Oi pessoal! :D
Faz tempo que venho enrolando minhas ideias pra fanfics de Ataque dos Titãs, mas decidi escrever uma hoje baseada no que houve no último capítulo (se você não acompanha o mangá, não leia pois vai conter spoilers).
Espero que gostem!
Juntos
Mikasa saiu da cabana, onde se escondiam, pela porta dos fundos e respirou fundo. Depois de tantas descobertas, precisava de ar fresco.
Chista era uma princesa. Uma princesa. Ainda que fosse bastarda.
Isso explicava muito pelo qual ela passou, mas mesmo assim, não era justificativa. A família Reiss tinha medo do que Historia representava, da ameaça à sua segurança e ao segredo. A fizeram sofrer, a excluíram da sociedade tentando a fazer se sentir a escória.
Isso não era muito diferente do que aconteceu com ela.
Mikasa viveu com os pais numa cabana afastada de tudo e todos numa tentativa de uma vida pacífica e longe dos perigos. Verdade seja dita a humanidade já era perigosa a si mesma, os titãs eram apenas parte a mais do problema. Sua mãe provavelmente sofreu muito por causa de sua aparência e quando a tiveram, o medo por ela e do que poderia acontecer deve ter sido maior.
Os vizinhos provavelmente tentaram levar Mikasa e sua mãe para o mercado negro quando ela ainda era muito nova para se lembrar. Isso explicaria o desespero de sua mãe e como soube o que aconteceria com elas caso não fizesse nada. Por isso ela reagiu de modo tão violento que até Mikasa se assustou. Mikasa não podia realmente culpar a família Reiss. E se sentia péssima por isso. Christa sofreu e viu coisas que não merecia. Diferente da sua mãe que fez tudo a protegendo do mal, a família Reiss fez tentando se livrar de um problema como que não fosse a vida de alguém em jogo.
Porém a ameaça à segurança, ela entendia bem. Não podiam arriscar. Não podiam. A mínima brecha poderia significar a morte de todos eles. Assim como aconteceu com sua família. Ela não entendia bem como Erwin planejava tira-los do poder sem que ninguém morresse, mas seguiria o plano como fosse mandada. Ela era uma soldada, afinal.
Ela se sentou no pedaço de tronco usado para cortar lenha e observou o céu escuro. A lua banhava levemente o local, mas era o bastante para se ver.
Ouviu um som vindo ao seu lado e, preparada para enfrentar qualquer ameaça, pegou o machado ao seu lado e segurou firme.
- Larga o machado - Pediu a pessoa - Você não planeja arrancar minha cabeça, não é?
- Eren... - Ecoou Mikasa surpresa e relaxando.
Eren se aproximou devagar e parou ao seu lado.
- Vim ver como está.
- Estou bem.
- Eu sei que a história da Christa vem te abalando. Não só pelo o que ela tinha passado antes, mas pelo o que descobrimos agora.
- Eu não consigo odiá-los - Admitiu Mikasa.
- Quem?
- A família Reiss. Sei que eles fizeram coisas horríveis e erradas... Mas não consigo odiá-los. Eles fizeram o que achavam que era melhor para manter sua segurança e paz, por mais sujo e errado que fosse. Isso me faz uma pessoa horrível?
Eren ponderou por um breve momento pensando em como colocar as palavras.
- Não - Ele respondeu - É como o Comandante Levi diz: É impossível saber se uma escolha foi certa ou errada, antes de se ter o resultado. Talvez nem o que estamos fazendo seja certo, mas precisamos tentar para melhorar. O problema da família Reiss é justamente esse - Pensou alto - Eles ficaram tanto tempo andando nesse único caminho e vivendo desse único modo, que tem medo de arriscar fazer algo novo e perder tudo. Mas eles não percebem que as suas escolhas não estão apenas neles, estão afetando a humanidade toda.
- Eles não se importam contando que estejam a salvo - Completou Mikasa.
- Sim. Lembra do que Armin disse naquele dia?
Não era necessário mencionar a data, pois sabia muito bem a que dia ele se referia. O dia em que suas vidas, a da humanidade e tudo dentro das muralhas mudou.
- Mesmo que essas muralhas não tenham sido invadias há cem anos - Ele citava como Armin citou - Ninguém pode garantir que ela nunca serão invadidas daqui a cinquenta, cem, duzentos anos. Nada pode.
- E agora com o que descobrimos está tudo muito mais frágil.
- As muralhas foram invadidas naquele mesmo dia por acaso. Mas é como Armin disse. Precisamos agir o quanto antes e lutar, pois não sabemos por quanto tempo a humanidade ainda restará. Se ficarmos sempre escondidos e fugindo, logo não restará nada.
Era verdade, ela sabia. O problema maior não era o medo dos titãs, mas o medo que os lordes, ricos, burgueses e até soldados, tinham de perder seus bens e títulos. Eles não se importavam com o que aconteceria com o resto, desde que pudessem viver sua vida em paz e abundância. Mikasa tinha nojo disso. Sua vontade era de fazê-los de isca para Titãs. Enquanto eles viviam na boa-vida e se empanturravam, ela, seus amigos e o garoto que amava, arriscavam suas vidas e viviam em perigo por querer algo mais para humanidade que não fosse aquela jaula.
Eren estava certo. Eles nasceram naquele mundo e tinham direito de querer viver nele, descobrir mais dele.
A mestiça finalmente achou seu ódio a família Reiss quando a ficha caiu. Se eles estivessem dispostos a fazer tudo o que deveriam, o problema dos titãs teria se resolvido há muito tempo ou pelo menos teriam muito mais do que apenas arriscar nas teorias de agora. O avanço tecnológico teria sido uma ótima ajuda...
- Mikasa, não precisa se alarmar quanto a isso - Suspirou Eren percebendo a reação da mestiça - Seja lá o que tenhamos que fazer ou tentar. Acontecerá eventualmente. Ficar pensando e repensando assim não vai ajudar em nada. E também não combina com você.
Mikasa corou, de repente percebendo o que ele quis dizer. Realmente não iria adiantar nada. Ela deveria apenas confiar no general e seguir as ordens, esperando que fosse para melhor. Erwin sabia o que fazia.
- Desculpa.
- Não precisa ficar assim. Entendo que você fique abalada. Só não se isole quando se sentir assim...
Eren se aproximou dela e passou os dedos levemente pelo cachecol vermelho que um dia fora seu.
- Lembre-se que não está sozinha.
- Eu sei disso - Ela assegurou.
- Mikasa, o que eu disse naquela hora, eu realmente quis dizer aquilo.
A japonesa fitou os olhos de Eren surpresa. Ela não quis se iludir quando ele dissera que a partir daquele momento estariam juntos. Então manteve tudo como estava. Eren também não tentou mudar a situação, o que a fez apenas ficar ainda mais retraída.
- Eu não consegui ficar a sós com você para conseguir conversar assim, mas... - Ele falou passando a mão em sua nuca - Estamos juntos. Seja para melhor ou pior, estamos juntos.
Ela não soube dizer em que sentido ele dizia aquilo, mesmo assim, a felicidade dentro dela, era demais para ser contida e quando menos esperava, deixava algumas lágrimas caírem.
- Mikasa, entenda que... Você está chorando? - Eren se abaixou a sua frente alarmado - Não precisa ficar assim! não sei o que houve, mas...
Antes que pudesse se segurar, Mikasa se viu envolvendo Eren um abraço apertado que o assustou um pouco pela espontaneidade. Pouco depois ele retribuiu o abraço tentando dar o que fosse que Mikasa precisava.
- Eu te amo - Ela sussurrou.
Eren ficou surpreso por sua confissão e se afastou, ajeitando sua posição para ficar de joelhos, de modo que ficava pouco abaixo da altura dela sentada.
- Desculpa - Ela falou se afastando um pouco - Você não estava levando para esse lado e eu não deveria também. Eu não devia pensar essas coisas quando estamos no meio de uma guerra...
- Mikasa - Disse Eren retirando as mãos que ela usava com fervor enxugar suas lágrimas e segurando entre as suas -, ter sentimentos não te faz mais fraca. Pelo contrário, quantas vezes você me salvou justamente por isso? - Ele sorriu de leve - Por isso mesmo, obrigado por tudo.
Mikasa entendia o significado dessas palavras e assentiu.
- Eu fiquei cego pelo ódio ao que tirou tudo o que me amava, obcecado com a vingança que tanto queria... Para quê? Peço desculpas por ter agido tão friamente e como se não me importasse com você ou seus sentimentos. Eu só... Queria que tudo estivesse resolvido para tentar seguir uma vida plena e te dar o que merece.
Os olhos cinzas se arregalaram e fitaram os verdes de Eren. Ele parecia sem jeito e receoso com o que confessara. Suas mãos seguraram o rosto do jovem que ela amava de modo tão incondicional e o puxou para mais perto, depositando um beijo em sua testa.
- Apenas tente não morrer enquanto tenta. Para mim não vale a pena esse mundo sem você.
- Mikasa...
- Apenas quero que viva - Ela encostou sua testa à dele - É tudo o que mais desejo.
Ele ficou o rosto de Mikasa próximo ao seu. Traços peculiares e únicos, olhos mais puxados, rosto arredondado, lábios finos. Sem conseguir se conter, Eren se ergueu um pouco mais inclinando um pouco sua cabeça para poder unir seus lábios aos dela.
A mestiça se espantou com o ato dele. Ela nunca esperara sua ação, mas decidiu aproveitar o pouco momento de paz e privacidade que tinham juntos. Receosa, movimentou um pouco seus lábios contra os dele, percebendo a sensação boa que aquilo lhe causava ela continuou até sincronizar seus movimentos aos dele. Os dois se afastaram um pouco para recuperar o fôlego, pouco depois de estarem recuperados, olharam um para o outro, voltando a mais um beijo.
Eren estava abraçado à cintura dela e Mikasa deixara suas mãos apoiadas em seus ombros. Ele tentou aprofundar o beijo, mas assim que a mestiça sentiu a língua dele em seus lábios pedindo para entrar, se separou dele e apoiou a cabeça em seu ombro.
- E-ei... Algo errado? - Ele perguntou confuso com sua reação.
- Não - Mikasa sentia as bochechas queimarem. Aquilo era irreal. Por mais que sonhara com o momento, nunca esperou um dia realizá-lo - Eu só... Estou surpresa.
- Tudo bem - Ele respondeu dando um beijo no ombro dela, por cima da blusa que ela usava, e depositando sua cabeça ali enquanto com uma das mãos acariciava seu cabelo curto - Eu também estou surpreso.
Lutando contra as borboletas no estômago e o frio na barriga, Mikasa decidiu perguntar.
- O que sente por mim?
Eren se afastou um pouco, voltando a sentar-se sob suas pernas.
- Um sentimento que não sei explicar. Pode não ser tão forte ou intenso como o seu, mas é o mesmo.
Sem falar mais nada, ela se jogou em seus braços, derrubando ambos no chão enquanto ela derramava algumas lágrimas de alegria.
Eren sorriu de leve e abraçou-a por igual, decidindo que se esforçaria mais a mostrar o quão ela era importante em seu mundo.
Mikasa jurava para si mesma, que agora mais do que nunca, eliminaria qualquer ameaça à Eren (fosse à sua vida, saúde ou segurança). Se isso significava matar a família real, derrubar o governo ou até as muralhas em si...
Que seja.
Então, gostaram? Espero que sim! Me esforcei, mas acho que eles fugiram um pouco ao personagem, né? ;-;
Desculpa.
Beijos,
~-Lyoko
