Marlene McKinnon. Lá estava ela. O fantasma que o assombrava em seus sonhos, ou seria pesadelos. O dementador que aos poucos sugava sua sanidade. Como uma mera lembrança podia o abalar tanto? Por que depois de tantos meses naquele inferno ainda tinha aquele retrato?

Ela estava nos jardins de Hogwarts. Se fizesse algum esforço ainda poderia ouvir aquela voz doce. O rosto branquinho como o de uma frágil boneca de porcelana, os cabelos ondulados dançando no ritmo do vento, um sorriso contagiante naqueles lábios rosados, os olhos verdes brilhando perturbadoramente. Graças aos raios do sol podia ver reflexos dourados em seus olhos e em seus cabelos.

Eles costumavam ser felizes juntos. Ela o amava. Ele prometeu nunca abandoná-la. Por que prometer algo que era incapaz de cumprir? Simplesmente porque ela o atraía, mexia com seus sentimentos mais profundos. Ele não queria se apaixonar. Covarde, sua mente o punia permanentemente.

Os olhos verdes estavam cheios de lágrimas e rancor. Orgulhosa, nunca iria chorar na sua frente. Ele virou-se de costas e antes de ir embora ouviu aquilo: "O mundo dá voltas Sirius Black, um dia você estará no meu lugar".

Aquela frase era seu inferno e sua redenção. Era um dos motivos pelo qual ele não se deixava fechar os olhos. Marlene estava certa. O mundo havia girado. Seu maior erro fora não perceber que por trás daquela garota auto-suficiente existia um sentimento, mas mesmo que percebesse, ele não dera importância.

O que restara? Nada. Seu melhor amigo e a esposa haviam morrido, quem pensaram ser de confiança os entregara e, ele, Sirius Black era visto como traidor e estava trancafiado em Azkaban. Ao seu ver, nada poderia estar pior. Outro erro. Acabara de saber que pouco antes de ir parar naquele inferno Marlene McKinnon e a família foram assassinados pelos Comensais.

Demorou tanto para ver que a amava que a perdeu, graças ao medo de um sentimento que já havia o infectado. Ela o amara, mas fora forte a ponto de não chorar. Ele nunca mais poderia desvendar aqueles olhos verdes ou sentir aquele perfume doce.

Mas ele ouvira dizer em algum lugar que os anjos dormem primeiro. Se ela era um anjo, ela estava acima de qualquer sentimento, sua alma seria imortalizada, ela sorriria para ele em seus sonhos, eles se reencontrariam do outro lado. E como qualquer anjo, assistiria o seu sofrimento de onde estivesse. No fundo foi melhor assim, se ela estivesse viva ele não poderia agarrar sua sanidade na afirmação de que ela o observaria até o seu fim.

Na foto em suas mãos era apenas uma mulher, mas acima de tudo fora seu porto-seguro e agora era sua obsessão. Pela eternidade.

N/A: Fic melodramática, a idéia me surgiu às 3 e meia da madrugada em meio a mais uma insônia. Só me restou pegar papel, caneta e o resultado está aqui. Eu sempre quis escrever uma Sirius/Marlene assim, pelo ponto de vista do Sirius e já em Azkaban. Eu consegui trabalhar bem até a dor e a maturidade com que ele viu a morte dela e tal. Espero que gostem e deixem reviews!

Beijoos!