HARRY'S VALENTINE
Autoria: Julieta Potter
Tradução: Inna Puchkin Ievitich
Versão original (em espanhol): www . fanfiction . net / s / 2799401 / 1 / Harrys_Valentine
Publicada em 13.02.2006
Nota de esclarecimento da tradutora: Optei pela não-tradução ou não-adaptação de algumas expressões em inglês (tal como a palavra "Quidditch, adaptada por Lia Wyler para "Quadribol"), assim como pela permanência da expressão "Dia de São Valentim", ao invés de alterna-la para a expressão "Dia dos Namorados".
Parte 1
A massagem
Hermione deixou cair pesadamente seu copo de Adnams sobre a velha e gasta mesinha de madeira do concorrido pub, ao redor da qual estavam sentados Luna, Ron, Harry e ela. Pigarreou um pouco ao sentir um desagradável sabor amargo na boca, já que não estava acostumada a tomar bebidas alcoólicas em quase nenhuma ocasião e a cerveja realmente não era sua opção mais acorrida. Mas nesse dia de celebração não pode negar-se a acompanhar seus amigos em uma das bebidas fermentadas mais populares servidas no pub, decisão que agora lhe alegrava, já que, se houvesse dito "Não, obrigado. Eu não devo..." certamente teria sido um motivo de briga entre Ron e ela, uma vez que o ruivo sempre alegava que Hermione era uma amargurada estraga festas que saia para dormir cedo.
O caso é que nessa tarde, já havia demasiada tensão no ambiente para se necessitar de outra discussão entre eles. A garota de cabelos castanhos se remexeu incômoda em seu assento de couro, enquanto olhava de soslaio para sua amiga Luna, e esta devolveu-lhe o mesmo olhar de tédio... deveras as duas estavam mais que fartas da atitude infantil de Ron e Harry. Mas, sobretudo, da de Harry.
O jovem e famoso Apanhador da equipe de Quidditch dos Puddlemore United olhava fixamente para seu copo de cerveja sem atrever-se erguer a vista para ninguém... especialmente para os olhos azuis de seu ruivo amigo, pois sabia que encontraria irritação e reprovação neles. Um pesado silêncio prendia os quatro, e era inteiramente sua culpa; arrependeu-se até a medula de ter aceito o convite deles para "comemorar" a vitória de seu time e que casualmente coincidiu com o Dia de São Valentim. Agora não sabia em que, diabos, estava pensando quando disse sim a Hermione, a qual lhe havia chamado pelo telefone celular trouxa ao final da partida e lhe sugerira sair para tomar uma cerveja com ela, Ron e Luna.
Harry aceitara porque se sentia tão frustrado e irritado naquele momento, que pensou que passar uma noitada com seus melhores amigos (os quais não via muito com freqüência, para não dizer quase nunca) lhe ajudaria sobremaneira a superar o sentimento de fracasso que o inundava.
Um fracassado. Isso era no que havia se convertido, já que não conseguira pegar o Pomo no jogo... Ele, Harry Potter, o Apanhador mais jovem de todos os tempos, não pode pegar o Pomo! Mas para sorte dele, embora o Apanhador do outro time o tivesse superado em rapidez e habilidade, a soma dos pontos finais beneficiou à equipe de Harry... permitindo-lhes ganhar.
No entanto, isso não o fazia sentir-se nada bem, pois não era a primeira vez que lhe acontecia isso. Já eram várias as partidas nas quais havia falhado... e isso o fazia temer por sua reputação como Apanhador. Temia pela renovação de seu contrato no time. Mas, sobretudo, temia descender nas causas de seu baixo rendimento como esportista. Somente o fato de pensar nisso lhe causava uma grande vergonha e um terrível sentimento de impotência.
Esse era o motivo pelo qual estava com um humor de mil demônios essa tarde. Tão irascível, que a primeira piada inocente que Ron fez sobre sua péssima atuação no jogo do dia, ocasionou que Harry explodisse em fúria e gritasse uma sandice a seu amigo, logrando que todos na mesa submergissem em um embaraçoso silêncio desde aquele momento.
Mas é que eles não sabiam... eles não poderiam entender Harry, segundo entendia ele mesmo. Seus amigos não conseguiam adivinhar que seu apoio e brincadeiras não o faziam sentir-se melhor, e menos ainda neste dia em particular.
O Dia de São Valentim. O dia do amor. E Harry não tinha nenhum amor com que estar.
Por outro lado, Ron e Luna tinham um ao outro. Eram casal há muito tempo, viviam juntos e pareciam felizes. E Hermione... dela não sabia. Harry ergueu o olhar para sua amiga de toda a vida perguntando-se o que seria de sua vida amorosa. Ruminou essa questão em sua mente um pouco enquanto observava a garota mexer ocasionalmente seu copo de cerveja em movimentos circulares, fazendo com que a bebida formasse um redemoinho no transparente recipiente.
Não duvidava que lhe sobravam pretendentes, depois de tudo ela era bonita e inteligente. Nessa noite em particular estava muito bonita, embora Harry não pudesse definir o que ela tinha de diferente. Quiçá fosse por levar o cabelo preso em um coque ao descuido, que permitia que muitas mechas de seu rebelde cabelo castanho caíssem sobre sua face e ombros. Aparte isso, vestia como quase sempre: uns jeans ajustados e um suéter de tricô.
Harry pestanejou incrédulo, pois mais se dava conta de que nada sabia sobre algum prospecto amoroso na vida de sua amiga. Ou ela seria muito reservada para falar dessas coisas com ele?
O que fosse, Harry se atrevia a supor que ela era feliz, já que tinha um estupendo e renomado trabalho no Departamento de Cooperação Mágica Internacional, o qual lhe havia permitido conhecer muitos lugares do mundo em sua, ainda, jovem vida. O que Hermione sempre sonhara. Qualquer um estaria satisfeito com algo assim, não?
Ademais, tinha um lindo apartamento ali mesmo, em Londres (o qual Harry visitara uma só vez, quando ela fez sua festa de inauguração), e a seu gato, Crookshanks. E decerto teria namorado, pensava Harry, crendo que simplesmente ele não o conhecia. De repente, e somando-se ao seu sentimento de culpa, um estranho mal-estar surgiu-lhe na boca do estômago, ao imaginar sua amiga com algum desconhecido... melhor seria que o eleito fosse um cavalheiro com ela. Se não, se veria com ele. Por algo era seu melhor amigo.
Apenas seu amigo. Sim, claro, olha que bom amigo está sendo hoje, pensou consigo mesmo. Suspirou completamente envergonhado pela desagradável situação que havia gerado naquela tarde, mas jamais imaginou que Ron se levantaria nesse momento e, lançando algumas cédulas na mesa, diria a Luna:
- Vamos, amor... este é um dia especial e não quero arruína-lo.
- Mas, Ronnie… - suplicou-lhe ela, olhando envergonhada para Harry e Hermione. – Estou segura de que aqui estaremos bem.
- Ron… - começou a dizer Harry, buscando o olhar de seu amigo.
Ron negou com a cabeça. Não parecia irritado, mas bem era tristeza o que aparentava seu rosto.
- Creio que fará bem a Harry estar sozinho. Eu sei que ele me chamará quando estiver pronto para conversar... não é, camarada?
Harry não pode responder nada ao ruivo porque este não lhe deu tempo, já que de imediato inquiriu a Hermione:
- Nos acompanha?
Ela duvidou um momento, mas amavelmente se recusou. Alegou que ficaria com Harry um pouco mais, mas este supôs que somente o fazia para não ser a 'segura vela' entre Ron e Luna, e não para acompanhá-lo.
Harry sabia que havia arruinado tudo. Sabia que tinha que desculpar-se, mas algo muito parecido a rancor impediu-lhe de fazê-lo. Estava irritado com Ron. Não... mas corretamente, estava ciumento. Ciumento de que seu amigo tivesse um par estável. Invejoso de que ele parecesse tão feliz com Luna e ela com ele. Imaginou que suas relações sexuais seriam estupendas e pensar nisso apenas o enfureceu mais.
Hermione lhes disse "Adeus" silenciosamente, enquanto o casal se afastava de sua mesa rumo à saída depois de despedir-se, e então Harry preferiu olhar as antigas fotografias de Londres que, empoeiradas, pendiam de todas as paredes do lugar. Sentia-se completamente vil... e sabia a dura reprimenda que esperava de sua amiga.
Mas passaram-se os minutos e ela não dizia nada... Harry deixou de fixar sua atenção em algo que realmente não olhava e voltou seus olhos para ela. Hermione ergueu as sobrancelhas e lhe sorriu com timidez, antes de dizer:
- Que clima horrível. Não é?
Harry não pode fazer menos que bufar de riso. Hermione também sorriu, talvez feliz de ter quebrado o gelo. Era estúpido falar do frio e da chuva... o clima sempre era assim nessa época do ano.
Para Harry, o comentário dela pareceu com aqueles que se faz quando se está em um primeiro encontro e se esgotaram os temas da conversa... Um momento. Harry havia pensado "primeiro encontro"? Quando tivera ele um encontro a sós com Hermione? Não lembrava de nenhum... sempre estiveram acompanhados por seus outros amigos.
Então, se podia dizer que sim: que esse dia era seu primeiro encontro.
Olhando pela única janela do pub a chuva incansável que caía na rua, Harry deixou-se dominar pela depressão de novo.
- O clima é um perfeito reflexo do meu sentimento interior. – pensou ele em voz alta.
- Eu sei, Harry.
- Sabe? – olhou-a assombrado. Como poderia ela saber? Nunca falara "disso" com ninguém.
- Sei que está deprimido... – começou a dizer ela, com certo retraimento. – E não apenas por seu desempenho na partida, realmente. Imagino que, pela data de hoje, você se sente sozinho... quero dizer, sentirá falta dela... Ou me equivoco?
Hermione fitou-o anelante. Harry olhou-a surpreso. Mas ela se equivocava totalmente. Não sentia falta dela. Definitivamente, não.
- Não... – negou, totalmente convencido. Hermione suspirou aliviada mas ele não percebeu, pois estava muito concentrado em seus pensamentos. Sabia que sua amiga se referia a Lucy Eden, sua ex namorada. – Não é que sinta falta dela... é que... eu... – calou-se de repente. Não podia crer que esteve a ponto de dizer a alguém aquilo que o mantinha tão angustiado e envergonhado, melhor então morder-se a língua para não contar.
- É que... – animou-o a continuar, ao tempo em que bebia de seu copo com apurado ímpeto.
Harry imitou-a. Bebeu o resto da bebida de um trago, e pediu, com um sinal, ao garçom mais dois copos.
Hermione cansou de esperar que seu amigo lhe revelasse o motivo de seu mal-estar. Ela presumira, com grande desolação, que ainda estaria apaixonado por aquela bruxa oportunista que conhecera um dia; com quem ele havia pulado na cama à noite e já estavam vivendo juntos na seguinte semana. Triste, recordou o quão dolorida e ciumenta havia se sentido ao ler no "Profeta" a notícia do romance de seu amigo...
Repentinamente irritada ao relembrar daquele terrível dia, bebeu quase por completo do copo de cerveja que o garçom acabava de lhes trazer. Tinha gravada a fogo em sua mente aquela foto horrível, onde Harry aparecia feliz abraçando a uma loira espetacular e muito mais jovem que eles. Lucy Eden… como havia maldito Hermione o nome dela tantas vezes.
Tinha certeza de que ela somente estaria deslumbrada pela fama de Harry e por sua fortuna. Sabia que não o amava de verdade, porque não era possível que ninguém o conhecesse apenas em uma semana como Hermione o conhecia há anos. E ninguém o amava como ela. Não era justo... não era... Por que Harry não podia correspondê-la?
Esvaziou seu copo de novo e viu que Harry também o fazia. Pediram uma terceira rodada... e uma quarta. Ela, tensa, ele, nervoso, cada qual por seu próprio motivo. E, então, a escura bebida de malta cumpriu seu papel: ajudou-lhes a desinibir-se totalmente ao apurar o quinto copo do refrescante líquido.
- Como lhe dizia, Hermione. – disse Harry, acalorado e muito seguro de que sua amiga o compreenderia. – Meu problema não é esse... eu não sinto falta dela. Asseguro a você! – reafirmou ante o olhar interrogante dela. – Meu problema é outro... mas está ligado diretamente à razão pela qual Lucy me deixou...
A morena abriu muito seus olhos. Sentia-se um pouco mareada porém inteiramente liberada; era como se uma valentia nova a houvesse tomado e qualquer coisa que desejasse empreender pudesse ser factível e perfeitamente real.
Sorriu tontamente... já não lhe importava tanto que Harry lhe contasse o que lhe deixava de mau humor. Desde que o motivo não fosse o fato de ainda amar aquela bruxa, nada podia ser tão terrível. Agora se conformava e sentia-se satisfeita de estar ali com ele, conversando o que fosse. Não lhe ocorria um melhor presente do Dia de São Valentim que passa-lo com Harry.
Uns dias atrás acreditara que passaria sozinha essa data especial, como todos os últimos anos. Mas não, Ron lhe havia chamado e sugerido esse encontro. E, claro, Hermione aceitou encantada. Qualquer oportunidade de ver Harry era bem-vinda.
- Está bem, Harry. – respondeu, arrastando um pouco as palavras e negando levemente com a cabeça. – Você não tem que me dizer se não quiser, realmente...
Harry se surpreendeu e lhe indignou o fato de que sua amiga não se interessasse mais por seu "problema". Depois de tudo, não o havia confiado a ninguém, e ela se dava o luxo de rechaçar sua revelação; isso, sim, não iria tolerar. Depois de tudo, Hermione sempre estivera ali, para ele... sempre era seu ombro amigo quando necessitava de um.
- Mas é que eu quero lhe contar, Hermione! – espetou-a ofendido. – Depois de tudo, talvez você possa me ajudar ou aconselhar algo... Já não suporto mais, cada vez que saio com uma garota acontece isso comigo.
Hermione entornou os olhos enquanto olhava duvidosa para seu amigo. Merlin! Aqui vem ele outra vez com uma de suas confissões relativas à sua ativa vida amorosa, pensou desesperada. Para ela sempre fora muito difícil escutar Harry falar de suas namoradas... claro, ele não imaginava que a jovem o amava como condenada e que lhe fazia um dano terrível ouvir aquelas conversas.
- Realmente Harry, não quero...
- É que sofro de ejaculação precoce, Hermione. – soltou, rápida e diretamente, o rapaz de olhos verdes. Porém, no seguinte segundo arrependeu-se de tê-lo dito... sobretudo ao ver a cara de surpresa que sua amiga pôs.
- Que você... o quê? Ejaculação precoce?! – exclamou ela.
- Shhhh! – calou-a Harry, olhando as pessoas ao redor. – Você quase publica isso no jornal, seja mais discreta, por favor!
Hermione abafou um risinho e isso acabou de enfurecer Harry. Mas, curiosamente, sentiu-se muito bem de contar por fim a alguém o seu segredo. Foi como se se soltasse algo de seu interior... e não sentiu tanta vergonha como acreditara ao princípio, pois Hermione era sua melhor amiga e podia ter toda a confiança do mundo, até para falar de sexo... não?
O que Harry nunca soube nem pode imaginar foi a malvada satisfação que sua amiga sentia nesse momento. Então, foi por isso que Lucy se foi... e as outras antes dela. Sorrindo satisfeita, secretamente quase se alegrou do "problema" de seu amigo.
E claro que a comprazia saber daquilo... isso queria dizer que aquelas garotas nunca estiveram à altura do rapaz de olhos verdes, tal como ela o havia suposto. Pois uma mulher realmente apaixonada por seu homem sabe como ajudar ao invés de sair fugindo.
Mas quase em seguida se arrependeu de sua egoísta alegria. Ela sabia coisas, conhecia melhor que ninguém o triste e difícil passado de Harry. Ademais, estudara cursos em outros países e se dava perfeitamente conta de que o problema sexual de seu amigo não era apenas isso. Havia um transtorno mais profundo... traumas, vivências dolorosas. Culpa.
Engoliu em seco ao tentar reter as duas lágrimas que pugnavam sair de seus olhos castanhos. Sentiu tanta dor e pena por seu amigo como somente alguém que ama incondicionalmente pode sentir.
- Bom, Harry... – disse-lhe ela sem olha-lo nos olhos e usando seu típico tom de sabichona para dissimular seu pesar. – A ejaculação precoce não é um problema grave, asseguro a você que há cura... E posso imaginar que tem a ver com tudo o que você passa: sua má aptidão como jogador e seu mau humor e...
- Como tem a ver com tudo o que me passa? – interrompeu-a bruscamente; Hermione fitou-o entristecida, e Harry teve que reconhecer que ela tinha razão. Tentando suavizar o momento, o jovem bruxo abaixou a voz e disse: - Pensando bem, pode ser que seja assim como você diz... Estou completamente desesperado porque nenhuma de minhas relações funciona... e isso me deixa na miséria moral, ainda mais quando vejo que meus amigos já têm um par e...
- Eu não.
Harry olhou para Hermione nos olhos e se surpreendeu de encontrá-los tristes e brilhantes. Claro que ele não sabia, e Hermione jamais lhe confessaria que ela não havia aceito sair com ninguém por aferrar-se à esperança de que ele, algum dia, a veria como algo mais que apenas sua amiga.
- Bom... – continuou Harry, questionando-se sobre a aparente solidão de Hermione, mas sem atrever-se a perguntá-la. – O que eu tentava dizer a você é que isto... me estressa. Me enfada. Todo o tempo estou pensando nisso. Não sei como solucionar o problema.
- Existem umas pessoas chamadas médicos, Harry… ou, em todo caso, restam os curandeiroscomo alternativa, também... – disse ela bastante irônica, irritada pela incapacidade do jovem de adivinhar que ela o amava há anos.
Harry entrecerrou os olhos ante o sarcasmo de sua amiga. Era estranho que agisse assim... geralmente era muito compreensiva e carinhosa. Se ela não entendia que Harry sentia muita vergonha de pedir ajuda a um especialista, e isso sem contar que meio mundo se inteirasse, então eles dois não tinham mais nada do que falar...
- Mas entendo que provavelmente você pense que se recorrer a um deles, a notícia pode vazar… Sendo você uma figura pública do mundo mágico, essa seria uma estupenda matéria para os jornais sensacionalistas. – sussurrou ela como se lesse seus pensamentos. – Você precisa de alguém de extrema confiança.
O jovem surpreendeu-se pela milionésima vez de comprovar que sua amiga o conhecia como ninguém... Assentiu lentamente com a cabeça, satisfeito de que ela o compreendesse, mas congelou em seu sorriso quando ela lhe assegurou:
- Eu posso ajudá-lo.
Saíram do pub "Red Lion" muito convencidos de que seu plano era perfeito e não aconteceria nada além da cura total de Harry... Hermione lhe havia assegurado de que o fazia com muito prazer, que ele podia aceitar como seu presente de Dia de São Valentim se assim o desejasse. Nenhum dos dois deu-se conta de que sua fantástica confiança era o regalo momentâneo que umas quantas cervejas costumam outorgar.
Fora já estava escuro. Chovia levemente e fazia um frio dos demônios; o letreiro de metal do pub, que portava um leão vermelho, sacudia ruidosamente sob o inclemente vento da noite. Devido à tontura ocasionada pelas bebidas, lembraram que nenhum dos dois estava apto para aparatar no apartamento de Hermione, que era o lugar aonde se dirigiam. De forma que, caminharam sob a garoa rumo à avenida principal, em busca de um táxi.
Chegaram ao formoso parque de St. James, cujos jardins se estendem até o palácio de Buckingham, lar da rainha da Grã Bretanha. Ali, em completo silêncio e cada qual envolto em seu próprio agasalho e guarda-chuvas, esperaram que passasse um carro que os levasse a salvo à casa da morena. Mas conforme passavam os minutos e o frio vento lhes despejava a mente, a idéia fenomenal confabulada momentos antes no bar ia lhes parecendo cada vez mais aterradora, embora nenhum dos dois se atrevesse a confessá-lo ao outro.
Abordaram por fim o esperado veículo, cujo chofer recebeu de Hermione as direções de um domicílio não muito longe dali... Depois disso, a garota pareceu achar muito interessante a escuridão da rua, pois não desgrudava seus olhos da janela. Harry agradeceu por isso, pois ele também estava ocupado em suas próprias cismas e não queria conversar sobre nada.
Pelo santo nome de Merlin, pensava, dando topadas contra o frio vidro de sua janela, O que, diabos, me fez contar a Hermione sobre o meu "problema"? Que vergonha sinto agora... o que ela pensará de mim? E o pior! Como pude aceitar, por todos os demônios, o que ela me propôs?... Não tenho escapatória agora, é muito tarde... ela se sentiria ofendida se me nego... ela faz isso para me ajudar.
Por sua vez, Hermione quase desejava saltar pela janela do táxi e afogar-se na chuva antes de voltar a olhar Harry nos olhos... Em que pensava ao contar a Harry sobre seu conhecimento em massagens tântricas, as quais havia aprendido em uma de suas viagens à Índia? Como se atrevera a dizer-lhe que ela podia aplicar-lhe uma, fazendo-o sentir-se mais relaxado em sua vida diária e disposto a ter melhores relações sexuais?
Naquele ponto, seu amigo havia se mostrado duvidoso, mas evidentemente interessado depois de tudo. Quem não tem a atenção capturada por uma oferta para melhorar seu potencial sexual? Hermione lhe assegurara, então, que esse tipo de massagem ajudava enormemente a controlar seu estresse, mediante uma estimulação dos pontos de sensualidade em seu corpo; aprendendo a respirar e controlar sua ejaculação o tempo que fosse necessário... culminando em um orgasmo mais pleno.
Hermione fechou os olhos aterrada ao recordar a imediata aceitação de Harry à sua proposta. Quase havia saltado da cadeira, disposto a que o massageasse ali mesmo, na mesa do pub... Naquele momento, ela se sentira corajosa, pensou que o carinho e desejo que secretamente sentia por seu amigo não seriam problema nem impedimento para aplicar-lhe a massagem... Mas agora, nessa fria cabine de táxi e rumo ao seu apartamento, estava começando a ver seus sentimentos como um inconveniente bastante importante.
Já que, e embora tratasse de negar a si mesma, somente o fato de pensar em aplicar uma massagem em Harry (e uma massagem tântrica, por Deus!) a excitava enormemente. Significava que poderia ver o jovem Apanhador, objeto de seus secretos desejos, desnudo... e, como se isso fosse pouco, o tocaria... acariciaria todo seu corpo... todo.
A vozinha de sua consciência lhe dizia que não seria honesto de sua parte brindar uma massagem a seu amigo, pois ela o amava e o desejava com desespero há anos... Mas não podia evitar iludir-se com somente a idéia. Não queria nem podia arrepender-se. Sabia que se voltava atrás, Harry podia suspeitar de que ele significa algo mais para ela. E Hermione não poderia suportar que o rapaz soubesse...
Porque ele jamais a veria como algo mais que somente a-amiga-a-quem-confio-meus-problemas-mas-não-amo.
Além do mais, existia o fato de que uma sessão de massagem apenas geralmente não bastava para arrumar esse problema. E a garota não saberia se seria capaz de repeti-la as vezes que Harry precisava.
Chegaram a seu apartamento depois de uns minutos, Harry pagou a viagem e ambos desceram à escuridão da noite. Já havia deixado de chover mas o clima gélido havia se incrementado.
Estremecendo-se e não precisamente de frio, Hermione abriu a porta do edifício sem dirigir palavra alguma a Harry. Subiram as escadas até o terceiro piso e ela abriu a porta de seu lar. Convidou-o a passar com um gesto e um sorriso murcho, no momento em que um velho e carinhoso Crookshanks saudava o jovem enroscando-se em suas pernas.
- Olá, amiguinho...
- Uma chá, Harry?
Ele ergueu a vista do gato para ela e se perguntou se devia aproveitar essa última oportunidade de sair correndo dali. Não se atreveu a fazê-lo por temer ferir sua suscetibilidade, de modo que aceitou a bebida.
- Com dois de açúcar e...
- Leite. Já sei, Harry. Sente-se, por favor.
Deixando seus úmidos abrigos no cabide da entrada, foram à cálida e bem iluminada cozinha da garota e Harry sentiu-se tão cômodo que se perguntou porque não visitava sua amiga mais frequentemente... então, pensou que havia descuidado muito de sua amizade com ela. Muito treinamento de Quadribol... muitas farras com amigos... muitas namoradas ciumentas.
Enquanto ela lhe servia uma taça e uma fumegante chaleira, Harry lhe sorriu.
- Então, você esteve na Índia. – lhe disse, mas de imediato sentiu-se estúpido por isso.
Ela também sorriu e sentou-se ao seu lado.
- Na Índia... e na Tailândia, Alemanha, México, Argentina, Somália... e mil lugares mais, Harry. É a coisa boa de meu trabalho. É a melhor coisa que tenho.
Melhor dizendo, é a única coisa que tenho, pensou tristemente.
Os dois se ocuparam a beber seu chá sem dizer mais. Nenhum dos dois conseguia entender o que era que os havia levado à essa situação tão comprometedora. Harry estava totalmente encabulado por ter contado aquilo à sua amiga e ter que receber uma massagem de sua parte... tentava imaginar que seria como qualquer outra das tantas que recebera durante sua longa carreira esportiva.
Hermione limpou a garganta e soltou de repente, falando com rapidez:
- Quero que saiba, Harry (e saberia se lesse um pouco mais e se informasse), que o seu problema não se deve a que você seja... – se ruborizou com fúria – um mau amante... Quero dizer, isto não é mais que uma conseqüência da vida que você levou... os problemas aos quais enfrentou. As mortes de seus entes queridos. Isso ocasionou que a energia que circula por seu corpo se estanque... E, suponho que no seu caso, sendo um bruxo tão poderoso... essa energia deve ser impressionante.
Harry fitou-a comovido por suas palavras e abriu a boca para agradece-la quando ela, nervosa ao extremo, levantou-se de golpe, levando seu copo à pia e, ato contínuo, saiu da cozinha à toda pressa. Voltou um minuto depois com uma garrafinha e uma toalha impecavelmente branca, a qual arremessou para Harry com um pouco de brusquidão.
- Fique à vontade... eu tenho que colocar uma música suave. É parte do tratamento.
Saiu de novo, deixando Harry completamente espantado. Acaso ela esperava que ele se despisse ali, no meio da cozinha? Devia estar demente. Harry dirigiu-se ao banheiro, enquanto que algo em seu interior lhe gritava que saísse dali agora e que ainda podia fazê-lo. Mas não o fez. A oferta de sua amiga era muito tentadora para ser rechaçada.
Mais energia, plenitude, orgasmos mais controlados e prazerosos... uma vida sexual melhor... como dizer não a isso? Armando-se de coragem, despojou-se de seus velhos jeans, seu suéter e sua camiseta quando ouviu a voz da garota através da porta do banheiro:
- Harry? Você tem que tirar tudo... ouviu? Tudo.
- O quê? – alfinetou surpreso. – Por quê?
- Não pergunte! Você tem que confiar em mim. É importante que confie. É parte do...
- …Tratamento, eu sei.
Resmungando, Harry o fez. Tirou tudo. Então, envolveu-se na toalha com a maior solidez que pode e saiu. Surpreso, ouviu proceder do equipamento reprodutor de música que Hermione tinha em sua sala de estar, os compassados acordes de "O Bolero" de Ravel.
Um momento. Isso lhe recordava algo... alguma vez assistiu um velho filme onde, enquanto tocavam essa melodia, os protagonistas faziam...
- Por aqui, Harry. – chamou-lhe ela desde a sala. Interrompido em seus pensamentos, o jovem entrou no recinto à meia-luz, onde Hermione movia de lugar sua mesa de centro, com ajuda de sua varinha.
- Não vai esperar que eu me deite aí, não é? É praticamente o chão! – replicou-lhe aterrado, apontando o tapete persa.
Mas Hermione não lhe respondeu de imediato... o estava olhando quase com a boca aberta. Harry se ruborizou... se sentia muito exposto assim, apenas com uma toalha envolta, para que ela, ainda por cima, o estivesse olhando desse modo...
Como se de repente reagisse, ela tirou os olhos de sua semi-nudez e, olhando para seu tapete, lhe disse:
- Vou colocar uns cobertores, claro. – sua voz soava muito estranha, como se tivesse a boca seca. – Não vai achar que tenho uma mesa de massagens, ou sim? Além do mais, este tipo de massagem se aplica assim... E nem pense que me dedico a isto profissionalmente... é apenas um hobby. Unicamente amigos.
Sim, claro... sem contar com Harry, creio que "zero" é a quantidade exata de vezes que fiz esta massagem. Era verdade que havia aprendido em uma de suas tantas viagens à Índia, mas somente o fizera para passar o tempo... bom, talvez esperava aplica-la algum dia, quando tivesse um par amoroso... mas este nunca chegara.
- Entendo. – respondeu ele e viu como a garota convocava um par de suaves e macias cobertas para tornar mais confortável a sua estadia no tapete.
Hermione lhe dirigiu um sorriso tão nervoso que parecia maníaca...
- Recoste-se de bruços, por favor. E relaxe.
Para você é muito fácil dizer... não está nua sob uma diminuta toalhinha, pensou Harry um pouco incomodado.
- Gire para o outro lado enquanto eu me deito... você pode ver. – exigiu-lhe em um tom um tanto infantil.
Hermione rodou os olhos mas concordou. Harry arrastou-se sobre os cobertores, tendo o cuidado de não tirar a toalha do lugar. Deitou-se completamente, sentindo todos os músculos de seu corpo tão tensos que pensou que poderia pular a menor provocação. E se houvesse percebido o olhar luxurioso que sua amiga lhe dirigia, realmente teria saltado...
Hermione olhava-o sem poder crer em sua boa sorte. Em meio às brumas do desejo avassalador que sentia por Harry, pode bendizer a Ron e a Luna por tê-los deixado a sós no pub. Qualquer medo ou insegurança que houvera sentido antes se foi para muito longe dali ao observar o apetecível corpo de seu amigo de toda a vida.
E não era porque tivesse uma tremenda musculatura... de fato, se podia dizer que Harry tinha a aparência muito normal a de qualquer jovem de vinte e tantos anos, delgado e não muito alto. Mas o que marcava a diferença entre olhar para Harry semi-desnudo e para qualquer outro homem... era o enorme amor que sempre lhe havia professado em silêncio. Amor impossível que, com o passar do tempo, foi acompanhado de um desejo irrefreável... o qual levava Hermione a ter que buscar sua própria satisfação naquelas noites em que somente a recordação de Harry lhe impedia de dormir.
Sabia que pagaria cara a conseqüência de olhar para o rapaz assim... de toca-lo e massageá-lo. Sabia que sem poder evitar, seu próprio corpo responderia a semelhante estímulo... mas não lhe importava. Teria mais "material" com que fantasiar e sonhar em suas noites de desvelo.
Foi assim que, decidida a pagar mais tarde a fatura por semelhante atrevimento, pegou uma pequena garrafa que havia deixado na mesinha e a destampou. Verteu uma pequena quantidade desse líquido denso em sua mão e a esfregou suavemente com a outra, com o propósito de esquentá-lo.
- Vou aplicar um óleo especial, Harry... é mescla de almíscar e sândalo. Ajuda a despertar o instinto... diga-se, o instinto sensual.
Harry apenas grunhiu algo que pareceu ser um "bom". Tinha a cabeça submersa entre os dois braços cruzados à altura de seu rosto, de modo que suas costas se torneavam perfeitamente, bem marcados os músculos da mesma. Hermione sentiu um calafrio ao ajoelhar-se à esquerda dele e olha-lo de perto. Seus olhos recorreram o caminho de seu corpo até embaixo, pulando rapidamente a zona coberta pela toalha e admirando suas duas fortes e bronzeadas pernas.
Crookshanks miou desde um rincão apartado, ao tempo em que se retirava do aposento como se soubesse que ele não precisava ver aquilo. Hermione nem sequer o notou.
- Preciso de seus dois braços, Harry... Estique-os para os lados. Sim, assim está bem.
Ela fechou os olhos e reprimiu um gemido ao posar suas mãos na perna esquerda. Começou a desliza-las por toda a extensão da mesma, preocupando-se em untar o perfumado óleo... desde o calcanhar até a borda da toalha, na robusta coxa do rapaz. Sentia pequeninas descargas elétricas em suas mãos ao perceber a rigidez dos músculos da perna... e sorria ao se eriçarem os pequenos pêlos da mesma.
Se pudesse ver o rosto de Harry teria se assustado com o muito que o rapaz apertava os olhos e lábios... parecia estar reprimindo um grito ou algo parecido.
A verdade das coisas era que estava desfrutando enormemente das mãos de Hermione deslizando-se por sua pele, e isso o assustava. E mais se espantou ao notar que ela espalhava mais óleo tíbio sobre seu lado esquerdo das costas e braço...
- Estou despertando primeiro a sensualidade do seu lado esquerdo, Harry... em seguida farei o mesmo com o direito. Está bem?
Sem esperar resposta e aplicando mais energia, a garota começou a massagear desde o tornozelo do jovem até sua mão, passando por toda a perna, as costas e o braço... mas atravessando a zona coberta pela toalha. Harry começou a relaxar, desfrutando da suave pressão que sua amiga exercia sobre seus tensos músculos.
Suspirou enquanto Hermione se erguia para alternar e aplicar o mesmo tratamento no lado direito do corpo do rapaz... que já estava começando a deleitar-se e a sentir-se em plena confiança, como se isso fosse coisa de todos os dias. Era simplesmente delicioso... agradeceu que sua amiga houvesse aprendido a fazer semelhante massagem.
Hermione, ao contrário dele, estava tão abrumada que tinha seu entre cenho totalmente franzido enquanto tentava não desfrutar de maneira indevida as carícias... Qse o iravetemente interessado,ees que odeiam slash. do limke ou Yuki/Shuichi, ora pois. aisquer de suas histita dor se essa noiue carícias? Massagem, Hermione... é massagem, não carícias, se disse com firmeza, sem poder deixar de perceber a suavidade da pele de Harry em suas palmas.
Nervosa, sentiu um ligeiro estremecimento ao finalizar com seu lado direito... engatinhando sobre o tapete, dirigiu-se para as pernas do rapaz...
- Harry… - chamou quase sem voz. – Pode abrir um pouco as pernas?
- O QUE? – exclamou ele erguendo a cabeça.
- Harry! Disse a você que devia ter absoluta confiança em mim... vamos, abra-se um pouco. Preciso colocar-me aí.
O jovem de olhos verdes fitou-a incrédulo... então, ela introduziu suas mãos escorregadias de óleo entre suas coxas e as empurrou com suavidade para fora... detendo-se quando considerou que ela caberia de joelhos no espaço deixado no meio.
Acomodou-se de frente para as costas de Harry, o qual fechou os olhos espantado e abaixou de novo a cabeça golpeando-se contra o tapete. Apertou os lábios para evitar deixar sair um gemido de prazer ao sentir as mãos de sua amiga deslizar-se ao mesmo tempo, uma em cada perna, desde o tornozelo até o princípio da toalha.
- Isto é para harmonizar ambos lados do seu ser... direito e esquerdo. – murmurou ela lentamente, sentindo a pressão da parte interna das coxas de Harry sobre suas pernas. Embora Hermione vestisse jeans, acreditava que a sensação era muito boa para suporta-la.
Abandonando suas fortes pernas, prosseguiu com suas costas... da mesma forma, com ambas mãos ao mesmo tempo. Inclinou-se um pouco sobre Harry para alcançar seus ombros e poder continuar o caminho de seus braços... Quase geme ao notar as nádegas de Harry contra seu ventre. Teve que demonstrar toda sua força de vontade para não deixar-se cair completamente sobre o jovem e saber a sensação de oprimir seus seios contra as costas dele.
Harry permanecera imóvel e completamente mudo... mas respirava com agitação, completamente atordoado pela evidente excitação que estava começando a experimentar. Sentiu-se bastante mal por sentir aquilo por Hermione, sua amiga... sua quase irmã.
Afortunadamente, o momento pareceu oportuno a Hermione para esclarecer:
- É natural que se sinta estimulado, Harry... quero dizer, esse é o propósito da massagem... mas a condição é que você deve respirar profunda e pausadamente. Tente. É parte do...
- Tratamento. – balbuciou ele, alegrando-se que sua amiga lhe confirmasse que sua excitação não era doentia... mas se perguntou porque ela não lhe dissera antes que ele sentiria aquilo com a massagem. Um detalhe muito importante para se passar despercebido, não?
- Agora vou friccionar a coluna... isto é com a intenção de estimular seu chakra para que possa liberar sua energia a fim de que ela percorra o seu corpo com liberdade.
Harry se perguntou o que, diabos, seria "charco", ou o que quer que fosse que ela houvesse dito... mas não pode expressar a pergunta em voz alta porque estava totalmente em transe... era, no máximo, a situação mais sensual na qual jamais houvera se encontrado em sua vida. E pensar que era apenas uma massagem... Hermione estava movendo suas mãos sobre a coluna vertebral de Harry, de um modo circular, desde o cóccix até a nuca, como se desenhasse uma serpente em suas costas.
- Lembre-se... – disse-lhe ela em um sussurro. Para Harry sua voz pareceu a coisa mais doce que ouvira. – Você deve controlar a sua respiração... faça o mais profundo que puder. É parte do...
Harry não ouvia mais... estava ficando louco. Mas curiosamente, não era impossível fazer o que Hermione lhe pedia. Podia respirar com profundidade apesar de ter a ereção mais firme que tivera em muito tempo, tanto que doía por tê-la contra o tapete de sua amiga.
A garota se sentia suar... e certamente não era pela atividade da massagem. Mordia-se o lábio inferior e fechava os olhos espantada ao ouvir os gemidos de prazer que Harry emitia à cada exalação. Ela sabia que seria assim... e se dava conta de que Harry não estava em absoluto excitado por ela, mas sim que era resultado da massagem. Era uma reação natural, já que o propósito da mesma era lograr que a pessoa recebesse prazer sensual sem recorrer ao ato sexual... sem importar quem fosse a massagista.
Apertou a mandíbula, furiosa com ela mesma por ter-se colocado nessa situação tão dolorosa... ter a Harry excitado por suas carícias (massagem, Hermione!) quase embaixo dela... mas saber que não era por ela. Odiou-se por ser tagarela... desejou nunca ter aprendido essa técnica. Porém, o fato era que seu amigo necessitara de sua ajuda e ela não pode nega-la... como sempre.
Queixou-se sabendo o que viria em seguida. Levando suas mãos até o final das costas de Harry, abaixou a toalha com lentidão, deixando o firme traseiro de seu amigo à vista. Propusera-se a não ver... mas a verdade é que não pode tirar-lhe os olhos de cima. O curioso é que seu amigo nem sequer reclamou... Ela presumiu que nesse momento ele estava totalmente entregue à suas sensações para preocupar-se por esse excesso.
Sentindo que nada em sua vida a havia preparado para aquilo, ergueu um pouco os braços como que preparando-se... antes de posar suas oleosas mãos sobre cada nádega de Harry e desliza-las desde a base das mesmas até os omoplatas de seu amigo. E de volta. Uma e outra vez. Por uns minutos que pareciam a eternidade.
Ele gemia quedamente. Ela gemeu com fúria. Hermione podia sentir a sua própria excitação umedecer sua calcinha, como uma zombaria permanente de seu desejo irrealizável de ser possuída por Harry. Apertou suas pernas em uma tentativa de acalmar suas ânsias... enquanto continuava implacável deslizando com força suas mãos sobre o corpo de seu amigo.
E isso não era o pior...
Parando e retirando-se dentre as pernas de Harry, lhe pediu:
- Gire.
Estranhamente, Harry o fez sem reclamar, como se estivesse esperando essa ordem há muito tempo. Nem sequer se preocupou pelo estado da toalha... embora está se mantivesse milagrosamente em seu lugar, tapando aquilo que devia cobrir, para sorte da garota.
Ela colocou-se de novo na mesma posição... entre as pernas de Harry, o qual não teve problema em abri-las para dar-lhe espaço no meio delas. Hermione tomou-lhe uma panturrilha para erguer um pouco a perna... Harry fez o mesmo com a outra.
A garota alcançou sua garrafinha de óleo e, repetindo o processo, começou com a massagem do lado esquerdo... desde a ponta dos dedos de seu pé até a mão... passeando e comprimindo no caminho a batata da perna, coxa, abdômen, peito e braço. Harry estava com os olhos fechados, desfrutando em plenitude daquilo... sua respiração voltava a ser profunda e compassada. Estava conseguindo controla-la.
No entanto, estava bastante estimulado. Hermione sabia disso porque podia notar sua ereção sob a toalha. Jamais vira essa parte íntima de nenhum garoto... não ao vivo, pois praticara aquela massagem com bonecos, não com pessoas. Mas esse enorme volume não podia significar outra coisa. Perguntou-se como seria e o que sentiria ao tocá-lo... e, assustada, sabia que o averiguaria em um momento.
Por um tentador segundo pensou desesperada em pular aquela parte da massagem... mas sabia que se o fazia, todo o resto teria sido em vão. Harry precisava daquilo... requeria chegar ao quase orgasmo para poder aprender a evita-lo.
Gemendo aterrada, ela tomou mais óleo da garrafa e verteu um pouco em sua mão esquerda... deu-se conta de que ambas mãos estavam tremendo. Sem dar tempo a Harry de reagir, tirou-lhe a toalha e, abrindo os olhos totalmente surpresa, tomou de assalto, mas com extrema suavidade, a enorme ereção de seu amigo.
Harry gemeu e abriu os olhos.
- Hermione! Que diabos...? Mmmm!... por Deus...
Voltou a fecha-los enquanto se retorcia e gemia fortemente, totalmente comprazido pela "massagem" que a atordoada garota lhe brindava em sua parte íntima. Crispou os punhos sobre o tapete, como se quisesse segurar-se em algo para não ter que aferrar-se à garota. Ela se espantou, pois apesar de sua inexperiência, pensou que o faria terminar logo... e esse não era o plano.
- A respiração, Harry! – lhe urgiu, em voz alta. – Controle-se! Você tem que agüentar...
Harry a escutou... enquanto suspirava com profundidade, sua amiga lhe massageava com delicadeza ao redor de sua parte íntima, em um intento de ajuda-lo a controlar-se. Quando notou que o rapaz dominava completamente sua respiração, voltou a acariciar (Não era massagear?) com extrema suavidade, alternando ambas mãos e variando a intensidade, segundo notara a excitação de Harry sair do controle. Contrariamente ao que ela se havia proposto, estava gozando junto com Harry daquilo... estava maravilhada com a suavidade da pele daquela parte do corpo de seu amigo. Totalmente sobressaltada de poder faze-lo sentir tanto tão somente com suas mãos...
Isto se prolongou por tanto tempo, que se Harry houvesse se fixado no relógio teria se surpreendido a ponto de não acreditar. O certo é que chegou um momento em que o jovem bruxo arqueou as costas, dominado por uma fortíssima sensação que parecia fazer explodir seu interior e que lhe percorreu todo o corpo em ondas de grande prazer. Mas nem uma gota de sêmen saiu dele.
Hermione soltou-o por fim e ele abriu os olhos, sentindo-se muito cansado. Sua mente se negava a aceitar isso. Era possível? Havia gozado tanto e nem sequer ejaculara?
- Você conseguiu, Harry... – disse ela, com um sorriso torcido. Sentia-se completamente infeliz, totalmente insatisfeita de seu próprio e enorme desejo para com seu amigo. Crendo que não poderia suportar um minuto mais sem chorar, decidiu escapar antes que fosse tarde. Sem olhar Harry nos olhos, lhe disse com a voz embargada de dor: - Isso o ajudará bastante... agora você só tem que procurar uma garota e provar o que aprendeu.
E, enquanto Harry tratava de recuperar seu ritmo normal de respiração, Hermione se colocou bruscamente de pé e saiu com rapidez do recinto. Sua voz trêmula ouviu-se ao longe ao dizer-lhe:
- Por favor, Harry… vista-se e saia.
- Hermione! Espera! – ofegou ele completamente exausto. Não entendia o que ocorria... nem com ele nem com sua amiga.
Mas ela não voltou. Ele ouviu que fechava uma porta e presumiu que seria a de seu quarto.
Tomando um par de minutos para descansar, levantou-se e foi ao banheiro para vestir-se. Estava tão confuso que não sabia se seria adequado tocar a porta do quarto de sua amiga para despedir-se. Ao final, não se atreveu.
Dirigiu-se à cozinha e procurou algum vaso de flores entre os armários. Encontrou um e o tomou. Devagar e sentindo-se muito aturdido, como se o que acabava de viver não fosse real, colocou o recipiente na mesa de Hermione e, sacando sua varinha, balbuciou:
- Orchideous.
Um belo ramo de flores brotou da ponta de sua varinha. Harry tomou-o e com grande carinho o acomodou no jarro. Feliz Dia de São Valentim, amiga, pensou com tristeza.
Sentindo-se flutuar nas nuvens e com as pernas tremendo, saiu do apartamento, enquanto se perguntava com infinita dor se nessa noite havia recuperadoo autocontrole e perdido Hermione ao mesmo tempo. Se era assim, então lhe custara muito caro.
Notas finais da tradutora:
Na época em que eu iniciava a tradução de "Pó de Chifre de Unicórnio", aclamada fanfic de autoria de Julieta Potter, Julie me autorizava a traduzir todas e quaisquer de suas histórias, assim eu o quisesse. Algum tempo depois, nem tão longo para ser dada por desaparecida e nem tão curto para acompanhar as mudanças ocorridas no FFNet, me vi tentada a embarcar em mais uma viagem pelo universo das traduções. Pensei, então, "Por que não brindar ao público apreciador do trabalho da Julie mais uma de suas criações?". Pois bem, foi o que fiz ao estilo cesarista: vim, vi e traduzi. ;-) Apesar de ser uma fic curta, de apenas três capítulos, penso que seja um bom recomeço. Eu disse "recomeço"? Disse mesmo? Bueno, nem eu mesmo conto com isso. XD Digamos, então, que seja a minha forma de homenagear uma autora querida e agradecer aos leitores das traduções que fiz pelos hits, reviews e mensagens privativas ainda enviadas após tanto tempo da conclusão de "Pó de Chifre de Unicórnio". Digamos que também seja um presente singelo aos simpatizantes do ship Harry/Hermione, que não apenas acompanharam PCU mas também outras traduções tais como "Preso em uma Rede" e "Amor de Meia-Noite".
E antes que eu me esqueça, aos leitores desesperados de "Reverto Umquam", uma palavrinha desta tradutora: A fic continua em modo 'espera' e enquanto Jaina não desistir dela, eu tampouco o farei. A vocês, adoradores de Draco/Hermione, não quero lhes criar ilusões mas o fato é que estou tentada a traduzir mais uma fic deste ship, e uma fic completa, friso, de enredo denso, dramático e angustioso. Por outro lado, agora que lembro, é uma história um tanto longa, e se me perco nessa lembrança meus dedos começam a doer e a tentação decresce. XD Por causa dessa minha total incerteza sobre o amanhã é que, talvez, eu comece a traduzir fics yaoi Naruto/Sasuke ou Yuki/Shuichi, apesar de não gostar do anime Naruto (e sequer acompanhar). É aqui onde entra a famosa fórmula: posso gostar de limonada e desgostar do limão. E que não me torçam o pescoço os leitores que odeiam slash. XD
Enfim, espero que tenham apreciado este capítulo, ele é o primeiro de três. Para reviver os bons e velhos tempos... o capítulo não foi revisado e é aqui onde a sua compreensão, caro leitor, me é essencial. XD
A todos vocês, deixo o meu abraço, prometendo retornar o quão breve com o penúltimo capítulo desta shortfic em três partes, cortesia da amiga Julie. ;-)
Hasta pronto!
Inna Puchkin Ievitich
