Não possuo The Vampire Diaries. Uma pena. Pois eu adoraria ser proprietária de Ian Somerhalder.

Fiz essa Fic com o objetivo de amenizar a saudade que esse mês sem episódios traz.

Espero que gostem. =D

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Ele saiu correndo pela porta da frente de sua casa, tirando seu casaco e jogando em algum lugar atrás de si.

O outono realmente era uma estação que ele gostava muito. Ele adorava ficar sentado embaixo das árvores, e ver folha por folha amarelada, cair. Gostava de juntar todas elas depois, e pular no bolo de folhas.

Mas nada se comparava a sensação que ele sentia no primeiro dia de primavera.

Ver o campo, o jardim da sua casa, que antes era coberto por neve, parecer derreter tudo em uma mistura de cores, formatos e perfumes.

Mas havia uma árvore que o fascinava mais que todas as outras.

Os criados diziam que essa árvore, cujo nome ninguém nunca soube e também não lhe interessava, estivera naquele amontoadinho de arbustos, desde que a casa fora construída.

E foi para lá que o menino correu, se livrando da gravata que apertava seu pescoço.

Ele parou ao avistar a árvore que procurava, não muito alta, que agora estava com todas as folhas verdes claras, com algumas gotas de orvalho caindo.

Ele se sentou na grama ainda úmida, e sorriu ao ver a brisa que balançava as folhas da árvore, quase como se dançassem ao perceber sua presença.

"Damon!" Ele ouviu sua mãe chamá-lo de algum lugar atrás de si, mas não se virou para responder. Ainda sorria para a paisagem a sua frente.

"Damon. Que mania de nunca me responder." Ele ouviu o farfalhar da grama sob os pés de sua mãe que se aproximava.

Ela se sentou ao lado dele, o vestido cor de creme, com muitos babados, acariciando a grama fresca.

"O que esta vendo, filho?" Ela perguntou quando percebeu que ele não olhava para ela.

Damon suspirou e finalmente moveu os olhos para sua mãe, que sorria para ele.

Os cabelos negros dela estavam amarrados em um meio rabo atrás, realçando sua pele pálida do rosto. Suas feições delicadas agora se esticavam em um sorriso, mostrando uma fileira de dentes muito brancos.

Mas Damon gostava mesmo era dos olhos de sua mãe. Que as pessoas diziam que eram a cópia dos seus próprios olhos.

Os cílios muito pretos cercavam os olhos azuis cristalinos dela. Damon costumava compará-los a água do rio que tinha atrás da casa dele. Quando o sol refletia neles, eles pareciam ficar mais claros, quase acinzentados, e do centro refletiam inúmeras cores, que brilhavam enquanto o fitavam.

Damon gostava de provocar sua mãe com suas brincadeiras, só para ver o tom azul de seus olhos ficar mais vívido, tomando cor do céu após uma longa tempestade. Então ele corria até ela e lhe dava um beijo na bochecha, se divertindo da cor rosada que subia as bochechas dela.

Damon desviou o olhar novamente para a árvore. "Eu gosto de ver essa árvore, mãe."

Sua mãe seguiu seu olhar, enquanto se apoiava nas mãos, se inclinando para trás.

"Ela é realmente muito bonita. Mas por que exatamente você gosta tanto dela a ponto de ficar horas aqui, só a observando?"

Damon olhou para os lados, como se fosse um segredo, e se aproximou da sua mãe. "É porque na primavera, essa árvore se enche de animais, e flores." Damon entortou o canto da boca, ao ver a expressão vaga de sua mãe.

"E exatamente que tipos de animais? Pássaros?" Ela sorriu satisfeita.

Damon balançou a cabeça freneticamente, parecendo horrorizado com a idéia. "Não! Pássaros não! Eu não gosto de pássaros!"

Sua mãe arqueou uma sobrancelha, e Damon mordeu a língua para não rir.

"Não gosta? Você não gosta das múltiplas cores que as penas deles têm? Dos vários tipos de cantos deles, que podem formar uma sinfonia inteira?"

"Eu não gosto. O canto deles me irrita. Da vontade de jogar pedras neles." Damon riu quando sua mãe levou as mãos à boca, fingindo espanto. "E eles brigam por comida, sendo que tem para todos os pássaros em nosso jardim." Damon abaixou a voz. "Além disso, todas as pessoas, do mundo todo, gostam de pássaros. E esquecem outras aves..." Ele pareceu chateado por um momento.

"Que outros pássaros?"

Damon olhou de soslaio para ela, outro sorriso brincando nos seus lábios.

"Outros pássaros como, os corvos."

As sobrancelhas de sua mãe se arquearam, sumindo embaixo da franja.

"Você gosta de corvos, meu pequeno? Mas eles fazem muito barulho. Não cantam nenhuma melodia. E as penas deles? São somente pretas, não tem cor, não tem vida nenhuma." Sua mãe olhava intrigada para ele.

Damon se levantou de repente. "Mas é exatamente por isso que eu gosto deles." Ele disse jogando os braços para o alto e rindo. "A questão de eles cantarem ou não, é pura questão de opinião. E as penas deles, quando o sol bate nelas quando eles voam, elas ficam coloridas sim. Já vi todas as cores que você possa imaginar, dançando nas penas de um corvo. E eles representam a morte não é mesmo? A dor, a solidão, o sofrimento." Damon olhou atentamente nos olhos de sua mãe. "Não vejo pássaro mais belo do que esse. Ele tem todas as características da vida. Para as pessoas, eles trazem a dor, mas para as pessoas, como eu, que vêem a beleza até nas horas mais sombrias, conseguem ver todas as cores nas penas de um corvo, conseguem ver as cores na vida." Damon terminou com o peito estufado, olhando de cima para sua mãe.

Sua mãe abriu um sorriso. "Você é tão orgulhoso como seu pai. Talvez seja sua única semelhança com ele, mas certamente está ai. Você praticamente exala orgulho, e com apenas seis anos." Sua mãe abanou a cabeça. "Imagino quando for mais velho."

Damon deu uma risada curta. "Então eu serei o homem mais orgulhoso do mundo." Ele correu e caiu no colo de sua mãe, rindo.

Ela abraçou-o enquanto olhava para a tal árvore que balançava suas folhas ao vento.

"Sabe, eu também acho muito bela essa árvore. Mas não pelos corvos." Sua mãe riu e fez cócegas nele. "Quando eu estava grávida de você, eu costumava vir até aqui e caminhar ao redor dela. Apreciando as flores que nascem dessa arvorezinha."

"Eu também acho as flores bonitas, mamãe. Elas são azuis não é mesmo? Luiza diz que meus olhos são idênticos as pétalas das flores dessa árvore."

"Sim, sim. O mesmo tom de azul. Mas não é só isso que vocês têm em comum." Ela olhou com o canto do olho para ele.

"É mesmo é? Em que mais eu sou igual a uma flor?" Damon terminou gotejando sarcasmo na ultima palavra.

"Seu atrevido. Não caçoe de mim." Sua mãe riu. "Vocês dois..." Ela pareceu pensar por um minuto, escolhendo as palavras. "Gostam da primavera, obviamente."

Damon riu alto.

"E..." sua mãe abriu um sorriso tristonho. "Os dois têm defesas peculiares." Ela olhava para o chão agora.

Damon parou de sorrir e olhou atentamente para sua mãe.

"Vocês dois tem muitos espinhos, que impedem que o inimigo os machuque. Mas isso faz com que as pessoas que não querem machucá-los não possam se aproximar de vocês também." Sua mãe não sorria mais.

"Essa flor é extremamente bela. Suas pétalas, acredito serem de seda, de tão suaves ao toque. E o perfume delas, cobiçado pelas melhores butiques. Entretanto, para se ter acesso aos luxos dessa flor, é necessário um árduo trabalho. Mas ao terminar, você é recompensado com o melhor perfume que a Europa conhece." Sua mãe terminou sorrindo radiante pare ele.

Mas ele não sorria.

"E no que eu sou parecido com ela?" Damon falou sério.

"Oh meu querido. É somente uma comparação. Mas para mim vocês dois têm exatamente isso em comum. São belos por fora, divinos praticamente. Mas ao se revelarem para o mundo, vocês se mostram amargos, orgulhosos, egoístas. Mas isso é algo que eu admiro, meu filho." Sua mãe tocou seu rosto gentilmente. "Vocês dois fazem isso, inconscientemente, para testar as pessoas. Para aguardar o dia em que um pássaro, uma pessoa, vai ser forte e corajosa o suficiente para arrancar seus espinhos, e encontrar a alma mais bela que o mundo já conheceu." Sua mãe terminou olhando silenciosamente para os olhos dele.

Damon franziu os lábios, pensativo.

"Acha que vai demorar muito para essa pessoa aparecer mamãe? E quando ela aparecer, como vou ter certeza de que é ela?"

"Você vai saber meu filho. Por que você vai querer estar sempre ao lado dessa pessoa. Vai querer proteger essa pessoa de todo o mal do mundo. Vai fazer o possível e impossível para ver um simples sorriso brincar nos lábios dessa pessoa. O propósito de sua vida será ver os olhos dela, antes cheios de lágrimas, brilharem como o nascer do sol, e sorrirem para você." Sua mãe deu-lhe um beijo na testa.

Damon, ainda não sorrindo, olhou para a árvore a sua frente, onde um broto na cor azul muito claro, começava a aparecer entre as folhas.

Se levantando, ele foi até ela e pegou o broto delicadamente entre os dedos pequeninos.

"E se eu quiser machucar essa pessoa, mãe. Eu posso?"

Sua mãe demorou a responder. "Mas por que você iria querer machucar, meu pequeno, a pessoa que vai ser a razão de seu sorriso?"

Um sorriso brincava nos lábios de Damon.

"Talvez eu não saiba que eu preciso dessa pessoa. Talvez eu demore a descobrir."

Ele olhou para sua mãe, encobrindo o broto que ele acabara de arrancar em sua mão.

Sua mãe olhou atenta para ele, fitando os cabelos cor da noite do menino que balançavam suavemente com a brisa.

"Então, temo, você perderá essa pessoa. Para sempre."

Sua mãe lhe deu um sorriso cauteloso, se levantando e afastando lentamente.

Ela não viu a mínima lágrima que caiu dos olhos do menino, escorrendo fria e traiçoeira por seu rosto, enquanto ele repetia em sua mente.

'Você perderá essa pessoa para sempre.'

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Lamento meeesmo por não ter nenhuma cena Delena. Mas quero que a Fic comece assim. Quero mostrar os sentimentos do Damon. Quero entender como ele vê o mundo, o amor da sua vida. Para assim progredir no relacionamento dele com a Elena.

Assim, esse primeiro capítulo mostra o Damon, com 6 anos de idade, conversando com sua mãe.

A meu ver, o Damon era a típica criança arteira, que aprontava de tudo, não ouvia ninguém, exceto sua mãe. O ponto fraco dele.

Próximo capítulo, Damon nos dias atuais.

Espero que tenham gostado.

Reviews são sempre bem vindas!

xoxo