Disclaimer: 'Bonanza' e suas personagens originais pertencem a David Dortort e NBC. Qualquer semelhança com personagens, pessoas vivas ou mortas, locais ou acontecimentos terá sido mera coincidência. Esta história está sendo escrita para o entretenimento, não estou ganhando nenhum dinheiro com isso.
Fanfiction escrita para o Fórum Bonanza Brasil, em comemoração pelo aniversário de nascimento do ator Michael Landon (1936-1991).
Mal havia amanhecido e o cheiro do café de Hop Sing já havia invadido as narinas dos rapazes Cartwright. Hoss foi o primeiro a se levantar e descer as escadas, direto para a mesa – afinal, o café, o almoço e o jantar eram as melhores horas do dia!
Adam foi o segundo – já bem sério, mesmo sendo ainda bem cedo. Ambos encontraram o pai já desperto lá embaixo.
- Bom dia, Pa. – os irmãos disseram em uníssono. Adam puxou uma cadeira, enquanto o filho do meio, já com garfo e faca em punho, batia-os na mesa, impaciente com a demora do cozinheiro chinês.
- Hoss, quer parar com isso? É irritante! Hop Sing não irá fugir com a comida.
- Ora, cale a boca Adam! Ainda tenho muito gado para marcar, cercas para consertar, feno para juntar... E para isso preciso de um reforçado café da manhã.
- Pois então espere por esse café sem bater na mesa. O bule, os pães e os ovos não irão ouvi-lo mesmo!
- Quieto, seu!... Não será você quem fará todo o meu serviço no rancho! Aposto que só ficará sentado na escrivaninha do Pa o dia todo, lendo seus contratos!
- Calem a boca, vocês dois! – Ben interrompeu a discussão com um estrondoso grito, que assustou os dois irmãos que estavam à mesa. Eles se calaram imediatamente com o pito, que até o gado deve ter ouvido – Essa não é uma boa maneira de começar o dia!
- Desculpe, Pa. – ambos responderam em uníssono.
- Hoss, por que Joseph ainda não desceu?
- Eu não sei... Acho que ele ainda está dormindo.
- Pois então vá buscá-lo! Esse menino precisa aprender que o dia começa cedo aqui em Ponderosa!
Resignado, Hoss obedeceu. Mas em seu rosto transparecia a frustração por aquele pedido sempre ser feito a ele e nunca a Adam. Por que era ele quem sempre servia de babá para o Little Joe?
Com o estômago nas costas pela fome, Hoss se aproximou do quarto do irmão mais novo pensando em dar um susto nele, para ver se ele deixava de ser tão dorminhoco. E entrou feito um furacão, batendo a porta com força. Mas nada! O rapaz ainda dormia, feito um urso hibernando. Eita, bicho preguiçoso!
Como seu plano não tinha funcionado, o jeito era apelar para a velha sacudidela. E Hoss sacudiu, sacudiu, sacudiu e sacudiu o irmão... Mas nada também! Ele continuava dormindo tranquilo, como a princesa Aurora.
- Anda, Little Joe! Acorda!
Mas era inútil... Nenhum de seus esforços se mostravam eficazes contra o sono do caçulinha.
Foi então que uma ideia brilhante se passou pela mente faminta de Hoss... Mas é claro, deveria ter feito isso desde o começo!
Indo até o outro canto do quarto, Hoss pegou a jarrinha depositada ao lado de uma pequena bacia esmaltada na mesinha e despejou todo o conteúdo na cabeça dele.
- Uááá-bluff-fup!... Mas o quê?... Hoss? – e sentou-se na cama em um pulo, fechando a cara ao se dar conta do que tinha acontecido.
- Até que enfim, Little Joe! Só mesmo uma cama molhada para te acordar. Pa, Adam e eu estamos esperando você para tomar café. Não demore porque hoje o Pa está bem irritado. – e fechando a porta, deixou o aposento.
Resmungando, Little Joe se enxugou, se trocou, tirou os lençóis e o colchão molhados para descer com eles e pendurá-los lá fora, para que enxugassem. Hoss estava com sorte, porque ao contrário de Pa, ele estava bem humorado naquele dia... Senão iria bolar um plano daqueles para dar o troco nele.
Só depois disso é que finalmente pode se sentar à mesa para desfrutar o desjejum em família... Ou quase. Adam e Hos não puderam esperá-lo porque tinham muito trabalho a fazer. Então permaneceram à mesa apenas ele e o pai.
- Joseph... Que isso não se repita amanhã... E nem depois. Fui claro?
- Sim, senhor. – Hoss estava certo. O homem não estava para brincadeiras hoje.
- Quero que você vá ao rancho do Sr. Connelly levar um pequeno carregamento de madeira que ele me pediu. É longe, mas o rancho é bem pequeno e o único que existe por lá.
- Sim, senhor. E o carregamento já foi pago?
Aquelas feições rígidas que Ben Cartwright sustentara até ali desde o início do dia se suavizaram e por um momento seu olhar pareceu distante ao filho mais moço.
- Não... Eu estou doando essa madeira para ele. Connelly cria alguns cavalos muito bons, os doma e vende por um baixo custo. A madeira que cercava o curral dos animais apodreceu e vários cavalos fugiram.
- Entendo – Little Joe respondeu com uma voz rouca, que ele fazia sempre que sentia um nó na garganta. Era incrível como a sorte de algumas pessoas mudava assim de repente, tanto para o pior quanto para o melhor. E fixando o olhar no pai, viu que os olhos dele agora carregados de ternura, o sustentavam. E ainda fitando o filho, Ben continuou:
- Ontem pedi a Hoss que levasse alguns mantimentos a ele, que vive sozinho com a filha no rancho. A moça tem dezessete anos e se chama Elizabeth. Ela possui uma atrofiação nas pernas... Não pode andar. E como Connelly já possui certa idade, consertar esse curral sozinho é um trabalho pesado para ele...
- ...E o senhor quer que eu o ajude.
- Sim, filho. Fique por lá o tempo necessário.
- Sim senhor, como quiser.
E Ben sorriu pela primeira vez naquela manhã tão cinzenta.
Continua...
