MOONWALKER, MICHAEL JACKSON E QUALQUER MARCA CITADA AQUI NÃO SÃO PROPRIEDADES MINHAS. QUALQUER SEMELHANÇA COM FATOS E ACONTECIMENTOS REAIS É MERA COINCIDÊNCIA.
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O agente Peterson andava a passos calmos, porém rápidos, a fim de cumprir mais uma missão burocrática. Atravessava longos corredores do que parecia ser uma gigantesca mansão, mas na verdade era uma base de operações.
Peterson usava sua farda sempre bem passada e bem alinhada. Seus sapatos estavam sempre muito bem lustrados. Sua calça preta, com duas finas listras brancas laterais que iam de cima abaixo, cobria só até parte dos tornozelos deixando suas meias brancas um pouco a mostra. Usava camisa de mangas longas, de um vermelho escuro. Com lingüetas abotoadas nos ombros, bem ao estilo militar, além de uma faixa no braço direito com um bordado que indicava sua graduação de sub-tenente. E completando o fardamento, chapéu social preto. Em sua camisa, no peito, havia um brasão bordado com o desenho de duas pernas flexionadas apoiando-se na ponta dos pés, e sobre elas a palavra Moonwalker.
Chegava a uma das salas de treinamento. É neste enorme salão, que mais parece um salão de danças, que os soldados treinam tiro e onde só o jovem sargento Heinrich fazia questão de permanecer por mais de três horas ao dia, aperfeiçoando sua pontaria e sua força interior. Lá Peterson o encontrou.
-Sabia que o encontraria aqui.
-...
-Ok, vou esperar você recuperar o fôlego.
Sentado no chão descansava exausto um jovem de cabelos negros e longos (presos e com duas mechas soltas sobre os ombros), pele muito branca e feições delicadas. Porem sua aparência esconde uma enorme força e uma capacidade destrutiva que ninguém foi capaz de deduzir até onde poderia chegar. Felizmente, ninguém jamais o viu usá-la contra uma pessoa. Sempre muito calmo, Maxwell Heinrich jamais resolveu seus problemas por meio da violência. Como passava maior parte do tempo na sala de tiro, era muito difícil vê-lo com outros trajes que não fossem a bota e a calça afiveladas, o cinturão e a camiseta manga-longa com dois botões que compunham o uniforme de treinamento.
-Quem bons ventos o tiram do gabinete, senhor Peterson? – perguntou Heinrich.
-Os mesmos ventos que o tirarão da sala de tiro. O capitão Jones parece ter algo reservado pra você.
-...
-Vamos, Max. Levante-se. Tome banho e troque de roupa. O capitão quer falar com você.
-Espere só um instante. Por favor.
Peterson parecia meio apressado, mas esperou.
Heinrich se levantou e respirou fundo. Ergueu a cabeça e levantou o braço esticado com a mão aberta pra frente. Num instante, três rajadas de luz escapam velozmente da mão de Heinrich. Em menos de um segundo, a cem metros à frente, três espelhos que serviam de alvo se quebram em dezenas de pedaços.
-Incrível! – exclamou Peterson – E nem usou a luva cintilante!
-O ideal é não precisar dela. Só usá-la em situações extremas e espero jamais ter que usá-la. Bem, podemos ir agora, senhor Peterson.
Já de banho tomado e com a farda dos moonwalkers (semelhante a de Peterson, porém com camisa azul), o sargento Heinrich cruzou os longos corredores e se dirigia ao gabinete do capitão Ross Jones.
-Sargento Heinrich se apresentando, senhor. – disse batendo continência e em tom de voz moderado. Diferente da maioria dos soldados, Max não gostava de falar em voz muito alta.
-Sente-se. – disse o capitão Jones, atrás do birô, contemplando uma ficha com foto e uma infinidade de dados sobre Maxwell (Alguns dados nem o próprio Max conhecia).
-Sargento Maxwell Heinrich... – dizia Jones em voz baixa e depois pousando a ficha sobre a mesa – Há quanto tempo está aqui?
-Quatro anos, senhor.
-Foi difícil se adaptar à gravidade da Lua?
-Não, senhor. Depois de desencarnado, a locomoção não depende mais de uma coordenação motora, mas sim de uma coordenação mental.
- Estou vendo aqui que você é um de nossos melhores atiradores.
-Obrigado, senhor.
-Ok, Heinrich. Eu o chamei aqui porque você foi escolhido para dar início a uma investigação. Será sua primeira missão na Terra.
Há muito tempo Max esperava por uma missão na Terra. Agora estava ansioso por cada novo detalhe, concentrando se em cada sílaba pronunciada pelo capitão Jones, como se quisesse saber tudo sobre a tal missão antes mesmo que ele terminasse de falar.
-Há dois meses atrás, na cidade de Chicago, um garoto de doze anos levou uma arma para sua escola. Durante o intervalo ele discutiu com um de seus colegas, e o matou a tiros. Estava totalmente fora de controle até que os professores conseguissem dominá-lo. Chorava e gritava, dizendo que "só queria a droga do bagulho".
-O garoto tinha antecedentes? – Perguntou Max.
-Nenhum. Era considerado aluno exemplar. Mas no começo do novo ano letivo já mostrava uma bruta queda de rendimento. Vivia inquieto, nervoso e seus colegas se afastaram.
-Ele foi detido?
-Não. A diretora da escola o interrogou, mas ele não dizia absolutamente nada. Voltou pra casa com os pais, mas quando a polícia e um agente do juizado foram buscá-lo, o encontraram em seu quarto pendurado pelo pescoço em um lençol amarrado ao ventilador de teto. Havia cometido suicídio.
-Parece, crise de abstinência. Foi indicado nos laudos da perícia médica a presença de alguma substância narcótica no organismo do garoto?
-Nada. Apesar de ele ter apresentado todos os sinais de uma crise de abstinência antes de cometer o suicídio, o garoto parecia estar "limpo".
O semblante de Max denunciava dúvida de forma gritante. Pensativo, ele já tentava em vão achar uma solução para aquele quebra-cabeça, pequeno porém estranho.
Max então perguntou:
-Ninguém sabe se o garoto andou se drogando? Algum colega, ou funcionário da escola?
-Nada. Vários alunos foram interrogados, um ou dois pareciam um pouco amedrontados, mais nada. Porém ouviu-se comentários dos moradores próximos da escola de que o pai de um dos alunos achou alguma coisa na mochila de seu filho. Ninguém sabe o que era. Só sabem que o pai foi à escola de noite falar com a diretora. De madrugada a policia encontrou o homem e um porteiro mortos na frente da escola e a diretora morta em seu gabinete.
-Só pode ser droga! Será que continua circulando por lá?
-Se for droga, não está mais circulando. Pois cinco dias depois da morte da diretora, três crianças da mesma escola demonstravam sinais de crise de abstinência. Sete dias depois eram nove crianças. E no oitavo dia, todas as nove cometeram suicídio.
Max refletiu por alguns segundos.
-Capitão, houve um caso um pouco parecido com este a alguns anos atrás que foi investigado por um de nós, o senhor lembra?
-Sim, claro que lembro.
-Que fim levou Frank Lideo?
-Aparentemente, morreu numa explosão durante o confronto com nosso ex-agente Jackson.
-Mas o corpo não foi encontrado.
-Está dizendo que ele pode não estar morto e ainda estar por trás disso?
-Só acho que seria bom ir atrás do falecido, só pra começar.
-Muito bem, Heinrich. Você deve se dirigir imediatamente ao hangar cinco. Lá você receberá seu micro-gerador e poderá então partir pra Terra, entendido?
-Sim, senhor.
-Já ia me esquecendo. Tome aqui seus novos documentos. Na Terra você atenderá pelo nome de Carlo Santorini. O resto dos procedimentos você já conhece.
-"Carlo Santorini"... (dizia Max olhando para sua identidade falsa). Claro, senhor. Conheço de cor os protocolos de investigação.
-Então, boa sorte, Max.
-Obrigado, senhor.
É SÓ O COMEÇO. MAS POR FAVOR, COMENTEM.
