A fême perfeita
Capítulo 1.
- Mas ele já não está na idade?
- Disseram que ele vai se casar no final do ano.
- Já era tempo! Ele está passando da idade.
Inuyasha podia ouvir os burburinhos enquanto passava pelo grande salão da mansão dos Taisho. Os olhares eram ávidos em cima dele e ele tentou não se incomodar. Afinal, já estava acostumado com as grandes reuniões e com os membros das famíliías youkais se metendo em sua vida.
Era de se esperar que o filho mais novo da família Taisho, uma das mais ricas famílias youkais do Japão, há tivesse encontrado sua fêmea perfeita e se casado. Seu meio irmão Sesshomaru já havia encontrado a fêmea perfeita e estava pronto para ter seu segundo filho. Não importava se Inuyasha fosse só metade youkai, fruto do segundo casamento do senhor Taisho com um humana: Inuyasha já tinha atingido a maturidade e ele estava atrasado!
"Fêmea perfeita, tsc", Inuyasha pensou , com desdém. A tradição youkai assegurava uma fêmea perfeita para cada macho youkai. Era aquela compatível com seu sangue e que geraria filhotes youkais saudáveis. Ela podia ser humana ou youkai, mas era impossível ela passar despercebida. O corpo do macho respondia instintivamente a ela e a ligação que acontecia entre os dois era extremamente forte. Mais forte, pode se dizer, que a própria morte. As duas almas dançavam no infinito em uma sincronia perfeita.
Bom, Inuyasha não estava preocupado. Não mais. Ele até chegou a achar que sua fêmea perfeita não existia, que os deuses tinham se esquecido de fazê-la para ele, mas ele a encontrou. A fêmea que fazia seu corpo vibrar e por quem ele daria a vida. Inuyasha Taisho estava apaixonado agora e pronto para se casar.
- Inuyasha! - sua mãe apareceu logo atrás dele , enquanto ele assaltava a geladeira. - Pensei que ia se juntar a nós! - ela olhou com censura os cabelos prateados despenteados e a blusa de manga longa com os botões abertos. Era inacreditável: seu filho nunca se arrumava para as reuniões. - E onde está a Kikyo?
Inuyasha enchia as mãos com todas as guloseimas que encontrava. Não haviam se passado três horas desdr a úlima refeição, mas seu estômago youkai gritava por socorro. Podia colocar a culpa em seu projeto da faculdade que lhe tirava todas as energias, ou seu sangue demoníaco mesmo - não era fácil saciar um youkai.
- A pasta de amendoim acabou ?
- Inuyasha!
- Desculpa , mãe - ele sabia que não fugiria da resposta. - Estou no meio de um projeto da faculdade e a Kikyo deve ter se reunido com o grupo de estudo para estudar para a prova.
- Você não avisou a ela, não é? - Izayoi já sabia a resposta. - Ora , Inuyasha! Eu sei que você odeia as reuniões. Mas estão todos ansiosos para conhecer a sua companheira. Você demorou tanto para encontrar e...
- Eu sei , eu sei. Pede para o Myoga levar um suco de laranja para mim, sim?
Izayoi revirou os olhos e ele depositou um beijo em sua testa. Sabia que sua mãe estava orgulhosa e doida, maluca para mostrar a noiva para todos os outros youkais. Mas Kikyo era frágil e ele ainda não estava pronto para apresentá-la para aqueles doidos e suas tradições e reuniões malucas. Era capaz de ela se assustar e sair correndo, uma noiva em fuga!
Inuyasha riu internamente enquanto subia para seu quarto no segundo andar, a música e o barulho de taças e vozes ficando para trás. Disso ele tinha certeza: nada a separaria dele nem ele dela. Ela era sua fêmea perfeita e estavam ligados. Pela eternidade.
- Mana! Onde você está? Precisamos de você aqui!
- Calma, Souta, eu estava na aula e...- Kagome andava o mais rápido que podia entre a multidão, segurando o telefone forte contra a orelha.
- A faculdade é importante, mas mamãe ainda está muito mal!
- Eu sei. Eu estou chegando, Souta!
Kagome ouvia mais algumas represalias, seu coração se enchendo de culpa. Mas estava no limite, Se continuasse faltando as aulas, seu destino certo era a reprovação. Logo a faculdade que ela se esforçou tanto para entrar. Todos os dias era essa sensação, quando acordava era como estar dividida entre os deveres com a família e o sonho de ser advogada.
- Olha por onde anda, sua louca! - uma buzina a trouxe de volta a realidade.
- Ok, respira - Kagome se acalmou. Se uma no hospital já não era fácil, imagine duas. Atravessou a rua, a bolsa cheia de livros, as mãos cheias de livros.
Já era rotina estar quases todos os dias no hospital. Logo que sua mãe foi diagnosticada com aquela doença, a vida da família Higurashi virou de cabeça para baixo. Já não eram ricos, e agora a maior parte das finanças era para os remédios e a internação da mãe. A pensão do facelido papai Higurashi ajudava, mas a família ainda passava por maus bocados.
- Já era tempo - Souta suspirou ao ver a irmã adentrar o quarto. Pegou a mochila, tinha vindo da escola direto para o hospital, ainda tinha um monte de dever para fazer. - Você deveria trancar a faculdade, mana.
Souta sabia que era o sonho da sua irmã. Mas tinham que adiar. Ele mesmo tinha quinze anos e quase não estava dando conta da escola. Ele não a culpava. Ela não o culpava. Eram só os dois lutando contra tudo.
- Já falei que vou...- Kagome tentou não deixar a decepção ser sentida sua voz. Acomodou suas coisas em um canto e se dirigiu para a mãe, tomando as mãos brancas entre as suas. - Faltam só alguns dias para acabar o semestre. Aí eu terei mais tempo para a senhora, mãe!
- Minha menina - a senhora Higurashi olhou para a filha, um misto de dor e compreensão.- Os deuses ajudarão a gente. Não se preocupe.
"Eu espero, mamãe..é o que eu espero"
- Inuyasha, não fica nervoso - Kikyo passou a mão delicada pelo rosto do noivo. - Não é como se eu fosse fugir.
- Eu sei, mas aqueles doidos! - Inuyasha desviou o olhar da direção para encontrar o sorriso calmo da noiva. Como a amava! Aquele sorriso o deixava nas nuvens e ele agradecia aos deuses pela tradição youkai. Agradecia por ter sido considerado atrasado e por a fêmea perfeita ser a Kikyo.
- Na verdade, estou lisonjeada por finalmente ser apresentada a família youkai. Sei que vamos no casar final do ano, mas é...- Kikyo deixou suas bochehas avermelharem-se por um momento - . ..agora é oficial. -
Ele desviou o olhar para ela mais uma vez, os olhos cheios de amor. Sempre foi oficial. Desde quando a conheceu na faculdade e depois quando sairam pela primeira vez. Kikyo era a garota mais linda que já vira e seu corpo reagiu na hora. Seus cabelos pretos longos, sua pele branca, tudo nela era delicado e ele desejou estar ao lado dela e protegê-la de tudo e de todos. Ela era sua fêma e ele, seu macho protetor. Nada os separaria.
- Não precisa fazer isso se não quiser...
- É o que eu mais quero - ela colocou a mão nos jeans dele, sentindo...o celular dele vibrar.
- Inuyasha!
- Mãe, eu estou dirigindo! Sim , a Kikyo está aqui comigo! - ele ouviu a noiva dar um risinho ao seu lado. - Sim, ela só vai passar em casa e já estamos indo para aí. Torta? Mais uma torta? A tia Kaede só come torta de nabo? Sim, sei. Tá bom, também te amo, mãe.
- Torta de quê? - Kikyo fez uma careta divertida.
- Eu disse que essa família era louca - Inuyasha deu de ombros.
O carro parou em frente à casa dela e o meio-youkai inclinou-se para tocar seus lábios dela. Tomou-os com cuidado, como se estivesse pegando a coisa mais valiosa do mundo, sentindo a pele macia contra a sua. O que essa mulher era capaz de fazer com ele! Seu sangue revirou dentro do seu corpo e sua vontade era tomá-la ali mesmo, antes mesmo de apresentá-la à família. As coisas só pioraram quando ouviu um pequeno gemido por parte dela e sentiu ela retribuir com a mesma paixão. Tinham que parar antes que se descontrolasse. Com o pouco de juízo que ainda tinha, separou-se dela, os dois arfantes. Os olhos de Kikyo cintilavam de desejo.
- Eu vou buscar a torta e - a voz dele estava um pouco rouca. - Fique à vontade para se arrumar. Se quiser demorar a semana toda...
- Inuyasha! - ela deu um leve tapinha em seu ombro. - Temos que encontrar sua família.
- Minha família é aqui, é você. Isso que importa.
- Eles também importam, Inuyasha - Kikyo sorriu. - Oficial, lembra? - colocou o dedo pra cima, em um gesto simbólico.
Ele pegou a mão dela no ar e a trouxe para perto, depositando um beijo na pele pálida. O coração dela saltou em seu peito e eram como se houvesse milhares de borboletas em seu estômago. Ele era assim, sempre romântico e delicado. O homem da sua vida.
- Se é importante para você. Mas quero que saiba que o que me importa é aqui , é nós dois.
- Inuyasha. ..- suspirou, saindo do carro. Se não saísse naquele momento, não sairia mais. E tinha que se arrumar, tinha que estar linda: em algumas poucas horas, seria oficialmente a futura senhora Taisho.
O meio-youkai despediu-se dela e acelerou em direção ao centro. Não estava muito contente em ter que participar de uma reunião e ter que colocar Kikyo nessa. Inuyasha nunca foi muito, digamos, sociável. Já podia ouvir o blabla dos familiares e os conselhos não muito bem-vindos do tio Totousai. Até mesmo o senhor Taisho chegaria de viagem para participar - assim como o filho, ele adorava as reuniões. Só faltava Sesshomaru desgrudar da Rin um minuto e resolver aparecer também. Inuyasha sentiu o estômago revirar. Mas se era para ele e Kikyo ficarem juntos pela eternidade, ele suportaria esse momento excruciante.
- Mais uma vez atrasada, Higurashi? - as orelhinhas sensíveis de Inuyasha captaram a voz alguns metros da loja onde ia entrar. Uma menina e um menino de cabelos claros conversavam.
- Me desculpa! Sabe como está a situação da minha família! - ouviu a garota responder. A feição dela estava preocupada, parecia que ia chorar.
O corpo do Inuyasha vibrou. Fêmea!
- Eu sei, mas...- Houjo coçou a cabeça. - Sabe que o dono já está possesso com os seus atrasos.
- Eu vou trancar a faculdade semana que vem - Inuyasha podia sentir a tensão na voz dela, as lágrimas que queriam sair. Sentiu vontade de confortá-la, abraçá-la. Seu corpo vibrou novamente. - Não haverá mais atrasos!
- Ok, Higurashi. Eu te entendo - a voz dele era cheia de compreensão. - Mas e sua mãe, como está?
Inuyasha balançou a cabeça, saindo de seu desvaneio. Não era de ouvir a conversa dos outros e olha que sua audição já ouvira cada tipo! Sentiu um cheiro doce invadir suas narinas e seu corpo respondeu de o cheiro mais gostoso que já sentira, o deixava tão, tão extasiado! Espera, ele estava excitado...com tortas? Entrou na loja, sua cabeça doendo. Passou a mão pelos cabelos, repetidas vezes, preocupado. Não entendia esse mal eatar repentino, por um momento ele achou que sairia de si.
- Boa tarde, meu nome é Ayumi. Em que posso ajudar ?
- Eu vim buscar a encomenda da senhora Taisho - ele esfregou um olho, quase se esquecera do que tinha vindo fazer ali.
- Oh, o senhor deve ser o filho da senhora Taisho - Ayumi analisou o rapaz a sua frente. Era bem bonito para um meio-youkai , até mais do que a freguesa sempre dizia. Meio-youkais e youkais eram raros e sempre extremamente ricos. Era uma sorte desposar um. - Parabéns pelo casamento!
"Claro, minha mãe e sua boca grande", Inuyasha pensou, imaginando para quem mais Izayoi deve ter contado a novidade. Para a cidade inteira, era de se supor. Levou a mão a cabeça quando sentiu outra pontada de dor.
- Olá, Ayumi, desculpa pelo atraso.
De novo aquela sensação. O sangue do Inuyasha pareceu incontrolável dentro de suas veias. E o cheiro! O cheiro não era das tortas, o cheiro era...Aquele...cheiro...Sua cabeça começou a latejar e ele rezou para não perder o controle. Nunca se sentira assim! E não havia motivo algum para estar tão agitado. Ela não era um motivo!
- Oi, Kagome! Pensei que não viria mais - Ayumi sorriu. - Pegue a encomenda do senhor Taisho , por favor.
Ele podia ver a garota nitidamente agora, seus cabelos ondulados pretos, a pele dourada. Inuyasha podia sentir as duas estrias roxas querendo surgir , isso acontecia quando seu sangue youkai ficava desgorvernado. E o que estava fazendo ele se sentir assim ? Ela? Seu corpo vibrou novamente.
Fêmea!
- Sim!- Kagome sorriu e procurou na geladeira expositora. Abaixou-se, Inuyasha não perdia um movimento sequer dela, mal piscava. Estava paralisado. Queria mordê-la. Nunca sentira vontade de morder algo, como aquela menina vindo em sua direção - Senhor Taisho?
Os olhos dele ficaram completamente vermelhos agora. Aquele cheiro tinha adentrado sua alma, brincando com ela em uma dança frenética. Os dois se mesclaram, inocentes, em direção ao infinito. Sem pedir licença e sem dizer adeus.
Minha fêmea!
