Disclaimer: Inu-Yasha e sua turma não me pertencem, e sim a Rumiko Takahashi
Disclaimer²: O livro o qual eu copiei essa história não me pertence também, mas à autora Amanda Browing.
Lá venho eu com mais uma de minhas histórias irritantes \o/Dessa vez pode não ser, já que é copiado de um livro xD
Se ainda tiver alguém lendo minhas fics, espero ke gostem e deixem reviews o/
Boa leitura \o/A Rebelde Apaixonada:
- Preciso que vá ao casamento da minha irmã... Como minha namorada.
Aquilo lhe tirou o fôlego mais do que qualquer outra coisa.
- Nani? – perguntou com a voz entrecortada, certa de que ouvira mal.
Inu-Yasha se recompôs rapidamente
- Quero que vá ao casamento comigo – repetiu.
Kagome conhecia aquele papel, e era outro que desaprovava.
- Como sua namorada?
Inu-Yasha ergueu rapidamente uma das mãos para evitar as objeções que sabia que estava prestes a fazer.
- Não é o que parece. Preciso que finja ser minha namorada.
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Higurashi Kagome se assustou com o súbito barulho no escritório ao lado e olhou para porta fechada que ligava as duas salas. Até onde sabia, seu colega, diretor da cadeia de hotéis pertencentes à sua família, estava no almoço. Os dedos de Kagome pararam sobre o teclado do computador, enquanto esperava o próximo ruído. Seguiu-se o som distinto de algo grande, provavelmente cesta para papéis, atingindo a parede. Um sorriso malicioso pouco a pouco surgiu em seu rosto. Ao que parecia, nem tudo correra bem. Aquilo não podia ter acontecido com um sujeito melhor, pensou.
Kagome empurrou sua cadeira para trás, levantou-se e se dirigiu à porta fechada que dava para a sala momentaneamente silenciosa. Ela era alta, mesmo sem seus saltos de 7,5 cm. Magra, porém curvilínea, olhos azuis brilhantes e a natureza tempestuosa que seus fartos cabelos castanhos escuros indicavam. Contudo, a experiência lhe ensinara a mantê-la sobre controle e agora, aos vinte e quatro anos, apresentava ao mundo um comportamento frio e calmo.
Há pouco mais de um ano trabalhava ao lado de Inu-Yasha no Taishou, desde que o avô dele, o dono da cadeia de hotéis, a contratara para coordenar a modernização e decoração das várias propriedades. Quando Inu-Yasha fazia suas visitas regulares aos hotéis ela o acompanhava para supervisionar toda a redecoração planejada. Eles tinham um relacionamento profissional surpreendente bom, levando-se em conta o fato que, na verdade, não gostavam um do outro.
Eles levaram menos de um mês para se avaliar e determinar o que o outro queria. Assim, as linhas de combate foram traçadas e suas trocas de palavras se tornaram uma fonte de muito interesse e divertimento para a equipe. As escaramuças eram diárias, a não ser que um dos dois estivesse fora do escritório. Inu-Yasha nunca perdia uma briga, saía-se o melhor que podia.
Kagome sabia que Inu-Yasha achava que ela não tinha sangue nas veias, mas gelo, e não saberia o que fazer com um homem de verdade. Via Houjo, o namorado dela, com claro desdém, porque era tudo que ele próprio não era – leal, constante e não-exigente. Certamente, o relacionamento não era apaixonado, mas Kagome já trilhara esse caminho uma vez. Permitira-se ser governada pelas paixões, o que a levara ao desastre. Não pretendia trilha-lo de novo. Houjo era o que queria agora, e estava bastante certa de que logo a pediria em casamento. Quando isso acontecesse, tinha a intenção de aceitar.
Se o estilo de vida de Kagome era uma piada para seu co-diretor, o dele só merecia seu desprezo. Na opinião de Kagome, Inu-Yasha era pouco mais que um mulherengo sem princípios. Flertava com qualquer uma que estivesse ao seu alcance e até mesmo as mais fortes se derretiam quando as encarava com olhos brilhantes e um sorriso que as desarmava. Kagome não se surpreenderia nem um pouco se ele fizesse um marca na madeira da própria cama para cada mulher que seduzia.
Mas reconhecia que Inu-Yasha era generoso e sabia tratar bem as mulheres, quando ainda estava interessado nelas. E, para ser justa, nunca se aproximava das casadas ou comprometidas. Tinha uma espécie de código. Só jogava com as mulheres que conheciam as regras do jogo, e nunca se envolveu com as que trabalhavam para ele. Havia duas áreas distintas na vida de Inu-Yasha e uma só se misturava com a outra quando Kagome tinha de consolar última descartada.
Kagome havia deixado sua desaprovação clara, mas, em vez de ficar ofendido, Inu-Yasha achara graça. Ele a informara de que não seria repreendido por uma megera puritana. Foi assim que aquilo começou, e essa era a situação entre eles agora, quando Kagome chegou à porta. Uma mulher sábia teria recuado, mas Kagome reconhecia uma oportunidade quando se apresentava. De modo algum conseguiria continuar a trabalhar sem saber o que acontecera, por isso estendeu a mão para pegar a maçaneta.
Ao abrir a porta, precisou se abaixar rapidamente para se desviar de um objeto lançado em sua direção. Ela olhou para os lápis espalhados pelo chão ao seu redor e depois para o homem imóvel ao lado da escrivaninha.
A honestidade a forçava admitir, que, sem dúvida, Inu-Yasha era o homem mais bonito que já tinha visto. Aos vinte e seis anos, estava na plenitude da vida. Alto, magro e musculoso, ria com os olhos violetas maliciosos, tinha fartos e longos cabelos negros e uma boca que sabia dar um sorriso de tirar o fôlego. Mas neste exato minuto, Inu-Yasha não sorria. Pelo contrário, sua expressão estava terrível, e fez os lábios dela se contraírem.
- O almoço foi bom? – perguntou Kagome ironicamente, e viu os dedos de Inu-Yasha se crisparem como se quisesse que estivessem ao redor do pescoço dela.
- Não, não foi. Na verdade, foram as piores horas da minha vida!
- Não me diga que alguma desmiolada teve o bom senso de dizer não a você – falou Kagome com ironia. Com uma súbita mudança de humor, Inu-Yasha lhe deu um largo sorriso.
- Eu não saio com desmioladas, meu bem. Sabe que prefiro as mulheres inteligentes – replicou Inu-Yasha, observando com um brilho nos olhos Kagome se abaixar e começar a recolher os lápis. O processo fez a saia dela se erguer acima das coxas. – Belas pernas – murmurou ele em tom de aprovação. Quando ela lhe lançou um olhar furioso, mudou de tática. – Eu atingi você? – perguntou, e Kagome bufou a pegar o estojo e se levantar.
- Não, mas eu posso atingir você se não tirar os olhos de mim – avisou-o, colocando o estojo na estante mais próxima e cruzando os braços.
- A culpa é sua de estar tão à vista. Um homem simplesmente não pode evitar olha-la – observou ironicamente.
Inu-Yasha estava flertando com ela, uma tática que às vezes usava quando queria irritá-la mais do que de costume. Como sempre, Kagome o ignorou.
- Bem, é melhor tentar – acrescentou ela.
Inu-Yasha enfiou as mãos da calça de seu elegante terno de design italiano e balançou o corpo par trás, apoiado nos calcanhares.
- Você é uma mulher dura. Será que algo a atinge? Que sente paixão? Sabe o que é isso? E quanto ao Houjo? O relacionamento funciona? Ele ao menos pode beija-la, ou vai para casa frustrado todas noites enquanto você dorme profundamente em sua cama virginal?
Kagome se manteve calma e ergueu as sobrancelhas zombeteiramente.
- Você realmente esperava que eu respondesse a essas perguntas, só porque está de mau humor?
- Não, esperava que me desse um tapa no rosto. Por que não fez isso?
Ela lhe deu um olhar à moda antiga.
- Provavelmente porque era o que queria que eu fizesse – respondeu secamente, e ele riu.
- Está aprendendo, meu bem. Ainda há esperança para você – gracejou Inu-Yasha, enquanto se dirigia à janela e olhava para a cidade abaixo deles.
- Eu não sou seu bem, Inu-Yasha. Isso é algo que nunca desejaria ser – replicou Kagome, embora não esperasse que suas palavras surtissem efeito do que suas tentativas anteriores de fazê-lo parar de chamá-la pelo apelido afetuoso.
Inu-Yasha a olhou de relance por cima do ombro.
- Um homem poderia congelar tentando esquentar você. Houjo tem toda a minha simpatia.
Kagome cerrou os dentes em silêncio à insolência dele.
- Felizmente, Houjo não precisa dela – observou, o que o fez sorrir.
- Não, ele próprio é bastante frio.
Kagome o olhou fixamente.
- Eu não o acho nem um pouco frio. Como afirma o ditado, não se deve julgar um livro pela capa.
- O que também poderia se aplicar a mim, meu bem – salientou Inu-Yasha, mas Kagome meneou a cabeça negativamente.
- Ah, não, você é um livro aberto, Inu-Yasha. No que lhe diz respeito, todos conhecem a trama. Quem tem bom senso o deixa na prateleira – retorquiu com sarcasmo, ao que os olhos dele brilhavam maliciosamente.
- Talvez, mas quem não tem se diverte muito mais.
Kagome balançou a cabeça tristemente.
- Você é incorrigível, e tenho coisas mais importantes para fazer do que ficar discutindo – disse bruscamente fazendo menção de sair, mas Inu-Yasha ergueu uma das mãos indicando que parasse.
- Elas podem esperar. Feche a porta e sente. Preciso conversar com você – ordenou. Suas palavras não apresentavam sinal da zombaria anterior, mas tinham um quê de desconforto. Kagome fechou a porta.
- Achei que você não me considerava qualificada para ser sua confidente – observou, evitando pisar nos vários objetos que sofreram pelo mau humor dele.
- Um dia desses você vai se cortar com essa sua língua afiada! – preveniu-a Inu-Yasha. – Será que nada a faz parar?
- Se você deseja solidariedade, procurou a mulher errada – disse Kagome. – Só porque uma única vez as coisas não saíram como esperava, não precisa destruir este lugar. Então, conheceu uma mulher com um pingo de inteligência. Um dia isso ia acontecer.
- Sabe de uma coisa, Kagome? Você tem fixação na minha vida amorosa. Quem disse que isto tem algo a ver com mulher? - retrucou Inu-Yasha em tom de censura.
Kagome ficou surpresa. Inu-Yasha era como um ímã para as mulheres. Ela já ouvira as histórias das suas desventuras, e, geralmente, havia uma mulher no meio. Mas, aparentemente, não desta vez, se é que dava para acreditar nele.
- Não tem? – perguntou. Se havia sido injusta com ele, estava disposta a se desculpar, não importa o quanto isso fosse contra o seu feitio. Ia abrir a boca para faze-lo, quando Inu-Yasha desviou os olhos dos dela e esfregou uma das mãos irritadamente ao redor do próprio pescoço.
- Na verdade, tem a ver com uma mulher, mas não como você imagina – admitiu relutantemente.
Intrigada com os claros sinais do desconforto dele, Kagome sentou-se de mansinho na cadeira mais próxima e cruzou as pernas, puxando decorosamente para baixo a saia cor de violeta. Já tirara o casaco, e usava uma blusa simples de seda branco sem manga para sentir confortável no opressivo calor de verão.
- O que acha que eu estou imaginando? – provocou-o, seguindo-o com os olhos enquanto ele e dirigia à cadeira de couro e afundava nela com um profundo suspiro.
- O pior, como costuma fazer – retrucou Inu-Yasha secamente.
Kagome estendeu as mãos em um gesto de desaprovação.
- Bem, você é o único culpado disso. Nunca teve de consolar suas ex. Só de pensar nas histórias que ouvi sinto arrepios – Kagome estremeceu de leve para enfatizar suas palavras.
- Não acredite em tudo o que ouve. Não tenho culpa se as expectativas delas eram altas. Nunca prometi que seria eterno – salientou Inu-Yasha em sua própria defesa.
- Foi o que eu disse a elas. "Ele não é um homem de uma mulher só. É melhor você levantar a cabeça e procurar alguém mais constante"...
Ele ergueu as sobrancelhas ao ouvir aquilo, e então riu.
- Acho que você está se referindo à parte da minha vida que eu, erradamente, considerava privada. Ninguém lhe disse que não deve interferir na vida amorosa do seu patrão?
- Sua vida amorosa deixa de ser privada quando você a expõe publicamente, porque quase todos os dias é fotografado de braços dados com uma mulher diferente! A esta altura sua caderneta de telefones de mulheres deveria estar arrebentando de tão cheia.
Inu-Yasha esticou os dedos e olhou para Kagome por cima deles.
- Se eu tivesse uma, coisa que não tenho.
- Não tem? Não acredito! Homens do seu tipo sempre têm!
- E que tipo é esse?
Kagome agitou levemente a mão.
- O que troca de mulher com a mesma freqüência com que troca de roupa.
- Adianta eu negar?
- É difícil acreditar quando já vi os resultados do seu trabalho.
Inu-Yasha esfregou um dos dedos na ponta do nariz e depois a olhou sarcasticamente.
- Você desaprova tudo em mim, não é?
- Nem tudo, apenas o seu modo de tratar as mulheres.
- Você me faz parecer um playboy.
- Seus casos amorosos estão registrados na mídia – lembrou-o.
- A maioria das mulheres com quem sou fotografado são velhas amigas. Muitas vezes sou convidado para eventos em que preciso ir acompanhando, e prefiro levar uma mulher que conheço a me sentar perto de uma estranha. Nós passamos uma noite agradável juntos e depois eu a levo em casa. Fim da história – retrucou ele.
Kagome pareceu cética.
- Não me diga que todos os seus encontros terminam tão inocentemente – ironizou, e ele deu um sorriso largo.
- De modo algum, mas isso é problema meu, não seu.
Kagome não podia prosseguir com a discussão. Estava em uma corda bamba. Mas havia algo que a deixava curiosa.
- Você nunca pensou em encontrar uma mulher e se prender a ela? Nunca se apaixonou?
Inu-Yasha deu uma risada de desdém.
- Não, e espero que isso nunca aconteça. Segundo a minha experiência, ser feliz para sempre é apenas um conto de fadas, meu bem – disse.
- Não acredita no amor?
- O que a maioria das pessoas sentem é desejo, embora elas prefiram lhe dar o nome de amor porque soa melhor. – Vendo a expressão carrancuda de Kagome, Inu-Yasha se inclinou por cima da escrivaninha. – Eu respeito as mulheres pelo que são. Gosto delas, mas não faço promessas que não posso cumprir, como juras de amor, e me recuso a dizer que o relacionamento é algo a mais do que é.
Kagome achou que isso deveria depor a favor dele, mas era estranho ouvi-lo falar daquele modo sobre o amor. Apesar das suas próprias experiências, ela ainda acreditava no amor. Havia feito a escolha errada, isso era tudo. Desta vez não permitiria que a paixão a cegasse, fazendo-a achar que existia amor. Houjo era tudo que queria em um homem e estava certa de que, com o correr do tempo, seu afeto por ele se transformaria em amor.
- Você pretende se casar ter filhos? – não pôde evitar a perguntar.
Recostando-se de novo, Inu-Yasha deu de ombros.
- Sim, um dia, mas o amor não tem nada a ver com isso.
- Sua mulher poderia discordar de você.
- A mulher com quem eu me casar saberá que tem meu respeito e minha lealdade. Se e quando eu fizer meus votos, não deixarei de cumpri-los. Só pretendo me casar uma vez.
- Parece que você teve uma experiência desagradável. O que o fez ficar tão desiludido com o casamento?
- O excesso de familiaridade. Meu pai se casou quatro vezes e minha mãe está no seu terceiro marido. Em todas as vezes os dois juraram que era amor, mas quando a paixão acabou procuraram os tribunais de divórcio. Tenho irmãos e irmãs de seus vários casamentos espalhados pelo mundo.
Os pais dele não eram exatamente bons modelos, concordou Kagome.
- Não tem de ser assim com você.
Inu-Yasha encolheu os ombros.
- Não será. Pretendo cumprir meu votos, quando os fizer.
- Fico feliz em saber, mas já ouviu falar que o caráter de uma pessoa não muda?
Inu-Yasha sorriu.
- Sempre há uma exceção à regra, meu bem.
- É verdade, mas não tenho visto muitas mudanças ultimamente – zombou ela.
Inu-Yasha lhe deu um longo olhar, ao que Kagome sorriu docemente, e ele grunhiu:
- Eu deveria ter despedido você há meses. Só Kami-sama sabe por que não fiz isso.
- Porque não tem poderes para fazer. Seu avô me contratou, e só ele pode me despedir – disse ela confiantemente.
Inu-Yasha deu fortes puxões no nó da sua gravata, afroxou-o e abriu os botões de sua camisa.
- Está enganada, eu poderia ter despedido você num piscar de olhos. Mas é ótima no que faz. Tem bom olho para cores e estilos, e até agora seu trabalho só mereceu aplausos.
O elogio de Inu-Yasha a fez sentir uma excitação interior, mas não deixou que ele percebesse.
- Não seria uma boa hora para pedir um aumento? – perguntou de modo malicioso, e ele sorriu.
- Provavelmente terá. Um bom funcionário está à altura do que ganha.
Kagome não era ambiciosa. Tivera um aumento à pouco tempo. A empresa recompensava prontamente os esforços dos seus funcionários, e recebera sua parte. Isso era o suficiente para ela.
- Não se preocupe, não pretendo pedir um aumento. Então, o que fez a pobre cesta para provocar sua raiva?
Lembrando do ocorrido, a expressão de Inu-Yasha se tornou pesarosa.
- Sorriu para mim.
- Sorriu para você? – perguntou Kagome, achando muita graça.
- Com conhecimento de causa – confirmou Inu-Yasha.
- Ah – conhecia a sensação. – O almoço foi ruim.
Ele deu um sorriso irônico.
- Para não dizer coisa pior. É por isso que preciso de sua ajuda.
A mente de Kagome estava confusa cheia de perguntas. Ela resolveu conte-las.
- As coisa devem estar ruins mesmo, para pedir logo a minha ajuda, Inu-Yasha.
- Nem imagina como!
- Vai me contar o que está acontecendo, ou isso é um jogo de perguntas e respostas?
Inu-Yasha respirou fundo e girou sua cadeira para ficar de frente para ela.
- Minha irmã vai se casar este fim de semana.
Embora interessante, aquilo não era bem o que Kagome esperava.
- Fico feliz por ela, mas o que isso tem a ver comigo?
Os olhos de Inu-Yasha chisparam a sua interrupção.
- Eu ia explicar. Fui convidado.
Kagome sabia que ele não se sentia à vontade para lhe pedir alguma coisa, e isso era bem próprio de Inu-Yasha no Taishou. Pasma, fez um sinal afirmativo com a cabeça.
- Ok, isso era de se esperar, mas ainda não entendo o que isso tem a ver comigo.
Seguiu-se uma hesitação momentânea e então ele foi direto ao ponto.
- Preciso que vá ao casamento de minha irmã... Como minha namorada.
Aquilo lhe tirou o fôlego mais do que qualquer outra coisa.
- Nani? – perguntou com a voz entrecortada, certa de que ouvira mal.
Inu-Yasha se recompôs rapidamente
- Quero que vá ao casamento comigo – repetiu.
Kagome conhecia aquele papel, e era outro que desaprovava.
- Como sua namorada?
Inu-Yasha ergueu rapidamente uma das mãos para evitar as objeções que sabia que estava prestes a fazer.
- Não é o que parece. Preciso que finja ser minha namorada.
O que ele pedia estava fora de questão.
- E quanto à mulher que estás saindo... Qual é mesmo o nome dela? Por que não lhe pede ajuda?
A pergunta o fez grunhir.
- Ela ia comigo, mas como não somos mais notícia, fiquei sem companhia.
Kagome o olhou fixamente, percebendo que ele estava escondendo alguma coisa, mas de quisesse a sua ajuda teria de lhe contar.
- O que aconteceu?
Inu-Yasha tamborilou irritadamente com os dedos na escrivaninha.
- No almoço, ela me avisou de que seus astros lhe diziam que o fim de semana não era um bom momento para viajar. Eu lhe disse que somente uma pessoa muito baka acreditaria em tamanha bobagem.
Kagome estremeceu.
- Um mau lance – solidarizou-se, e ele fez uma careta.
- Nem me diga!!! O resultado foi que ele se ofendeu.
- Por que não pede ajuda para as mulheres na caderneta de telefones que você não tem?
Kagome teve uma idéia da seriedade da situação quando não obteve uma réplica inteligente ao seu comentário.
- Porque a maioria delas é conhecida da minha família, e preciso de uma totalmente estranha. Meu avô não vai estar lá, e ele é a única pessoa que lhe conhece...
- Vai ter de me explicar isso – insistiu ela.
- É complicado... Há... Complicações familiares...
Complicações familiares encobriam vários pecados, como ela sabia muito bem. Como uma explicação, aquilo não bastava.
- Vai ter de me dar um motivo melhor para eu ajudar você – declarou ela e Inu-Yasha a fuzilou com os olhos.
- Isso significa que vai me ajudar? – quis saber.
- Apenas me conte, Inu-Yasha. Não importa o que disser e a minha decisão, nada sairá desta sala...
Inu-Yasha a olhou por tanto tempo que Kagome achou que se recusaria a falar, mas então ele assentiu com a cabeça.
- Hai, preste atenção. O nome da minha última madrasta é Kikyou (gostaram dessa? XD). Quando ela ainda era noiva de meu pai, achou que seria divertido conquistar pai e filho. Para ser claro, fez o possível para me seduzir. Ao contrário do que você imagina, Kagome, não durmo com todas as mulheres que eu conheço. E, acima de tudo, não me envolvo com as ligadas à minha própria família. Kikyou não aceitou bem minha recusa em entrar em seu jogo, e foi correndo contar para o meu pai a história de que eu havia tentado estupra-la. É claro que eu neguei, mas meu pai sempre teve ciúmes das suas mulheres e preferiu acreditar nela. A conseqüência foi que se recusou a falar comigo durante quase três anos.
Kagome se solidarizou com ele.
- Talvez agora, se você procurasse seu pai primeiro, ele reagisse de modo diferente – sugeriu, sem qualquer esperança real de que isso acontecesse. Sua experiência com seu próprio pai lhe ensinara que os pais não mudam tão facilmente.
Inu-Yasha fez uma careta.
- Pensei nisso, mas não posso correr o risco. Concluí que minha melhor opção é chegar de braços dados com uma mulher. Assim Kikyou terá de manter distância.
- E se ela não fizer isso, eu estarei lá para afastá-la? – murmurou, seguindo facilmente a linha de raciocínio dele. Inu-Yasha a olhou penetrante.
- Você estará lá?
Kagome olhou para as próprias mãos. Embora sem o saber, ele a convencera. Quando se tratava de família, ela tinha suas próprias vulnerabilidades, o que tornava praticamente impossível de recusar-se a ajudar alguém.
- Devo estar maluca para ao menos pensar nisso – suspirou ela, erguendo a cabeça.
- Mas você vai? – insistiu ele esperançosamente, enquanto ela revirava os olhos.
- Sim – confirmou Kagome, e logo se encheu de dúvidas. Mas era tarde demais para voltar atrás. Desde que o homem em quem havia confiado a abandonara depois de fazer todos os tipos de promessa, ela jurara cumprir todas as que fizesse.
- Arigatou, Kagome. Provavelmente não sabe o que fez, mas acabou de salvar meu relacionamento com meu pai.
Ela sabia melhor do que ele imaginava, mas isso era outra história.
- Só se lembre que me deve uma. – Pouco à vontade, dispensou os agradecimentos. – Então, a que horas é o casamento, e como iremos para lá?
- Sábado à tarde, e, se pegarmos o vôo noturno da quinta-feira, talvez cheguemos no fuso horário certo... E teremos algum tempo para nos instalar antes da cerimônia – disse com gratidão Inu-Yasha, enviando-lhe uma onda de choque.
- Voar...? Fuso-horário? O que você está querendo dizer com isso? – quis saber – Onde... Vai ser o casamento?
- Na Suíça. Para ser mais exato, Lago Constança. Na casa de verão da minha mãe. Vai gostar de lá.
- Suíça! Zakennayo, Inu-Yasha no Taishou! Você não disse que o casamento é no exterior! Sabe muito bem que eu achava que era aqui, no Japão!
Agora havia um brilho nos olhos de Inu-Yasha quando ele sorriu.
- Achei que você se recusaria a ir se soubesse.
Bem que poderia ter se recusado, mas a sorte estava lançada.
- Você é um homem impossível. Não em deve só uma, mas muito – pronunciou, girando rapidamente nos calcanhares e se dirigindo até a porta.
- Pode me pedir qualquer coisa – disse Inu-Yasha às suas costas. Ela parou, sem se virar.
- Qualquer coisa?
- É só dizer.
Os lábios de Kagome se curvaram em um sorriso furtivo.
- Muito bem, eu direi, quando decidir – concordou, fechando a porta atrás de si. Inu-Yasha estava prestes a descobrir que sua ajuda custaria caro.
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Naquela noite, Kagome saiu para jantar com Houjo. Gostava muito do namorado, mas nem sempre era fácil gostar das conversas dele, porque às vezes era um pouco enfadonho. Além disso, embora detestasse admiti-lo, podia ser frio, como Inu-Yasha o considerava. Kagome teve de se esforçar mais do que de costume para se concentrar no que ele dizia sobre o seu dia horrível. Mas seus pensamentos estavam muito longe, o que a irritou, porque não gostava de ver Inu-Yasha surgindo em sua mente.
Quando Houjo se inclinou sobre a mesa e pegou a sua mão, Kagome lhe sorriu com uma certa curiosidade, porque ele não era o tipo de pessoa "tocante".
- Tenho uma surpresa para você – declarou Houjo com um entusiasmo infantil, e Kagome desejou muito saber se seria agora que a pediria em casamento.
- Tem? – perguntou, um pouco ofegante e se preparando mentalmente para sua resposta. O ambiente poderia ser mais romântico, mas o restaurante fora escolhido por sua conveniência, não seu clima. – Que tipo de surpresa?
O sorriso de Houjo tornou-se mais largo à visível ansiedade de Kagome.
- Meus pais nos convidaram para passar o fim de semana com eles. Quando eu disse o quanto você é maravilhosa, minha mãe insistiu em conhecê-la.
Kagome fez o possível para manter seu sorriso, mas percebeu que este desaparecia, enquanto seus músculos faciais se contraíam. Não porque a pergunta não fora a esperada, mas porque teria de recusar o que era quase uma convocação imperial.
- Ah, Houjo, sinto muito, mas não posso ir. Eu ia contar mais tarde. Tenho de ir à Suíça esse fim de semana.
- Com o Taishou, eu presumo! – respondeu Houjo gelidamente, fazendo-a estremecer.
- É claro que sim. A negócios – mentiu, vendo-o recostar-se e cruzar os braços.
- Não confio nele – disse rudemente, e Kagome fechou um pouco a cara. Sabia onde Houjo queria chegar, mas nunca lhe dera motivo para se preocupar. Surpreendeu-se ao pensar que ele acreditaria naquela possibilidade. Não precisa sentir ciúme.
- Você confia em mim, ne? – perguntou em tom apaziguador e ele imediatamente pegou sua mão de novo.
- Sim. É claro que sim. É só aquele homem... – Houjo não completou a frase, e ela entendeu o que queria dizer. A reputação de Inu-Yasha era conhecida.
Kagome apertou-lhe a mão.
- Não tenho mínimo de interesse nele. Mas as viagens são parte do meu trabalho. – Bem, não esta, mas Houjo não precisava saber.
Houjo assentiu relutantemente.
- Eu sei, mas minha mãe não vai ficar nada satisfeita. Ela detesta que seus planos sejam mudados. E preciso que goste de você.
Kagome teve uma reação mental tardia. Houjo fazia a visita parecer que ela estava sendo apresentada para inspeção, como se o casamento dependesse do veredicto da mãe dele. Ela não gostou disso por um bom motivo. Seu pai havia insistido em inspecionar seus namorados e, na maioria das vezes, os desaprovava.
Ver-se do outro lado de uma situação similar, agora que tudo ficara para trás, dava-lhe arrepios na nuca. De modo algum estava preparada para isso.
- Realmente é importante sua mãe gostar de mim, Houjo? Afinal de contas, estou saindo com você, não com ela.
- Acho que não – concordou ele, pouco à vontade, e depois riu. – Não, é claro que não. Embora eu preferisse que ela gostasse. Mas é claro que não há nenhum motivo para não gostar. É só que eu sempre quis saber a opinião dela para coisas importantes.
Kagome dissimulou seu mal-estar. As situações não eram iguais. Ela só iria conhecer os pais dele, o que teria de acabar acontecendo.
- Eu farei o possível para sua mãe gostar de mim, se isso fizer você feliz. Só temos de adiar a visita por algumas semanas.
Houjo pareceu aliviado.
- Isso seria maravilhoso.
Kagome parou por aí, mas mais tarde, deitada em sua cama, tentando dormir, a conversa voltou várias vezes à sua mente. Teve uma sensação desagradável de déjà vu, mas não queria ter de lutar com a mãe de Houjo por ele, e era isso que temia que acontecesse.
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O resto da semana foi agitado, e a quinta-feira chegou rapidamente. Naquela noite, fazendo as malas para viajar, Kagome achou que só podia estar louca. Não só comprara uma roupa nova, o que seria aceitável, como também várias outras coisas – para uma viajem que não desejava fazer. A verdade é que não podia ir malvestida. Não importa se representaria um papel, aquelas pessoas era a família de Inu-Yasha, e um casamento era uma ocasião muito especial. Ela não podia causar nenhum tipo de desarmonia menosprezando-a. Além disso, tinha a sensação de que Kikyou no Taishou estaria muito bem-vestida, e de modo algum deixaria aquela mulher colocá-la em segundo plano.
Kagome aprendera a se manter ocupada, sempre ter algo em que se concentrar, mas não podia fazer isso agora porque Inu-Yasha chegaria a qualquer momento. Ela foi até a janela do seu apartamento e olhou para a rua, mas nenhum carro estava parando. Onde ele estava?
A pergunta silenciosa despertou-lhe uma lembrança, e ela pôde se ver olhando pela janela daquele feio apartamento conjugado, esperando Kouga voltar para casa para lhe contar a novidade. Ele nunca havia voltado. Em vez disso, abandonara-a a mercê de um futuro assustador que acabara levando à tragédia. Ela esperara naquela noite também. Sozinha no escuro, sofrendo...
- Não! – Com um baixo gemido, Kagome se virou, afastando os pensamentos. Não, isso não iria acontecer. Não de novo.
O som do interfone a sobressaltou, mas foi logo seguido por uma sensação de alívio. Inu-Yasha havia chegado.
- Moshi moshi?
- Sou eu, Inu-Yasha.
- Último andar à direita – disse Kagome, apertando o botão para abrir a porta. Teve tempo de ouvi-lo resmungar: - Tinha de ser, ne?
Kagome se dirigiu à porta para encontra-lo. Ele não lhe pareceu nem um pouco ofegante ao chegar.
- Ninguém nunca pensou em instalar um elevador?
- Só são três andares – Kagome falou com uma gota na cabeça
- Mas seis lances de escada – defendeu-se rapidamente.
- Pare de reclamar. Você é o homem com mais preparo físico que eu conheço – respondeu Kagome secamente. Sabia disso porque Inu-Yasha se exercitava regularmente e, embora ela nunca tivesse visto o seu corpo, suspeitava que não havia m pingo de gordura sobrando nele.
- Lembre-me de nunca esperar sua solidariedade – murmurou Inu-Yasha olhando ao redor. – É só isso? – perguntou, apontando para a única maleta de Kagome.
Ela assentiu com a cabeça.
- É tudo de que eu preciso para alguns dias.
Inu-Yasha ergueu a maleta para sentir-lhe o peso e riu.
- Minha mãe nunca viaja com menos de trinta malas,
Kagome não imaginava tendo roupas para enchê-las.
- Pense no excesso de peso que ela deve pagar! – exclamou, surpresa.
- Pense no pandemônio que se instala sempre que ela acha que está faltando uma mala! – replicou Inu-Yasha sarcasticamente, e Kagome estremeceu.
- Nossa! Isso acontece com freqüência?
- Quase sempre. Veja bem, a vida tem de ser um drama para ela. É a própria prima-dona. Eu não me espantaria se minha irmã estivesse se casando com esse homem apenas para escapar da nossa mãe.
- Mas certamente ela o ama – protestou Kagome, desconfortável com a idéia de uma mulher fazer uma coisa dessas.
Inu-Yasha deu de ombros com indiferença.
- Provavelmente acha que sim.
- Acha que sim? – perguntou Kagome, fechando a porta atrás de si e se certificando de que estava trancada.
Inu-Yasha começou a descer as escadas.
- Hana é muito parecida com nossa mãe. Pode se convencer de qualquer coisa. Se quisesse escapar da influência dela, poderia ter se convencido de que ama esse sujeito. – Ele a olhou por cima do ombro. – Você pode deduzir que os relacionamentos não são o nosso ponto forte. Florzinha é uma flautista brilhante, mas, como todos nós, foi afetada pelos relacionamentos fracassados dos nossos pais. Na melhor das hipóteses, este casamento tem cinqüenta por cento de chances de dar certo.
Tendo chegado ao térreo, Inu-Yasha abriu a porta para ela.
- Acha que esse casamento não vai durar? – perguntou Kagome, saindo para a rua.
Ele a pegou pela mão e a levou até onde estacionara o carro.
- Nenhum dos outros casamentos durou, por isso as chances são de que não dure.
- E é por isso que você nem mesmo vai se arriscar a um casamento propriamente dito.
- Acertou em cheio.
Ele a ajudou a entrar no carro, mas havia pouco tempo para conversarem. Naquela noite, o trânsito estava pior do que de costume. Eles chegaram ao aeroporto na última hora, quando a chamada para o seu vôo já tinha sido feita. Kagome só teve tempo de tomar fôlego quando eles já estavam no ar e o sinal do cinto se apagou.
- Não há nada como uma correria louca dessas para preparar você para o fim de semana... – bufou Inu-Yasha, acomodando-se no assento espaçoso da primeira classe.
- Eu vejo assim: as coisas só podem melhorar.
- Não aposte nisso. Nunca passou um tempo com am minha família.
- Ninguém pode ser tão ruim quanto o quadro que você está pintando – afirmou, embora soubesse muito bem que as pessoas podiam ser tão frias e implacáveis quanto um inferno ártico. – Seu avô é um cavalheiro.
- É verdade – concordou Inu-Yasha prontamente – É um membro da família pelo qual eu faria qualquer coisa... Infelizmente, não estará lá.
A afeição na voz de Inu-Yasha ao falar no avô fez Kagome olha-lo curiosamente.
- Então existe um ser humano com quem você se importa. Não é o caso perdido que tenta parecer. Por que esconde isso? Faz você parecer mais humano.
Inu-Yasha a olhou de relance.
- Espere até conhecer a minha família. Então, se tiver a metade as esperteza que acha que tem, compreenderá.
Kagome desviou seu olhar, fixando-o na vista da janela. Não estava certa de que queria conhecer a família de Inu-Yasha. Então esboçou um sorriso. Bem, eles eram a família Inu, afinal. Então o que mais podia esperar?
- O que é tão engraçado? – perguntou Inu-Yasha e Kagome, que não percebera que estava sorrindo, recompôs-se rapidamente.
- É uma coisa minha de que me lembrei – murmurou, dando de ombros e esperando evitar mais perguntas.
Depois de lhe lançar um olhar de dúvida, como se estivesse adivinhando o que estava pensando, Inu-Yasha observou:
- E quanto à sua família? Não pode ser tão terrível quanto a minha.
A reação automática de Kagome foi retesar-se, embora há anos não tentasse sentir nada, mas as lembranças eram dolorosas como sempre.
- Eu não tenho família – disse, e logo se deu conta de que aquilo só despertaria mais ainda o interesse dele.
Houve um momento de surpresa enquanto Inu-Yasha assimilava as palavras. Depois ele franziu as sobrancelhas, ao fazer a suposição mais óbvia.
- Sinto muito. Não sabia que seus pais haviam morrido. Deve sentir falta deles.
Kagome não tinha a mínima intenção de lhe explicar coisa alguma, mas, por outro lado, Inu-Yasha estava sendo solidário (nossa o.o) e ela não conseguia fingir.
- Eles não morreram – disse abruptamente.
Ao seu lado, Inu-Yasha ergueu as sobrancelhas e depois as abaixou.
- Está dizendo que não sabe onde estão? Isso explicaria a falta de fotografias em seu apartamento.
- De modo algum eu estou dizendo isso. Agora, se não se importa, prefiro mudar de assunto – Inu-Yasha ignorou suas palavras.
- Oi, não pode parar por aí. Você me deixou curioso. Alem disso, eu falei sobre os esqueletos no armário de minha família, por isso é justo que você me fale sobre os da sua.
- Você falou por que quis.
Inu-Yasha deu um sorriso largo.
- Ora, vamos, meu bem! Sabe que, de um modomeio perverso, achou fascinante!
- Não achei! – negou ela, embora soubesse que não estava sendo totalmente sicera.
- Achou sim! – retrucou ele.
Kagome apertou os olhos.
- Ok, não achei totalmente desinteressante – admitiu, e ergueu a mão quando ele começou a falar. – Mas isso não significa que tenho que falar sobre minha família.
- Então você tem uma. Estava começando a achar que urgiu neste mundo totalmente formada – gracejou Inu-Yasha, e ela suspirou. Ele não ia desistir enquanto não lhe dissesse alguma coisa.
A expressão de Kagome não escondia sua relutância, e ela não estava rindo quando falou.
- Eu vou contar uma coisa para você, mas só se me prometer não fazer mais perguntas.
O sorriso desapareceu dos olhos violetas de Inu-Yasha.
- Você faz isso parecer o fim do mundo.
Ela sustentou o olhar.
- Prometa, Inu-Yasha.
- Está bem, eu prometo.
Kagome olhou para baixo, na direção das próprias mãos, e se recompôs para não deixar transparecer nada sem seu rosto. Então olhou de novo para Inu-Yasha, calmamente.
- Muito bem, vou contar. Eu não existo mais – disse em voz baixa, mas pôde ver as muitas perguntas se formando na mente dele. Mas sabia que não as faria, porque dera as palavra e a cumpriria.
Inu-Yasha se recostou sem eu assento, soltando um suspiro de frustração.
- Está percebendo que isso vi me deixar louco?
Essa não era a intenção de Kagome, porque ela não era deliberadamente cruel, mas havia sido a única maneira de evitar mais perguntas. Não podia dizer que sua família não estava morta para ela, mas ela estava morta para sua família. Ele desejaria saber por quê. Tinha de faze-lo se calar.
- Então é melhor não pensar mais nisso – aconselhou, pegando um das revistas que comprara para se entreter durante o vôo.
- Kami-sama! Você é irritante! Por que simplesmente não disse nada?
- Eu tentei! Mas você insistiu... A culpa foi única e exclusivamente sua. No futuro, lembre-se de que a curiosidade pode ser uma coisa muito perigosa. – disse com uma risada áspera.
O som da risada enraiveceu o rosto de Inu-Yasha
- Você está se divertindo com isso, ne?
Kagome não pôde evitar outra risada.
- Há uma certa graça na situação.
- Antes eu pensava que você era irritante... Agora eu tenho certeza!
Ela balançou cabeça tristemente.
- Eu já disse. A culpa...
- ... Foi só minha. Obrigado por esfregar sal na ferida. Fez eu me sentir muito melhor – resmungou Inu-Yasha.
Certa de haver conseguido encerrar o assunto, Kagome se concentrou n revista até seus olhos pesarem. Sabendo que dormir encurtaria a viagem, abaixou se acento para ficar mais confortável e adormeceu em segundos.
Algum tempo depois, foi despertada por um toque suave de mão. Um pouco atordoada, olhou ao redor para se situar e viu os olhos ansiosos de Inu-Yasha apenas a alguns centímetros dos seus.
- Nani...? – protestou, inexplicavelmente fascinada pela profundidade daquele olhar, que lhe deu a estranha impressão de ser insondável, perfeito para se mergulhar nele.
- Você estava tendo um pesadelo. – As palavras gentis de Inu-Yasha interromperam os devaneios de Kagome, fazendo-o piscar e realmente vê-lo. Seu corpo se arrepiou e ela estremeceu. – Achei melhor te acordar.
Kagome passou a língua pelos lábios e engoliu a saliva, subitamente sentindo um calor no ombro. Olhando para baixo, descobriu que a mão de Inu-Yasha continuava lá desde que a acordara. Desconcertada, Kagome tocou no botão que levantava seu assento, afastando a mão dele.
- Arigatou – murmurou, sem jeito. – Eu fiz muito barulho?
- Só gemeu, o que me fez achar que o que se passava na sua cabeça não era agradável. Você costuma ter pesadelos?
Feliz em saber que por pouco não tivera um de seus piores, Kagome negou com a cabeça.
- Só de vez em quando. – respondeu. Houve uma época em que tinha muitos. Com o correr do tempo, desapareceram, e agora só os tinha quando estava preocupada ou agitada.
Kagome havia sonhado com a última vez em que vira a sua família. Se pai tinha sido mais frio e impiedoso do que nunca, proibindo a sua entrada em casa e dizendo coisas com aquela voz áspera que usava para mostrar sua desaprovação. Coisas terrivelmente humilhantes, embora ela tivesse mantido a cabeça erguida. Seu pai a vira partir como uma criatura da sarjeta. Mas era isso que ela era para ele naquela época. Não mais sua filha, apenas uma coisa em que pisara na rua.
Kagome se sobressaltou com a mão de Inu-Yasha em seu braço.
- Chigau – ordenou ele gentilmente quando ela parou de hesitar. – Volte. Não sei onde estava, mas é óbvio que não quer estar lá.
- É difícil se livrar de certos sonhos – confessou, e Inu-Yasha sorriu levemente, como se soubesse disso por experiência própria.
- Para alguns de nós, o passado não é um lugar agradável para se estar, ne?
Ela não queria seguir aquele caminho, e para evita-lo olhou para Inu-Yasha ironicamente.
- Você tem pesadelos? Achei que era preciso ter uma consciência para isso...
Inu-Yasha apontou um dedo, advertindo-a:
- Isso não foi gentil, meu bem. Acontece que eu realmente tenho uma consciência, mas duvido muito que possa convencer você desse fato. Tem o hábito de esperar o melhor de mim.
- Um lado que você adora me mostrar – salientou Kagome rapidamente, e ele riu.
- Ah, bem, se você quer pegar um peixe, precisa usar a isca certa – explicou ele, e Kagome apertou os olhos.
- Está querendo me dizer que eu mordo a isca? – perguntou em tom de irritação.
- Lindamente.
- Cachorro (XDD).
Inu-Yasha reprimiu o riso.
- Droga, tenho que admirar seu autocontrole. Você é fria.
Kagome podia parecer fria, mas por dentro ardia em frustração.
- Você é esperto demais, Inu-Yasha no Taishou. Todos sabem que as pessoas assim acabam se dando mal.
- Está vendo? Há algo a esperar. Meu merecido castigo. Vai ficar assistindo, exultante?
- Ah, por favor, isso é tão clichê! Provavelmente serei a chefe de torcida de todas as mulheres com quem você se divertiu nos últimos anos.
- Acho que não será um grupo tão grande quanto você imagina. Tenho um relacionamento bastante bom com a maioria das minhas ex – lembrou-a, e ela sabia que basicamente era verdade. Podia implicar com ele por causa das que não aceitaram bem o rompimento, mas eram a minoria.
Kagome nunca havia conseguido entender aquilo. Como as mulheres podiam se permitir ser usadas daquela maneira e ainda gostar dele quando rompia com elas?
- Você está aparentando com Svengali – observou. Inu-Yasha riu, divertido.
- Meu bem, eu não preciso hipnotizar uma mulher para, como você diria, seduzi-la.
- Não – concordou Kagome com um gosto de escárnio. – Basta sorrir para elas se derreterem.
- O que faz você se derreter, Kagome? Qual é a arma secreta do Houjo?
De modo algum Kagome lhe diria que, se Houjo tinha uma arma secreta, estava bem escondida. Ele não a fazia se derreter, e ela não o desejaria. Já fizera isso, e de modo algum tinha sido bom como diziam.
- Não é as sua conta.
O sorriso de Inu-Yasha indicou que não se satisfizera com a resposta, mas pelo menos não continuou. Usou um método diferente.
- Então, o que o querido Houjo disse quando você contou a ele que ia viajar este fim de semana?
- Não disse nada. Por que teria de dizer alguma coisa? – respondeu de um modo natural, para lhe mostrar que aquilo não tinha a menor importância.
Inu-Yasha estudou curiosamente sua cabeça abaixada.
- Quer dizer que ele não viu nada de estranho em você viajar comigo. Como tem a mente aberta! Para ser franco, não achei que tinha.
Kagome deu de ombros.
- Nós já viajamos demais para Houjo se aborrecer desta vez – comentou, lembrando-se com um minúsculo franzir de sobrancelhas do quanto ele ficara aborrecido.
- É verdade, mas desta vez é diferente... Ou ele não sabe disso? – acrescentou Inu-Yasha pensativamente e Kagome maldisse em silêncio sua insistência. – Você não contou, ne? Onde ele pensa que você está? – a ironia na voz de Inu-Yasha a fez estremecer.
Fechando repentinamente a revista que tinha aberto para se distrair, ela se virou para encara-lo.
- No que diz respeito ao Houjo, esta é uma viagem de negócios. Quando eu percebi que ele detesta você, preferi não contar. Está satisfeito agora? Posso ler minha revista em paz?
- Houjo me detesta? – perguntou, parecendo ainda mais irônico. – O homem tem uma sagacidade desconhecida. Muito bem!
Exasperada, Kagome ficou tentada a bater-lhe com a revista.
- Embora seja difícil de acreditar, muitas pessoas não gostam de você, Inu-Yasha. Eu também não gosto.
- Ah, mas ele me detesta pelo mesmo motivo? Você acha que eu sou um mulherengo. Houjo também acha? – perguntou Inu-Yasha pensativamente, e então estalou os dedos quando uma idéia lhe ocorreu – É claro que sim! Ele tem medo que eu dê em cima de você (demorou heim?u.u)
Foi irritante Inu-Yasha ter acertado com cheio tão rapidamente.
- Eu disse para ele que não tinha com o que se preocupar. Não estou nem um pouco interessada em você. Acho que até mesmo disse que detestaria ter algo a ver com você. Não estou assim tãããão desesperada... – acrescentou, com veemência e sarcasmo.
- Além disso, você tem ele. – observou Inu-Yasha sagazmente.
- Exatamente – concordou Kagome, voltando mais uma vez à sua revista – Eu tenho o Houjo, e não estou disponível para mais ninguém. – Com isso, virou-se de costas para Inu-Yasha e se concentrou nas palavras na página.
Continua...
Dicionário:
Nani? – O quê?
Kami-sama – Deus
Baka – Idiota
Hai – Sim, certo
Moshi moshi? – Alô?
Zakennayo!!! – Vá se fdeeeeeerr!
Ne – Equivalente ao nosso ne
Hana – Flor
Arigatou – Obrigado(a)
Chigau – Um tipo de "não"
Espero que seja só ..
0o0o0o0o0o0o0o
E aííí, gostaram dela? Apesar de ser a CÓPIA fiel de um livro... Eu gosteeei o/
Claro, eu mudei os nomes, e algumas frases e talz... mas tá bom num tá?
Talvez va postando semana por semana, oq vcs axam? -
To de feriase num tenho naaaaaaaaaaaada pra fazer, assim eu passo o tempo...
Mas isso naum significa que eu naum queira que vcs naum deixem reviewwss (entenderam?o.o)
Pois eu kelo reviws o/
