Only Time
Capítulo 1 - O diário
15-07-95
Algumas pessoas passam a vida reclamando que nada acontece em suas vidas. Bom, com certeza eu não sou uma dessas.
Você já teve a sensação de que do dia pra noite a sua vida muda drasticamente, e fica de ponta cabeça? É bem assim que eu me sinto.
Olhando de fora pode parecer meio estranho. Afinal, ninguém passa anos odiando uma pessoa para acordar num belo dia descobrindo que a ama.
Ok, ok, eu resumi bem a história, mas no fundo foi bem assim que tudo começou.
Eu me lembro como se fosse hoje. Eu estava no meu segundo ano em Hogwarts - a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, como todos já sabem. Quer dizer, todos exceto os trouxas, sangue-ruins, etc, mas isso já é outra história, bom voltando ao que estava falando, lá estava eu, recém- saída do primeiro ano, passando o verão em casa, comemorando.
Ok, "comemorando" é uma palavra muito forte. Que tal "morgando"? Definitivamente mais apropriado... Enfim, lá estava eu, sem ter nada para fazer, cansada de ler, chutar elfos domésticos, quando decidi sair para uma aventura pela mansão. Aventura, sim. Afinal aquela mansão é tão grande e cheia de armadilhas e senhas, as quais papai carinhosamente chama de artigos de segurança. Graças a esses tais artigos, tivemos uma grande baixa no nº de elfos domésticos aqui na mansão, e as minhas escapadelas tornaram- se cada vez mais restritas, tornando inviável a minha entrada em alguns cômodos da mansão, como as masmorras, o escritório principal e a biblioteca. Mas eu estava decidida, por isso saí me esgueirando pela mansão, tentando passar despercebida, já que meus pais têm olhos e ouvidos por toda a casa.
Estava sendo fácil demais, eu já estava no hall principal, no andar térreo e ainda não havia esbarrado em sequer um elfo doméstico ou fantasma da família. O ambiente estava escuro, pois todas as cortinas estavam fechadas, como se para evitar olhares curiosos. Entrei na sala de jantar e não havia nada e nem ninguém. A mesa não estava posta, e já estava quase na hora do chá da tarde. Definitivamente algo não estava certo. E ao entrar na sala de estar, eu ouvi uns murmúrios vindos do escritório principal. E tomada de curiosidade, eu me aproximei. Afinal, eu fui proibida de entrar, mas não de escutar na porta.
Foi quando eu ouvi um nome que me chamou atenção: Harry Potter. Harry Potter, o único que recusou minha oferta de amizade. Não que eu tenha ofertado isso muitas vezes, mas esse não é o ponto aqui. Aquele irritante ganha fama por algo que aconteceu quando ele tinha apenas um ano, e só sobreviveu por pura sorte! Esse Harry Potter, argh! Bom, mas o que eu ouvi me perturbou, ao que parece havia uma trama pronta para quando Potter voltasse à Hogwarts. Com certeza eu não gostava nenhum um pouco do infeliz, mas também não o queria morto. Um pouco ferido, talvez. Mas morto? Isso não.
Mas o que eu poderia fazer?! Sair correndo de casa, e ir até a Rua dos Alfeneiros avisá-lo? E enfrentar a ira de Lúcio Malfoy?! Ha, talvez se eu fosse um Weasley eu faria isso, mas como eu tenho um pouco mais de massa encefálica, eu tomei a decisão certa. E foi assim que Dobby foi no meu lugar.
Who can say
where the road goes
where the day flows
only time
E até hoje acham que Dobby teve a grande idéia de salvar Harry Potter! Por Merlin! Ele é um elfo doméstico! Elfos domésticos não pensam, eles simplesmente seguem ordens, e foi isso que Dobby fez, seguiu minhas ordens. Avisou o maldito Potter e não entregou o meu nome. E no fim, tudo deu certo, bom, quase tudo, porque mais uma vez o Grande Potter, o garoto dos olhos de Dumbledore, salvou o dia e libertou meu elfo doméstico. Dá pra acreditar?! A gente tenta ajudar e olha o que acontece. Meu pai quase teve uma síncope quando libertou Dobby sem saber.
And who can say
if your love grows
as your heart chose
only time
Depois veio meu terceiro ano em Hogwarts, nada de muito excepcional aconteceu. Eu já era a apanhadora de Sonserina, tinha a melhor vassoura que existia, a Nimbus 2001. Claro que era a melhor vassoura até o maldito Potter ganhar uma Firebolt! Impressionante como alguém tão pequeno consegue ser tão irritante. Não que eu seja um modelo de estatura, mas por Merlin! Ele é menor que eu! Enfim, voltando à vassoura. O Campeonato já estava praticamente ganho, até a chegada daquela maldita vassoura! Eu não tinha saída, então decidi agir como uma verdadeira sonserina. Convoquei meus guarda-costas, como o Potter gosta de chamá-los, e... um minuto... desde quando eu me preocupo de lembrar como o maldito Potter chama meus amigos?! Voltando ao assunto, eu convoquei meus amigos, porque ao contrário do que todos pensam, eles são bons amigos. Extremamente burros, mas têm um bom coração, do ponto de vista de um sonserina, logicamente. E foi aí que eu tive a "maravilhosa" idéia de nos fantasiar de dementadores, uma vez que era de conhecimento público que Potter não agüentava a presença dos mesmos.
Desnecessário dizer que a idéia era boa, porém a execução foi um fiasco só. Ele quase nos matou de susto, ao desferir em nossa direção um Patrono. Digo, ele quase matou Crabbe e Goyle de susto, porque afinal de contas, Malfoys não se assustam. E tão pouco demonstram emoção.
Who can say
why your heart sighs
as your love flies
only time
Emoção? Até esse dia, eu achei que não tinha nenhuma. E toda vez que me lembro disso, me pego pensando naqueles olhos verdes, que me seguiam por onde eu ia, durante os dias seguintes. Olhos que mostravam tanta emoção, ao contrário dos meus olhos azuis tão frios. Impressionante como um olhar consegue mexer tanto com alguém, porque, apesar de não aparentar, aqueles olhos realmente conseguiram me aprisionar. No entanto, num belo dia, aliás, num terrível dia, eles pararam de me seguir. Porém, ficou extremamente difícil ignorar Potter. Eu simplesmente tinha a necessidade de me fazer notar, por bem ou por mal.
Eu achei que era um simples obsessão, algo que com o tempo mudaria, acabaria, mas eu estava redondamente enganada.
O ano acabou e como sempre eu voltei para a mansão, porém minha mente estava longe, centrada num certo garoto de óculos horríveis, cabelo bagunçado e lindos olhos verdes.
And who can say
why your heart cries
when your love lies
only time
Eu passei o verão pensando nele, e rezando para vê-lo, nem que por
um breve minuto antes de chegarmos à Hogwarts. Sim, rezei. Achou que
eu era pagã?! Por Merlin! Na minha família tradição é algo muito
importante, e portanto devem ser seguidas à risca! E não é que nos
encontramos antes? Sim, durante a Copa Mundial de Quadribol. Eu
estava acompanhada dos meus pais, e ele da família Trapo, digo, os
Weasleys. Foi o de praxe, nos vimos, nos insultamos, e fomos para
lados opostos. O quê? Achou que eu deveria tratá-lo bem? Por que eu
faria tal coisa? Ele é meu inimigo afinal de contas! Alguém que eu
amo odiar e que odeio amar. um minuto, de onde isso saiu?! Argh! Bom,
continuando... o ano passou, e aconteceu o torneio Tribruxo. Harry
foi um dos campeões de Hogwarts, e no final saiu Campeão do
torneio. Nem há muito que se falar a respeito. Para variar ele foi
ajudado em todas as provas, e por isso chegou ao final. O que eu não
tinha a mínima idéia era de que o Lord Volde...cof, digo,
Você-sabe-quem voltou dos não-mortos, ele e Potter lutaram e
Diggory acabou morrendo.
Nossa, foi tudo ao mesmo tempo, a volta
Dele, Potter sendo acusado pelos Lufa-lufas de assassino... foi
horrível. Eu sabia, lógico, que meus pais eram Comensais da Morte,
junto com quase todos os pais dos alunos da minha casa, assim como
meu próprio professor, Snape. Mas uma coisa é você saber que eles
fazem parte disso, e outra é você saber que eles realmente
colocaram a mão na massa.
É simplesmente nojento. Alguém se rebaixar para seguir e beijar os pés de alguém que nem sangue-puro é! Degradante...
Quando eu o vi no expresso de Hogwarts... Aqueles olhos, antes tão vivos, agora tão opacos. Então eu me aproximei, e apesar de querer consolá- lo, eu fiz a única coisa que me restava no momento: aproveitei-me do momento frágil do meu inimigo e junto com Crabbe e Goyle, o atacamos. Foi baixo, confesso. Mas era só o esperado.
Who can say
when the roads meet
that love might be
in your
heart
And who can say
when the day sleeps
if the night keeps
all
your heart
A dor que eu vi naqueles olhos foi tão grande, e pela primeira vez na vida eu me arrependi de algo que falei. E tive que me conter, pois a vontade que eu tinha era de gritar e pedir desculpas. Não que isso fosse mudar algo, afinal o leite já estava derramado e por mais que eu limpasse a sujeira nada iria mudar o fato de que um dia ele foi derramado. Queria dizer que tudo aquilo não passava de um personagem que eu interpretava, e que todas as vezes que eu o insultei, na verdade eu queria dizer "Eu te amo". Isso era o que eu queria fazer, mas não fiz, porque eu não sou uma grifinória, e sim uma sonserina.
E enquanto eu estava perdida nos meus pensamentos, Potter nos atingiu.
Night keeps all your heart
Who can say
if your love grows
as your heart chose
only time
And who can say
where the road goes
where the day flows
only time
E foi assim que eu descobri o quanto amava Harry Potter. Mesmo sabendo que nunca teria este amor retribuído.
Who knows - only time
Draco I. Malfoy
Fim do cap. 1
