Disclaimer: HP não me pertence. Se pertencesse, teriam desconfiado do Dumbledore ser gay bem mais cedo.
Aviso: Fic para o V Challenge de Morte do 6v. Item proibido: amor. Itens usados: lenço e diário.
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No íntimo
"Querido Diário,
Hoje matei pela primeira vez alguém. Era um inimigo do Lorde das Trevas, então me sinto honrada. Narcissa me olhou com uma cara estranha, quase horrorizada, e por um momento pareceu que me diria algo, mas apenas encarou o corpo morto que deixei para trás. Rodolphus não disse nada, perdera as contas de quantas vezes vira um copo cair duro perto de si.
Confesso que a mão em que eu segurava a varinha tremeu por um momento, mas ignorei-a. Se o feitiço fora executado, então eu tinha vontade o bastante. E isso é o que basta para o Lorde.
As pessoas gostam de falar que aprendemos coisas importantes com a morte. A única coisa que aprendi foi que não há problema algum quando se é a pessoa que segura a varinha.
Bellatrix L."
Descansou a pena na mesa, ignorando a mão que voltara a tremer. Espiou com o canto do olho o lenço que mal se lembrara de ter tirado da gaveta. O branco ainda estava branco, a borda azul ainda era azul. B.B.. O bordado também não desaparecera. Pensou em casa e em sua mãe, que em um dia passado lhe fizera esse lenço. Pensou no que ela acharia de sua nova façanha.
Sorriu, tendo a certeza de que estaria orgulhosa.
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"Querido Diário,
Minha mão não treme mais. Nem Narcissa mais me olha aterrorizada – a mão dela também parou de tremer faz tempo. Minha varinha já presenciou mortes de todos os tipos. Eu também. As vítimas, como sempre, são inimigas do Lorde, e me renderam vários elogios do próprio. Continuo honrada. Na verdade, mal consigo evitar um sorriso ao fazer algo que está o ajudando. Cada vez mais pessoas o temem. Me temem.
É divertido. Agora finalmente entendo o que diziam sobre aprender algo com a morte: ela te dá poder. E enquanto continuar me dando, minha mão nunca irá tremer.
Bellatrix L."
Quase instintivamente, sua mão soltou a pena para pegar o lenço, preso entre páginas de um livro. O bordado estava um pouco desbotado, mas B.B. ainda estava ali. Parecia-lhe um pouco distante a B.B. que fazia piadas sarcásticas da B.L. que sabia matar. Não sabia dizer qual preferia.
Mas tinha certeza de que a segunda era bem mais madura.
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"Querido Diário,
Matei uma criança. E, por algum motivo, larguei a varinha logo depois. Narcissa olhou estranhamente para mim e para o corpo morto no chão, mas não falou nada. Peguei a varinha e chutei o corpo, para ter certeza de que eu mataria as outras crianças mais à frente.
Não pude deixar de aprender mais uma coisa: nem crianças nem adultos choram depois da morte. Talvez eu esteja lhes fazendo um favor.
Bellatrix L."
Dessa vez, preferiu não pegar seu precioso lenço, guardado debaixo de vários livros. Descansou a pena na mesa e suspirou, levantando-se para ir para mais uma missão de seu Lorde. Ignorou o pensamento de que talvez tivesse medo do que B.B. pensaria.
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"Querido Diário,
Hoje eu ri ao matar o auror. Ri como nunca tinha rido antes.
Mas, de alguma forma, a morte hoje não foi nem um pouco engraçada.
Bellatrix L."
Pegou o lenço o usou-o para apagar o sorriso maníaco que não abandonava sua face.
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"Querido Diário,
Estão dizendo que meu Lorde foi derrotado. Imbecis. O Lorde das Trevas nunca será derrotado. E ele pode contar comigo para estar ao seu lado na hora de rir de todos esses cretinos. Como para provar minha lealdade, matei e torturei como nunca.
A morte impõe medo, é uma das primeiras coisas que você aprende com ela. E mais do que nunca impus medo hoje. Para aqueles que pensam que podem derrotar o maior bruxo que já existiu. Para aqueles que pensam que podem me prender.
Bellatrix L."
Jogou a pena no chão, com raiva iminente. Mas logo pegou seu lenço. E girou, girou, girou. Rindo, rindo, rindo. Ninguém a pegaria. E se algo tivesse acontecido com seu amado Lorde, seria apenas um atrapalho momentâneo. Iria naquela noite mesmo procurá-lo para continuarem a rir das mortes daqueles que os temem.
Quando escutou alguém arrombando a porta de sua casa e seu marido subindo rapidamente as escadas, só teve tempo de recolocar o lenço na gaveta e trancá-la. B.B. ficaria ali por muito tempo.
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"Querido Diário,
Aaah, meu doce companheiro de papel. O que estou fazendo aqui, hã? Fugi de Azkaban, meu queridinho. É isso mesmo. Me prenderam, mas eu fugi, não foi? E, aaah, eu disse que era apenas um pequeno atrapalho, não disse? Meu Lorde voltou, voltou sim. E agora vamos matar todos eles. Vamos sim. E vou rir, como fiz com todos aqueles que se meteram em meu caminho até aqui. Mas me alertaram para não matar muito, o que é uma pena. Porque, sabe, estou com um ódio fora do meu normal. Na verdade, já estou fora do meu normal há um tempo. Aquela prisão acabou comigo, fazer o quê. Mas vou ter meu momento de expressar meu ódio, vou sim. Nada melhor do que causar mortes dolorosas para isso, não?
Bellatrix"
Descansou a pena, como sempre fazia. Os dedos deslizaram pela fechadura da gaveta coberta de poeira. Ajoelhou-se, pegando a varinha e murmurando um feitiço. O lenço ainda estava lá. Intacto. Com poeira, tinha que admitir, mas a cor, apesar de desbotada, ainda era reconhecível. O B.B. ainda lá. Matar umas pessoas não vai mudar isso, disse para si mesma.
Lenço nas mãos. Rosto afundado no lenço. Já não sabia mais nem o que estava fazendo, mas não pararia. Não pararia.
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"Querido Diário,
Eu matei Sirius Black. É. Aquele meu primo irritante que nunca aprendeu o valor de nascer na família que nasceu e que mereceu tudo o que minha tia fez a ele. Até fugiu, o covarde. E eu o matei. Matei sim.
E foi tão engraçado ver seu afilhado idiota correr atrás de mim.
E foi tão engraçado ver meu odiado primo cair lentamente naquele arco estranho, que não parava de sibilar.
E foi... Não foi muito engraçado voltar a sentir minha mão tremer. Por algum motivo, lembrei das outras pessoas que matei. Da primeira, das várias, da criança. E eu... eu... bem, dessa vez eu não quis rir. Não sei o que deu em mim. Talvez um efeito estranho por ele infelizmente ser da família. Mas eu fiz um bom trabalho, não fiz? Meu Lorde ficou feliz, sei que ficou.
Mas agora já não sei por que ele ficaria feliz por causa de uma morte. Ele já matou bem mais que eu, deve saber, não é? Saber a coisa importante que se aprende com a morte:
A morte é sempre pior para quem a causa.
B.B."
Já não tinha certeza se escrevera ou simplesmente falara. Só sabia que não voltaria mais ali. Pegou o lenço que deixara jogado no chão da última vez. Usou-o para secar as estranhas lágrimas antes de rasgá-lo ao meio. B.B. existira pela última vez.
Matar alguém da família era estranho, constatou, saindo da casa.
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N/A: WTF, eu sei. Mas eu gostei de escrever. Eu gosto de escrever com a Bellatrix assim, na íntegra. Enfim, espero que eu ganhe alguma colocação no challenge 8D. Obrigada à minha amada beta Abra por... bem, betar :D.
Muito aleatória, eu sei.
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