Capítulo 1 – De volta ao Largo Grimmauld
A manhã chegara a Rua dos Alfeneiros silenciosamente, iluminando os jardins bem-cuidados, despertando seus moradores para mais um dia de verão, quente e seco. No número quatro, um adolescente de dezesseis anos recém-completados dormia profundamente, alheio aos raios de sol que insistiam em atravessar sua cortina esfarrapada. O quarto continuava no característico estado de desordem total no qual estivera o mês inteiro. Roupas, livros e objetos mágicos estavam jogados em qualquer canto possível, irritando Tia Petúnia sempre que adentrava os aposentos do rapaz.
Revirou um pouco na cama, ajeitando o travesseiro e cobrindo os pés. Soltou um muxoxo incompreensível e voltou a dormir. Mas não por muito tempo. Passos irritados ecoavam pelo corredor, ligeiramente abafados. Pararam de súbito em frente a porta do quarto de Harry. Tio Válter respirou profundamente, como se tivesse uma tarefa por demais cansativa pela frente. Girou a maçaneta, e, sem muita cerimônia, escancarou a porta. " Moleque porcalhão! " pensou, quando uma camiseta suja agarrou em seu sapato impecavelmente lustrado. Dirigiu-se até a janela, abrindo as cortinas afim de iluminar o lugar. Lançou um olhar furtivo ao sobrinho, e vendo que não produzira efeito algum, postou-se ao lado da cama, agarrou as beiradas do lençol que o cobria e puxou violentamente.
-ACORDE MOLEQUE PREGUIÇOSO! – berrou
Harry abriu repentinamente os olhos, sentindo falta do cobertor. A cara vermelha do tio observava-o irritadamente, bufando muito alto.
-Que horas são? – perguntou
-Dez horas. – informou Tio Válter
-Mas não está tão tarde assim! – admirou-se
-Não interessa. – disse tio Válter, impaciente – Petúnia, Duda e eu iremos a Londres comprar o material para a Smeltings. Enquanto isso, tente não levar a casa abaixo.
-Peraí! Vocês não vão me trancar aqui? – espantou-se Harry com a bondade do tio
-Não. Resolvemos te dar uma chance: mas nada de tocar em nada quebrável, elétrico ou móvel, ouviu moleque? Caso contrário, te tranco no armário o resto do verão. – e saiu batendo a porta.
Talvez a conversa que Moody e o Sr. Weasley tiveram com eles em King's Cross tenha produzido efeito, pensou Harry. Ficou na cama mais um pouco. Tinha conseguido dormir tranquilamente pela primeira vez em quase uma semana. Tinha sonhos cada vez mais estranhos, sempre a ver com Voldemort. As vezes sonhava que o derrotava depois de uma batalha longa e sangrenta, outras vezes ele morria. Chegou a sonhar que seus pais falavam com ele, sempre o encorajando, mas, quando Harry tentava tocá-los, desapareciam. Pensou o que seus amigos diriam disso.
Enquanto se trocava, ouviu o bater de portas e o som de um carro arrancando em alta velocidade da garagem da Rua dos Alfeneiros. Colocou os óculos e o quarto entrou em foco. Pegou uma embalagem de sapo de chocolate que Rony havia mandado de aniversário. Hermione mandou um gorro, verde e branco, que parecia mesmo o que era, e um pomo de ouro empalhado. Lupin mandara um livro de capa cinza, mas não havia nada escrito, o que Harry estranhou. Uma vez tentou escrever nele, mas nada aparecia. Se perguntava porque ele lhe mandara algo tão inútil. A Sra. Weasley lhe mandou uma tortinha de abóbora, chocolates caseiros e uma suéter. Fred e Jorge um kit Mata – Aula. Ganhara também, ao que presumiu ser do pessoal da Ordem, alguns objetos para detectar Magia negra e bruxos das trevas.
Desceu animadamente para a sala, e ligou a TV. Era realmente muito bom poder fazer isso sem que ninguém ficasse bufando em seu pescoço ou lhe tomasse o controle remoto alegando que estava na hora da novela.
CraqueCraque
Harry colocou-se de pé rapidamente, assustado com o barulho que viera do corredor. Desembainhou a varinha, andando cauteloso até a porta. Sentia um frio no estômago, enquanto milhões de pensamentos lhe ocorriam. Pulou subitamente para fora da sala, sentindo a testa trombar com algo duro.
-Ai! Sua testa endureceu, meu chapa?
-Fred?! Jorge?! – admirou-se, encarando os rostos sorridentes dos gêmeos – Que vocês estão fazendo aqui?
-Não está contente em nos ver? – perguntou Jorge, fingindo estar triste
-Depois que nos oferecemos gentilmente para vir te buscar? – continuou Fred
-Sabe, somos empresários ocupadíssimos agora. Mas nós te perdoamos, não é Fred?
-Claro. Agora vamos arrumar sua mala e picar a mula.
-Picar a mula? – perguntou Harry, confuso
-É uma expressão trouxa que Tonks nos ensinou. – explicou Jorge
-Significa ir embora.
-Ah...
Harry não conhecia aquela frase, mas teve a vaga impressão que Tio Válter já a usara. Começaram a subir a escada pulando os degraus.
-Pra onde a gente vai? – perguntou
-Hum pro Largo Grimmauld. – disse Fred – Infelizmente. Aquele lugar continua tão pestilento e desagradável como antes. Sirius que nos perdoe.
Harry emudeceu. Jorge deu uma cutucada no irmão, que não percebera a besteira que falara. No último mês, a morte se Sirius foi se tornando cada vez mais real. Enquanto os dias passavam na rua dos Alfeneiros, lhe ocorria o pensamento de que talvez ficasse preso ali para sempre. Tinha a esperança, embora soubesse ser impossível, de que tudo fosse um plano, e Sirius iria buscá – lo, a qualquer momento. Mas em vão. Tentara apagar os últimos acontecimentos de sua memória: o episódio no Departamento de Mistérios, a morte do padrinho, a conversa com Dumbledore. Mas, quanto mais tentava fazê–lo, mais vivos e dolorosos eles se tornavam.
Jorge abriu constrangidamente a porta do quarto de Harry.
-Caramba, você nos superou no quesito bagunça, cara! – exclamou
-Tenho treinado muito. – disse ele
Fred executou um feitiço Arrumar Malas, e tudo voou desordenadamente para dentro do malão, caindo com um baque barulhento. " Talvez tenham aprendido com Tonks ", pensou. Jorge engatara num dicurso animado sobre a loja dos dois, dizendo que as vendas estavam realmente boas. Disse também, para a surpresa de Harry, que Lino Jordan havia se tornado seu sócio e publicitário desde que acabara Hogwarts.
-Sabe, ele realmente leva jeito para coisa. Estava até pensando em fazer uma viagem de divulgação pelo país.
-Mas achamos que não é necessário por enquanto. – finalizou Fred – Vamos?
-Os gêmeos agarraram o malão, e Harry pegou a gaiola de Edwiges. Dirigiram-se para a sala, postando-se em frente a lareira. Fred retirou um pequeno rolo de pergaminho do bolso, depositando-o em uma mesinha cheia de fotos de Duda. Jorge soltou um riso abafado.
Fred remexeu no bolso, e retirou uma pequena bola de golfe, suja e velha. Harry logo entendeu o que era. Colocou um dedo no objeto, seguido dos gêmeos. Segundos depois, sentiu a conhecida sensação que as Chaves de Portal normalmente produziam. Sentiu o pé de Jorge bater no seu. Permaneceram assim por alguns segundos, até que desabou sobre o chão frio e úmido da sala de visitas do Largo Grimmauld. Fred ajudou-o a se levantar.
-Harry, querido, que bom que chegou! – disse a Sra. Weasley, puxando-o para um abraço apertado – Fred, Jorge, desçam e ajudem Gina a arrumar a cozinha.
-Não recebemos nem um obrigado! – resmungou Fred, quando desapareceram pela porta, seguidos pela mãe. Harry nem teve tempo de se recuperar
-HARRY! – gritou Hermione, apertando-o ainda mais que a Sra. Weasley
-Mione, você vai matar ele desse jeito. – ponderou Rony – Oi, cara!
-Oi. – disse com dificuldade, quando Hermione o soltou
-Essa casa tá um mistério. – continuou o amigo – Mamãe disse que vem uma visita importante hoje mas não diz quem é.
-Se eu fosse você parava de fuçar por aí. – censurou Hermione – Logo eles chegam.
-Eles? – perguntaram Harry e Rony em uníssono
-Bem, pelo que sei é uma família. Entraram para a Ordem recentemente. Mas isso é tudo que descobri.
-Como você sabe tudo isso? - questionou Rony, desconfiado
-Isso não vem ao caso. – respondeu Hermione, corando nervosamente – Agora, se me dão licença, vou terminar de ler um livro.
Rony estreitou os olhos, observando a amiga sair do aposento. Soltou um bufo de impaciência.
-Depois ela ainda quer meter moral. Aposto como andou xeretando por aí.
Agarrou o malão e arrastou-o em direção as escadas, seguido por Harry. Fizeram o trajeto até o quarto em silêncio, mas chegando lá, Rony começou a contar sobre as partidas de xadrez bruxo que disputara com o pessoal da Ordem. Segundo ele, Quim era um excelente jogador, superado apenas por Lupin. Contou também sobre um jogo de quadribol no qual Gui o levara, detalhando cada lance demoradamente. Ficaram um bom tempo conversando, Harry escutando interessado o amigo fazer comparações entre jogadores estrangeiros e os do União de Puddlemere.
Muito tempo depois, a Sra. Weasley irrompeu no quarto, acompanhada de Hermione e Gina, que lhe cumprimentou com um sorriso.
-Vamos, eles já chegaram. – disse a ela
-Os convidados misteriosos? – quis saber Rony
-Ora, não há nada de misterioso neles. – replicou a Sra. Weasley.
-Então porque a senhora não falava sobre eles?
-Não achei necessário. Se quer matar a curiosidade, Ronald, desça logo.
Saíram do quarto apressados. Hermione e Gina pareciam muito entretidas numa conversa particular, enquanto a Sra. Weasley contava sobre o trabalho de Gui.
-Ele está na Romênia, acompanhando Carlinhos, e, ao que me parece, irão voltar para cá amanhã.
Chegaram no térreo, Rony visivelmente curioso. Hermione e Gina também, mas sabiam disfarçar melhor. Ouviram vozes na cozinha, e imediatamente se dirigiram para lá. Estava cheia, e Harry logo notou quatro desconhecidos. Era um homem alto, forte, os cabelos castanho claro, e os olhos castanho escuro, de semblante descontraído, uma mulher loira, um pouco mais baixa, muito branca e olhos cinza claro, parecendo ser austera. Haviam dois jovens, muito bonitos, que Harry julgou serem seus filhos: um garoto quase tão alto quanto o pai, de uns dezessete anos, loiro e de olhos castanhos, e uma garota um pouco mais baixa que Rony, cabelos castanho claro e ondulados, caindo até a cintura e olhos como os da mãe, pele em tom mel, talvez tivesse a mesma idade que ele.
-Bem, - disse o Sr. Weasley – já que estão todos aqui, vou apresentar nossos convidados.
-Gatinha, né Harry? – disse Fred indicando a garota
-É. – disse em coro com Rony, ao que Hermione chutou a canela do segundo
-Então, - continuou o Sr. Weasley – esse é Damien Laveri – o homem sorriu – que está ajudando muito a Ordem, sua esposa, Jane Laveri, e seus filhos James e Kate. Esses são Rony e Gina, - eles sorriram – meus filhos, e seus amigos, Hermione Granger e Harry Potter.
Impressionantemente, eles não fizeram qualquer expressão de admiração ou surpresa ao ouvir o nome de Harry. Limitaram-se a cumprimentá-lo educadamente. O almoço transcorreu normalmente. Comiam torta de batatas com presunto, coxas de frango, com cerveja amanteigada. Moody, Quim e o Sr. Weasley conversavam com Damien, Jane, Tonks e a Sra. Weasley, enquanto Fred e Jorge tratavam de entreter o resto. Kate e James pareciam ter adorado eles, e prometeram visitar sua loja de logros.
-Sabe, - disse Fred com cautela – estamos trabalhando em um novo e melhorado Kit Mata – Aula.
-Acrescentamos alguns objetos para aumentar o arsenal. – completou Jorge
-Mas é claro que haverão outras novidades, que mostraremos na semana de Natal.- finalizou Fred
-Que legal! – exclamou Kate – Eu gostaria de ter uma loja de logros. Parece ser tão divertido!
-E é. – acrescentaram juntos
-Mas, vocês são da Inglaterra? Falam inglês tão bem... – quis saber Gina
-Obrigado. Na verdade, - explicou James, um pouco corado – eu, meu pai e Kate somos da Itália e nossa mãe é dos Estados Unidos, mas sempre moramos em lugares diferentes. Viemos das Américas, estudávamos no Instituto de Magia Miledo, que era muito bom. O único problema é que morávamos longe demais da escola, no sul do Brasil, que é onde a maioria dos bruxos mora, já que seria um transtorno morar em grandes centros.
-Gui teve uma correspondente lá, quis fazer o intercâmbio, mas não deu. Ele realmente queria Ter ido. – disse Rony
- E o quê o pai de vocês faz, além de ser da Ordem? – quis saber Harry
-É o embaixador do Ministério da Magia Italiano. – informou Kate – Ás vezes eu gostaria que ele não fosse. É muito duro Ter que abandonar amigos e escola para recomeçar tudo de novo.
O rosto expressivo da garota tornou-se ligeiramente triste. Ela balançou a cabeça, como que tentando afastar algum pensamento e deu um sorriso amarelo. No outro lado da mesa, a conversa seguia com cautela, num tom de sussurro.
-E como vão as coisas por lá? – perguntou Moody
-Melhor do que eu esperava. – disse Damien – Não há muitos seguidores de Você-Sabe-Quem. Criaram há pouco uma espécie de Ordem das Américas, que tem um sem fim de adeptos. Não temos que nos preocupar com eles
-Há um meio de nos comunicarmos com essa Ordem? – perguntou o Sr. Weasley
-Não é complicado, - respondeu Jane – nos comunicamos regularmente.
-Acho que seria bom se conseguíssemos co–unir as Ordens. - disse Tonks
-Seria, - concordou Damien – temos que checar, Arthur, se há outras espalhadas por aí.
-Isso não será fácil. – respondeu o Sr. Weasley – Essas sociedades são muito secretas. Temos que viajar para ver isso. Espere! Talvez Carlinhos saiba de algo, vou perguntar. Ele estava tentando recrutar mais gente para a Ordem mesmo.
-Faça isso. – disse Quim
Já eram 2 horas quando as pessoas começaram a ir embora. James convidou a todos para irem em sua casa jogar xadrez bruxo. Descobriram que moravam ali no Largo Grimmauld, no número 3.
-Temos alguns livros que podem interessar a você, Gina. – disse Kate
-Pode deixar, iremos com certeza. – afirmou ela
Nota da autora: Essa é a primeira fanfic que escrevo, talvez não esteja muito boa, mas com o tempo acho que vou pegar o jeito da coisa, mas espero que vocês gostem do primeiro capítulo. As coisas acontecem meio rápido nele, mas é só para dar um andamento para a história logo. É um pouco curto também, mas os outros talvez sejam bem mais longos, o que, como disse antes, vai variar quando tiver um pouco de prática em escrever. No mais, espero que gostem!!!! Ah, e comentem, por favor!!!!!!
