar uma inquilina, uma das outras jogadoras das Harpias. Depois, fui contatada para outro acordo de patrocínio, desta vez para uma goles de treinamento.

– Sortuda! Então seu namorado rico não está financiando este lugar? Cadê ele, por falar nisso? – Jorge perguntou, escutando cuidadosamente, caso Harry estivesse se escondendo em algum lugar. – ele disse que me traria aqui mas quando usei o flu para ir até o Largo Grimmauld esta manhã, o Monstro me disse que ele tinha saído e que o "Mestre Ronaldo" tinha criado uma chave de portal para mim.

Jorge olhou em volta pela sala. Era clara, iluminada, com pé direito alto e poucos móveis. Havia uma mesinha de centro com tampo de vidro entre a poltrona e o sofá e um radio num suporte na parede oposta à lareira, e isso era tudo

– Harry ofereceu de pronto para comprar o lugar. Eu disse não – Gina contou ao irmão. – Ele devia estar aqui hoje, mas está trabalhando, seguindo uma pista. Está na outra Bangor, por coincidência. A irlandesa, não a galesa – ela explicou. – Está com Rony e Neville, eles estão acompanhando um relato de vista da Daphne Greengrass. Não estão com esperança, mas estão verificando, de qualquer modo.

– Todos os três? – perguntou Jorge com malícia. – Há umas poucas semanas atrás, Harry me contou que estava tentando persuadir Robards a deixar os aurores trabalhar em pares. Eu posso contar, sabe? Sei que Harry, Rony e Neville não são um par. Ou o Rony não conta?

– Claro que o Rony conta – Gina disse. Depois do jogo das Harpias no fim de semana passado, Harry e eu conversamos sobre as propostas dele para a reorganização. Eu observei que ele parece trabalhar melhor quando tem dois cupinchas, não apenas um.

– Verdade – disse Jorge, rindo. – Pelo menos isso certamente funcionou para ele na escola. Mas atualmente ele parece mais feliz como a metade de um casal.

Gina sorriu feliz. – Obrigada – disse. – Um cumprimento do Jorginho desorelhado! E o que mais? E você? – ela perguntou. – Dizem que está solteiro de novo. Quem vai trazer para A Toca domingo que vem? Supondo que você estará lá.

– É claro que vou estar lá – Jorge a reassegurou. – Um homem precisa ter ao menos uma refeição decente a cada quinze dias. Não acho que quero outra garota, Gina, ainda não, pelo menos. Não me importo com o que pensa, nunca deixei de ser solteiro. Estive avulso desde a Batalha. – Jorge pausou e contemplou a paisagem através da janela, à distância. – Não vou levar ninguém comigo este fim de semana. Você obviamente soube que Julie e eu tivemos um enorme bate-boca. Imagino que Rony tenha lhe contado. Julie estava ficando com expectativas de um relacionamento sério. Eu não. – Jorge deu de ombros e se afastou de pensamentos piegas. Ao olhar o rosto da irmã, percebeu que ela estava reavaliando o humor dele. Soube o que viria a seguir, então apressadamente se antecipou a ela. Deu à Gina seu olhar "Não, não quero falar sobre Fred!" e colocou a pasta na mesa.

Abrindo a pasta, tirou uma caixa de papelão magenta, colocou-a na mesa baixa e sorriu radiante e orgulhoso para a irmã.

– Não estou aqui para discutir a minha falta de namoradas ou qualquer outra coisa – disse-lhe com firmeza. Deu tapinhas na caixa. – Tempo é dinheiro; estou aqui a trabalho! Este é apenas o quinto destes que fizemos. Este é o Espelhofone Marco Um, o último avanço em comunicações mágicas.

– Sei ler, Jorge – Gina bufou desdenhosamente. – É exatamente o que diz na caixa: "O último avanço em comunicações mágicas"! Você não está tentando me vender, você sabe. Vou simplesmente testá-lo para você. Por que me escolher para ser sua cobaia?

– Eu teria usado o Rony, porque ele é inútil e pode quebrar quase que qualquer coisa, mas enquanto você esteve fora no retiro de treino da Inglaterra, e o Harry e o papai estavam trabalhando na motocicleta do Sirius, o Rony e a Hermione me ajudaram com o design do espelhofone. O Rony já tem um dos quatro espelhofones originais, e ele sabe como funciona. Mesmo que não tivesse, ele observou a Hermione usar o celular trouxa dela. Pensei em pedir ao Harry, mas ele foi criado entre trouxas e sabe sobre telefones. Então pedi à única alternativa óbvia – disse Jorge. Ele riu maldosamente. – Mas o Percy não estava interessado tampouco. Então, no final das contas não tive outra escolha. Fui forçado a raspar o fundo do tacho dos Weasley, queridíssima irmã.

– Obviamente – ele continuou a falar por cima dos xingamentos da Gina – no momento você só vai conseguir contatar os quatro outros usuários, que somos eu, Rony, Hermione e Fenella Gray. E isso me recorda, Gina – Jorge ficou sério por um segundo. – Estou feliz de você ter me forçado a concordar quando a Fenella se voluntariou para nos ajudar. Ela pode parecer esquisita, mas é uma absoluta maravilha com feitiços de imagem. Nunca teríamos conseguido que o sistema de mensagens de texto funcionasse sem ela.

– Jorge Weasley – Gina ralhou. Ela cruzou os braços e conseguiu soar amedrontadoramente como a mãe deles, preocupando Jorge. – Você entra aqui parecendo um orangotango desnutrido, de uma orelha só, num terno que não serve, e chama a Fenella de esquisita? Não sei como ousa! Suponho que simplesmente teremos que atribuir isso à sua completa falta de cérebro e de maneiras. – Gina parou e considerou as palavras dele.

– Mensagens de texto? – Ela repetiu as palavras como se fossem de uma língua estrangeira. – Mensagens ... de texto ... isso soa como escrita, o que é isso?

– É um método de criar uma mensagem para outra pessoa ler no seu espelhofone – Jorge disse orgulhosamente.

É escrita! Por que você deu a isso um nome ridículo? – Gina perguntou com desdém. – Mensagens de texto! Há apenas duas maneiras de se comunicar, Jorge, falando e escrevendo. Como você decidiu chamar a opção falada? Mensagens de ruído? – Ela bufou desdenhosamente.

– Na verdade, senhorita espertinha, há três. Você esqueceu a linguagem de sinais – disse Jorge, esticando o dedo médio para a irmã.

Gina riu e retribuiu o gesto.

– De acordo com a Hermione, os trouxas chamam de "mensagem de texto", então chamamos também – Jorge explicou. – Nunca tinha pensado como soa tolo.

Gina pegou a caixa e a abriu. Ela se confrontou com um livrinho grosso onde estava escrito: "IMPORTANTE: Leia-me primeiro!" Ela o deixou de lado e pegou o item de madeira azul. Jorge estava para gritar uma advertência, mas ela falou antes que ele pudesse detê-la.

– Para que são os botões numerados e por que o espelho é tão pequeno? – Gina perguntou.

– Droga – Jorge grunhiu e pôs as mãos na cabeça.

– O que foi? – Gina perguntou.

– Você não leu as instruções antes de pegá-lo – disse Jorge.

– Claro que não! – disse Gina. Ela pegou o livrinho que tinha descartado e o sacudiu para ele. – Olhe para ele! É quase tão grande quanto essa coisa de fone. Aposto como foi a Hermione que o escreveu.

– Foi ela – Jorge admitiu. A constatação de que teria que fazer um redesenho de grandes proporções o tomou, e ele suspirou. Gina, ele sabia, seria implacável. Ela imediatamente mostrou que ele tinha razão.

– Bem, então ninguém vai ler isso – Gina lhe disse, brandindo o livrinho como uma arma. Ela sacudiu a cabeça como quem não acredita no que ouve. – Merlim, Jorge! A Hermione é minha amiga, mas você sabe como ela é. Se isso for como as redações dela na escola, será pelo menos duas vezes mais complicado e três vezes mais comprido do que precisa de fato ser. Harry acha que os relatórios dela no ministério são exatamente a mesma coisa. Daria no mesmo se você tivesse escrito em japonês! O que fiz de errado?

– Leia – disse Jorge, indicando o livrinho.

Ela o abriu e leu a primeira página. "Importante: para ativar o espelhofone você deve primeiro tocá-lo e falar o seu nome claramente." Ela largou o fone e o pegou de novo. – Gina Weasley – disse.

– Tarde demais, Gina. O espelho está preparado para registrar as primeiras palavras que você diz ao tocá-lo. Isso se torna o seu sinal de chamada e lhe dá o seu número de telefone. Você se lembra do que disse?

Eu perguntei para que eram os botões, acho. Mas francamente, Jorge, isso é ridículo – Gina lhe disse. – Por que você simplesmente não encantou o espelho para dizer – "por favor diga o seu nome" quando alguém tocar nele? Você alguma vez já leu as instruções de alguma coisa?

– Não muito – Jorge admitiu. Ele sacudiu a cabeça em desespero. – Parabéns, Gina, você o quebrou antes mesmo de conseguir usá-lo. Voltarei na semana que vem com outro.

– O que é um número de telefone? – Gina perguntou.

– É o número que você disca para contatar alguém que você conhece – Jorge explicou. Você aperta os botões de números, há letras embaixo dos números, para ajudar.

– Disca? – perguntou Gina. Por que dizer disca? Não há disco nesta coisa.

– Hermione diz que você disca um número – disse Jorge, debatendo-se sob o exame da irmã. – Não tenho ideia do porquê.

– Por que o espelho é tão pequeno? – Gina continuou a pressioná-lo. – Vai ser realmente difícil ver alguém nele. E por que você precisa apertar botões para contatar alguém? Certamente você poderia simplesmente falar o nome da pessoa.

– Você não pode ver nada no espelho, a não ser quando você recebe uma mensagem de texto. Precisamos do espelho para fazer a conexão mágica, mas pensamos em manter a tela em branco, porque estamos tentando fazê-lo parecer e funcionar como um telefone celular trouxa – Jorge explicou. – Também é por isso que você pressiona os botões para contatar as pessoas.

O olhar de Gina dizia "você é um bobo, Jorge" mais vigorosa e rapidamente do que as palavras poderiam.

– A Hermione achou que seria uma boa ideia – ele disse hesitante. Sabia qual seria a reação dela.

– Harry e eu passamos um monte de tempo no mundo trouxa, e eu os observei. Parece que você copiou um telefone em particular, aposto que é o que a Hermione usa – disse Gina. Os telefones trouxas são todos diferentes na forma e no tamanho. Eu achei que você estava tentando fazer um espelho mágico que pudesse conectar uma porção de outros espelhos, não simplesmente copiar uma peça de tecnografia trouxa.

– Jorge se deu conta de que estava se retorcendo na cadeira. Às vezes sua irmã o fazia ficar mais sem jeito até do que sua mãe fazia.

– Você copiou! – Gina gritou. – Esta é simplesmente uma cópia exata do celular da Hermione, não é? Aposto que pode fazer tudo o que o telefone dela faz, e nada mais – ela anunciou.

– O Rony disse... – Jorge começou. Gina não o deixou terminar.

– O Rony disse "A Hermione tem razão!", não foi? – Gina imitou o tom mais ansioso e suplicante de Rony enquanto falou as palavras a ele atribuídas, e Jorge soube que seria bem mais de uma semana até que ele retornasse.

– O Rony vem dizendo "A Hermione tem razão" por mais de dois meses agora – Gina continuou. – Ele tem rastejado desde que fez as pazes com ela. No momento, no que tange a qualquer coisa relacionada à Hermione, ele tem menos atitude do que uma água-viva e é mais obsequioso do que um Malfoy encurralado! – Gina jogou as mãos para o alto aborrecida. Sei que ele a embebedou e ela fez papel de boba no Baile do Ministério, mas isso foi há meses atrás. Agora ele simplesmente está patético. Não demora e a própria Hermione vai se encher e dar um pé nele de novo. Desta vez por ser um banana tão patético!

Gina sacudiu a cabeça em desespero. – Você sabe como eles são, Jorge. Geralmente Rony e Hermione só concordam um com o outro quando decidiram qual deles tem razão, e não é sempre a Hermione. Se você não disser ao Rony que ele está sendo patético, eu digo. O que há de errado com você? Você espera vender o espelhofone apenas aos nascidos trouxas e seus namorados idiotas? Caraca, você o chamou de espelhofone, mas não se pode nem usá-lo como um espelho mágico!

O semblante de Jorge mostrou desaponto. – Você tem razão – reconheceu. Levantou as mãos e admitiu a derrota diante da diatribe de Gina. – Tivemos montes de desentendimentos sobre o design, mas a Fenella simplesmente deu o fora e nos deixou para resolver. Eram dois contra um.

Gina suspirou e começou a se acalmar. – É difícil enfrentar Rony e Hermione ambos. Sei disso, Jorge, e o Harry também.

– É, mas você tem razão, Gina. Não precisamos fazê-lo parecer com um telefone trouxa – Jorge admitiu. Vou redesenhá-lo. Minha ideia original era simplesmente de um espelho que pudesse se conectar com muitos outros. Os poucos espelhos mágicos que vi são muito grandes para caber em um bolso e este protótipo é muito pequeno para termos uma imagem decente. Mas se eu me livrar dos botões e o fizer mais fino... – Jorge contemplou o infinito fora da janela e começou a fazer as mudanças necessárias em sua mente. – Quero mantê-lo pequeno o bastante para caber num bolso, como os celulares. Mas poderíamos fazê-lo maior. Mais ou menos assim? – Ele levantou o punho e esticou seu dedo indicador e então moveu o polegar fazendo um ângulo reto com ele.

– Que tamanho é isso? – perguntou Gina. – Que tal seis centímetros e meio por onze centímetros e meio? Seria ok, desde que você o fizesse mais fino.

Jorge suspirou. – Quando eu disse uma semana, eu estava errado. Dê-me um mês. Quer se juntar ao time de design?

Gina sacudiu a cabeça. – Estou esperando resposta do técnico da Inglaterra-sub21. Há uma chance de que eu entre no time, Jorge. Se entrar, voltarei a treinar na semana que vem. Quer que eu fale com o Rony e a Hermione, quando os vir na quarta-feira? Eu vou dar a eles o meu feedback.

– Obrigado, Gina – disse Jorge. – Isso seria ótimo. Tenho muito o que fazer. Te vejo n'A Toca no domingo.