Não Imaginam o Que Eles Me Fizeram
7 de Outubro
Não sei como é que vou aguentar mais dois anos disto. Alguns dos meus amigos arranjaram emprego. Têm dinheiro, liberdade e saem à noite. Eu? Sou perseguida na escola, onde ainda me tratam como se fosse uma criança, em casa idem idem, aspas aspas. Vivo na maior miséria.
Disseram-me que o 11º ano seria diferente. Fui enganada. Ainda nem sequer sei o que quero seguir, portanto, por que me havia de preocupar? Quero dizer, podia arrastar-me durante os próximos dois anos, e depois optar por trabalhar numa botique ou então ser mãe e dona de casa. O meu pai diz que tanto trabalhar em lojas como com bebé, são tarefas que exigem formação, e que os únicos empregos para os quais não são necessariamente exigidas habilitações são provavelmente os empregos mais chatos. Essa é boa, vinda dele – tem quilos de habilitações e provavelmente o emprego mais chato do mundo. Nem mesmo a minha mãe consegue explicar bem o que ele faz – diz apenas que «trabalha em computadores para uma multinacional». Maior seca, é impossível.
Este ano, os professores não são muito maus, mas há um novo que é verdadeiro cromo! Chama-se Jack J. Jackson. Dá para ver que nem os pais dele tinham lá muito bom gosto. Usa calças de bombazina, um casaco largueirão com remendos de cabedal nos cotovelos (só pró estilo, porque o casaco é novo) e uma gravata preta de cabedal, encardida. Também usa sapatos de camurça e tem um sotaque esquisito. É americano, mas tenta fazer-se passar por inglês. Não funciona, tal como o casaco também não funciona. Jack J. Jackson veio de São Francisco, EUA, para Inglaterra porque, ´tás a ver pá, sentiu que aqui é que estão as suas raízes, perceberam? Disse-nos que nasceu americano por engano. Pelos visto, a alma dele é britânica. Dana chegou a perguntar-lhe se ele por acaso sabia que ninguém nascido na Grã-Bretanha alguma vez diria ser britânico – mas sim Inglês, Irlandês, Escocês ou Galês. Foi um bocado bruta, mas ninguém ligou. Ficou com um ar confuso e depois disse que era um «Brit» transitório à procura da sua verdadeira essência britânica.
Claro está que só podia ser professor de Literatura Inglesa ou trabalhar numa pequena instituição onde trancam as portas e a nossa família nunca mais nos põe a vista em cima. Dana e eu odiamo-lo, e achamos o cúmulo um estrangeiro vir-nos ensinar Shakespeare. É cheio de pose; acha-se o máximo. Agora, andamos a ler Jane Austen: Orgulho e Preconceito. Prega-nos com cada seca… diz ele que é matéria fundamental, só para mostrar que sabe muito. Dana e eu estamos pelos cabelos e determinadas a responder-lha à letra. Passamos imenso tempo na biblioteca a reunir informação e a avançar na leitura da obra, para também podermos mostrar o que sabemos. Vamos ver se conseguimos fazer com que ele pare de tratar a turma inteira como se fôssemos uns coitadinhos e de pensar que, se não fosse ele ter atravessado o Atlântico para nos ensinar, morreríamos ignorantes. Sempre que se engana, lá estamos nós para não deixar passar o erro despercebido.
Não sabia que o ensino andava assim tão mal, a ponto de o governo ter de apertar o cinto desta maneira. O homem é apanhadinho de todo.
A única coisa boa na minha vida é o James, o meu maravilhoso estudante de enfermagem. Hoje, faz exactamente cinco semanas desde o nosso primeiro encontro.
N/A: História Nova. Universo Alternativo, pois é muito mais divertido afastar um bocado o estilo Hogwarts e tal.
Pode-se dizer que para quem leu «Amigas, Segredos e Namorados», está será uma história muito diferente, com uma Lily totalmente diferente.
Podem esquecer a Lily ingénua e muito certinha. A Lily desta história é mais velha, com outras opiniões e formas de ver as coisas. Provavelmente já notaram que o discurso é muito mais banal, muito mais real, sem nenhum restrito.
Não se choquem com o pensamento da Lily em relação ao professor novo. Principalmente os ingleses têm uma opinião de que eles é que são os melhores, e as pessoas vindas de fora não são ingleses como eles, por mais que tenham muitas qualidades e que consigam se integrar bem, ninguém esquece que não sou verdadeiramente ingleses. De qualquer das maneiras, este tipo de opiniões, actualmente, não tem muita importância, pois cada vez mais as pessoas estão a ver mais além disso.
Primeiro capítulo está aí! E sim, ele será sempre em forma de diário, o diário de Lily.
Como podem ver, a Lily e o James já estão juntos, mas muita coisa ainda vai acontecer com eles, o seu amor terá de ultrapassar uma grande barreira nas relações para realmente ficarem juntos…
Espero que gostem e que acompanhem.
Serei rápida nas actualizações, principalmente agora que estão aí as férias da Páscoa. )
Beijos e comentem,
Juh Moony
Terça-feira, 11 de Março de 2008
