Nota: Os personagens de Saint Seiya não me pertencem, pertencem ao mestre Masami Kurumada e empresas licenciadas.
Aqui esta Jéssy (Dama 9), o seu pedido... Saga e Marin! Sinceramente espero que todos os fãs, tanto do Saga, quanto da Marin gostem, apesar desse ser 'um casal incomum' digamos assim.
Ah, e considere essa fic um presente de aniversário atrasado viu Dona Jéssy... rsrs
Uma boa leitura a todos!
Blue Sky
Capítulo I: Culpa
Sabia que já havia visto aqueles olhos antes... Aquele azul cristalino era puro como um céu claro de verão e... Tão diferentes dos seus...
Os olhos azuis da amazona transmitiam o reflexo de sua alma, de uma alma justa, nobre e que sempre havia lutado pelo bem e por ideais muito acima de um reles e vil desejo por poder. Não era digno de nem ao menos fitá-la, muito menos como o estava fazendo agora. Entretanto, sua alma deturpada e ferida ansiava poder enxergar todos os seus segredos, escondidos bem lá no fundo de seus olhos. Seus medos, suas fraquezas, todos os seus temores e incertezas. Ela não precisava de proteção, muito menos de si, mas... Então porque aquele desejo de tê-la presa entre os braços não lhe saía da cabeça?
Queria protegê-la, queria tê-la única e exclusivamente para si. Não queria olhos cobiçosos que não fossem os seus sobre ela. Não queria vê-la ser desejada por qualquer outro homem...
Sim, a desejava, a desejava perdidamente, como um homem deseja uma mulher e aquele sentimento o torturava dia após dia. Seus olhos azuis e escuros como a noite a perscrutavam como se fossem os de um lince negro. Era uma fera das sombras que no manto da noite se escondia para encurralar sua 'presa', mas sem nunca ter a coragem de um ataque direto.
-Terminei Saga! Acho que por hoje acabamos com a papelada referente a...; Marin ponderou com um olhar preocupado. –Se sente bem?
Estavam ali, os dois, a mais de quatro horas trabalhando em cima de toda uma papelada burocrática do Santuário, sempre em silencio. Saga havia se acostumado tanto com o silencio e com a sua silenciosa observação que só despertou desse transe quando a amazona o chamou pela terceira vez consecutiva.
-Saga?
-Me desculpe Marin; Saga se voltou para a amazona sentada ao seu lado do outro lado da mesa. –Estava distraído, cansado... Acho que trabalhamos de mais por hoje; ele completou fitando a imensa pilha de papéis em cima da mesa.
-É, um pouco e confesso que; Marin ponderou enquanto juntava mais três folhas e as punha junto a pilha. Um meio sorriso brotou em seus lábios. –Aiolos tem feito muita falta desde que partiu...
Ao fim de suas palavras, Saga se viu mais uma vez perdido em seus devaneios. Aiolos... Era pra ele estar ali, ocupando o lugar de Grande Mestre, o seu lugar, um lugar que havia usurpado no passado e que agora por um rompante inexplicável do destino lhe pertencia mais uma vez. Pertencia ao único homem que jamais deveria ter subido a tal posto.
Graças ao nobre e puro coração de Athena haviam voltado à vida, após sangrentas e incessantes batalhas. Havia sido 'absolvido' de seus pecados e tido a chance de recomeçar, mas estar ali, mais uma vez num posto em que no passado apenas causou dor e sofrimento devido a sua insanidade? Bem, aquilo mais parecia ser um castigo dos deuses do que de fato uma rendição.
-É, Aiolos faz muita falta; ele murmurou por fim. –Sabe se ele pretende voltar logo da viagem que fez até o Japão junto de Athena?
-Acredito que não, Aiolia me disse que...
O coração de Saga falhou uma batida. Aiolia... Ele e a amazona eram muito... próximos. Lhe torturava imaginar o quanto próximos. Não era cego, tão pouco tolo, já havia ouvido diversos comentários a respeito da relação de amizade e respeito entre a amazona e o Cavaleiro de Leão, mas isso se estendia à outros menos dignos e que preferia não dar ouvidos. Era quase como se sangrasse, quando ouvia algum comentário maldoso com relação a isso, fosse entre as servas ou entre a própria elite dourada. Milo de Escorpião, por exemplo, jamais perdia a oportunidade de fazer alguma piadinha a respeito só pra ver o amigo rugir.
Alheia as suas divagações, Marin continuou a falar.
-Aiolia me disse que Athena pediu que Aiolos ficasse por lá por mais um tempo, que precisa de alguém competente para ajudá-la com a fundação e que como você e eu estamos tomando conta dos problemas burocráticos do Santuário, ele não precisa se preocupar em voltar logo. E acho que isso foi um elogio não? –Marin sorriu divertida.
-É acho que sim; Saga sorriu.
Antes da partida de Aiolos para o Japão era ele quem o ajudava com tudo referente a problemas burocráticos ou não no Santuário, mas agora que havia partido Marin ficara a encargo de fazer tal coisa. Na verdade Marin se oferecera, quando vira que o Sagitariano temia deixar todo o trabalho nas mãos de Saga. Achava trabalho demais para que eles dois resolvessem juntos, então como ficaria a situação se Saga tivesse que cuidar de tudo sozinho?
É, ser o Grande Mestre não era fácil e por isso mesmo decidiu que o cargo oficial ficaria com Saga e não com ele. Saga se surpreendera e na verdade a muito custo aceitou tal 'troca'. Quando haviam voltado a vida imaginou que aquele lugar seria dado àquele de quem era direito, mas Aiolos se recusara e pedira para que assumisse mais uma vez a posição de Grande Mestre. Dessa vez assumira algo sem ter que passar por cima de ninguém, sem ceder a planos malignos de sua alma corrompida, mas ainda sim, sentia-se sujo e indigno de tal posto. Se Aiolos não queria aquele posto, então porque Mu não se tornara o Grande Mestre?
Infelizmente mestre Shion e Dohko não estavam mais entre eles, então o mais correto seria um dos dois, Aiolos ou Mu subir ao poder. Eram cavaleiros dignos, honrados e serviram a Athena até o seu ultimo suspiro, mas não. Incumbiram a si tal tarefa. Será que queriam castigá-lo? Talvez, mas quando sentira a aprovação de tal coisa nos olhos de Shaka e dos outros, percebera que não era bem assim. Havia sido absolvido, o que faltava agora era se perdoar, perdoar a si mesmo e era isso o que não conseguia fazer, nem mesmo com o passar dos anos.
-Saga? –Marin indagou novamente e então tocou em seu braço com sutileza. –Está mesmo tudo bem com você?
Saga assentiu com um menear de cabeça. A amazona era uma mulher forte, treinara duro como qualquer cavaleiro e ainda sim tinha a mão suave como a uma pétala de rosa recém colhida. Seu toque o perturbava, seu cheiro... Como gostava do perfume dela.
Ele afastou o braço, fugindo daquele toque que o fazia ansiar, de seus quase pungentes pensamentos e desejos. Todos eles impossíveis. Ela jamais seria dele, não da forma que desejava.
-Eu acho que...; ele ponderou sem se voltar para a amazona. Fitava o brilho lustroso da mesa. –Acho que eu não deveria estar aqui. Aiolos deveria estar aqui. Mu deveria estar aqui, qualquer um dos demais, menos eu; Saga finalmente se voltou para a ruiva que fitou-o surpresa.
-Saga; Marin ponderou. –Se está aqui é porque é digno de estar nesse posto. Mu poderia ter assumido o cargo sim, aliás, qualquer um dos demais, mas não o fizeram e sabe por quê? Porque não há alguém no mundo que nunca tenha errado e principalmente, porque assumir um erro, arrepender-se, é o que realmente importa no fim de tudo. Então, não se veja apenas como o vilão dessa história. Todos cometem erros, eu cometo erros. Errar é parte de ser humano Saga. E você não é um deus! Até mesmo eles eram e você sabe disso...
-Eu faço com que me vejam assim? –ele indagou.
-Às vezes sim; Marin respondeu com sinceridade. –Às vezes você se torna intocável. Como agora em que passamos horas trabalhando juntos e você sequer me dirigiu a palavra.
-Me desculpa; Saga se voltou para os olhos claros da amazona e então tocou sutilmente em sua mão que repousava sobre a mesa.
Ela era mesmo única, ele pensou. E pela graça dos deuses Athena havia finalmente abolido aquele dogma ridículo do uso de mascaras, caso contrário jamais poderia estar vendo aqueles olhos azuis assim tão de perto. Marin era linda e era um sacrilégio ter que esconder tão rara beleza por debaixo daquele metal frio.
-Saga...
Marin o chamou e só então o geminiano percebeu o que fazia. Seu polegar e dedo indicador estavam a massagear sutilmente a mão da amazona por alguns minutos. Viu-a corar levemente e afastar-se, porem nada mais disse.
-Pode ir Marin, continuamos amanhã; ele disse e a amazona se levantou.
-Até amanhã Saga; ela disse polidamente então se retirou sem tempo de ouvir o fraco murmúrio do cavaleiro.
-Até amanhã...
Seu corpo estava tenso, mas aos poucos relaxava sob aquela água cálida, morna. Sempre fora comum passar horas e horas ali, sozinho, tendo como companhia apenas os seus pensamentos. Era ali que muitas vezes traçara planos maquiavélicos, tentativas felizmente frustradas de dominar o mundo. Quanta presunção...
Seus lábios se curvaram num meio sorriso, mas ele era triste, quase que melancólico. Seus braços jaziam abertos e se recostavam contra a orla da piscina, que ficava no centro da casa de banho. Os cabelos royal e úmidos deslizavam displicentes pelo seu peito forte e nu.
"... Você não é um Deus Saga!".
A voz da amazona parecia retumbar em sua mente.
"... Todos cometem erros...".
Sim, todos cometiam erros, mas não como os dele. O cavaleiro suspirou e então recostou a cabeça contra a orla da piscina. Seus olhos azuis puseram-se a fitar o teto. Ali, naquele lugar, era pra onde se refugiava todas as noites e mais uma vez, como há anos atrás, se aprisionava junto a seus devaneios, mesmo que agora eles fossem diferentes. Eram carregados de culpa, culpa pelo que havia sido no passado, por seus atos desmedidos e egoístas que só causaram morte e destruição e também culpa, por aquele sentimento novo, aquela necessidade pungente e inatingível que se abatia sobre si todas as vezes em que via a amazona.
Mal havia acabado de se redimir de uma centena de pecados e já desejava pecar mais uma vez?
Sim. A resposta era direta. Não tinha o que pensar quanto a isso, mas o seu inconsciente, sua parte racional, lhe dizia que não podia cometer mais esse sacrilégio.
-Chega!
Saga se levantou e abandonou a sala de banho. Pegou uma toalha sobre o aparador próximo a porta, a qual atou a cintura, e rumou em direção aos seus aposentos. Sob o chão um rastro úmido se espalhava, mas ele sequer percebia. Sua mente jazia longe, muito longe dali. Quem sabe... No vilarejo das amazonas? O que ela estaria fazendo agora? Será que estava com Aiolia? Se que... que... Que Aiolia podia ter o que ele jamais poderia? Podia estar nesse momento com ela entre os braços e sentindo o seu perfume?
-Droga! –ele praguejou. Se continuasse a ter aqueles pensamentos iria acabar odiando um amigo, sem ao menos ter um motivo 'real' pra isso.
Estava enlouquecendo mais uma vez, mas dessa vez era diferente. Estava enlouquecendo de desejo, de paixão de... Amor? Suas divagações, porem, foram deixadas de lado diante da cena que presenciou em seu quarto.
O quarto era enorme, luxuoso: o quarto do Grande Mestre. Tinha cortinas pesadas por todo lado, tapeçarias magnificamente desenhadas e móveis sóbrios e caros. Tudo ali era rico e belo, mas sobre a cama, uma enorme cama de casal jazia a mais bela imagem daquele quarto. Uma mulher, uma mulher completamente nua jazia deitada em sua cama numa pose sensual, como se fosse uma das obras de Bernini. Sua pele era branca e macia como seda, uma estátua de mármore que havia ganhado vida. Seus cabelos uma cascata ondulada cor de fogo e seus olhos... Seus olhos azuis, azuis como o céu...
-Marin?
Sua voz saiu rouca, um murmúrio praticamente inaudível a ouvidos humanos. A mulher sorriu, um sorriso travesso, como o de uma menina, mas cheio de promessas. Ela se levantou graciosamente e sem qualquer pudor se aproximou do homem que até então a fitava extasiado. Suas mãos pequenas tocaram o peito úmido e despido de Saga e então deslizaram provocantes pelo seu abdômen até a toalha, parcamente presa a sua cintura. Ouviu-o gemer e sorriu juntando seus lábios ao que estava fazendo: provocando o homem que era objeto de desejo de pelo menos nove a cada dez mulheres naquele lugar...
Saga sentiu-a deslizar a língua sobre sua pele, tão provocante, tão irresistível. Sem mais demoras puxou-a para si e entrelaçou os dedos entre seus cabelos. Puxou-a pela nuca, fitou-a nos olhos, diretamente, sua boca entreaberta.
Sentindo uma onda insana de desejo o invadir, ele finalmente tomou-lhe os lábios e ela gemeu diante do clamor daquele beijo. Ele quase a machucava tamanha sede em saciar o seu desejo de por fim provar de sua boca. Sua língua buscava a dela, brincava, provocava e os gemidos dela ao sentir suas mãos grandes a apertarem contra o seu corpo só o deixavam ainda mais excitado.
Tinha que possuí-la e agora. Pegou-a nos braços e levou-a a até a cama. Tão logo seu corpo pesado comprimia o dela, enquanto a sentia roçar as penas provocantemente em seu corpo. Suas mãos passeavam pelas curvas delicadas, pelos seios firmes que arfavam sob o seu corpo. Saga desprendeu-se momentaneamente de seus lábios para então deslizar até sua orelha pequena, a qual mordiscou antes de sussurrar:
-Marin...
-Pode me ter quantas vezes quiser, mas... Por favor, me chame pelo meu próprio nome...
Saga repentinamente estancou, parou o que fazia pra fitar o rosto rosado da mulher. Ela não era Marin...
Ela era linda, tinha cabelos cor de fogo como a amazona, mas os seus olhos não eram azuis. Eram verdes e o seu rosto de menina era coberto de minúsculas sardas. Definitivamente, ela não era Marin.
Saga afastou-se com tamanha pressa que a mulher se assustou. Numa hora estava pronto para possuí-la, sem ao menos lhe perguntar seu nome e agora a descartava? Como se tivesse descoberto estar com um demônio disforme na cama?
-Eu me chamo Sarah, mas se quiser continuar a me chamar pelo nome daquela mulher... Bem, eu não me importo, contanto que não pare...
-Saia; Saga pediu sem se voltar para a mulher quando a sentiu se aproximar e se debruçar sobre seu corpo, seus seios rijos roçando suas costas. Agora seus atributos não mais lhe atraiam. –Saia daqui, agora...
-Como? –a mulher se sentou sobre as próprias pernas e passou a fitar o cavaleiro sentado sobre a cama e fitando o chão. –Como assim saia e...
-Agora! –Saga ordenou se voltando pra mulher que se encolheu diante de seu grito de fúria.
-Idiota! –ela resmungou se afastando e pegando suas roupas num canto qualquer para então sumir da vista do cavaleiro.
Saga permaneceu por longos minutos refletindo o acontecido e chegou a uma conclusão: Estava realmente enlouquecendo...
Continua...
N/A: E ai gente curtiram esse primeiro cap.? Mereço um review? Sim? Digam que sim, please? Ah e se sim, não se façam de rogados e comentem! Adoro coments! rsrs
Bjus e tudo de bom!
