Disclaimer: Lost e seus respectivos personagens não nos pertencem, estamos apenas pegando emprestado para uma boa causa! Todos os direitos reservados e garantidos à JJ Abrams e á ABC television.
Categoria: Drama/ Romance.
Censura: M.
Sinopse: Claire Littleton perdeu a mãe e descobriu que tem um pai, mas viver na casa dos Shephard será um desafio. Seu meio irmão Jack está disposto a afastá-la da má influência de pessoas como Kate Austen e James Sawyer. Ana-Lucia Cortez sonha com um futuro romântico ao lado de Sawyer, mas a imaturidade dele e o espírito irresponsável não conseguem ver o que se esconde atrás dos olhos escuros amorosos dela. Shannon Rutherford almeja ser a Miss Califórnia, esta é sua única meta até descobrir que a vida não é tão fácil como ela imagina. Presente, passado e futuro se encontram nessa história, mostrando que cada ato tem uma conseqüência.
Nota: Esta é a minha segunda fanfiction escrita em parceria, e a primeira feita com July Fox. A July é uma das minhas escritoras favoritas de fic e está sendo um prazer escrever com ela. Espero que apreciem esta narrativa tanto quanto eu.
Razões do Coração
Capítulo 1
Claire olhou o relógio pela enésima vez. Levou a mão à corrente em seu pescoço, torcendo o fio prateado nervosamente. Quando será que isto tudo ia acabar?
Cansada de ficar sentada ela levantou-se e passou por entre as pessoas. Todos a olhavam, uns disfarçadamente outros abertamente. Respirou fundo, sentindo o estômago dar voltas. Eles não entendiam. Nenhum deles a entendia. Estavam todos ali apenas para fazer sala, nenhuma deles sentiam realmente a morte de sua mãe.
Ela saiu do salão apinhado e caminhou até a outra sala, rumo à porta. Deu a volta propositalmente para não passar pelo caixão. Saiu para a tarde fria e respirou o ar puro. A vontade de vomitar tinha passado, mas ainda sentia-se mal como nunca antes.
Hoje era quarta feira. Onde estaria neste momento se a morte não tivesse cruzado o seu caminho mudando tudo irremediavelmente? Na escola, pensou. Aula de geometria. Como se importasse.
Mexeu nervosamente nos bolsos da saia prata em busca do cigarro. Pegou o maço com as mãos trêmulas. O hábito a fez olhar nervosamente para os dois lados, para ver se ninguém a estava vendo. Quer dizer, para ver se a sua mãe não estava por perto. Sorriu com o absurdo da situação. Ela não estava mais ali para repreendê-la pelo seu vicio inútil. Nunca mais estaria. Claire engasgou olhando o cigarro. Sentiu as lágrimas que tentava segurar ameaçando romper fortemente e com um engasgo arremessou o maço longe.
Uma lufada de vento bagunçou seus cabelos loiros e ela censurou-se por não tê-los prendido. Ou cortado como queria fazer a mais de um ano. Mas sua mãe não deixava. Menina tem que ter cabelos compridos, falava.
"Não sou mais menina, mãe" respondia rebeldemente, mas ela fazia aquela cara de "não fale besteiras" e continuava com seus afazeres.
Depois quisera tingir as mechas claras de preto. O que fora sumariamente proibida de fazer também. De nada adiantara as ameaças de fazer escondida. Ela não tinha coragem. Nunca tinha coragem de contrariar sua mãe. Tirando o cigarro, pensou, irônica.
Começara a fumar há alguns meses. Escondido. Apenas para fazer algo que fora totalmente de sua vontade e não da vontade de sua mãe. Sentia-se bem pensar que a estava contrariando de alguma forma. Não podia tingir os cabelos de preto ou pink, mas podia fumar.
Não fumava muito, apenas quando brigavam, por algum motivo inútil, como da última vez. Claire fora num daqueles brechos e gastara todo o seu dinheiro ganho trabalhando de babá com roupas pretas. Também comprar maquiagens escuras e quando aparecera na frente de Carole vestida e maquiada como uma gótica para ir à escola, ela quase tivera uma síncope e fizera Claire tirar as roupas no mesmo instante.
De nada adiantara bater o pé e dizer que comprara com seu dinheiro, no final tivera que fazer a vontade da mãe. Aquela fora a última briga. Claire emburrara a cara no caminho para a escola em Sidney e a mãe insistira em saber os motivos desta súbita rebeldia. Claire ficara em silêncio, mas Carole insistira e elas entraram em mais uma discussão. Até que não vira o caminhão vindo ma direção do sedan e bateram de frente.
Claire saíra milagrosamente ilesa do acidente que roubara a vida de Carole Littleton. Depois era como se estivesse anestesiada. As horas tortuosas ate o velório passaram como se estivesse num sonho que acontecia com outra pessoa e ela observava tudo de longe. Olhou para as roupas. Que ironia que fossem perfeitas para o momento, pensou, sombria. Sentia-se perdida. Mas não podia permanecer assim pra sempre
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Claire viu o caixão baixando e olhou para o céu. Pronto. Estava acabado. Mas para onde iria agora? Sua mãe, sua única parente viva estava morta.Estava sozinha no mundo.
De repente sentiu-se observada. Levantou a cabeça e viu um homem a encarando firmemente. Claire desviou o olhar, sentindo-se incomodada. Ele a fitava como se a conhecesse, mas Claire nunca o tinha visto antes. O enterro terminou e as pessoas passavam por Claire para dar as últimas condolências. Ela aceitou a tudo calmamente, a última cena daquele circo infeliz. Os abutres finalmente foram se dispersando, provavelmente decepcionados por não ter havido nenhum escândalo.Então o homem que a observava a pouco aproximou-se dela
-Olá Claire – ele falou simplesmente
Claire apenas o encarou, como se pedindo uma apresentação. E ele sorriu tristemente
- Provavelmente nunca ouviu falar de mim, mas meu nome é Christian Shephard. Eu sou seu pai.
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Jack olhou para o relógio e depois para Margot. Sua mãe andava de um lado para o outro, gastando o caro assoalho com seus saltos channel, comprados com o dinheiro de cirurgião chefe de seu marido.
-Mamãe, por favor, sente-se.
Ela o fuzilou com o olhar.
-Não pensei que viveria para presenciar este tipo de humilhação! Seu pai desta vez passou dos limites!
Jack respirou fundo, vinha escutando aquele tipo de lamuria há dias, desde que a bomba recaíra sobre suas cabeças.
-Não há nada que possamos fazer agora, a não ser aceitar
-Aceitar? Seu pai passou anos me traindo com todo tipo de mulher e o que eu fiz? Aceitei! Mas aceitar aquela pequena bastarda dentro da minha própria casa já é o cúmulo!
-O nome dela é Claire, mamãe!
-Uma bastarda!
-Eles irão chegar a qualquer momento e acho melhor a senhora se acalmar
- E você, Jack, como pode aceitar esta palhaçada?
-A senhora sabe mais do que ninguém que sempre abominei o que meu pai faz. Mas esta menina... ela não tem culpa de nada. Acabou de perder a mãe.
-Sim, a vagabunda que teve uma filha com seu pai! Deve ser castigo!
-Não adianta falar mal de uma pessoa que está morta
- E agora teremos que aceitar aquela bastarda. É muita humilhação!
-O que o papai podia fazer? É apenas uma adolescente de 17 anos.
Mas Margot não queria ouvir. Estava muito nervosa com aquela situação. Jack levantou-se e olhou a janela da bela casa vitoriana. Além do jardim viu os portões de ferro se abrindo e o carro de Christian Shephard se aproximando. Chegara a hora.
Jack não gostava daquela história tanto quando sua mãe. O estilo de vida de Christian era fonte de eterno conflito entre pai e filho. Jack seguia os passos de seu pai na medicina, mas abominava como ele levava a vida pessoal. Christian traía Margo constantemente e também andava bebendo além da conta. Para alguém com o caráter de Jack, aquilo era inaceitável;
Ele tinha 23 anos e estudava medicina em Harwad. Voltara pra casa a pedido de sua mãe, que estava descontrolada com a notícia de que Christian tinha uma filha bastada de 17 anos e que a traria para morar na casa deles. Tivera uma feia discussão com o pai quando chegara em casa, mas não fora contra a idéia da meia irmã morar com eles. Na mente dele, ela não tinha culpa de nada. Era uma vitima como ele mesmo.
Assim que esta situação se resolvesse, ele voltaria para Boston afim de terminar seus estudos e ficaria bem longe dali. Estava farto daquelas discussões e intuía que com a chegada de Claire as coisas só tendiam a piorar. Esperava que fosse uma moça forte, pois Margot não a deixaria em paz.
O carro parou em frente à casa e Christian saltou, seguido de uma moça loira toda vestida de preto.
Jack sentiu uma estranha compaixão por ela. Tão nova e já tinha perdido a mãe e agora seria obrigada a viver com pessoas totalmente estranhas, apesar de serem do mesmo sangue. Jurou a si mesmo fazer tudo o que fosse possível para ajudá-la.
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O jantar foi uma tortura. Quando Margot percebera que eles tinham chegado fora para o quarto e se negava a sair de lá. Jack se apresentou a Claire, mas a moça parecia alheia a tudo a sua volta e se mantinha calada, mesmo quando ele se oferecera para levar suas coisas até o quarto que fora destinado a ela. Também não parecera impressionada com a decoração requintada.
Depois Jack descera e pegara seu pai já com um copo de whisky na mão e mais uma discussão ocorrera.
Jack conseguira convencer a mãe a descer para jantar, mas o clima ainda era pesado. Claire maninha a cabeça baixa e apenas remexia no prato. Jack tentava manter uma conversa amena, mas Margot e Christian apenas discutiam. Ao fim da refeição, a qual Margo e Christian saíram discutindo, Jack encarou Claire.
-Você esta bem?
Ela o fitou com os olhos muito azuis e pela primeira vez Jack viu alguma emoção. Raiva.
-Por que pergunta? Duvido que você se importe.
-Eu sinto muito pela sua mãe, Claire.
Ela apenas resmungou e levantou da mesa, mas antes de ir o fitou.
-Não precisa fingir que gosta de mim ou que não está com raiva por eu estar aqui; eu não me importo!
-Você esta enganada
-O velho esta apenas fazendo algo que se sente obrigado!
-Mas ele é seu pai!
Ela deu de ombros
- È o que diz!
-Quer queira, quer não, somos sua família agora, Claire.
Ela riu, sarcástica
-Acha mesmo? Eu sou apenas um fardo pra vocês. Vamos ver quanto tempo vai levar para me jogarem porta afora.
-Isto não vai acontecer!
-Como sabe, "doutor Jack"? Foi criado aqui nesta casa enorme, com estes jardins imensos! Você sim faz parte desta família, não eu!
-Agora você faz parte também
-Até parece. – ela se afastou, mas Jack a seguiu até o hall.
-Eu quero apenas te ajudar, Claire
Ela o encarou
-Quer mesmo me ajudar? Me deixa em paz!
Ela subiu as escadas correndo e Jack não insistiu. Não a culpava por sua agressividade. Mas passaria com o tempo. Claire aprenderia a viver entre eles.
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No dia seguinte, Jack voltava de sua corrida matinal e a encontrou sentada na varanda, olhando o jardim com o olhar perdido. Ainda era cedo, e Jack se perguntava se ela tinha dormido.
-Bom dia.
Claire não respondeu. Jack sentou ao seu lado
-Nós a matriculamos no melhor colégio de Los Angeles. Não precisa ir hoje, se não quiser, mas seria bom se ocupar com algo
Ela continuou em silêncio
-E então, o que acha? - Jack insistiu
-Eu não vou!
-Você tem que estudar, Claire
-Mas não num colégio de grã finos metidos à besta.
Jack riu com a descrição dela
-Nisto você tem razão. Mas é um colégio muito bom
-Eu não vou
Ele refletiu por um instante
-Tudo bem, Claire. Vamos encontrar outro colégio pra você.
Ele se levantou e ela o chamou
-Por que está fazendo isto por mim? – indagou intrigada
Jack deu de ombros
-Acho que é isto que irmãos mais velhos fazem
Ela não respondeu, mas Jack achou ter visto um arremedo de sorriso, antes que virasse o rosto.
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Três dias depois, Jack olhou o relógio. Ela estava atrasada. Tinha concordado com aquele colégio que escolhera, muito a contragosto. Um colégio público não era bem o que esperava para um Shephard. Mas não queria contrariá-la. Pelo menos Claire tinha concordado em ir para aquela escola.
Ouviu os passos na escada e viu Claire descendo. De jeans desbotado e uma blusa preta. Ele sorriu.
-Você só tem roupas pretas?
Ela deu ombros
-Qual o problema?
-Nada.
Ela o acompanhou até o carro e sem pedir licença, ligou o som numa rádio barulhenta, enquanto seguiram pelas ruas de Los Angeles
Jack parou em frente ao colégio, onde muitos jovens mal encarados faziam algazarra à porta
-Claire, não sei se foi uma boa idéia... – falou preocupado
Ela o fitou com raiva
-Por que não é? Não é boa o bastante para você?
-Não é isto...
-São todos iguais. Uns esnobes! Você, seu pai, sua mãe! Tudo uns esnobes! Odeio vocês!
Ela saiu do carro batendo a porta e Jack soltou uma imprecação
-Claire! – gritou, mas ela virou e fez um gesto com o dedo e se afastou.
Os estudantes na rua riram e Jack deu partida no carro, ainda acompanhando Claire com o olhar. Então ele a viu. Uma moça de longos cabelos castanhos e botas pretas de cano alto. Ela ria, junto a dois adolescentes maus encarados. Riam dele, provavelmente, depois do espetáculo de Claire.
Ela olhou diretamente pra ele, com um olhar malicioso de desprezo. Jack sentiu um baque. Olhos verdes desafiantes, num rosto com sardas, que a maquiagem pesada não conseguia esconder, os longos cabelos castanhos eram despenteados pelo vento e ela tinha um piercing em forma de diamante no nariz. Era uma moça bonita e não devia ter mais de 17 anos.
Mas Jack se pegou admirando seu corpo coberto pela saia preta muito curta e a meia arrastão sumindo dentro da bota preta. Então ela franziu o olhar e fez a mesma coisa que Claire tinha feito, mostrou o dedo do meio e os outros ao seu lado riram ainda mais, gritando palavrões. Jack deu partida no carro e se afastou, irritado. Não era mais um adolescente movido pelos hormônios. E aquela era uma adolescente. E da pior espécie, pelo o que pode reparar. Jack só esperava que Claire não se envolvesse com aquele tipo de gente. Talvez tivesse que insistir para que ela fosse para a outra escola. Influências como a daquela moça de olhos verdes não seria admissível.
Continua...
