Nota da Autora: Essa história segue o enredo original de The 100 até o metade do episódio 3x12. Também contém cenas de tortura e por isso está classificada como Mature. Clexa é Endgame aqui! Portanto, estejam avisados. Comentários e críticas são sempre bem-vidas já que essa é a minha primeira fanfic. Vinha tendo essa ideia há algumas semanas e só agora coloquei de lado a preguiça e me pus a escrever. A próxima atualização será no Domingo e a partir de então todo Domingo teremos um novo capítulo.
THE BACKUP PLAN
Prólogo
-Você vai pagar pelo o quê você fez! – bradou Emerson enquanto empurrava a cabeça de Clarke contra o vidro da sala de contenção onde estavam Bellamy, Raven, Octavia, Harper, Brian, Miller, Monty e Jasper.
-Argh! – exalou Clarke enquanto ela tentava se desvencilhar de Emerson.
Mas era impossível, Emerson mantinha uma forte pressão em seus braços. De repente, a pressão abrandou e Clarke rapidamente se virou e se preparou para socar o rosto de Emerson. Mas o seu corpo então foi atravessado por uma forte corrente elétrica. E ela gritou.
Rindo, Emerson então a segurou pelos cabelos e a jogo em frente a porta de contenção. Soco após soco, enquanto Clarke estava se recuperando do choque elétrico, Emerson falava:
-Você vai sofrer por cada morte de meus amigos!
Soco.
-Por meus filhos!
Clarke só conseguia sentir dor e o gosto metálico de sangue na boca. Ela mal conseguia abrir o seu olho esquerdo. Ele estava inchado. Sem sentir, com o corpo dormente pelo choque elétrico, suas mãos então foram presas a um cabo. Clarke tentou fugir. Mas então recebeu mais três fortes correntes elétricas do bastão elétrico de Emerson. Ao fundo, ela podia escutar os gritos abafados de seus amigos. Emerson então a chutou várias vezes no abdômen. Uma, duas, três, quatro...oito vezes. A cada chute, Clarke tentava se defender, mas seus reflexos estavam lentos por causa dos choques elétricos.
-Sabe, os seus amigos loucos abandonaram esse lugar... – continuou Emerson ao então ir para um canto do corredor e pegar uma grande marreta. – E eles deixaram essas ferramentas incríveis. – disse ao levantar o bastão elétrico e a marreta.
Clarke ainda ofegante e com dificuldade de respirar por causa das novas dores nas costelas, ela não viu nada. Ela estava com os olhos fechados e via estrelas por causa da dor. Ela devia ter trincado alguma costela com aqueles chutes. Ela só sentiu quando Emerson perfurou a sua mão esquerda com um grande pino de metal. Clarke urrou em dor e seu corpo se contorceu. Em meio a dor, ela abriu os olhos um pouco e viu os rostos lívidos e cheios de raiva de seus amigos. Raven tinha lágrimas nos olhos e Octavia tentava se soltar das amarras. Do outro lado, Bellamy gritava e Clarke podia perceber que ele gritava seu nome.
-Isso é por meu filho! – disse Emerson enquanto Clarke gritava em dor. ECom força, ele agarrou a outra mão de Clarke. Dessa vez, Clarke tentou chutá-lo para longe, tentou se levantar...
Rindo, Emerson saiu de perto da loira em dor e segurando o martelo ele bateu com força na perna esquerda de Clarke...quebrando a tíbia. Clarke urrou em dor e aproveitando que Clarke segurava a sua perna quebrada, Emerson bateu na outra perna. Chorando, Clarke se contorceu em dor e teve sua cabeça puxada para trás por Emerson que segurou seus cabelos com força.
-Isso é por minha filha! – disse Emerson com raiva antes de pegar a mão direta de Clarke e fazer o mesmo que ele tinha feito com a esquerda.
Presa. Sangrando. E com dor. Clarke não tinha forças. Mas mesmo assim aguentou trinta choques elétricos. Mas não aguentou quando Emerson a puxou pelas correntes e a pendurou no alto. Clarke sentiu os seus braços serem puxados para cima e suportarem o peso do corpo. Dor. Era mais difícil assim respirar. Pelos braços, Clarke em meio a dor, conseguiu sentir o seu sangue descer pelo antebraço, braço e chegar até os ombros. Sentiu o cheiro de sua carne queimada devido aos choques elétricos. Sua visão ficou destorcida com um forte soco que ela levou. Um gancho de direta e ela viu estrelas. Sentiu um forte gosto metálico e cuspiu sangue para não se engasgar.
-Confortável, vadia? – perguntou Emerson de sorriu e puxar sua cabeça para que Clarke visse como é que estavam as pessoas dentro da câmara de contenção. Seus amigos estavam lívidos. Tentavam de todas as formas se soltarem para poderem ajudar Clarke. Mesmo Jasper tinha um olhar que poderia matar Emerson.
-Eu ainda não terminei com você. – falou o último sobrevivente da Montanha.
Rindo, ele então pegou um outro objeto descartado ao lado do corredor de metal. Era um chicote de metal com pequenos dentes. Clarke arregalou o seu único olho que não estava inchado e tentou se afastar de Emerson. O homem então a fitou e ficou irado. Deu-lhe um outro soco no rosto e abriu o supercílio direito de Clarke, fazendo com que ela fechasse o olho direto. Só com a pouca visão de seu olho esquerdo inchado, ela não via muita coisa. Tudo estava distorcido e borrado.
Todavia ela sentiu a dor da primeira chicotada nas costas. A segunda. A terceira. A quarta... a décima. Em cada uma delas, como numa sinfonia, o som do chicote era seguido por um grito de dor de Clarke. Clarke então pensou em Lexa e tentou focar em seus lembranças. Enquanto seus costas sangravam e eram maltratadas com mais chicotadas, ela tentou mentalizar Lexa. Sua Lexa estava triste. Em sua mente, Lexa estava triste. E havia lágrimas escorrendo por seu rosto. Clarke podia até escutar sua voz. Aquele jeito único de pronunciar seu nome. Clarke...
Aqueles orbes verdes antes cheios de vida e alegria agora estavam tristes. Mas uma coisa continuava a mesma. O amor e o carinho continuavam inabaláveis naqueles orbes verdes. Orbes que pareciam uma floresta densa. Uma floresta que Clarke queria se perder e se embrenhar para nunca mais voltar. Ela então, mentalmente, viu como Lexa segurava com ternura seu rosto e Clarke então sorriu.
-Qual é o motivo da risada? - indagou Emerson enquanto dava a trigésima oitava chibatada.
Clarke não respondeu. Continuava mentalizando Lexa pois assim sua dor diminuía uma pouco. Ao fundo, ela escutava como Emerson ficava irritado e as chibatadas então pararam.
Mesmo em sua visão turva, ela conseguiu focalizar os olhos raivosos de Emerson. Foi a última coisa que viu antes de sentir uma forte dor no peito e uma risada de Emerson.
-Onde está o sorriso, vadia? – indagou o último sobrevivente da Montanha.
Abaixando a cabeça, Clarke então viu que uma faca tinha perfurado seu abdômen no mesmo lugar em que Lexa havia sido atingida pela bala de Titus. Sorrindo pela ironia, Clarke não percebeu quando algo então bateu com força na cabeça de Emerson.
Sons.
Clarke não conseguia definir quais. Só conseguia sentir que uma pessoa a segurava com cuidado e a abaixava até o chão. Algo molhava seu rosto. Abrindo o seu olho inchado, sem saber quando tinha fechado o mesmo, Clarke então viu que Jasper era quem a segurava enquanto no fundo Bellamy batia com força na cabeça de Emerson e era afastado por Miller. Ao lado de Jasper estava Raven e Monty. E era Raven que molhava seu rosto com suas lágrimas. Jasper tinha uma expressão triste e tinha os olhos marejados. Monty chorava silenciosamente.
Os dois sabiam o que Clarke já sabia. Ela não iria terminar aquela aventura com eles. Sua energia estava diminuindo e estava difícil para respirar. Ela tinha perdido muito sangue. E ninguém ali era médico. Octavia chegou então ao seu lado e levou as mãos ao rosto antes de chorar e ajeitar os cabelos de Clarke. Ela também sabia que Clarke Griffin não iria ver o pôr-do-sol.
Com a mão direita tremendo de dor e por causa do choque causado pela perda de sangue, e sentindo seu corpo ficar frio por causa dos calafrios, Clarke então puxou se seu bolso o envelope feito do tecido da roupa de Bekka Pramheda que protegia a caixa de metal onde estava o Alie 2.0. Ela entregou o mesmo para Octavia. A morena então ficou séria e fitou Clarke. Balançando a cabeça afirmativamente, Clarke viu como Octavia então pegava para si a responsabilidade de cuidar de Alie 2.0 e mais do que isso: de cuidar do grupo.
Sentindo suas forças se esvaírem e sentindo o fim que se aproximava, Clarke começou a se sentir sonolenta.
-Ai gonplei ste odon. – falou Clarke ao fitar um ponto no teto e com a voz ofegante. Tudo estava ficando escuro. E Clarke sentia mais sonolência. Novamente, ela mentalizou o rosto de Lexa. Aquele sorriso feito só para ela. Aquele brilhas nos olhos verdes quando os mesmo pousavam nela, só pelo simples fato de vê-la. Aquele leve rubor no rosto de Lexa quando ela estava perto da mesma. O cheiro.
Mas Lexa estava chorando e chamava o seu nome. Dizia para resistir. Dizia para ser forte. Dizia para lutar. Lutar? Com o quê? Clarke então simplesmente fitava a imagem mental de sua Lexa. Mentalmente, ela foi até Lexa e abraçou. Sentiu o choro de Lexa e sentiu o cheiro da mesma. Sentiu até seu calor. Afagou seus cabelos e pensou como tudo poderia ter sido diferente caso ela não fosse tão egoísta. Caso ela tivesse tido coragem de ficar em Arkadia aqueles três meses. Caso ela tivesse tido mais tempo com Lexa.
Lexa.
Clarke riu mentalmente e continuou abraçando Lexa que cantava o seu nome como que em mantra.
No mundo físico, Raven então tocou seu rosto.
-Clarke! Não! Lute! – pediu a mecânica. – Lute! Faça alguma coisa! – pediu Raven para alguém que não existia. Era uma clamor para alguma força invisível.
Harper então chegou por trás e tentou consolar a morena que balançava a cabeça, como se não quisesse acreditar. Por fim, ela fitou Clarke que dava as últimas respirações.
-Yu gonplei ste odon, Klark. – disse então Octavia ao fechar os olhos de Clarke e Raven era consolada por Harper. Raven chorava muito. E Jasper olhava fixamente para Clarke com os olhos marejados. Por sua vez, Monty tinha as mãos no rosto. Octavia então fitou a caixa em suas mãos e tomou uma rápida decisão.
-In Peace, may you leave this shore… - começou Raven ao tocar novamente o rosto de Clarke - …In love, may yoy find the next. Safe passage on your travels until our final journey to the ground. – continuous quando Clarke então a fitou e deu uma longa inspiração como se estivesse sufocada e expirou pela última vez. – May we meet again. – terminou com lágrimas caíndo pelos olhos enquanto os olhos azuis de Clarke fitavam um ponto imaginário entre Raven e Octavia. Esta última rapidamente pegou o chip da Alie 2.0 e colocou o Chip no pescoço de Clarke.
-Espera, o que você está fazendo? – sussurrou Monty para Octavia, preocupado.
-Como se aciona esse chip? – perguntou Octavia sem prestar atenção em Monty.
-Ascende Superius. – falou Raven com o rosto cheio de lágrimas e sem perceber o quê Octavia estava fazendo.
Imediatamente, os fios do Chip se fixaram no pescoço de Clarke e não queimaram a pele de Clarke. Ao invés disso, o Chip com seus filamentos rapidamente acessaram a condição do corpo de Clarke...como se quisesse salvar o que restava de Clarke. Envolvendo-a por dentro.
Na mente de Clarke, que foi a última coisa a parar de funcionar, Clarke continuava a abraçar Lexa. Continuava vendo o rosto de sua amada e como aqueles olhos choravam copiosamente. Clarke então segurou seu rosto e beijou docemente aqueles lábios. Alguma coisa estava errada, Lexa estava mais física.
"Klark...", disse Lexa chorando.
Clarke então fitou Lexa. Pela primeira vez ela podia escutar claramente a voz de Lexa. Sorrindo, por pelo menos escutar a voz da morena uma última vez. Ela fechou os olhos e se deixou ir. Lexa rapidamente correu e a abraçou.
"Não vá, Klark..", disse Lexa.
Clarke simplesmente a abraçou novamente e pensou como ela a amava. Apesar disse ser só um sentimento, parecia que Lexa havia a escutado, pois a morena estava chorando em seus braços. Uma quentura começou a se espalhar ao mesmo tempo que uma onda de frio tentava avançar ao redor de Lexa e Clarke.
"Eu tenho que ir, Lexa", falou Clarke cansada.
"Não", falou Lexa. "Eu não vou aceitar isso", disse Lexa ao olhar no olhos de Clarke. Era possível que a o corpo de Clark estava ficando transparente. "Fica comigo, ai hodness."
"Eu sempre vou estar com você, Lexa", respondeu Clarke quando a friagem começou a quebrar a barreira da quentura. "Se eu tive uma segunda chance, faria diferente.", falou Clarke em voz alta ao pensar em como seria diferente se ela tivesse ficado em Arkadia.
Lexa então fitou Clarke e beijou seus lábios.
"Pronto", disse uma voz estranha.
Confusa, Clarke fitou sua amada e viu como uma força começava a puxar seu corpo para algum lugar longe dali. Intrigada, ela fitou Lexa pela última vez e viu como Lexa sorria e segurava seu rosto ternamente.
-Klark Kom Skaikru, seja forte. - disse Lexa ao mesmo tempo em que Clarke escutava passos vindo da direita. Virando o rosto ela viu uma mulher vestida de azul chegando perto das duas.
Franzindo o cenho, Clarke segurou Lexa com firmesa.
-Quem é você? – indagou para a mulher.
-Bekka Pramheda, Clarke. – disse Lexa ao também virar o rosto e cumprimentar a mulher de vestido azul que finalmente chegado ao lado da dupla.
Clarke então fitou a mulher e viu como a mesmo sorriu.
-Eu sou Becca, Clarke. E sou uma Nascida no Céu como você. – pausa – Meu programa reconheceu seu sangue assim como ele reconhece os de Sangue Negro.
No mundo físico, o sangue modificado dos Skaikru era o que estava salvando o corpo de Clarke de ser queimado vivo por causa da incompatibilidade. Entretanto, se uma pessoa olhasse de perto, ela poderia ver como a pele estava ficando quente, como se estivesse lutando contra o invasor.
-O que está acontecendo? – perguntou Raven ao notar o Chip se infiltrando no corpo de Clarke. Com raiva, ela fitou Octavia. – O que você fez?!
-Alguma coisa, Raven. – respondeu a guerreira ao fitar a caída líder dos Skaikru. – Eu fiz alguma coisa! – bradou ao fitar a mecânica.
Dentro da mente de Clarke, a loira estava fitando Becca.
-O que está acontecendo?
-Eu fiz Alie 2.0 para que eu pudesse trazer felicidade para o mundo, para deter Alie 1.0. – falou Pramheda – E ele reconhece os de Sangue Negro porque dentro desse Chip há além de um código de transformação do sangue normal para o Sangue Negro, há também uma gota de Sangue Negro.
Clarke então fitou Lexa que simplesmente sorria e beijava sua bochecha. Além de abraçá-la com força, Leça envolvia a cintura de Clarke por trás. Sorrindo, ela encostava a cabeça nos ombros e beijava o pescoço de Clarke, era como se Lexa tivesse perdido o senso de decoro. Não que Clarke estivesse reclamando. Carinho era sempre bem-vindo, especialmente como uma forma de conforto nesse momento final de vida.
-Além disso, eu coloquei um programa de Back-Up caso o Chip corresse perigo. Algo que só poderia ser usado uma única vez. Todavia para tal programa ser ativado era preciso que a cobaia tivesse um grande vínculo com algum ex-hospedeiro do Chip. – disse fitando Clarke. – Você e Lexa tinham algo real. Um sentimento forte e poderoso que fez com que o programa aceitasse o seu corpo. Mas, com você morta, meu Chip tem a probabilidade de 95% de cair nas mãos de Alie 1.0. Se você estivesse viva, poderia ter se tornado Heda por algum tempo. Alguns anos antes que a incompatibilidade fosse maior do que a compatibilidade. – explicou Pramheda.
-Que programa é esse? – indagou Clarke enquanto Lexa a segurava com força e a protegia do frio. – Digo, esse programa de Back-Up.
Becca sorriu.
-Você vai ver. – pausa – Ascende Praeter.
Nesse momento, Clarke sentiu uma grande quentura começar dentro de si. Era forte. Era calmante. Era diferente. Momentos depois, Clarke sentiu Lexa morder seu pescoço com força ao mesmo tempo em que seu corpo e o dela praticamente se fundiam.
Klark...
-Você, Klark Kom Saikru, me fez realizar... – começou Becca enquanto Clarke a fitava com os olhos arregalados. - ...que eu preciso de um plano de Back-Up. E você vai ser o plano Back-Up. – disse ao tocar seu queixo.
Becca inclinou o rosto e então beijou a testa de Clarke. O ponto onde ela beijou começou então a ficar iluminado. Aos poucos, o ponto se expandiu e engoliu o corpo inteiro de Klarke.
Clarke então abriu os olhos. Seu corpo estava dormente. Era como se em cada centímetro de seu corpo estivesse em fogo, queimando. Tão diferente da temperatura ao redor. Fazia frio. E ar tinha aquele cheiro familiar de velho. Ao redor, aquele familiar barulho de máquinas funcionando. Hummmmmm... Fazia escuro. Escuridão total. Tocou o chão e sentiu frio gélido. Intrigada, ela se acostumou ao pouco a escuridão. Se perguntou onde ela estava.
Você está no dia 03 de Junho de 2148, Wanheda, disse a voz familiar de Becca!
Clarke arregalou os olhos ela se lembrou do que havia acontecido. Ela havia morrido, com certeza. Se ela não estivesse com o corpo dormente, ela teria levantado. E Pramheda tinha decidido que ela seria o seu plano Backup. Com raiva, ela perguntou mentalmente:
"O que você vez, Pramheda?"
Eu usei o restante da sua energia cerebral para fazer um backup de todas as suas memórias e usei meu sinal Wi-Fi mundial para me conectar com meu laboratório subterrâneo em Washington, DC. Lá, eu copiei suas memórias para a minha máquina que distorce a dimensão espaço-tempo e me conectei com o sinal do seu Chip/Implante anti-gravidez do passado e o modifiquei para funcionar como meu antigo Chip.
"Você o quê?!"
O mundo estava em perigo sem que o meu Chip tivesse um hospedeiro. Alie iria por as mãos mais cedo ou mais tarde em Alie 2.0. Meus cálculos e projeções indicavam 98% de chance disso acontecer, Wanheda.
"Então você me mandou para o passado? E o meu outro 'eu'?"
Seu outro eu sofreu um Upgrade quando eu modifiquei o seu Implante para funcionar como meu Chip. Demorou para tudo funcionar, mas agora que você recobrou a memória, tudo está funcionando normalmente.
"Desde quando você está no passado?"
Você está no passado há cinco anos, Wanheda. Mas só acordou agora. Demorou tempo para transformar o seu corpo de forma que meu novo chip funcionasse corretamente.
"O que você fez? O que você mudou em mim?", perguntou Clarke ao tentar se levantar. Uma onda de dor passou por seu corpo, mas nada se comparava aquela que ela suportou com Emerson. Portanto, nenhum gemido de dor passou por seus lábios. Somente uma careta de dor.
Você agora tem acesso a Cidade da Luz juntamente com os outros Hedas. Somente estando meditando ou dormindo você pode entrar na Cidade da Luz.
"O que você fez, Becca?", indagou novamente ao então voltar ao chão onde estava, resignada de que precisaria de mais tempo para se levantar.
Eu tive que modificar seu sangue. Usei meu código de informações de como modificar o DNA do sangue normal para se tornar Nightblood. Guardei durante cinco anos os componentes necessários através da sua alimentação e modifiquei sua medula óssea para produzir sangue negro. Como seu sangue já é modificado pelos anos de radiação máxima vinda do sol, o procedimento, como você pode ver, foi um sucesso. Sua medula óssea agora é maior e na cor preta. Tive que deixa-la inconsciente por um dia inteiro para concluir o processo.
"Eu sou uma Natblida agora?! E Lexa..!"
Lexa sempre será a hospedeira de meu Chip. Mas como eu te expliquei eu precisava de um plano Backup. E meu programa só aceitaria uma cobaia caso meu antigo hospedeiro e a minha cobaia tivessem boas relações. Ou seja, se houvesse compatibilidade.
"Compatibilidade?", indagou Clarke ao tentar se levantar com o corpo dormente. "Onde eu estou?"
Sim, compatibilidade. Se meu antigo hospedeiro confiasse na minha cobaia. O procedimento Ascende Praeter só pode ser realizado uma vez. Meus conectores e receptores do futuro e do passado foram queimados quando eu fiz a transferência de suas memórias para cá. Nós estamos na Arca, Wanheda. O local exato é 400 km de distância do ponto mais alto da Terra, Arca, Estação Skybox, cela 319. A data é 03 de Junho de 2148. Segundo a informação: faltam 437 dias ou 63 semanas e 4 dias até o pouso dos Delinquentes na Terra.
Suspirando, Clarke então abriu os olhos e viu como a sua cela estava agora começando a ficar visível graças aos raios do sol que lentamente iluminavam sua minúscula cela de metal. Sim, ela estava novamente naquela sua antiga cela. Sua prisão. Resignada, sua mente logicamente entendeu sua situação. Ela tinha recebido uma segunda chance. Mas antes de fazer qualquer coisa, ela teria enfrentar a solidão e o tédio.
Mas por que você me chama de Wanheda?
Chamo-te de Wanheda porque é meu programa achou válida essa nomeação. Da mesma forma que meus outros hospedeiros foram chamados de Heda no programa Ascende Superius, é consequência que o Hospedeiro do programa Ascende Praeter tenha um nome.
Mas por que Comandante da Morte?, indagou Clarke com uma careta de desgosto. Todas aquelas outras mortes...ainda estavam em suas costas.
Wanheda, vida e morte são as faces da mesma moeda, por assim dizer. Veja na natureza, por exemplo, a morte de algo dá vida para um outro ser. Como diria Antoine Lavoisier, "Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma". Assim é com a vida e a morte. Saber o preço da morte, faz a vida ser prezada como um dos maiores tesouros que alguém pode ter. Tal lição, meu programa foi capaz de identificar em suas memórias. Ser Wanheda é ser Comandante da vida e da morte. Entretanto, a civilização que procedeu as Bombas por causa da vida rude e sangrenta, só viram o lado da morte. Mas morte é vida. E vida é morte. Como um círculo. Como o símbolo do infinito. Não há fim. É uma história sem fim.
Clarke então olhou para a sua cela agora iluminada. As paredes sem vida. O chão frio onde ela estava ficava entre duas camas. Reunindo suas forças, e rangendo os dentes de dor, Clarke se levantou e foi se deitar na cama. Colocou por cima de seu corpo o fino lençol e fitou o teto.
Mas o que eu vou fazer? Ficar sozinha nessa cela pela primeira vez já foi complicado. Quase fiquei louca. Irônico, não? Agora eu estou falando com uma voz na minha cabeça.
Você não está sozinha, Clarke Griffin dos Nascidos do Céu. Como eu disse, basta meditar ou dormir para entrar na Cidade da Luz. Meditando, você baixa sua frequência cerebral e consegue ser compatível com a do Chip, criando assim uma ponte para acessar a Cidade da Luz.
E o que tem lá?, indagou Clarke com curiosidade e ainda com o corpo dormente.
Além de todos os meus antigos Hospedeiros, o atual Hospedeiro vem e vai regularmente. Temos uma grande cidade com casas e apartamentos, praças, ruas, lojas, além de minha Biblioteca Central.
Biblioteca Central?
Sim. É onde eu guardei digitalmente todos os livros escritos pela humanidade. Foi a forma que encontrei para guardar o legado das antigas gerações. Levou algum tempo, mas foi realizado graças aos esforços de Chris Wright.
-Chris Wright? - indagou Clarke ao fitar o teto de sua cela. Aquele metal frio e antigo. Bekka não a respondeu. Resignada e também muito curiosa com relação a Cidade da Luz, Clarke apertou a ponta de seu nariz e respirou fundo. O que ela poderia fazer? Ela iria ficar ali presa por muito tempo. E ela não podia modificar a data de lançamento da nave dos Delinquentes por medo de onde eles poderiam pousar nessa nova possível data...caso Clarke divulgasse que a Terra poderia ser habitável. Não. Ela tinha que ficar quieta e tentar viver da mesma forma que no passado. Pelo menos até sua chegada à Terra. Ela não podia brincar com a vida dos Delinquentes...de pessoas que ela tinha aprendido a chamar de seu povo...povo que ela tinha aprendido a defender. E defenderia novamente. Suspirando, ela observou o teto por mais alguns momentos. Pensou em Lexa e em como sua situação com Natblida mudaria completamente sua relação com a Comandante. Pensou em cada um dos Delinquentes. Pensou naqueles que sobreviveram. Pensou naqueles que morreram. Por sorte ou azar, ela tinha recebido uma segunda chance. Mas ao mesmo tempo que era uma dádiva, era um fardo. Saber o futuro de tantas pessoas e pensar que as mudanças que ela queria implementar assim que chegasse a terra poderia causar a morte de alguém...era difícil. Especialmente quando poderia ser a morte de alguém que outrora não tinha morrido. Mas pior do que isso, Clarke agora ponderava, era olhar nos olhos de quem tinha morrido e saber a forma como essa pessoa deixaria esse mundo...como Atom...como Charlotte...ou como Wells. Clarke sabia que ela precisava ser mais precisa e calculista em suas ações. Ela tinha que pesar com cuidado cada ação e tentar prever as consequências. Seus conhecimentos sobre o futuro só serviriam por algum tempo. Depois, assim como uma pedra num lago que faz movimentar toda a água, suas novas decisões mudariam o futuro e novamente ela estaria trilhando um caminho no escuro como outrora. De uma coisa era certa: ela não poderia fugir de quem ela era. Uma líder.
Por dois dias, Clarke ponderou sobre sua nova situação. Ela continuava fazendo a sua familiar rotina em sua cela. Ela comia as refeições que ela colocadas dentro de sua cela através de uma portinhola na porta. Ela fazia alguns exercícios para prevenir atrofiamento. Ela respirou por dois dias aquele ar velho e sujo. Enfrentou o constante frio da Skybox. E enfrentou as constantes batidas na porta que a prevenia de dormir durante a noite. Isso tudo já era conhecido. Mas, agora, ela ficava pensando em sua cama ao invés de desenhar com os carvões inteligentemente postos em sua bandeja de comida. Tais objetos poderiam ter vindo de Wells ou Abby, Clarke não sabia ao certo. Nunca soube. Ela não tinha gana de desenhar agora. Não quando ela tinha que pensar sobre o tenebroso futuro e o que aguardava a Arca. Por dois dias ela pensou sobre o quê ela poderia fazer. Por horas ela ponderou sobre seus primeiros dias em terra firme.
Pensou em como a morte de dois Delinquentes na descida da Skybox tinha causado a quebra de contato com a Arca e o desvio da Skybox do curso pré-determinado que era para Mount Weather. Aqueles dois irresponsáveis delinquentes tinham sem perceber salvado os outros de um final mais sombrio...caso eles tivesse pousado em Mount Weather logo de início. Pensou também sobre como Bellamy Blake tinha causado mais mal do que bem no início por causa de suas intenções mesquinhas. Simplesmente porque ele tinha atirado em Jaha para conseguir um lugar na Dropship e não queria ser pego quando a Arca descesse. Por causa dele, 300 pessoas de volutariaram para serem Flutuadas. Morreram pensando que estavam dando mais tempo para a Arca. E por causa de Bellamy, Clarke teve que lançar os foquetes no céu para avisar a Arca que eles estava vivos. E um desses foguetes acabou com uma vial Trikru, causando uma guerra contra os Grounders. Clarke então percebeu que se ela quisesse salvar o máximo de Delinquentes e de Sky People, ela tinha que tomar as rédeas logo no início. Mas ela tinha que se preparar e usar todos os recursos que ela tinha. No momento, ela estava presa e o único recurso que ela tinha era Bekka Pramheda e o programa Ascende Praeter. Suspirando, no segundo dia, ela então fechou os olhos e chamou por Bekka. Novamente, a agora presença familiar de Bekka reapareceu no fundo de sua mente. Sem esperar por um cumprimento, Clarke foi direto ao ponto:
-Leve-me até lá, Bekka. - sussurrou Clarke. - Não há nada que eu possa fazer aqui presa.
Muito bem, Wanheda. Feche os olhos e tente meditar um pouco.
Clarke suspirou profundamente e fechou os olhos. Tentou acalmar sua respiração e diminuir as batidas de seu coração. Sua visão ficou escura por alguns momentos devido as pálpebras. Mas, depois, uma luz apareceu no centro de seu campo de visão. A luz aumentou...aumentou...aumentou...até que envolveu toda sua visão num manto de luz branca. Ligeiramente atordoada, Clarke sentiu o cheio do ar mudar do familiar velho para o também familiar de terra molhada e grama cortada. Era o cheiro da Terra. Logo depois, no seu centro de visão figuras começaram a se formar. Elas eram borradas, mas assim ficaram só por breves momentos. Ela ainda sim podia identificar formas e claro de escuro. E então uma figura borrada apareceu na sua frente. A figura se agachou até Clarke e aos poucos a figura ganhou nitidez e contornos mais sólidos. Sua visão ganhou cores e Clarke pode ver o rosto de Bekka Pramheda na sua frente. Bekka sorria.
-Olá, Wanheda. – disse Bekka amavelmente ao estender a mão para Clarke.
Clarke por sua vez apertou a mão de Bekka e pela primeira vez notou que ela estava no chão, na mesma posição que ela estava lá na Arca. Deitada. Bekka então a levantou e a ajudou a ficar de pé. A sua volta, Clarke podia ver uma cidade como nos filmes de antes das Bombas. Prédios, escadarias, ruas, árvores, céu, casas, lojas, jardins, praças e tudo mais. Atordoada, Clarke dava voltas em torno de si para dar conta de tanta informação.
-Bem-vinda à Cidade da Luz. – falou Bekka com as mãos para trás.
