Full Moon – por Julia Hale

"Agora o que me resta é tudo o que eu finjo ser: tão equilibrada, mas tão destruída por dentro. Porque eu não consigo respirar, e eu não consigo dormir. Eu não posso mais agüentar". Behind These Hazel Eyes – Kelly Clarkson.

Prólogo.

ou Renascendo

Era uma noite nublada, como todas as outras em Serra Negra. Ela andava sozinha, melancólica, subindo o morro em direção á sua casa. Não queria pensar no que havia acontecido na festa daquela noite. Todos haviam decepcionado-a. Todos, sem exceção, tudo o que queria era sumir.

Saiu sem dar explicações, correndo em direção ao sombrio parque que ela usava com um atalho para ir para a casa. Pulou o portão já fechado, ignorando o fato que já era uma da manhã e de que ultimamente ninguém tinha freqüentado o parque devido a alguns animais que apareceram por lá. Isso não estava em sua mente agora.

Subiu a escadaria com calma, pensando que nunca mais falaria com nenhuma das pessoas envolvidas. E que evitaria seus pais ao máximo.

Ouviu o barulho de algo se partindo e olhou para trás. A escadaria tinha acabado e ela estava próxima ao "altar de pedra". Era uma construção em forma oval, onde ela costumava ficar vendo as estrelas.

Balançou a cabeça e olhou para frente, pensando que não passava de sua imaginação. Ou era apenas o tal animal que todos evitavam no parque. E no fim talvez fosse apenas um gato. Ou um rato de esgoto, sinceramente não importava.

Deu mais um passo, mas quando olhou fixo a sua frente viu a silhueta de alguém se aproximando. Apertou os olhos, lutando contra o astigmatismo e contra o breu no momento, e o que viu foi um homem.

Não um homem qualquer, mas um maravilhoso. Uma pele branca, olhos verdes penetrantes e um cabelo castanho. Traços simétricos, quase uma pintura de tão perfeito. Mas algo dentro de Camilla fazia-a recuar para longe dele. Nos lábios levemente rosados, perfeitos, havia um sorriso misterioso, com uma ponta de maliciosidade que a fez tremer.

Andou contornando o homem misterioso, continuando seu caminho.

- Para que a pressa? – ele disse com um sotaque estrangeiro, indo parar a sua frente, com uma rapidez extraordinária. Sua voz era musical, quase que de um anjo.

Camilla viu-se sem tempo de fugir, de recuar, ou de gritar. O homem aproximou-se dela com tamanha rapidez que a deixou desorientada. Tomou-a nos braços, apertando-a contra seu corpo. Um corpo frio e duro.

E a próxima coisa que sentiu foi uma dor. Uma dor alucinante, pois ele havia mordido-a no pescoço. Sentia como se agulhas perfurassem seu corpo o tempo todo, e, de tanta dor desmaiou, a tempo de ver o homem se afastar, deixando com ela uma pulseira.

Corria.

Mais rápido do que o vento, ou do que qualquer outra coisa possível, ela corria por dentre o Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro. Fazia um ano desde aquele fatídico dia. O dia no qual um homem misterioso a transformou. Por dentro e por fora.

O homem havia ido embora, e ela estava passando por uma dor terrível, quase que indescritível. Não berrava, pois já não tinha mais forças para abrir a boca. Não sabia quanto tempo aquilo havia durado, e nem mais se lembrava da onde estava. Não mais no parque de sua cidade, mas numa caverna, confinada para morrer.

Morrer. Como desejara morrer. Mas isto lhe foi negado. Ou invés disso, na noite de dois dias depois da mordida ela acordou. Não sentia dor, não sentia nada. Ouvia tudo mais do que o normal, sua visão fora melhorada (para nada mais seus óculos serviriam). Estava forte. Muito forte.

E estava com sede.

Saiu da caverna e descobriu estar ainda no parque, numa parte afastada, escondida. Saiu fazendo o caminho de sempre, correndo. Mas não correndo normal, como pensara. Não. Ela corria tão rápido que passara pelos inúmeros policiais que rondavam o parque.

Chegara em seu apartamento, onde ninguém estava em casa. Havia um papel largado em cima da mesa. A foto de uma menina de cabelos loiros, olhos castanhos claros, pele bem branca e óculos de grau estava estampada com um aviso de desaparecida.

"Desaparecida?" pensou ela, analisando o papel " Mas eu estou bem aqui."

Sua sede aumentou e ela foi até a cozinha, onde bebeu muita água. Mas aquilo bateu em seu estômago causando-lhe náuseas. Ela cuspiu tudo para fora, ainda com muita sede.

"Mas sede do que?".

Pegou todas as suas roupas e colocou dentro de uma mochila de acampamento, que achou no quarto de sua mãe. Não ficaria ali. Não via motivos, não se lembrava claramente de ninguém, mas lembrava-se do motivo de ter ido embora. E isso era o bastante. Deixaria todos pensarem que estava morta. Começaria tudo do zero.

Passando pelo hospital local, sentiu um aroma delicioso, algo que lhe atraiu mais do que tudo nestas últimas horas. Esgueirou-se para dentro do hospital, até a sala onde cheirava forte.

O banco de sangue.

Aproximou-se do frio lugar onde guardavam todo o sangue fornecido ao hospital. Mas parou ao ver seu reflexo no espelho da recepção. Não era a habitual Camilla Lyncis de Oliveira que lhe encarava. Não, esta não podia ser ela.

Olhava para uma garota esguia de 17 anos, com uma pele mais branca do que o normal, olhos (e ela teve que olhar duas vezes, para ter certeza do que via) vermelhos-sangue com cabelos ondulados loiros e um corpo magnífico. Uma deusa.

Segui para sala, destrancando a porta com um leve soco no cadeado. "Cadeado? Que coisa mais ultrapassada" pensou se aproximando das bolsas de sangue.

Todas lhe atraiam a atenção, por isso, como um instinto, pegou cinco de cada tipo. Mas logo recolocou no lugar.

"Sangue? Não, eu não vou pegar sangue, eu não posso...".

Então sua ficha caiu. Mordida no pescoço, agora sedenta por sangue. No que mais ela se enquadraria do que numa vampira?

"Isso não existe".Ela afirmou a si mesma.

"Mas você existe".Uma voz de dentro dela respondeu. Por mais que parece-se loucura tinha razão, nada mais importava, ela era mesmo uma vampira.

Pegou cinco de cada e colocou em sua bolsa, saindo furtivamente. Sabia que não poderia permanecer em Serra Negra. Estava mudada mais possuía os mesmos traços de antes. E ela não se atreveria a revelar o que era e talvez machucar o irmão.

Giovanni, de 11 anos não tinha nada haver com todas as brigas, ele era bom, e merecia o melhor, e o melhor era ela distante.

Correra para ver até onde iria. Sempre roubando um pouco de sangue dos bancos por onde passava. Com o tempo percebeu que B+ era o seu tipo favorito, portanto apenas deste roubava.

Agora corria, aproveitando o tempo antes de mudar de cidade. Ficara cansada de tudo aquilo. Saiu do parque e começou a caminhar na praia. Ao fazer isto atraia a atenção de todos presentes. Era noite, por isso poucas pessoas eram vistas na praia.

Uma delas chamou-lhe a atenção. Era uma presença diferente, uma presença, - e ela atreveria-se a dizer – amigável. Mas parecia que ele não concordava quanto a este aspecto.

Caminhou até ela com os músculos rígidos, e uma expressão desafiadora. Era lindo, isto não se podia negar. Com os cabelos levemente ruivos, um rosto angelical e olhos amarelos, ele andava com imponência, como se fosse lhe atacar.

- O que quer aqui? – ele disse com uma voz angelical, num volume onde apenas ela podia ouvi-lo. Sua voz tinha um timbre de raiva, como se ela estivesse metida em algo que ele repugnasse.

Tal como instinto ela começou a pensar em tudo o que vez até chegar naquele momento, e então a expressão dele se suavizou, tal como...

- Eu pudesse ler sua mente? – ele perguntou mudando o tom de voz para algo perto do brincalhão. Ainda havia melancolia em sua voz. – Sou Edward. Edward Cullen.

- Lynn, apenas Lynn. – decidira então abandonar seu nome, e seguir apenas com seu apelido entre parentes. Lyncis, Lynn. Camilla Lyncis de Oliveira havia morrido naquela noite, agora seria apenas Lynn.

Isso foi apenas um prólogo para mostrar como a Lyncis entra na vida do Edward e, automaticamente, na vida de todos que moram em Forks ou nas redondezas (La Push, baby, its La Push!). A partir do primeiro capítulo quem narra é a Lyncis (porque, caso não tenha dado para perceber ainda, ela é a principal, :D) e mais para frente talvez o Jacob narre também.

A fic apenas ignora os fatos ocorridos em Breaking Dawn. No prólogo, como eu acho que deu para sacar, é no meio de tempo que o Ed some em New Moon e dá uma passada no Rio em busca da Victoria. Sim, eu estou ignorando a Nessie, tanto porque ela nem foi fabricada ainda. Mas talvez ela apareça neste meio. Talvez, não é nada certo.

Eu não prometo capítulo semanais, ou posts freqüentes porque se não eu acabo deletando a fic. Bom, é só isto de avisos e panz.

Beijos.

Julia Hale.

(23.12.08)