Atos de Vingança II

Prólogo

Monte Etna, Sicília, Itália.

Ele não deveria estar aqui, parte de sua mente lhe diz que sua presença é necessária em outro lugar, ainda assim uma outra parte de seu ser exige que ele continue onde está, no alto de três mil trezentos e vinte e três metros, observando a ilha que se estende abaixo.

O fato de o imponente Monte Etna ser um vulcão ativo não incomoda o homem, que há anos não sabe o que é ser assolado pelo medo e remorso. Não que o esteja sendo agora, é só um leve desconforto, fruto de uma conversa muito estranha com uma mulher mais estranha ainda, ocorrida seis meses atrás.

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Templo Subterrâneo

- Ahhhhh...isso é quase tão bom quanto sexo. – diz Máscara da Morte enquanto trucida os soldados das deusas da Vingança - Ei? Qual o espanto?Eu disse quase. Acham que iria preferir enfrentar um bando de marmanjos suados a ter o prazer da companhia de uma mulher?

- Vamos, homens deixemos as Deusas orgulhosaaaaurck!

- Vocês foram mortos em combate isso deve ser suficiente pra agradá-las – Máscara retira a lança da garganta do homem.

O combate já dura horas, todos os soldados remanescentes estão tentando detê-lo. Provavelmente conseguirão se o combate prosseguir. Apesar de ter conseguido utilizar seu cosmo novamente Câncer não está em sua melhor forma. Quando começa a se lembrar desse fato o combate subitamente termina.

- O que significa isso?

- Milady Quimera! – os soldados detêm o ataque.

- Hm? – Máscara tem dois soldados nas mãos, pendurados acima de sua cabeça e outro cujos olhos estão sendo furados pelas unhas de seu pé. – Quem é você, mulher?

- Andreas o que significa isso? Por onde andou esse tempo todo?

- Andreas? – Máscara larga os adversários.

- Lorde Andreas! Perdão, não o reconhecemos nesses trajes. – os soldados se curvam diante do cavaleiro.

- Enlouqueceram ou ficaram surdos? Sou Máscara da Morte Cavaleiro de Ouro de Câncer! Levantem-se e continuem a apanhar!

A mulher balança a cabeça preocupada e o puxa pelo braço com real preocupação. Máscara acaba por se deixar levar, completamente incapaz de entender o que está acontecendo. Ela fala sobre preocupações, ataques ao Santuário de Athena, a cavaleiros na África e à Mansão Solo.

Quando ele acha que está começando a entender o assunto ela o leva a um quarto onde lhe livra das correntes, manda-o tomar um banho e em seguida, cuida de seus ferimentos.

- Unnng!

- Andreas, o que houve com você? Depois de ir ao Santuário você deveria retornar, mas sumiu.

- Eu...Tive contratempos... – em Roma faça como os romanos, ele resolve encarnar o tal "Andreas" seja lá quem for. – O que aconteceu na minha ausência?

As respostas o chocam. Ao saber da destruição do Santuário de Athena ele se sente um idiota. Nunca antes fracassara assim. Sabia que tinha ficado preso por muito tempo, mas dois anos! Se tivesse se libertado talvez pudesse ter avisado aos outros cavaleiros do perigo que os espreitava.

- Burro arrogante! – ele resmunga para si enquanto a mulher lhe limpa as feridas infeccionadas e costura aquelas que podem ser costuradas.

- Quem? Lorde Thallas?

- Hã? Não, não. Pensei alto - desconversa.

- Andreas, por que insiste em ser chamado de Máscara da Morte?

- Eu SOU Máscara da Morte e ...ah, esqueça, só termine isso, sim? AU!

- Desculpe.

Câncer observa a jovem. Ela veste uma armadura vermelha, deve servir às Fúrias, talvez o tal Thallas de quem ela falou também o faça. Tem cabelos castanhos curtos e mãos ágeis, e, Deus o livre, que parecem tão hábeis para costurar quanto para cortar a pele de um homem. Que ela não descubra a farsa agora, pois dessa parte do corpo ele não pode dispor, aliás, ele não pode dispor de nenhuma, dessa menos ainda.

Após algumas horas de trabalho duro para botar todas as peças do dourado no lugar, e tirar aquelas que não combinavam mais, como a barba e os longos cabelos repletos de mofo e as garras nas mãos e pés, a Amazona de Quimera pode se considerar uma artista plástica de sucesso.

- Pronto. Novo em folha. Espere aqui, mandarei os servos lhe trazerem algo para comer.

- H-hum. – Máscara testa os pontos.

Ele adormece por algumas horas, e ao acordar tem um inigualável café da manhã à sua frente. Quem quer que seja esse Andreas, ele tem moral no meio.

- Ei...crunch, você sabe, croc, onde estcha a armadchura de gulp, Câncer?

- Nos aposentos inferiores, junto das forjas, por que?

- Algo que descobri durante minha ausência. – mente limpando a boca com as costas da mão.

Ao chegar nas forjas, vazias agora, ele vasculha distraidamente o lugar, como se já tivesse alguma familiaridade com ele.

- Quimera, você viu meu estado quando entrei aqui. Não me lembro direito de por onde entrei e sinto que preciso de ar puro. Pode me levar para fora? – ele pergunta vestindo a armadura de Câncer.

- Sim, mas por que está vestindo isso? Aliás, que contratempos foram esses que te deixaram daquele jeito? Sua mãe ficou preocupada.

- O-o-o quê? – um raio atinge Máscara

- Lady Selene chegou a pensar que tivesse sido derrotado pelos Cavaleiros de Ouro.

- Do-do que você está falando?

Com a voz embargada ele se vira para a amazona, uma terrível sensação de vazio invade seu peito. Ele não ouviu o que ela acabou de dizer, só pode ter havido um engano, Selene não teve filhos, ou teve?

Ao ver a reação dele a amazona de Quimera se surpreende, o homem ficara pálido. Chegou a se apoiar em uma das bancadas.

- Tudo isso é surpresa pela reação dela? Sei que você não gosta de tratá-la carinhosamente na presença de outros guerreiros, mas ela é sua mãe e...

-QUIETA!SUA VOZ ME IRRITA!

Ele luta contra algo que há muito tempo não sentia, vinte anos para mais ser exato. O maior problema com a negação e repressão de emoções é que quando elas voltam não há como detê-las.

- Andreas você está estranho...

- Ninguém deveria ter sobrevivido...Eu me certifiquei disso...Pelo menos pensei ter feito...

Quimera observa o homem que ela conhece já há algum tempo rodar pelo cômodo nervoso e inquieto, tão inquieto que ela começa a desconfiar. A certeza de que há algo errado vem de uma de suas pragas.

- Arrasei o Templo da Lua do teto às fundações... Nenhum ser humano sobreviveria ao que eu fiz... A menos que... – a descoberta só lhe aumenta o ódio –Cadela! Foi uma armação, por isso Eurus e Notus estavam lá!

- Templo da Lua? Você não é Andreas! Você É o Cavaleiro de Ouro de Câncer!

- Você chegou sozinha a essa conclusão? – Máscara se vira para ela com indiferença – A saída, onde fica?

- Nunca! Vou enterrá-lo aqui e me redimir de meu erro! Triplo Inferno!

- NÃO ESTOU COM PACIÊNCIA NEM TEMPO PARA ISSO AGORA!

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Presente.

Reviver a conversa de nada lhe adiantou para elucidar o problema. Passeando os olhos pelas encostas onde treinara anos antes, Máscara decide seus próximos passos. Encontrar os sobreviventes dos combates contra as deusas da Vingança e planejar um contra-ataque fulminante. Caso seja o único Cavaleiro de Athena vivo, Máscara da Morte vai, no mínimo, se livrar novamente dos Ventos e de Selene.

- Nunca mande uma criança fazer o trabalho de um homem... – diz descendo as encostas – Maldita, você não perde por esperar... Sua morte vai virar lenda no inferno.

Continua...


Obrigado a cada um dos leitores e reviewersde Atos de Vingança. Espero sinceramente que a continuação agrade.:)