Nesse aqui: 2+1 menção de 3+4; angst, linguagem explicita, Duo POV, OOC, TWT. Contém Spoilers.

Disclaimer: Hum... É difícil declarar aqui para todos, mas... Apesar das visitinhas constantes do Heero e do Duo, eles não me pertencem; assim como os outros personagens e toa a série... (droga -.-') E para completar... Essa é uma atividade não remunerada (again -.-'')

Agradecimentos: Eu realmente preciso agradecer a uma alma muito generosa, por sua paciência infinita, mesmo quando meu msn e minha net não colaboravam... Blanxe, muito, muito, muito obrigada pelas dicas; pelas músicas; por ler o esboço e me incentivar tanto. Se não fosse por você o fic nem estaria aqui...

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Aurora

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Você acredita que há algo mais

Para aliviar o seu vazio...

E você sonha sobre a sua vida...

E você sangra e respira o ar...

E isto continua...

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Shot - I

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Ser um soldado requer muitas qualidades, com as quais você nasce, ou com muita sorte, acaba desenvolvendo como tempo. Para mim, foi extremamente difícil aprender que o trunfo de um guerreiro está no tamanho de sua paciência diante das circunstâncias mais difíceis e, ou, enervantes.

Trocando em miúdos: A paciência é algo de extrema importância se você pretende manter seu traseiro a salvo em uma batalha.

E como eu dizia, essa parte sempre me pareceu a mais complicada a ser aprendida, e foi preciso vários anos levando porrada na cara para aprender quando essa pequena arma é indispensável. A primeira escola foi a rua, onde aprendi a fazer tocaia, a driblar os vigias dos acampamentos militares para furtar comida para alimentar a mim e o bando de garotos do qual fazia parte. E é claro que não nasci com as mãos leves que tenho hoje; na verdade, tudo que eu sou hoje eu devo às dificuldades pelas quais passei. Foi preciso inúmeras tentativas, muitos fracassos que me acometeram, inclusive o que me levou a ser acolhido pela igreja do homem que me deu seu sobrenome...

Mas essa é uma outra história...

No exato momento, eu estava machucado, sangrando e dolorido; preso em um cockpit e decidindo o que fazer com o que sobrou do meu móbile suit depois de uma batalha desgastante. Voltando ao lance da paciência, isso seria extremamente bem vindo, assim como teria sido em muitos outros. Mas acima de tudo eu era um soldado, e não um idiota que colocava a carroça na frente dos bois... Quer dizer, não quando o assunto era uma batalha... Uma missão...

Ah, não! Nisso eu era um expert; ao meu lado eu tinha o Deus da Morte e ele sabia como e quando agir... Não importava o que fosse necessário... Nós tínhamos nossos próprios métodos... Talvez um pouco obscuros em sua maioria... Mas sempre fora nosso jeito de fazer, e outros métodos não eram conhecidos...

Quando me engajei nessa coisa toda de matem todos os soldados e acabem com a OZ, eu esperava de tudo, e levando em consideração a infância amarga que tive, ver o pior do mundo. Acabei aprendendo a fazer coisas que nunca pensei ser capaz... Usar as pessoas de um jeito que nunca pensei ser capaz... Me usar de um jeito que nunca pensei ser capaz...

Como por exemplo, durante uma batalha... No calor do combate quem assume é Shinigami; e ele não se interessa pelos familiares ou amigos dos soldados que está aniquilando, pois sabe que cada um fez a sua escolha assim como eu. E dessa forma, deveriam estar preparados para um encontro fatídico com a morte...

Posso dizer que eu estava inteiramente consciente do tanto de vidas que eu tiraria, dos lares que eu destruiria; mas Shinigami nunca deixou que eu olhasse para trás, lembrando-me a todo instante que a única prévia de um lar que eu tive fora destruído da mesma forma. E se eu ousasse questioná-lo, o flash das chamas lambendo a igreja que um dia me acolheu seriam o suficiente para selar meus lábios teimosos...

Matar sem culpa...

Era assim que deveria ser enquanto a guerra durasse... Essa era a minha mente de soldado, era isso que mantinha o meu traseiro intacto mais do que qualquer paciência do mundo.

Ainda diziam que Heero era uma máquina!

Piada.

É claro que eu nunca seria capaz de colocar o osso da minha perna no lugar e continuar são.

E quanto à máquina, para começar, eu não acreditava que alguém pudesse se tornar um piloto de Gundam se fosse um ser tão sem sentimentos. O segredo de Heero não era a sua falta de sensações, e sim na quantidade de sentimentos que ele conseguia negar ao seu ser. Há pessoas que conseguem enfiar pregos pelo nariz, outras que engolem fogo... Alguns engolem espadas, e Heero conseguia viver sem permitir que sua alma sentisse...

E bem, eu não tirava sua razão. Meu espírito já havia passado por tanta coisa, que eu gostaria de ter essa sua capacidade de manter-se firme, viver sozinho sem se apegar a nada nem ninguém... Até porque, no momento eu estava sendo insultado por uma manobra sacana do destino e minha couraça era atacada veementemente pela única coisa que eu não esperava...

Fazer... Amigos...

Tudo começou com a chocante descoberta de que eu não era o único maníaco que havia sido enviado a Terra com o propósito de destruir a OZ. Mais do que isso, três deles haviam se metido nessa por vontade própria assim como eu, mas cada um por seus distintos motivos. E o quarto... Ou melhor, o piloto 01, havia sido treinado desde que se entendia por gente para entrar nessa loucura usando como arma, o que ele melhor dominava:

A perfeição...

E eu, em toda a minha simplicidade, me esforçava ao máximo para entender o que havia por debaixo daquela camada grossa e mais resistente do que Gundanium, que ele usava para manter a mim, e a qualquer um, o mais afastado o possível.

E de certo modo, ele conseguia.

Mas todos eram especiais a sua maneira, ou pelo menos assim eu pensava. E a cada vez que nos encontrávamos em um campo de batalha, ficava mais evidente que o sucesso das missões era visivelmente maior do que quando executávamos tarefas em separado. E foi essa percepção que colocou em risco a integridade da minha couraça, quando elevei a minha voz e propus em alto e bom som que eu e meus novos companheiros nos juntássemos de uma vez, ao invés de nos separarmos a cada vez que uma nova missão acabasse.

Culpe a minha visão lógica, que acreditava ser mais prático estarmos juntos na hora de discutir uma missão, e extremamente mais seguro do que nos comunicar por freqüências potencialmente rastreáveis. Ou então, culpe o meu espírito de grupo adquirido nas noites frias em L2, onde os jornais em que dormíamos não eram o suficiente para esquentar a mim e ao bando, e nos juntávamos com um bolo de pequenos animaizinhos em busca de calor.

Essa coisa toda de "Vamos nos reunir pessoal!" estava acabando com toda a simplicidade do velho Maxwell, e se eu só imaginasse que algo assim pudesse acontecer... Eu nunca teria dado aquela idéia, que com toda a sinceridade, não esperava que fosse bem recebida por pelo menos três de nós. Certo que eu não conhecia nenhum deles bem o suficiente... Quer dizer, eu não conhecia em nada! Mas acredito que nada como uma batalha para se entender pelo menos um pouco da natureza do ser humano, e me senti capaz de prever que Heero, Wufei e Trowa não topariam...

Mas eu estava completamente enganado...

Parte pelo aproveitamento em quase cem por cento que as missões adquiriram depois que passamos a nos mantermos juntos o máximo possível; e mesmo com nossas reservas, era inevitável o companheirismo que surgia entre nós.

Isso chamou a atenção de quem não devia...

Os doutores...

E agora, era difícil ver uma missão em que pelo menos dois de nós não estivesse envolvido.

A outra parte... Bem, isso era algo que fugia a minha compreensão. Quer dizer, eu até imaginava o que levava Trowa a aceitar dividir os esconderijos, mas Wufei e Heero? Não, nem mesmo minhas conjecturas de horas vagas conseguia descobrir o que aqueles dois levaram em consideração na hora de aceitar a minha proposta.

- Duo?

Abri meus olhos ao ser surpreendido pela voz preocupada de Quatre, e meu movimento súbito ativou as luzes da cabine, me permitindo observar o painel de comunicação e a luz indicando que a freqüência estava aberta. Em toda a minha dor e esgotamento, me fugira completamente à lembrança encerrar o canal ao encerrarmos a batalha... Mas isso não importava; esse esquecimento só me pouparia de movimentos desnecessariamente dolorosos.

- Hey Q... – respondi fazendo o meu melhor para não soar tão fraco quanto eu realmente estava; e para aminha sorte, o vídeo não estava ligado, ou provavelmente Quatre estaria tendo um ataque.

- Como você está?

Olhei pelos vários monitores e tudo que pude enxergar foram restos de leões; pedras; pedaços de concreto, telhas; mais pedras e mais alguns leões. O resultado da missão, apesar de satisfatório, não havia rendido bons frutos para nossos Gundans, e provavelmente não conseguiríamos sair dali sozinhos... Pelo menos eu e scythe não poderíamos. Meu pequeno estava arrasado em todos os sentidos; luzes piscavam de todos os lados e uma pequena janela no monitor à minha esquerda indicava os níveis de dano externo. Se eu estivesse em meus melhores dias, talvez fosse capaz de pilotá-lo até o ponto onde seríamos recolhidos...

Mas isso se eu estivesse em meus melhores dias.

- Hmmm... Isso me soou muito pessoal... O que houve com o velho status soldado?

Ouvi o que seria uma pequena risada tentando ser contida e sorri comigo mesmo, feliz por estar conseguindo amenizar nossa situação. Eu sabia que não muito longe, dentro de seu próprio cockpit, um Quatre estava se sentindo imensamente culpado pela quase falha da nossa missão... Nossa primeira missão solo totalmente planejada. Nada de acasos ou uma pequena armação para nos encontrarmos em pontos estratégicos. Havia sido uma missão enviada para o piloto 02 e 04, e por minha imprudência e falta de paciência... Uma quase desgraça.

- Certo, que seja... Status soldado?

- Assim está melhor... – comentei tentando manter a mesma firmeza fingida na voz do loiro. – Depende... Você quer saber sobre o Deathscythe ou a minha saúde é mais importante?

- Acho que minha análise visual é o suficiente para dar como "caos" o estado do seu Gundam...

Dessa vez eu tive que abafar uma risada amarga, tentando imaginar o estado em que meu Gundam deveria estar. Certa vez, ouvi dizer que cem daqueles cachorrinhos de madame seriam capazes de matar um poderoso leão. Bom... Havia acontecido algo semelhante bem aqui. Eu e Quatre havíamos acabado de sentir na pele o que algumas frotas de simples leões poderiam fazer a um poderoso Gundam.

Ouvi meu nome ser chamado mais uma vez e avancei com a mão esquerda sobre o painel de comunicação, mas hesitei no intento de ativar o vídeo. Pude ouvir uma voz bem no fundo da minha mente, muito semelhante com a do velho G dizendo: "Está vendo garoto? Não te disse que amizade é um veneno para a mente de um soldado?" E por mais que eu detestasse admitir, o velho estava inteiramente certo.

A partir do momento em que somos meros aliados, nos interessa saber se o outro está inteiro o suficiente para lutar ao seu lado. Caso não esteja, e dar adeus e desejar boa sorte. Mas eu havia ultrapassado essa tênue linha entre a aliança e o companheirismo, e tinha a certeza que Quatre e os outros pilotos haviam feito o mesmo.

Agora, eu estava me perguntando qual seria a reação da mamãe pato ao ver minha figura descabelada e imunda com um belo buraco de bala no ombro, que no momento estava ainda mais danificado depois de quase três horas em uma disputa acirrada contra um grupo maciço de leões. Nunca havia percebido como o manuseio dos controles exigia tanto dos meus braços... Ou talvez fosse o rombo no ombro, não saberia dizer.

- Problemático...

E com essa palavra deixei que a comunicação de vídeo fosse ativada e no mesmo instante uma pequena janela com um rosto corado e acinzentado de poeira surgiu a minha frente. Graças a Deus ele estava em uma situação bem melhor do que a minha, isso já era um consolo para minha alma.

- Por Alá! Duo, o que é isso!

As mãos pálidas cobriram os lábios rosados enquanto seu rosto se contorcia em um misto de assombro e... Culpa.

- Hey, nada que um bom soldado nunca tenha enfrentado. – tentei o mais alegre possível, não querendo que ele pensasse que aquilo era culpa sua; de forma nenhuma.

- Quando? – ele exigiu recompondo-se.

- Na saída da central de dados... Não foi tão fácil assim te dar cobertura.

- Que Alá me perdoe! Se eu tivesse visto isso... Eu...

- Sem desculpas Quatre! – ergui a mão esquerda, evitando qualquer movimento com a outra que descansava sobre minha coxa. – Para início de conversa, se eu não tivesse sido tão impaciente, não estaríamos nessa situação... Se alguém precisa se culpar aqui, esse... Sou eu... Era meu dever recolher os dados e o seu sair em segurança com eles, e foi o que fizemos.

- Duo...

Virei o rosto para o lado tentando me ater a outra coisa que não fosse sua expressão sofrida. Havia vários alertas piscando de todos os lados; não seria difícil achar algo para me distrair.

- Status? – murmurei teclando qualquer coisa em um dos painéis que fizesse as malditas luzes desligarem.

Ouvi o ok mais triste de toda a minha vida, e senti minhas entranhas darem uma volta completa. Era tão difícil entender que a culpa era minha? Sim, eu estava sentindo dor, muita na verdade; mas eu não podia reclamar. Se não fosse pela minha impaciência em deixar o esconderijo, Quatre nunca teria saído sem checar com precisão todos os dados, e não teríamos entrado em uma enrascada como aquela.

- Olha Q... Eu estou legal cara, não se preocupe... – deixei que ele visse meu rosto novamente, e tentei estampar um de meus sorrisos registrados.

- Já fiz contato com o apoio. Estão cerca de duas horas de distância.

Assobiei alto fitando o braço dormente. A energia do Gundam estava nas últimas e uma das janelas piscantes mostrava que o suprimento de energia não era o suficiente para prover minhas necessidades dentro da cabine. Isso só era mais uma mostra do quão desgastante havia sido aquela batalha; para um Gundam ficar sem sua provisão vital... Algo de muito ruim havia acontecido.

- Acho que terei de sair... – anunciei meio hesitante dando um sorrisinho sem graça para ele; internamente irritado por ter de admitir minha fraqueza.

Alguns segundos se passaram onde ele apenas encarou minha face pálida, numa possível análise.

- Onde mais?

Suspirei.

- Pelo menos uma costela... Fraturada eu diria, e tornozelo um pouco mais que torcido... Ambos do lado direito; e é claro, tem essa belezinha aqui. – apontei o ombro com um aceno.

Quatre balançou a cabeça de um lado para o outro, soltando um suspiro cansado. Sua face se contorceu pela qüinquagésima vez; mas a reação ao meu pré-diagnóstico foi substituída rapidamente por um semblante determinado e um pouco mais rígido do que eu estava acostumado. Cheguei à conclusão de que talvez o loirinho também tivesse um modo de batalha, e meu subconsciente me presenteou com uma imagem dele usando aqueles seus estranhos óculos protetores...

É certamente ele tinha um...

- Há uma abertura nos escombros à direita do sandrock. É um pouco apertado, vai ser desconfortável pra você... Mas podemos nos esconder lá até que o resgate apareça. – orientou passando as imagens que ele tinha da tela do seu gundam. – Você precisa manter essa perna esticada, e farei alguma coisa com esse ombro. – com isso, a nossa comunicação foi cortada e me adiantei para desligar o canal de comunicação de forma a deixar apenas a freqüência de emergência ligada.

Abandonar o gundam seria a parte mais difícil da noite, afinal, movimentar o braço de um móbile suit com o ombro estraçalhado era fácil; o difícil seria sair do cockpit com o lado direito em frangalhos e o gundam na posição horizontal. Mas eu teria que fazer um esforço se quisesse sair vivo daqui. Logo o compartimento estaria frio devido à baixa energia, e aquela posição desconfortável faria meu tornozelo inchar consideravelmente, trazendo ainda mais preocupações para um árabe do lado de fora.

Desliguei tudo que não era necessário sem minha presença ali e abri a cabine, sendo recebido pelos sons pós-batalha, que se resumiam a: pequenas explosões de máquinas em chamas e do crepitar do fogo vindo de várias partes.

- Nem preciso perguntar se há um kit médico ai dentro, não é mesmo?

Olhei para cima encontrando um Quatre sério sobre o braço do meu Gundam. Suas mãos repousavam na cintura enquanto um dos pés batia sobre a superfície metálica.

- Sou mesmo azarado não é mesmo? – sorri sem graça, tendo a dignidade de corar um pouco. Como ele sabia que eu não havia abastecido o Deathscythe com suprimentos de emergência? Seria eu tão previsível assim? – Acho que vou precisar de uma ajudinha aqui...

Agarrei com desespero a mão que me era estendida, preparado para sentir uma puta dor por todo o meu corpo. O loirinho me puxou para fora com uma força que eu desconhecia, fazendo quase todo o trabalho por mim. Mesmo assim, não fui poupado de uma breve impossibilidade de respirar devido às costelas; também não ouve alívio para o tornozelo torcido e muito menos para o ombro machucado. Eu ficaria muito, muito tempo de molho se sobrevivesse a essa porcaria de resgate...

Ainda contando com a ajuda de Quatre, fui capaz de descer do Gundam e caminhar a passos lentos até a tal abertura nos escombros. Não era nada muito grande, mas havia espaço o suficiente para que nós dois sentássemos e para que eu pudesse esticar minha perna sem grandes dificuldades. A primeira coisa que notei foi um pequeno kit de primeiros socorros no canto que Quatre provavelmente ocuparia; nada muito completo, mas ainda assim era duas vezes o kit que eu deveria ter colocado no scythe. Ele começou dando uma olhada no tornozelo, não encontrando muito que fazer além de colocar uma tala para ajudar a imobilizar. Percebi que ele estava tentando economizar nas bandagens, provavelmente ciente do estrago que iria encontrar no meu ombro. Enquanto ele fazia seu trabalho, retirei minha camisa preta, me preparando para sua futura inspeção, e fui surpreendido por uma quantidade abundante de sangue que a camisa branca estava absorvendo. A grande mancha vermelha começava no ombro e terminava mais escura no cós da calça, e quando percebida por Quatre, causou um efeito imediato.

- Duo! – sua voz não foi mais que um gritinho esganiçado, que provavelmente teria sido um ataque histérico se não estivéssemos em uma zona potencialmente perigosa. – Você tem certeza que foi uma bala?

- Não... – lhe sorri amarelo. – Foi uma puta de uma bala...

Quatre murmurou algo sobre não achar graça, e procurou se recuperar do choque inicial. Ele tentou não demonstrar muita coisa, o que foi um show a parte, sendo ele tão bom mentiroso quanto eu. Seus olhos brilhavam um pouco molhados e sua sobrancelha franzia levemente, numa tentativa vã de conter o mar de sentimentos distintos que passavam por sua cabeça.

Poderia dizer que nós já havíamos passado do estágio do mero interesse para o de total preocupação, mesmo que isso nunca tenha sido verbalmente exposto por nenhum de nós, e isso inclui Trowa, Wufei e Heero, que silenciosamente possuíam sua própria cota de zelo.

É claro que você nunca veria Wufei perfumando os esconderijos com incenso e usando aquelas "coisinhas" chinesas para repelir as energias negativas de cada um dos Gundans; nem Trowa em prantos caso um de nós se machucasse seriamente... Muito menos Heero fazendo carinho em seus companheiros feridos. Mas ali, por trás das barreiras, havia uma espécie de cumplicidade gerada pelo entendimento de que éramos seres únicos, e que pela carga de vida que tínhamos nas costas, não encontraríamos em um outro círculo pessoas com histórias ou necessidades semelhantes.

Novamente, me vi preso numa análise sobre o relacionamento entre nós soldados. Se jogássemos conforme as regras, Quatre deveria estar em seu gundam nesse momento, protegido contra prováveis perigos que pudéssemos vir a enfrentar. Mesmo essa base sendo longe demais de qualquer outro ponto de apoio, ainda havia a possibilidade de um louco qualquer aparecer e atirar contra nós. Restava-me apenas imaginar o quão difícil estava sendo para o loiro, vendo uma pessoa próxima no estado em que eu me encontrava, sem poder falar absolutamente nada por não ser ético. Por saber que a preocupação existia, mas que ela deveria ser completamente erradicada.

Senti um toque no meu ombro bom e percebi que havia parado de ajudá-lo a me despir. Tirei a camisa branca e ele fez a sua segunda parada, dessa vez nas minhas costelas; mas novamente, não tinha muito que ser feito além de apalpá-las me fazendo rugir de dor.

- Me perdoe...

Balancei a cabeça tentando dizer sem palavras que a culpa não era dele. Mas isso não deu muito certo, pois sua expressão culpada permaneceu a mesma durante o resto de seu exame, que culminou na ferida muito bonita que eu tinha em meu ombro.

Um suspiro resignado e um outro entristecido foi a única coisa que eu ouvi dele durante todo o processo doloroso que foi a tentativa de fazer algo melhor pelo meu ferimento. Eu sabia que a bala não havia saído, mas não conseguia sentir nada além de uma dor aguda no local do impacto. Eu havia feito movimentos bruscos durante o manuseio do gundam e deveria ter sentido a presença do corpo estranho. Com o ferimento parcialmente limpo, era possível ver a mancha avermelhada que consumia a pele em volta da ferida, que inflamava com uma rapidez incomum. Havia algo muito estranho com aquela bala... Meu corpo costumava ser mais resistente a intrusos... Devia isso aos experimentos doentes do Dr. G.

- Acho melhor você não mover isso enquanto não chegarmos ao esconderijo... – sussurrou, puxando delicadamente meu braço para posicioná-lo junto ao peito e poder me embrulhar em gazes e esparadrapos.

- É... – torci o nariz para sua recomendação óbvia. – Eu não tinha muitas pretensões de qualquer forma...

- Estou falando sério Duo. – repreendeu com aquele recém descoberto tom de comando. – Ainda não consegui conter o sangue de maneira descente, e isso está mais inflamado do que deveria...

- Certo! Certo... – me endireitei da melhor forma que pude, ajeitando a camisa preta que ele havia jogado sobre meus ombros. – Só me acorde quando o socorro chegar, ok?

- Não! Não posso deixar que fique inconsciente...

- Ah! Vamos Q, eu estou cansado e...

Quatre me olhou novamente com aquela cara séria de quem não permitia contestações. Lancei-lhe um olhar enviesado, mas decidi atender ao seu pedido, por mais difícil que aquilo pudesse ser no meu atual estado.

Tudo o que eu queria era poder fechar meus olhos e cair no maravilhoso mundo da inconsciência; um mundo sem sonhos para onde eu era enviado a cada vez que me deitava para descansar. Senti-o sentar ao meu lado, e procurei dar uma olhada discreta em sua direção à procura de algum ferimento. Milagrosamente, sua roupa parecia intacta e exclui a possibilidade de haver tiros de raspão, cortes ou qualquer coisa do gênero. Na pior das hipóteses ele estaria com algum hematoma, mas eu tinha certeza que uma certa pessoa adoraria cuidar deles quando finalmente voltássemos para o esconderijo.

Passou-se um bom tempo, onde eu alternei entre a inconsciência e o estado de alerta, sendo ancorado pelas palavras encorajadoras do meu companheiro. Estávamos ali, no meio do nada a cerca de... Sei lá quanto tempo! Infelizmente meu relógio interno não era tão bom quanto o do Soldado Perfeito. Aquele homem era capaz adivinhar as horas com uma exatidão que me assombrava, enquanto eu me contentava em perceber quando já havia anoitecido...

Mas no momento, chutaria algo em torno de uma hora. No começo eu não estava tão preocupado. Tudo bem, eu estava no meio do que restou de um campo de batalha entre o meu Deathscythe, o Sandrock de Quatre e as sobras de um comboio de leões, mas tinha esperança de que tudo ficaria bem, e que alguém chegaria para nos resgatar. Agora, um fiozinho de preocupação atormentava minha mente, que se dividia entre o trabalho de me culpar pelo ocorrido, rezar para que Quatre não esteja se culpando, implorar aos céus para que o resgate não seja Heero e, se por acaso minha sorte trouxesse o japonês e seu dedo acusador para me resgatar... Eu pedia fervorosamente para que o sangramento me levasse para o inferno antes que aqueles olhos gelados recaíssem sobre mim. Eu sabia que aquele pensamento era ridículo, mas me desculpe se não sou do tipo que gosta de escutar sermões sobre modos de combate a cada vez que volta de uma missão; e eu tinha certeza que o japonês me daria uma palestra com direito a slides quando tivesse uma oportunidade.

Novamente me vi açoitado por uma voz em meu subconsciente, mas dessa vez era muito semelhante com a de um certo soldado estóico dizendo: "eu disse que não deveriam sair sem repassar todos os dados..."

- Vamos... Continue assim. Não podemos perder a consciência, Duo...

Um sussurro agradável chegou aos meus ouvidos, quebrando completamente a minha linha de raciocínio anterior. Era Quatre e sua voz doce e hipnótica, acompanhado de suas mãos quentes que seguravam as minhas de maneira exagerada. Poderia até afirmar que um de meus dedos estava com falta de irrigação, mas meu corpo estava tão dormente que eu não sabia se era o aperto de Quatre ou... Ou a falta de sangue.

- Hey Q... – murmurei um pouco mais baixo do que eu esperava, percebendo que estava ficando subitamente mais fraco do que quando havia entrado naquele buraco. Mesmo assim, dei graças de ter conseguido produzir algum som. – Estou tentando pensar em algo como você me pediu... Se você falar, eu me desconcentro, sacou?

Os grandes olhos azuis me fitaram um pouco magoados, eu diria, mas isso durou poucos segundos... Logo um sorriso tomou os lábios pálidos, e Quatre já voltava a embalar o meu corpo preso ao seu enquanto esperávamos pelo socorro, que esperávamos não tardar a chegar...

Ah... Pilotos Gundans eram tão bons em usar máscaras...

- Certo... Concentre-se em não dormir, e eu tento fazer minhas preces bem baixinho, estamos combinados?

Novamente em silêncio, voltei a ocupar a minha mente com pensamentos depreciativos sobre as horas anteriores. A primeira coisa que me veio à cabeça foi a minha culpa por toda essa situação. Lembrei do momento em que recebemos um e-mail com as instruções da missão; o sorriso que ele lançou para mim. Estávamos tão acostumados com as costumeiras parcerias ao estilo 01 e 02, ou 03 e 04... E toda a combinação que 03, 01 e 05 podiam fazer, que ver aquela solicitação nos deixou empolgados.

Seria um desafio para nós, mas a certeza do sucesso fazia a insegurança ser muito menor. Era uma daquelas missões grandes que geralmente eram repassados para Heero; até ali o único designado para missões onde falhas não eram toleradas.

Esse pensamento me fez recordar os olhares que ele lançou na minha direção, que eu interpretaria como reprovadores. Quando descobriu a grandiosidade da missão que nos aguardava, sua expressão se fechou completamente. Agora, como ele havia descoberto... Isso era um mistério. E por mais que eu não houvesse deixado transparecer, aquilo era um balde de água fria no meu ânimo.

Durante todo o dia que antecedeu a missão, fui alvo de olhares enviesados e espiadas de esguelha; Heero não fazia questão alguma de ser discreto e aquilo estava me levando a níveis de angustia nunca imaginados.

Meses atrás isso não teria me incomodado nem um pouco; eu era um rato de rua, e nunca pude contar com a misericórdia de ninguém, que dirá afeto! Para mim olhares reprovadores não eram nada perto do que já passei... Mas minha couraça parecia danificar quando o tópico era Heero Yuy... Uma parte dentro de mim parecia esperar por algo que ele jamais me daria...

Primeiro, tinha toda essa proximidade bizarra imposta pela nossa permanência dentro da mesma casa. Depois aquele resgate inesperado onde jurei que ele me mataria quando o vi invadir a minha cela... Heero não ter puxado o gatilho me fez pensar por um tempo... Muito tempo na verdade. Eu havia ficado realmente fudido depois daquela surra, e conseqüentemente de molho por alguns dias. Não demorou muito para que eu decidisse por esquecer o ocorrido; era o melhor para mim e para nossa quase relação.

Heero foi se tornando um assunto delicado sem que eu percebesse aquele avançar de prioridade. Hoje, culpo a sua resistência em me aceitar como no mínimo um companheiro, enquanto o vejo "interagir" a seu modo com os outros pilotos. Com Trowa, havia aquele entendimento mudo; para Wufei havia um respeito quase palpável e eu percebia que era recíproco. Até mesmo Quatre ganhava seu reconhecimento por sua incrível atuação em uma missão que realizamos no deserto... E o pobre Duo? Ele faz boas piadas, não faz?

Pensando bem... O que ele gostaria em uma pessoa como eu? O que eu teria para alguém admirar?

Na ultima missão em que Heero saiu me vi ansioso por seu retorno, apenas para fazer uma voz relativamente alta em minha cabeça se calar e poder esfregar nas fuças dela que ele era perfeito e não precisava de ninguém se preocupando...

O fato é que eu não sentia a vontade de averiguar minhas motivações para esperar tanto dele, mas eu tinha a consciência, pelo menos superficialmente, que isso estava se tornando prejudicial o que eu chamo de sanidade.

Os últimos dias estavam se tornando insuportáveis. Eu tentava correr dos meus próprios pensamentos, enquanto lutava contra as reações bizarras que a presença do japonês me causava. Eu odiava aquela sensação de estar sempre sendo observado, e me atolava de serviços, fazendo reparos mínimos em meu Gundam, e quando não existia mais nada a ser feito, eu quebrava algo que desse um pouco de trabalho para ser consertado. Estava ficando tão evidente que até mesmo o reservado Wufei, rival de Heero no quesito "mister indiferença", havia se aproximado certa tarde tocando meu ombro e sugerido gentilmente que eu parasse de danificar o Gundam, antes que eu causasse algum dano permanente... Eu acatei o pedido, ciente de que para ele ter vindo a mim, o problema já estava tomando proporções indesejadas.

É claro que isso só me deu mais tempo para pensar, e nos segundos em que minha mente me enganava e eu me permitia olhar lá dentro com o cantinho dos olhos, todas as caixinhas de pensamentos lacrados eram abertas e por conseqüência, tudo o que eu havia feito questão de enterrar. Minha cena favorita? Aquela única demonstração de afeto que ele havia me dado:

Não atirar na minha cabeça.

Eu me via imaginando se aquilo não podia significar alguma coisa... Ora! Eu ainda era um ser humano! Me dê um doce, um pouco de carinho e quem sabe eu possa me tornar uma pessoa mais normal.

Influenciado por todos esses fatores, me vi disposto a atormentar um certo loiro até que nossa missão fosse adiantada. Eu não podia ficar ali destruindo minha visão de soldado com desejos que nem eu mesmo compreendia. Felizmente - ou infelizmente, não sei - Quatre tem um bom coração e uma percepção assustadora sobre as coisas que acontecem ao seu redor. Ele não perguntou absolutamente nada, mas eu sabia que ele desconfiava de alguma coisa... Agradeceria a sua sutileza qualquer hora dessas, porque eu não saberia o que dizer caso ocorresse um interrogatório.

Balancei minha cabeça tentando focar a minha mente em outro assunto, esse não estava me ajudando em absolutamente nada. Procurei pelos olhos azuis de Quatre e percebi que ele me analisava em toda sua sabedoria, e carregava um leve ar de tristeza em seu rosto. Assustado com a possibilidade de ele ler mentes, procurei me distrair com outra coisa, e acabei perdido na tarefa de sentir algum foco de dor que me mantivesse alerta, mas a única sensação que eu tinha era a de dormência..

Nesse momento, percebi que a prece sussurrada por Quatre já não se fazia presente em meus ouvidos apesar de eu ver seus lábios se mexer. A tarefa de respirar estava se tornando cada vez mais dolorosa... Na verdade, eu duvidava que fosse conseguir continuar a respirar por muito tempo; e pelo aumento do ritmo em que Quatre embalava meu corpo, acho que ele também estava começando a se preocupar com esse detalhe.

Eu queria me distrair, pensar em alguma coisa útil... Estava irritado demais comigo mesmo por sempre divergir para algo que envolvesse o soldado estóico. Eu nem mesmo sabia dizer quando conquistar a sua amizade havia se tornado um maldito objetivo, uma maldita missão! Não, porque era isso que estava se tornando... Era a única explicação para a minha insistência.

- Q? – chamei meio hesitante, testando a altura do meu sussurro.

- Não diga nada, Duo. O socorro não deve demorar a chegar...

Acho que sua voz saiu um pouco mais tremida do que ele esperava, e o vi morder o lábio inferior, provavelmente se condenando pela "falta". Definitivamente eu gostaria de manter uma amizade com esse garoto quando as coisas acabassem. Sinto que, se nossas vidas não fosse esse desastre ambulante, poderíamos ser grandes pessoas, e grandes amigos...

- Realmente gosto de você, sabia? – murmurei, mesmo temendo o que aquelas palavras significariam.

Se eu não carregasse Shinigami em minhas costas...

Ele pareceu genuinamente surpreso; as bochechas pálidas e um pouco sujas adquiriram um tom rosado e seus olhos azuis se arregalaram ligeiramente. Só por isso já valia a pena. Ele tentou dizer alguma coisa, provavelmente tentaria me impedir, mas movimentei minha mão esquerda pedindo para que me deixasse continuar.

- Gostaria de poder deixar algo, mas o grandão ali é minha única posse... Cuide dele para mim, ok?

- Está tentando me passar a responsabilidade de limpar o seu Gundam?

Sorri verdadeiramente, sentindo todos os músculos necessários para esse gesto protestarem. Essa não seria uma má idéia. Poucos eram aqueles que estavam cientes do trabalho que dava encerar um gundam. Eram horas e horas esfregando cada pedacinho para que minha máquina estivesse impecável para o campo de batalhas.

- Talvez Q... Eu apenas...

- Poupe suas energias, Duo. Heero vai querer boas explicações... E eu não vou enfrentá-lo sozinho, de jeito nenhum.

- Está com medo é?

- Você sabe, aquela coisa que ele faz com o rosto... É de dar medo.

Quatre estava fazendo um esforço para me manter alerta, e a piada sem graça sobre o Yuy era a prova viva disso. Deixei que mais um sorriso bobo se formasse em meus lábios, apenas para deixá-lo mais tranqüilo. Por dentro, minhas entranhas reviravam com a perspectiva de sobreviver para encarar o japonês. Por algum motivo besta ele havia sido eleito uma espécie de líder, e tenho certeza que ele se portaria como tal quando nos visse chegar nesse estado. Ou talvez ele nem ligasse para a minha situação... Talvez fosse melhor que eu morresse de uma vez, seria menos um empecilho, não é mesmo? Afinal de contas, minhas missões não eram tão detalhadas e exigentes como as dele. Se bem que... Eu duvido que ele consiga realizar algumas de minhas missões...

Na pior das hipóteses ele teria mais alguns cargueiros para abater e... E... Eu estava fazendo de novo...

Tentei lembrar dos meus últimos instantes no esconderijo. Os grunhidos de Wufei diante da minha relutância em levar kits de emergência no cockpit... É, eu realmente não queria levá-los... Nunca gostei deles, na verdade. Talvez, em minha mente deturpada, a ausência do kit significasse uma chance a menos de sobreviver a uma dessas batalhas... Seria tão mais fácil me deixar levar, sem me preocupar com mais guerras... Minha existência até ali não havia sido muito feliz e ninguém sentiria minha falta no fim das contas... Quem sentiria falta de um rato de rua?

Apenas fechar os olhos... Descansar; era isso o que eu precisava...

Por algum motivo, o aperto exigente do loiro não era mais sentido, assim como seu movimento reconfortante embalando meu corpo. Minhas energias estavam se esvaindo...

Lembrei do rosnado irritado que Heero me deu quando lhe joguei um beijo do alto do meu gundam... Do semblante estranhamente carregado do Wufei... E da troca de olhares entre Quatre e Trowa, que apesar de ter passado despercebido por todos, para mim significava muito. Eu sabia que eles estavam juntos apesar de nenhum deles ter revelado, ou deixado transparecer mais que meros olhares. Havia uma sincronia entre eles... Um completava o outro, como a peça que falta em um quebra cabeças; e eu ficava profundamente feliz pelo meu mais novo amigo...

Isso me fez pensar no quão egoísta eu havia sido, privando-os da companhia um do outro... Quando partimos para uma batalha, sempre existe a possibilidade de não retornarmos com vida, tornando cada momento ao lado de uma pessoa querida os mais preciosos do universo... Eu sabia disso, eu invejava isso; e mesmo assim fui capaz de me colocar acima das necessidades dele, e como um bom amigo Quatre foi capaz de encurtar o seu momento apenas para atender a algo que nem eu mesmo sabia explicar...

- Acho que não tenho mais no que pensar loirinho... – esse murmúrio levou consigo o que me restava de forças.

Se Quatre chegou a responder eu realmente não escutei. Tentei imaginar o tamanho daquela ferida para me fazer perder tanto sangue, mesmo com a tentativa desesperada do loiro em estancá-la.

Minha mente deturpada tinha razão... A ausência de um kit de emergência mais completo havia feito a diferença...

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Você acredita que há mais algum lugar

Onde é mais fácil que isso...

E você vê além de você mesmo...

E você compra tudo que te preencherá...

E isto continua...

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Continua...

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Notas: Minha idéia inicial era montar um Arco, mas não achei que estivesse em um momento apropriado para me envolver em um trabalho que exige tanto tempo e dedicação. Por isso, tornei Aurora um fic tradicional, e como o primeiro capítulo estava completo e com muitas páginas, dividi em partes.

A princípio, todas essas partes serão postadas, e se a aceitação for boa, continua.

Por isso, se uma única alma gostar e quiser comentar, sugerir, fazer uma critica construtiva... Vou ficar muito feliz!

Peço desculpa pelos erros bizarros que possam ter se espalhado por ai... o.o Eu realmente tentei, mas só fez me atrasar... Nunca tive paciência pra fazer a correção -.-'

Bye-bye o/