No sugar

"Na minha casa hoje?" Allison propôs a Chase assim que passaram juntos pela porta de saída do hospital.

O dia havia sido cansativo, mais um paciente que quase morrera, porque House negava-se a admitir que estava errado. Porém, no final, ele formulou uma teoria extravagante, quebrou alguns códigos de ética médica e, surpreendentemente, curou o paciente.

A noite ia alta, beirando a madrugada. Chase concordou com um aceno de cabeça e acompanhou Cameron até seu apartamento.

Aliviar o estresse. Era a esse propósito que aquelas noites serviam.

Sexo casual. Apenas isso.

Entregues a uma volúptuosa noite. Embriagados com o prazer sem responsabilidade. Livres dos grilhões que Gregory House forçava-os a usar.

Depois de tantos pacientes problemáticos, depois de tantos mistérios, depois de tantas mentiras, uma hora em que eles podiam ser eles mesmos, sem máscaras.

Uma hora em que eles poderiam concentrar-se em seus desejos mais humanos, mais primitivos. Uma hora em que eles não precisavam se explicar, nem ao menos pensar. Uma hora em que eles não precisavam medir palavras.

E não era como se eles estivessem fazendo algo imoral. Afinal, eles se conheciam, eram companheiros de trabalho, eram o par ideal por comodidade. Como a própria Cameron dissera.

Em sua relação não havia amor. Porém amor eles poderiam buscar em outros braços. Agora, a sua urgência era apenas por alívio.

Chase era cuidadoso e delicado com Cameron. Ele conhecia-lhe o corpo, as manias e as vontades. E ela também conhecia o parceiro, suas excentricidades, suas fantasias.

Eles eram como estranhos que se conheciam. Distantes demais como amantes, próximos de mais como companheiros de trabalho.

E, assim, em movimentos já de costume, eles extravasaram seus sentimentos mais ocultos e profundos, guardados a sete chaves. Segredos que apenas o outro conhecia.


Chase fora despertado pela fragrância de café sendo coado. Desvencilhou-se dos lençóis que o protegeram do frio da madrugada e vestiu-se, com as peças de sua vestimenta que jaziam esquecidas em um trilha no chão.

Seguindo o cheiro, deparou-se com uma Cameron na cozinha já completamente arrumada para mais um dia de trabalho.

"Hoje não é a sua folga?" Perguntou, sonolento, Chase, enquanto largava o corpo abatido em cima de uma das cadeiras que formavam conjunto com a mesa.

"Eu não vou ao hospital." Cameron respondeu simploriamente, terminando de arrumar a bancada para o café-da-manhã.

Se eles fossem um casal, Robert questionaria-a sobre seus planos para o dia.

Mas eles não eram um casal, longe disso.

"Quer café?" Ofereceu Allison.

"Sim, por favor."

Eles eram o par perfeito.

"Sem açúcar." Ele lembrou-se de acrescentar.

Mas não havia paixão, muito menos amor, em sua relação.

Uma relação que não tinha nome.

Amigos com benefícios? Talvez.

Mas, essencialmente, juntos eles eram como café sem açúcar. Acre, por muitos impensável, estranho.

Porém, além de todas as adversidades, também era estimulante e excitante em vários níveis.

E era precisamente disso que ambos os médicos precisavam neste momento de suas vidas. Talvez se arrependessem depois, mas se arrependeriam muito mais privando-se do alívio.

Chase quase queimou-se com o impacto do líquido extremamente quente com sua língua. Quando a dor passou, ele pôde degustar seu café amargo, extravagante, quente, excitante...

Exatamente como ele gosta.


N/A:

Essa é a minha primeira fic no fandom de House, M. D., por isso peço desculpas por não estar lá muito boa, mas eu tenhi de começar por algum lugar.

Eu também não vi todos os episódios da série, então pode ser que tenha havido algum paradoxo ou algo do gênero.

Comentários são muito importantes, então...

Reviews? :3 (faça uma autora mega-feliz :D)