Saint Seiya pertence a Massami Kurumada.
Não tenho nenhum lucro com as minhas fics.
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É altamente recomendável a leitura prévia de "Apenas Amigos?" e/ou "Bem mais que amigos!".
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DOIS PRA LÁ E DOIS PRA CÁ
Nina Neviani
beta-reader: Chiisana Hana
Parte I – Dois pra cá...
A formatura é quase sempre um momento mágico em que os jovens – com a prepotência e arrogância da juventude – acham que estão prontos o suficiente para enfrentar – e vencer – o mundo. Ledo engano. Se há algo do qual eles estão longe de estar é formados, prontos. Ninguém nunca estará e essa é a mais pura verdade. Mas estamos falando da arrogância dos jovens, não é?
No baile de formatura não é diferente. Na verdade, é como se nesse evento toda a prepotência e o esnobismo fossem elevados a níveis exponenciais. À primeira vista, todos os jovens – nesse caso, colegiais – ficam se pavoneando pela pista. Elas achando que usam com classe as joias de suas mães. Eles querendo mostrar aos demais que estão bem naquelas roupas ridículas, quando eles próprios sabem que não estão. Os que se preocuparam mais em aparecer do que estudar durante o colegial estão cercados de seres do sexo oposto. Os que realmente fizeram o que era esperado em um colégio – estudar – estavam sozinhos em um canto.
O que poucos se lembram, porém, é que o baile de formatura começa muito antes. Tudo se inicia com o convite. E nessa fase, as mais diversas estratégias são elaboradas: flores, bilhetinhos – e tem que se destacar os perfumados, esbarrões "acidentais", amigos "gatekeepers", dentre outros. Porém, o par que usaremos como exemplo seguiu uma estratégia diferente. E deve-se ter consciência que se trata de um par e não de um casal, ou seja, em termos românticos, o primeiro termo pode ter um relacionamento ou não, enquanto o segundo certamente há. Certo, você deve estar se perguntando: quem é esse par? Não se preocupe, eu informo.
Ele: Ikki Amamiya, formando. Capitão do time de futebol do colégio, sonho secreto – e às vezes não tão secreto assim – de noventa e cinco por cento das meninas do colégio e o cara que nenhum garoto em sã consciência quer contrariar. Convencido, "pegador", arrogante, estudante regular, teimoso, sarado, braço direito forte e certeiro (pode ser que você considere essa informação irrelevante... Bem, muitos dos rapazes que ficaram com um – ou mais, dependendo do caso – olho roxo por causa deste braço não a achariam tão irrelevante assim). Irmão de Shun Amamiya.
Ela: Minu Setsuna, não-formanda. Colaboradora do jornal da escola. É a paixão platônica de um ou dois garotos da sua sala, mas nem desconfia desse fato. Divertida, tímida, em forma, baixinha, estudante mediana (melhor com palavras do que com números). Grande amiga de Seiya Ogawara, Shiryu Suiyama, Hyoga Yukida e Shun Amamiya.
Sim: Shun Amamiya. Neste momento, querido leitor, você já percebeu o elo entre Ikki e Minu. Agora, voltemos ao convite.
Era uma tarde ensolarada e uma garota baixinha de cabelos negros tocava a campainha de um sobrado pintado de branco em uma área de classe média da cidade.
– Você está atrasada, Minu. – Seiya disse, abrindo a porta da casa de Shun Amamiya para que a amiga e última componente do grupo de trabalho da escola adentrasse.
– Pelo que eu vejo, essa baixinha sempre se atrasa. – Ikki, o irmão mais velho de Shun Amamiya e com um ano a mais de idade do que todos os outros presentes na sala, disse sem retirar os olhos do jogo violento que jogava no seu videogame de última geração: Mega Drive III.
– Ignore-o, Minu. – Shun pediu – Vamos começar.
– Nós temos uma proposta. – Seiya informou.
– Deixe-me ver se adivinho. – A menina interrompeu – Eu faço o bolo, e vocês, o trabalho.
Todos sorriram, até mesmo Ikki, que acabara de executar uma sequência de golpes violentos no jogo. A resposta não poderia ser mais clara: ela acertara em cheio.
– Tudo bem. – Ela concordou.
– De chocolate. – Seiya e Hyoga falaram ao mesmo tempo.
– Desse jeito a Setsuna vai ficar expert em fazer bolos de chocolate e não no conteúdo da escola. – Ikki interferiu.
– Isso não é verdade, Ikki. – Shiryu, sempre o mais ponderado do grupo esclareceu – Ao final do trabalho a Minu sempre lê toda a pesquisa e vê se existe algum erro.
– Sei, sei. – Apesar das palavras, Ikki não parecia muito convencido.
– Vamos deixar de papo e começar? – Hyoga sugeriu.
E assim foi feito. Seiya, Shiryu, Hyoga e Shun se dirigiram para o quarto dos irmãos Amamiya no primeiro andar da residência. Cada um levava a sua respectiva mochila escolar cheia de livros e até enciclopédias. Quando estavam na metade da escada foram advertidos:
– Quem fizer bagunça na minha cama vai se ver comigo, hein? – Ikki mais uma vez falou com os mais novos, e novamente o fez sem tirar os olhos da tela.
Apesar das palavras pouco amistosas, a relação entre o Amamiya mais velho e os amigos do irmão mais novo era pacífica, para não dizer amigável. Os meninos tinham percebido que o garoto mais velho não era tão rebelde e agressivo como dava a entender. Na maior parte das vezes, tratava-se mais de fama e reputação do que o que ele era realmente. Assim, eram uns dos poucos garotos que não tremiam de medo quando Ikki Amamiya os olhava torto ou resmungava ameaças, como esta. Contudo, não eram idiotas. Ou seja, não fariam bagunça na cama dele.
Minu foi para a cozinha, que ficava no andar térreo, fazer o bolo. Quando adentrou no cômodo não soube se deveria sentir ternura ou raiva: os rapazes tinham deixado separados todos os ingredientes necessários para o preparo do bolo. Resignada, começou a cozinhar.
Ikki jogou videogame por mais alguns minutos e então foi se arrumar para ir para o treino do time de futebol. Há de se esclarecer que mesmo jogando muito bem, os demais não tinham idade para fazer parte da equipe do colégio. Todavia, ninguém duvidava que no ano seguinte integrariam o time com grandes chances de serem titulares.
Cerca de uma hora depois, Ikki descia as escadas trajando o uniforme de treino do time e carregando uma mochila com artigos esportivos nas costas. Ao entrar na cozinha, foi diretamente para a mesa e serviu-se de um pedaço de bolo que Minu tinha acabado de cortar. Comeu-o ainda quente. Após o primeiro pedaço, foi servir-se de outro ao mesmo tempo em que disse:
– Bom. – Falou com a boca cheia.
A garota, um pouco surpresa com o elogio inesperado, falou:
– Obrigada.
– Se bem que todo bolo de chocolate é bom.
Ela apenas virou os olhos, sem nada dizer. Com os amigos, a garota era mais do que falante. Já com Ikki Amamiya o seu comportamento estranhamente se alterava, e quem não a conhecesse poderia até pensar que ela era muda.
O garoto terminou de comer o segundo pedaço de bolo e, com aparente calma, perguntou enquanto pegava outro pedaço:
– Você vai ao baile, Minu?
Ela deu de ombros e respondeu:
– Não. Não tenho amizade com nenhum formando.
Ele olhou no relógio, acabou rapidamente de comer e dirigiu-se para a porta. Quando já estava quase fora do cômodo, virou-se e declarou:
– Ah, você vai ao baile comigo.
E assim, foi o convite de Ikki Amamiya para Minu Setsuna. Nada de flores, bombons ou bilhetes perfumados. Sinto muito pelos mais românticos que chegaram a pensar em um pedido de joelhos. Não se empolguem é apenas um baile de formatura. E mais, o formando é Ikki Amamiya.
Notícias bombásticas correm rapidamente. Agora, notícias bombásticas envolvendo o sonho de consumo de quase todas as colegiais e uma menina sem graça quase desconhecida em um mundo de adolescentes impressionáveis é praticamente transmitida por osmose. O fato foi que, nos dias antecedentes ao baile, o assunto de todas as rodinhas da escola era Ikki Amamiya (até aí nenhuma novidade) e uma tal de Muni Tsunesa ou coisa que o valha. É claro que essa atitude inesperada do James Dean mirim causou alguns problemas "logísticos", por assim dizer. Todas as garotas mais famosas e desejadas da escola tiveram que rever os convites que haviam declinado, uma vez que esperavam ser convidadas para ser o par de Ikki Amamiya, e escolher a melhor das piores hipóteses. Os garotos considerados os melhores das piores hipóteses desistiram das suas atuais parceiras por preferirem as mais famosas. As meninas que foram dispensadas... Bem não preciso continuar, não é mesmo? Sei que você já entendeu. Resumidamente, foi uma reação em cadeia. "E tudo por causa dessa Muni Tsunesa!", diziam as garotas. Bem, o que se pode dizer é que além de todos os outros problemas acarretados por ser o par do Amamiya mais velho, a nossa Minu ainda não estava sendo tratada com muita simpatia pelas demais alunas. A causa? Um dos pecados capitais que começa com I e termina com A. Não, meus amigos, não é a ira. Se bem que em alguns casos era esse também. Certo, não precisa dizer... Eu sei que você está se perguntando: se ser o par do Ikki Amamiya era o sonho de todas as garotas deste colégio por que cargas d'água a nossa heroína Minu está com problemas? Ah, podemos chamar a Minu de nossa heroína, não podemos? Claro que podemos! A resposta é bem simples, ainda que a lista de termos que a responda não seja curta: medo, insegurança, nervosismo, ah-que-horror-eu-não-sei-dançar, ai-meu-Deus-não-posso-ter-uma-espinha-no-dia, entre outros.
O fato é que a nossa adorável Minu tem uma grande virtude: a modéstia. Ela, ainda que secretamente sonhasse com isso, não esperava ser convidada pelo garoto-sonho-de-consumo da escola. Assim, não selecionara previamente vestidos, sapatos, penteado, etc. Não ensaiara a valsa e muito menos olhares sedutores na frente do espelho. Também não treinara andar de salto... Enfim, podemos sintetizar que a situação da Minu não era fácil. Afinal, uma coisa era tropeçar ao lado de um simples mortal. Outra, completamente diferente, era tropeçar ao lado de Ikki Amamiya. Seria praticamente uma mancha indelével em toda a vida colegial da menina.
Certo, meus amigos, não pretendo cansá-los por demais. Sei que vocês devem estar chocados com a crueldade do mundo juvenil. Fazemos assim, recomponham-se dessas estarrecedoras informações e em breve eu retorno contando como foi o baile em si.
Continua...
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Nina
