Prólogo


- Jasper Cullen é o último homem do mundo em quem eu confiaria.

- Porque diz isso?

Alice debruçou-se sobre a mesa a fim de alcançar a jarra de creme para o café. Na verdade, estava tentando ouvir a conversa na mesa vizinha e não queria perder uma só palavra dela. As duas mulheres eram jovens e atraentes, executivas tirando proveito do tempo quente e ensolarado para almoçar no restaurante ao ar livre que atendia a população elegante formada por empresários do centro de San Francisco.

Elas falavam sobre o homem a quem Alice pretendia fazer uma proposta.

- Ninguém conseguiu provar nada – disse a primeira, uma loira petulante de ar inteligente – mas todos sabem o que ele fez. Os fatos são indiscutíveis.

A segunda jovem, Lauren, assentiu.

- Uma dedução lógica apoiada por evidencias circunstanciais. Que... falta de sorte – morena, ela possuía lábios cheio, e uma voz que devia enlouquecer os homens. – Lamento ver um homem bom cair do pedestal. Hoje em dia a honra e uma qualidade rara.

- Duvido que alguém volte a confiar nele. Não na esfera comercial, apesar do nome Cullen. E nenhuma mulher normal confiaria nele como amante. Não depois do que ele fez com a ex-noiva.

- Por outro lado, tenho ouvido dizer que ele é muito atraente.

- Oh, sim irresistível. E é isso que o torna mais perigoso. As mulheres o adoram. Ou adoravam. Ele é inglês não? Sabe, o que dizem sobre o charme dos homens da Terra da Rainha.

Lauren deixou escapar um suspiro, e Alice virou o rosto para esconder um sorriso. A ironia era espantosa. Lá estava ela, lendo um dossiê sobre Jasper Cullen, ouvindo uma conversa entre duas desconhecidas e descobrindo mais a partir de alguns minutos de indiscrição do nas primeiras vinte paginas do relatório. Se houvesse conhecido Jessica antes daquele dia, teria economizado uma fortuna em honorários do detetive.

- Talvez sejam apenas rumores – comentou a morena.- Você mesma disse que ninguém conseguiu provar nada.

- Nem ele se defendeu. E Kate Denali, sua noiva , rompeu o relacionamento quando a historia tornou-se pública. Francamente, use o bom senso. Ela foi mais diretamente atingida. Deve saber a verdade sobre o incidente.

- E onde há fumaça...

- Nesse caso, deve haver um incêndio devastador! Se ele fosse inocente, não acha que teria recebido ao menos o apoio da noiva?

- Está deduzindo que ao deixá-la, Kate Denali confirmou a culpa do noivo?

- Ora, ele é culpado! Duvido que algum dia consiga reconquistar a velha reputação, apesar de todos os irmãos Cullen estarem reunidos em torno do caso. Terá oportunidade de observar melhor no evento de caridade dessa noite. Imaginando que Jasper tenha a ousadia de aparecer, as pessoas manterão uma distancia cautelosa. Ninguém vai querer o nome ligado ao dele. Quem correria o risco de ser apontado como amigo ou associado de um ladrão?

Lauren sorriu.

- Ou ser pega na cama com ele?

Jessica olhou em volta, e Alice fingiu estar lendo o relatório.

- Para dizer a verdade, a idéia é tentadora. Se não tivesse medo de perder meu emprego, talvez corresse o risco...

- Ele é tão atraente assim?

- Mais do que pode imaginar.

- Estou ficando curiosa.

- Sentira mais do que curiosidade se o visse – Jessica consultou o relógio. – Vamos está ficando tarde, e ainda tenho que consultar o relatório do caso Carter antes do final do dia. Vai à festa esta noite?

- Depois de tudo que acabou de dizer sobre Cullen? Eu não perderia por nada!

Alice esperou que as duas deixassem o restaurante para fechar a pasta com o relatório. A conversa havia sido o toque final no conjunto de informações recolhidas pelo detetive, e ela sorria satisfeita. Acabara de tomar uma decisão.

Jasper Cullen era perfeito. Tudo que esperava e muito mais. A princípio ficara preocupada com esse excesso, mas não importava. Encontraria um jeito de contornar o pequeno problema. Deixando algumas notas presas sob a xícara de café, saiu do restaurante e caminhou apressada rumo a um destino específico. Não adiaria a questão nem por um minuto. Era hora de falar diretamente com Jasper e oferecer uma modesta, porém irresistível proposta comercial.

Era hora de ser pega na cama com o homem.