Quando se perde alguém que amamos muito, sentimos nossa vida se esvair lentamente. Cada dia sem essa tão especial parte de nossas vidas é um dia mais próximo do fim do poço. Definhamos cada vez mais e até seriamos capazes de morrer de solidão ou de saudade. Mas para um certo guerreiro de longos e sedosos cabelos prata, olhos cor de ambas, com uma longa espada como única companheira, roupas dignas de um senhor feudal e marcas roxas no rosto e nos braços, seria capaz de morrer de remorso, ele sofria com a perda de sua amada, seu bem mais precioso. Para ele, ela era o motivo de viver e lutar, queria dar a ela tudo que ela merecesse e sonhasse ter, por isso travava grandes batalhas, para aumentar seu território e sua força.
Seu castelo era imenso e cheio de serviçais, mas sem ela tudo parecia ser tão sem nexo, tão solitário... Ela era a alma e a beleza daquele lugar, todos pareciam estar tristes com a falta de sua senhora, mas nenhum tanto quanto aquele Dai Youkai, pois tudo ao seu redor o fazia lembrá-la , o cheiro dela estava impregnado em cada canto, quarto ou cômodo daquele imenso castelo. O Dai Youkai era capaz de vê-la sorrindo e se recordar dos momentos felizes e marcantes que passará junto com aquela youkai de longos cabelos prata, assim como os dele, de olhos cor de mel e com poderes incríveis. Seu nome era Akemi que significava linda luz.
O Dai Youkai olhava fixamente para um grande retrato da tal youkai e percebeu que precisava sair daquele castelo e ir o mais longe de suas amarguradas lembranças. Ele sai, andando sem rumo, com um único pensamento na cabeça: de como ele tinha sido tão tolo de cair naquela armadilha! Sim! Sua amada foi morta em uma emboscada! Sempre existiu uma briga entre o clã dos cachorros, no qual eram protegidos pela lua, e o clã do Sol, que tinha a proteção do astro supremo. Seu oponente comandou uma invasão as terras de Inu Taysho, esperando que seu inimigo partisse para a batalha e deixasse o castelo desprotegido. Então eles poderiam matar sua mulher. E assim, Inu Taysho iria se afundar nessa perda e não seria capaz de lutar nunca mais, só que ele não esperava que Inu Taysho só fosse se afundar na perda de sua amada depois de exterminar a família de seu inimigo, todos do seu clã e por último ele.
A única coisa que ainda prendia Inu Taysho na terra, ou no mundo dos vivos, era seu filho Sesshoumaru, que mesmo não sendo mais uma criança, não era poderoso o suficiente para administrar os negócios da família, principalmente porque seus domínios eram um dos melhores de todo o Sengoku Jidai e só não aconteciam invasões sucessivas pelo medo que tanto humanos quanto youkais tinham de sua espada a Sounga. Mas ele não tinha certeza de que, quando ele se fosse, seu único filho iria impor o devido respeito e se capaz de dominar a Sounga e o seu território.
Inu Taysho foi tirado bruscamente de seus pensamentos por um grito de socorro. Quando olhou ao seu redor, percebeu que nunca havia estado naquela parte de suas terras. Mas era tão bonito e tinha um pequeno vilarejo ali perto, na verdade ele sabia da existência daquele vilarejo, porém não sabia que o lugar era tão bonito... O grito feminino e desesperado soou novamente.
-SOCORRO!!!! Alguém por favor...
Inu Taysho correu para uma pequena floresta, perto do vilarejo, e lá encontrou um youkai querendo devorar uma moça.
-Senhor, por favor me ajude!! - Disse a moça desesperada e encurralada em uma árvore para o Dai Youkai. Ele facilmente derrotou o youkai , saindo apenas com um corte superficial no rosto.
-Muito obrigada, senhor! -Agradeceu a moça fazendo uma pequena reverência com a cabeça.
-Não tem de que, isso não foi tão difícil.
-De qualquer forma obrigada!
-Tudo bem! Mas o que uma moça como você faz sozinha nesta floresta? -Questionava Inu Taysho, a acompanhando na caminhada em direção a orla da floresta - Te levarei até em casa, para que não tenha mais inconvenientes.
-Eu vim procurar por algumas ervas... Tem um homem no meu vilarejo que está muito doente...
Mais uma vez Inu Taysho mergulhou em seus pensamentos, seus olhos pareciam estar enfeitiçados, pois eles eram incapazes de parar de olhar para aquela humana tão bonita. Seus cabelos eram lisos, grandes, cheios e muito pretos, sua pele era macia e fina, seu perfume era mais doce e gostoso que as sakuras que desabrochavam na primavera, seu rosto tinha contornos finos e delicados, seus olhos eram quentes, cheios de vida, marcantes e cor de ambas, suas roupas e gesto dignos de uma princesa. De repente ele sentiu seu rosto arder...
-Uii!
-Ora não faça manha! - Retrucou a jovem humana entre risos da situação.
- O que está fazendo!
-Cuidando de você, o que acha?
-Mas...
-Nada de mas, você nem percebeu que estava machucado e além disso você salvo a minha vida, era o mínimo que eu poderia fazer.
-Isso não é realmente um machucado.
-Não discuta, essa mistura de ervas vai fazer com que cicatrize mais rápido e sem deixar marcas!
-Uma marca a menos uma a mais não vai fazer muita diferença!
-Como assim? - Questionava ela ainda passando a mistura sobre o aranhão.
-Veja isso... (disse Inu Taysho levantando a manga de suas vestes ) isso são as marcas da guerra! - Informou ele um pouquinho triste.
-Mas sua mulher não sabia cuidar de você? Perdão por ser tão indiscreta! Mais é que...
-Ela morreu... - Disse ele baixando os olhos.
-Sinto muito. - Disse apressadamente e sinceramente a moça.
-Tudo bem, além do mais, sou um Dai Youkai, não morreria por causa desses pequenos ferimentos.
-Não importa se seus ferimentos são grandes ou pequenos, graves ou não. Quero que me procure, eu cuidarei deles.
envergonhado -Obrigado...mas...mas como é o seu nome?
-AH! É verdade, estamos conversando a um bom tempo e nem sabemos o nome um do outro...
-Senhorita Izayoi...Senhorita Izayoi, onde estás?!
-Parece que as pessoas do seu vilarejo estão te procurando Izayoi, não é esse o seu nome?
-É , mas...
-É melhor você ir, eles devem estar preocupados. - Disse Inu Taysho andando para dentro da floresta.
-Espere! Não vá ainda.
-Sim Izayoi?
-Você sabe meu nome e eu ainda não sei o seu, e além disso, quando...quando nós nos veremos de novo? Nós...nós nos veremos de novo, né?
-É claro! - Diz o youkai com um sorriso
-Quando?
-Sempre que você quiser poderemos nos ver!
-Amanhã então? - Perguntou Izayoi um pouco nervosa.
-...- Inu Taysho não sabia o que responder e atribuiu isso a mais uma característica de Izayoi: ela era corajosa, com atitude e com uma grande capacidade de deixa-lo sem graça ou sem resposta, e, por incrível que possa parecer, ele gostava disso.
-Então? - Pressionara ela.
-No mesmo lugar.- Disse ele sorrindo e desaparecendo quando os aldeões encontraram Izayoi.
- Senhorita Izayoi, a senhorita está bem?
Ela simplesmente sorriu e acenou com a cabeça, pois agora ela tinha a certeza de que melhor ela não podia estar!
