Presente de niver para Nuby.

How Can Heaven Love Me?

(Como o céu pode me Amar?)

Fell from the grace of heaven's prow

(Caia da graça da proa do céu)

Encostado à mureta da varanda do décimo terceiro templo, Shion observava o céu, atento. O mestre do Santuário estava perdido em pensamentos, entre eles, o motivo que levara Athena a lhe trazer de volta à vida, depois de ter lutado contra ela dois anos atrás, quando Hades quisera dominar o mundo. Ainda não compreendia, também, porque os deuses ainda lutavam por uma terra tão corrompida.

Estava assim, abandonado em pensamentos, quando sentiu alguém aproximar-se. Ao virar-se, viu alguém que nunca vira, em toda a sua vida. Era uma mulher. Uma capa com capuz estava pendurada nos braços cruzados. Os cabelos negros e encaracolados desciam em cascara pelas costas, até o meio das coxas. Os olhos eram duas luas cheias, entristecidas, refletidas no rosto de pele alva, enigmáticas. Os lábios finos e rosados traziam um enigmático sorriso. As sobrancelhas negras eram como as do grande mestre, simples bolinhas, e apesar da expressão enigmática, possuía ar de altivez. Usava um longo vestido azul-marinho, de aparência nobre e antiga.

Listening as the abyss calls our name

(Escutando nossos nomes como as chamadas de um abismo)

Não sabia como tão misteriosa figura conseguira passar pelas doze casas sem alertar seus defensores. Viu-a aproximar-se, até apoiar-se na mureta ao seu lado.

Mulher: Olá, Shion de Áries. – pronunciou com voz calma, enigmática e desinteressada.

Shion: Quem é você? – foi a única frase que conseguiu articular e pronunciar perante tão estranha figura.

Semiramide: Semiramide, a rainha que construiu a Babilônia. – falou adivinhando os pensamentos do Grande Mestre ao ouviu seu nome.

Descending stars from golden clouds

(Estrelas descendentes de nuvens douradas)

Shion: Mas... Você deveria ter morrido milênios atrás...! – disse espantado, surpreso, denotando a palavra milênios, olhando-a de forma desconfiada. Era algo fisicamente impossível.

Semiramide: Quiseram os deuses, quando Babilônia caiu, que eu liderasse os últimos de meu povo e ajudá-los a sobreviver. – falou a rainha, fitando o homem intensamente com olhos de lua. – E quiseram agora que eu viesse responder as perguntas que lhe perturbam, talvez por eu ter visto e vivido muito. – disse sentando no alpendre, colocando as mãos displicentemente sobre as pernas.

Shion olhou-a sem entender, mas sentou-se ao lado da mulher que já vivera muito mais que ele, aguardando que ela começasse a falar.

Falling to the rage of angels

(Caindo para a raiva dos anjos)

Semiramide: Por que Athena lhe reviveu, mesmo tendo lutado contra ela? Mesmo eu tendo tramado a morte de meu marido Ninus, os deuses me reviveram. Por que? Porque meu povo precisava de mim. Se Athena lhe reviveu, é porque ou ela, ou os Cavaleiros precisam de você. – Falou com calma surpreendente. Shion prestava atenção em cada palavra, ela lhe fascinava, e sua voz era uma voz que impunha respeito, perfeita para cantar uma bela música ou narrar longas histórias sem que o sono se abatesse. – Agora, a mais difícil de ser respondida de forma exata. Por que... Os deuses ainda lutam por uma terra tão corrompida? – começou, pensativa, fechando os olhos. Uma brisa suave passou, balançando o cabelo de ambos. Shion olhava-a atentamente, cada contorno do rosto.

Bringer of light from on high

(Portador de luz ao alto)

Bound to the earth and unable to fly...

(Salte ao mundo e incapaz voar...)

Semiramide: Não sei quem disse,mas medisseram certa vez: cada criança que nasce é uma nova esperança que os deuses têm na humanidade. Pode ser que seja verdade,como tambémnão. No dia um, do ano um, no calendário mais usado hoje em dia, o calendáriocristão, nasceu um homem que no grego do nome chamava-se Jesus, mas no hebraico original, seria algo como Jossua.No livro Sagrado Cristão, de nome Bíblia, diz-se que ele fezmuitas maravilhas. E fez mesmo, vi muitas com meus próprios olhos. Porém, nunca conheci os deuses, nunca contemplei suas faces, nem mesmo de Athena. – falou calma, observando o céu estrelado de Nix acima de suas cabeças.

I don't know?

(Eu não sei?)

I don't know?

(Eu não sei?)

I don't know?

(Eu não sei?)

How can heaven love me?

(Como o céu pode me amar?)

Shion ia protestar quanto a última frase de Semiramide, porém, a rainha assíria foi mais rápida.

Semiramide: Nunca conheci um deus, e nem mesmo à Athena, pois quando os deuses vêm para a terra, costumam tomar formas em nada parecidas com eles, além de tomarem corpos mortais, nunca parecidos com eles mesmos. – falou sabiamente, com os olhos de lua brilhando intensamente. – Mas para muitos deuses, somos fantoches que eles desejariam controlar, para nos tomar o livre arbítrio, algo que a maioria deles não desfruta. Afinal, como disse Aquiles à Brisseis, prima de Hector e Paris, durante a Guerra de Tróia: "Os deuses nos invejam, porque eles não possuem a liberdade que nós, humanos, possuímos." Ou talvez tenha sido algo parecido, pois os anos já levam minha memória de tempos antigos embora. Espero ter respondido suas perguntas, Shion de Áries. – levantou-se para ir embora, e teriam sido suas últimas palavras da rainha ao Grande Mestre ao jogar a capa por sobre os ombros, porém, seu pulso foi segurado por Shion. Ao virar-se, sentiu-se arrastada para um lugar que desconhecia,

You don't know?

(Você não sabe?)

You don't know?

(Vocênão sabe?)

You don't know?

(Você não sabe?)

How can heaven love you?

(Como o céu pode lhe amar?)

Entrou por uma porta, indo parar em um quarto amplo, com uma cama com dossel, as colunas ricamente decoradas, com cortinas de veludo cinzento ao redor. A porta foi fechada e trancada, e Semiramide sentiu-se prensada contra a parede. Shion tomou-lhe os lábios com volúpia, soltando a capa da mulher, que caiu no chão com suavidade, como se fosse feita da mais leve linha, uma folha de árvore que atinge o chão no outono. Não compreendia por que cometia tamanha insanidade, mas ela lhe exerceu uma terrível atração e controle. A rainha assíria correspondia ao beijo, dando passagem para a língua ávida de sensações do ariano, abraçando-lhe pelo pescoço e enroscando os dedos longos e finos nos cabelos de fios verdes. O ar já parecia rarefeito ao redor dos dois, enquanto as janelas se embaçavam rapidamente... E a noite seguiu-se agitada para os dois amantes que apenas sentiam que eram feitos um para o outro.

We loved in a time before the fall

(Nós amamos por um tempo antes do outono)

Éos já coloria o céu, sendo seguida pelos quentes raios de Halos, quando a mulher a mulher de cabelos negros, adormecida ao lado do homem de cabelos verdes,abriu os olhos claros, agora não mais duas luas, mas dois sóis, tamanha felicidade irrompia dentro de si. Levantou-se, sentando na cama. Passou levemente os dedos pelas sobrancelhas do homem ainda adormecido, vendo várias imagens passarem por sua mente como uma seqüência de fotos.

Welcome to the arms of solitude

(Bem vindo aos braços da solidão)

Apesar da aparência, sabia que ele era apenas descendente de uma ramificação dos últimos babilônicos que haviam ido às terras de Lemúria, e ainda, espalhando-se para as regiões da China, Tibet... Uma lágrima solitária e prateada escorreu pelo rosto, e os olhos tornaram-se duas luas carregadas com a tristeza do mundo.

Beneath us the heat that hearts exude

(Embaixo de nós o calor dos corações)

Levantou-se subitamente, vestindo o corpo nu e jogando a capa por sobre os ombros. Antes de sai do quarto, deu uma última olhada no homem, para, em seguida, outra lágrimas prateada rolar pelo rosto.

Is this really heaven?

(Este realmente é o céu?)

Quando a rainha assíria estava prestes a sair do Décimo Terceiro Templo, ouviu uma voz chamar seu nome. Ao virar-se, deparou-se com a encarnação da deusa Athena, Saori Kido, a fitar-lhe com os olhos roxos intensamente.

Semiramide: Que deseja? – Perguntou sem rebaixar-se, com altivez.

Athena: Tem notícias de Tenshi? – perguntou a deusa, esperançosa.

We'd fight with the gods for our dreams

(Nós lutaríamos com os deuses por nossos sonhos)

Where paradise falls eternity screams

(Onde, do paraíso, cai gritos de eternidade)

Semiramide: Posso dizer-lhe somente que encontrei-a uma vez. Suas demais perguntas serão respondidas quando Neftis e Ísis libertarem-se. – respondeu.

Athena: E que fazes aqui, então? Os babilônicos puderam sair de sua eterna prisão, então? – falou com um doce sorriso, aproximando-se da rainha.

Semiramide: Apenas quiseram os deuses que eu respondesse as perguntas de um homem que há muito esqueceu o sentido da palavra "viver". – começou.

I don't know?

(Eu não sei?)

I don't know?

(Eu não sei?)

I don't know?

(Eu não sei?)

How can heaven love me?

(Como o céu pode me amar?)

Semiramide: Mas meu povo ainda não está livre. Apenas se libertará quando,como disse a Pítia muitos séculos atrás: "Os últimos babilônicos libertar-se-ão quando a última mulher herdeira de sangue da princesa Azema morrer numa guerra entre deuses." – completou, observando o sol em seu percurso. – Tome Cuidado, Athena.

You don't know?

(Você não sabe?)

You don't know?

(Você não sabe?)

You don't know?

(Você não sabe?)

How can heaven love you?

(Como o céu pode amar-lhe?)

Semiramide: Assim como eu, deve ter sentido o cosmo de Cassandra está noite. E, Além disso, saiba que em breve o selo que aprisiona Neftis se romperá, e quando isso acontecer, meu povo terá a chance de liberdade. – ao terminar de falar, cobriu a cabeça com o capuz, a capa cinzenta tingiu-se de dourado e a rainha assíria dissolveu-se na luz do sol, indo para onde tinha que ir, sobre o olhar atento de Athena sobre si, deixando-lhe um sussurro ao coração.

Die Welt ein Tor

(Do mundo, um portão)

Zu tausend Wüsten stumm und kalt

(Para mil mundos de desertos e frio)

wer das verlor, was du verlorst

(Que perdeu, o que você perdeu)

Macht nirgends halt

(Há pouco dê poder em nenhuma parte)

"Diga-lhe que voltarei aos seus braços quando a hora chegar..."

Crystallized as starlight

(Cristalizado como luz estrelada)

Lost in paradise

(Perdido no paraíso)

I don't know?

(Eu não sei?)

I don't know?

(Eu não sei?)

I don't know?

(Eu não sei?)

How can heaven love me?

(Como o céu pode me amar?)

I don't know...

(Eu não sei...)

How can heaven love me?

(Como o céu pode me amar?)

FIM

Notas da Autora:

Semiramide: A Saga de Semiramide é bem conhecida nas artes. Uma ópera foi escrita por Giodacchino Rossini da história dessa rainha que construiu a Babilônia e tramou a morte do rei Ninus. É retratada, geralmente, como uma guerreira impiedosa, uma déspota enlouquecida e uma administradora capaz.

Nix: Deusa Primordial da Noite, mãe de vários deuses e personificações.

Éos: Deusa da Aurora, filha de Hipérião e Teia, irmã de Hélios e Selene, a Lua.

Hélios: Deus do Sol, filho de Hipérião e Teia, irmão de Éos e Selene.

Créditos finais:

Primeiramente, perdão por estar atrasado! Demorei pra conseguir digitar (tava só no papel) e meu pai interditou o PC depois! Ò.ó

Nuby, muitos parabéns! Você merecia uma fic melhor que essa, mas foi o que saiu, e merecia mesmo,pois foi você quem me ensinou a postar histórias aqui! Muito obrigada.

Em relação à algumas coisas que a Semiramide fala, é que essa fic fica localizada entre o prólogo e o primeiro capítulo de uma outra fic minha, chamada "Sangue e Vingança". Caso tenha curiosidade, basta ler. Se não quiser ler, tudo bem,quem decide é você!

Não sei ainda qual a próxima fic de niver que vai pintar por aqui minha, mas me aguardem.

Beijos

Tenshi Aburame

Música: How Can Heaven Love Me? – Sarah Brightman e Chris Thompson