A Última Esperança
Sinopse: Rebekka chega em Nova Orleans e se surpreende com as mudanças ocorridas ali. Sua busca por Elijah a coloca novamente para lidar com os problemas de seu irmão Niklaus. Quando ela descobre sobra a bruxa Davina, vê seus problemas se tornarem mais complicados ainda. E a única solução que ela encontra é pedir ajuda a alguém do seu passado, que se tornará a última esperança de resolver todos os seus problemas familiares de uma vez por todas.
Prólogo
New Orleans...
Com um movimento súbito, a vampira ergueu o corpo da cama. Sua respiração estava ofegante, suas mãos tremiam ao seu lado. Suas emoções estavam descontroladas, mudando de um intenso ódio à um pavor paralisante, ainda sob os efeitos do sonho que tivera. Tudo parecia ter sido tão real, embora fosse praticamente impossível, porque ela tinha tomado providências para que nada assim pudesse acontecer novamente. A morte de dois dos seus irmãos, meses atrás, tinha selado a sua decisão. As adagas tinham sido destruídas. Seus irmãos estavam seguros. Ela estava segura.
Mas por que ela não se sentia assim?
Os acontecimentos do sonho voltaram a sua mente. Ela ainda podia sentir o horror de vê-los morrer, a dor das chamas engolindo-a e a tristeza presente nos olhares que compartilharam em seus momentos finais. Ela sabia que tinha sido apenas um sonho, mas por que ela não conseguia afastar a insegurança e o medo que estavam consumindo-a? Por que ela não conseguia afastar aquela sensação de mau pressentimento, ou aquele frio na barriga? Seria esse sonho um presságio?
Não! Impossível!
Não pode ser um presságio, porque a única arma capaz de matá-la foi destruída antes mesmo de chegar em New Orleans. E não há nenhuma outra coisa no mundo capaz de destruí-la. Machucá-la? Sim! Mas matá-la de vez? Não!
Nem mesmo o sol pode destruir-me. Pensou, olhando os raios solares que adentravam o quarto, junto com a leve brisa da manhã que entrava pela janela.
Foi apenas um sonho! Disse a si mesma, tentando se tranquilizar, mas mesmo ela tinha que admitir que podia ser algo mais. Se há uma coisa que ela sabe, é que nada acontece por acaso. Ter esse sonho justamente na hora que em seus problemas em New Orleans começaram? Não pode ser coincidência! Seus mil anos de existência a ensinaram que tal coisa não existe.
Mas como ela pôde ser morta? Quem teria tal poder?
Involuntariamente, seus pensamentos se voltaram para os acontecimentos da noite anterior. Seu confronto com Marcel e seu encontro com a bruxa Davina, a arma secreta da Marcel. O poder que ela sentiu da bruxa era algo fora do normal. Ela podia entender como Marcel se tornará o "rei" de New Orleans, e como ele conseguia controlar os seres sobrenaturais que habitam a cidade. A bruxa era poderosa...muito poderosa. Em todos os mil anos que habitava esta terra, ela só encontrara uma outra bruxa possuidora de tal poder.
A vampira sorriu com carinho ao se lembrar de como conhecera a bruxa que acabara se tornando sua melhor amiga, indo contra todas as probabilidades e costumes, considerando-se o ódio e as inimizades existentes entre ambas as raças. No começo ela estava receosa, mas aos poucos a bruxa foi conquistando sua confiança e afeição...em grande parte graças á sua persistência e obstinação. E hoje, ela não podia imaginar uma vida sem sua bruxinha preferida nela. Verdade que não se viam a anos, a ultima vez sendo em 1920, pouco antes de seu irmão colocá-la no caixão, mas mesmo inconsciente, ela prezava pela amizade das duas. Mesmo naquele caixão desprezível, ela levava sua bruxinha no coração.
Voltando ao presente, um sorriso iluminou seu rosto enquanto sua mente trabalhava em novos planos. Ela sabia que com os novos desenvolvimentos, a única pessoa capaz de ajudá-la era sua bruxa. A única pessoa capaz de lidar com Davina e libertar seu irmão das mãos de Marcel. Sem falar que ela queria rever sua amiga a tempos, mas o medo de envolvê-la nos problemas de Mystic Falls a impediu de contactá-la.
A vampira pulou da cama, já entrando em ação. Em segundos, seu celular já estava em suas mãos, e a lista de contatos rolando pela tela. O sorriso continuava em seu rosto, com a ideia de rever sua amada amiga. Seu nome foi encontrado com facilidade, e logo o som da discagem entrava por seus ouvidos. Foram exatos 4 toques, antes que a voz inconfundível soasse pelo telefone:
-Olá, Rebekka!
Florença, Itália
Seus olhos se abriram e então piscaram, sensíveis à luz do sol que batia em seu rosto. Uma brisa quente entrava pela janela e soprava pelo seu corpo, trazendo consigo o cheiro do mar. Do lado de fora da casa, o canto dos passarinhos sobressaia aos sons que vinham da praia. Seus olhos se fixaram no relógio da parede, e um suspiro deixou sua boca. Já era final da tarde.
Com um grunhido, ela levantou da cama e se dirigiu ao banheiro. Seu corpo cansado protestava, enquanto tirava a roupa e entrava no boxe. Um gemido saiu de seus lábios quando a água quente tocou seu corpo, liberando a tensão e relaxando-a.
O dia anterior tinha sido agitado e estressante. Tinha sido lua-cheia, noite perfeita para praticar magia, mas também perigosa. Florença tinha sido seu lar há 5 anos. O lugar era perfeito para praticar seus poderes...deserto, calmante, e perto do território onde existia um vilarejo de bruxas há séculos atrás. Muitas delas estavam enterradas no local, tornando o terreno propício para realizar feitiços complicados, canalizando o poder dos espíritos. O que fora exatamente o que ela fizera no dia anterior...durante todo o dia. E o que ela vinha fazendo a 3 semanas.
Ser bruxa sempre fora algo que ela amava, desde pequena. Ela vinha de uma longa linhagem de bruxas extremamente poderosas, que tiveram seus nomes eternizados em glimores de diversas linhagens diferentes. O nome de sua família se tornara bastante famoso no mundo sobrenatural, devido as grandes proesas que realizaram. E isso era motivo de muito orgulho. Mas também haviam mulheres em sua família que desprezavam a bruxaria e negavam seu legado...sua mãe sendo uma delas. E isso tinha sido um grande obstáculo em sua formação. Mas sua avó foi firme, e conseguiu a permissão para treiná-la.
Desde pequena, ela já possuía grande facilidade em realizar feitiços, e sempre fora uma rápida aprendiz. Seu ótimo desempenho foi o que deixou sua avó mais obstinada ainda á ensiná-la tudo o que sabia, para que assim o legado da família continuasse.
Quando a formação acabou, ela tinha se tornado exatamente o que a avó imaginava, uma bruxa bastante poderosa. Mas ela ainda tinha sede de conhecimento, então viajou pelo mundo conforme os anos passavam, sempre acumulando conhecimentos e aprendendo novos feitiços. E fora numa dessas viagens que ela conhecera a pessoa que vinha assombrando seus sonhos nas últimas semanas. Sua amiga vampira!
Desde o seu 18° aniversário, ela tinha recebido visões do futuro em seus sonhos. Fora numa dessas visões em que ela viu sua amiga pela primeira vez. Fora um pequeno e rápido vislumbre, mas foi o suficiente para deixá-la saber que a vampira seria alguém muito importante em sua vida. Fora a primeira e única visão que ela tinha da vampira por anos. Somente em 1920, a vampira voltou a aparecer em suas visões, deixando-a saber quando e onde iriam se encontrar.
Ela sorriu com carinho ao se lembrar da primeira vez em que se encontraram. A vampira estava bastante receosa, o que era perfeitamente compreensível, levando em conta todo o ódio que sua raça nutria pelos vampiros. E as bruxas não eram conhecidas por se entrosarem com outras raças. Mas ela era bastante teimosa, e estava bastante determinada a conquistar a confiança e a amizade da vampira. Estava determinada a fazer as visões se tornarem reais. Foi difícil, mas ela acabou por conseguir, e as duas se tornaram grandes amigas. Ela sabia que a vampira precisava disso, e se ela fosse honesta consigo mesmo, admitiria que também precisava.
Infelizmente, meses depois de se encontrarem, a vampira desapareceu misteriosamente. Ela tinha usado todos os feitiços possíveis para encontrá-la, mas fora em vão. Sua amiga tinha sumido do mapa. A única coisa que a impediu de estar louca de preocupação, fora saber através da ligação que ambas compartilhavam, criada por um feitiço, que sua amiga ainda estava viva.
Com o decorrer dos anos, ela não perdera as esperanças de encontrá-la, e sempre ficara imaginando onde ela estava e quem teria sido responsável por seu sumisso. Ela prometera a si mesmo se vingar de quem fez isso, independente de quem seja.
Durante os anos seguintes, ela se concentrou em praticar seus poderes, enquanto esperava um sinal de onde sua amiga poderia estar. Foi a alguns meses atrás que este sinal chegara, através de uma visão. Sua amiga estava em um lugar chamado Mystic Falls, e enfrentando sérios problemas. Obviamente, a primeira coisa que ela pensou foi em ajudá-la, mas então teve um vislumbre do que aconteceria se ela fizesse sua presença conhecida. As coisas seriam muito piores, muitas mortes, muito sangue em suas mãos. E isso ela não podia aceitar. Eentão se contentou em vigiá-la através de seus sonhos e ajudá-la tanto quanto possível.
Várias vezes, ela teve que se conter para não aparecer na cidade apenas para matar alguém, ou mesmo dar um tapa em sua amiga, por depositar sua confiança em quem não devia. Quanto mais ela via, mais ódio sentia por aquelas pessoas, principalmente a sósia Petrova e o Salvatore mais velho. Quem eles pensam que são?
Quando tudo acabou, ela ficou impressionada com o controle que tivera, se impedindo de se envolver e causar mais tragédias ainda. E ficou extremamente feliz, ao saber que tudo acabará...Bom, pelo menos tudo que envolvia sua amiga. Mas sua felicidade durou pouco, pois começara a ver novos problemas para sua amiga no horizonte. Mas dessa vez seria diferente. Porque dessa vez, ela estaria lá pra ajudar. E qualquer um que se tornasse uma ameaça, rapidamente seria eliminado.
Com um sorriso no rosto, ela se enrolou na toalha e voltou para o quarto, onde seguiu para o closet e rapidamente escolheu uma roupa para vestir. Penteou seus cabelos, com o sorriso ainda no rosto, criando várias ideias em sua mente. Ela queria fazer uma surpresa para sua amiga. Riu com alegria ao imaginar sua reação.
Uma música encheu o ambiente e a trouxe de volta ao presente. Se inclinou sobre a cama, estendendo a mão para a mesa de cabeceira, onde se encontrava seu telefone. Seu sorriso aumentou ainda mais ao olhar o nome na tela. Sem esperar um segundo mais, aceitou a chamada.
-Olá, Rebekka!
Do outro lado da linha, a voz que ela não escutava a anos respondeu com a mesma intensidade e alegria.
-Olá, Isabella!
